O TEMPLO E O HOMEM


 

São muitas as tradições que sustentam ser o organismo humano, integrado na sua parte espiritual, desenho do próprio universo, do qual reflete a sua formulação mecânica e as suas leis de formação e desenvolvimento.

Esta analogia entre o homem e o universo revela-se no postulado, tão caro aos hermetistas e já bem aceite por cientistas de renome, de que no microcosmo (o homem) se repetem as mesmas leis que formatam o macrocosmo (o universo) [1].

Se tudo isto é verdade provada ou mera especulação, só Deus poderia dizer. Nós só podemos deduzir e acreditar ou não. Mas há algumas coisas que não podem ser ignoradas. Uma delas é o que diz a teoria da evolução.

Segundo esta teoria, todas as espécies vivas são “fabricadas” pela natureza com um “programa” específico que as submete a um processo evolutivo inexorável. Este “programa” é necessário tendo em vista as constantes mudanças ambientais a que o universo está sujeito. A espécie que não consegue se adaptar a estas mudanças acaba sendo substituída por outras mais competentes.

Esta é uma lei existente na natureza, chamada pelos antropólogos, de lei dos revezamentos [2]. Ela existe para promover uma necessária evolução nas espécies por ela produzidas por meio do aperfeiçoamento das suas habilidades e capacidades.

Não se aplica somente às espécies vivas, mas a toda a realidade universal, inclusive aos elementos químicos e a matéria bruta em geral.

Pois todos os elementos químicos também são obtidos por internação dos seus componentes, da mesma forma que os organismos moleculares.

Quer dizer, repetem-se na matéria bruta os mesmos processos que formatam a matéria orgânica e tanto uma quanto as outras estão sujeitas às mesmas leis de nascimento, formação, desenvolvimento e desaparecimento, o qual se dá pelo fenômeno da transformação seletiva.

Por isso, a teoria da evolução encontra mais paralelos na doutrina da Cabala do que nas outras tradições religiosas. Aqui ela é figurada através de um desenho mágico — filosófico chamado Árvore Sefirótica, ou Árvore da Vida, esquema místico que representa as manifestações da Vontade Criadora no mundo das realidades sensíveis. 

Neste desenho, cada sefirá (que aqui é visto como um campo de energia atuante) é uma fase de construção do universo e reflete um processo de evolução perene, constante e ordenado, que serve tanto para explicar o processo de construção das realidades do mundo material, quanto às realidades do mundo espiritual.

A Árvore da Vida mostra o mundo (e o homem) sendo construído como se ele fosse um lago que transborda e vaza para outro lago, até formar o grande mar universal, onde todas as formas de existência, físicas e espirituais, podem ser encontradas.

Esta visão não deve ser considerada uma alucinação mística nem apenas uma especulação metafísica. Sabemos que quando dois elementos químicos se juntam eles formam um composto. Conservam as suas características particulares, mas também formam um terceiro elemento com diferentes propriedades.

O composto, que é o filho nascido dessa união, possui as propriedades dos elementos que o formaram e agrega aquelas que são desenvolvidas por ele próprio. Nessa fórmula está o segredo da teoria da evolução. Dois átomos de hidrogênio combinados com um de oxigênio formam uma molécula de água.

A água é um composto, “filho de H20,” que tem H (hidrogênio) e O (oxigênio) na sua composição, mas também tem outras propriedades que os seus “pais”, individualmente, não possuem. Ela tem a propriedade de incubar a vida.

A água é necessária à vida. É o leito onde ela nasce. É nesse sentido que Teilhard de Chardin vê o homem como sendo um “complexo-consciência”, ou seja, um composto feito por elementos orgânicos, obtidos por sínteses naturais (seleção natural) e elementos psíquicos, produzidos por sínteses mentais cada vez mais elaboradas, que resultam num espírito individual, e estes, num ser pluralístico, que no final comporão um ser espiritual coletivo que ele chama de Ponto Ômega [3].

Assim também acontece com o restante do universo. Cada fase da evolução é uma combinação de elementos. Cada nova fase desenvolve as suas próprias particularidades, que são as propriedades com as quais ela contribui para o desenvolvimento do universo como um todo.

 Por isso cada fase constitui um passo a mais no processo de evolução porque o composto que nasce da união dos elementos é sempre um resultado mais complexo dos que os elementos que o formam.

Nada se perde do que já foi conquistado, apenas se transforma em algo novo, com diferentes propriedades, sempre num estágio mais avançado de evolução.

Por isso o novo é sempre maior que a soma das suas partes. Novas propriedades são adicionadas ao universo a partir de cada internação praticada pelos seus elementos. E assim ele supera-se em cada momento da sua constituição.

Criacionismo e evolucionismo evolução

Um plano de evolução do mundo físico e da vida nos seus aspectos material e espiritual é o que nos proporciona a doutrina da Cabala. Ela oferece uma explicação de como o universo se forma como se desenvolve e a que finalidade se presta.

Da mesma forma, a vida que se cria e evolui dentro dele. É uma evolução que se desenha num processo iniciado no mais ínfimo grão de matéria (um quanta de energia) tornando-se matéria que se complexifica, evolui tornando-se vida, em vida que se espiritualiza, em espírito que se diviniza, sempre num sentido ascendente, através de sínteses químicas e mentais cada vez mais complexas, seguindo o mesmo rumo: a flecha da evolução.

A nossa missão, nesse esquema, torna-se clara e insofismável, pois sendo uma presença indispensável nesse processo, o homem torna-se o centro da perspectiva universal, já que é a partir da sua mente que o universo se organiza e adquire uma identidade.

Assim, não podemos compartilhar dos receios daqueles que temem pelo futuro da humanidade. A humanidade jamais perecerá: ela apenas se transformará.

Os adeptos da teoria da evolução dizem que o ser humano evoluiu de uma matriz animal até a configuração que temos agora. Já aqueles que acreditam no criacionismo dizem que nós nascemos perfeitos, mas tornamo-nos imperfeitos por força de uma série de quedas e acessões no nosso processo evolutivo [4]. São duas teorias diametralmente opostas.

Uns dizendo que já fomos piores do que somos hoje e outros sustentando que já fomos melhores. Mas no fundo elas completam-se, pois ambas sustentam que a vida está submetida a um processo de evolução que é inexorável.

Se nascemos rastejantes como répteis e através de um processo de evolução nos alçamos até a altura do céu, ou se nascemos no céu e por um motivo qualquer descemos à terra e agora estamos a esforçar-nos para voltar ao céu, são apenas formas diferentes de ler o mesmo processo.

Uma vai do pé para a cabeça, outra da cabeça para o pé. Acreditar numa ou noutra depende da sensibilidade de cada um. É exatamente a ideia que a teoria dos sefirot nos inspira. Do céu para a terra, o fluxo da energia divina formata a realidade cósmica que se consuma no espírito humano; da terra para o céu, o espírito humano se eleva e se condensa numa esfera luminosa, que constitui uma espécie de Pleroma que alimenta a vida cósmica.

É neste sentido que entendemos a visão teilhardiana do Ponto Ômega e a própria experiência mística que a Cabala e a Maçonaria trabalham [5].

Só se Deus não existisse

Para nós não importa saber quem tem razão. Na verdade, o que nos parece tão assustador com os rumos que a humanidade vem tomando é resultado apenas da nossa ignorância.

Não temos como saber o que poderá acontecer a cada nova experiência interativa que os elementos do universo promovem. Isto porque o Criador colocou nesse processo uma lei chamada “principio da incerteza” (deduzido pelo físico alemão Werner Heisenberg).

Segundo este princípio é impossível prever o que acontecerá no futuro porque não temos como saber qual a posição e a velocidade que as partículas de energia que formam a massa física do universo assumirão no momento seguinte da sua aceleração.

Só podemos estudar as tendências que ele tem de acontecer de certo modo, mas nunca uma certeza de que será exatamente assim. Isto porque a tendência de uma partícula se comportar desta ou daquela maneira só pode ser deduzida a partir dos seus comportamentos no momento em que são observadas.

 Mas a própria observação do movimento da partícula já concorre para modificar esse movimento. Portanto, ao aplicar aos elementos do universo o nosso pensamento nós já o estamos modificando. Assim, é impossível saber como ele será no futuro porque o mundo sempre poderá será diferente em função da própria observação que dele fazemos [6].

Isto é válido para o mundo da física quântica e também para a nossa vida em geral. Esta é uma boa sabedoria que a moderna observação científica nos dá, e a Cabala também.

O que se deduz disto tudo é que, se o universo futuro será bom ou mau para nós, isso só depende do nosso comportamento no presente. Mas isso não nos será dado saber a nível de consciência individual. E depois, bem e mal são conceitos puramente humanos.

Quando não formos mais o que somos hoje, talvez não precisemos desses conceitos para justificar os nossos sentimentos a respeito. Desta forma, o que podemos dizer com certeza é que o mundo só não teria futuro se Deus não existisse. Mas Ele simplesmente (e felizmente) existe.

João Anatalino Rodrigues

Notas

[1] Em linguagem hermética, “o que está em cima é como o que está em baixo.”.

[2] Lei dos revezamentos, em antropologia, é a lei segundo a qual os organismos que não desenvolvem uma estrutura capaz de sobreviver em ambientes desfavoráveis e diferentes daqueles nos quais vivem, fatalmente será substituída por outros mais competentes. Com isto a natureza mantém o processo da vida sempre ativo e com claro sentido evolutivo. Ver, neste sentido, Teilhard de Chardin – O Fenômeno Humano, citado.

[3] Teilhard de Chardin – O Fenômeno Humano, Ed. Cultrix, 1990.

[4] Evolucionistas são aqueles que acreditam que as espécies vivas, e por consequência, os seres humanos, são produto de uma seleção natural (teoria de Charles Darwin). Os criacionistas são aqueles que acreditam que a espécie humana já nasceu do jeito que ela é hoje: a fórmula bíblica literal.

[5] O Fenômeno Humano, citado.

[6] O princípio da incerteza é um enunciado da mecânica quântica, feito em 1927 pelo físico Werner Heisenberg, que diz ser impossível medir com precisão a velocidade de deslocamento de partículas atômicas, porque a própria internação entre o movimento delas e o ato de medir sua velocidade interfere nessa medida.

 

A ILUMINAÇÃO NÃO É MAIS DO QUE A REFLEXÃO DA LUZ



A luz é a essência e a escuridão a sua ausência ou ocultação. É a dialética entre o que é e o seu contrário, mas não na dicotomia entre ser e não ser, porque ausência não significa inexistir. A luz e a escuridão são uma e a mesma coisa, mas nunca se sobrepõem. Quando uma aparece – a outra se furta, embora materialmente não subsista uma sem a outra.

Todavia, a ausência de iluminação num dado instante pode ser ape­nas fruto de turbulência na reflexão da luz: aquilo que não se deixa ver parece não existir. Pode algo, então, produzir luz sem que tal represente existência?

A verdade é que só pode haver iluminação no seio da escuridão e que apenas se torna breu quando rareia a claridade. Então, luz e escuridão são gêmeas inseparáveis, uma vez que os contrastes dimensionam a existência mútua.

De onde provém, afinal, a luz que cruza os céus escuros do uni­verso?

Sabemos que ela se cria a partir das incessantes explosões cósmicas nucleares que ocorrem na matéria das estrelas ou sóis que enxameiam o espaço sideral e que, conforme os casos duram milhares ou milhões de anos.

 Faz-se assim a luz que se transforma em iluminação quando, projetada, obtém a reflexão a partir dos mundos que visita. No seu percurso carreia, também, o calor que aquece os planetas, as luas, os cometas ou os asteróides que vai encontrando.

Verdadeiramente, como surgiu e porque surgiu o primeiro foco de luz? Responder a estas questões pela lógica não será ainda possível, apesar das projeções, dos estudos, das análises, das investigações e das formulações religiosas, científicas ou filosóficas.

O que pode­mos constatar, porque comungamos do propósito que nos congre­ga nesta fraternidade, é que a luz é o cerne da transcendência, é a coroação da ascensão da vida e a aclamação da criação divina. Essa é a luz crua que sabemos fazer sucumbir às trevas.

Viver na luz, para nós, é a única vida verdadeira e fora dessa abrangência, vegetamos. Sem luz, carregamos o corpo pesada­mente, sofremos de todas as doenças, insuficiências e incapaci­dades.

Escravizamo-nos pela imensidão de necessidades, senti­mos frio, fome e sede, padecemos de ansiedade e de depressão, movemo-nos cegos pelas expectativas fátuas, ambicionamos vazios e pelejamos por absurdos, vivemos o dia-a-dia como um aparelho digestivo e, por fim, matamo-nos por ninharias.

A plenitude está, pois, na resplandecência da luz divina que cega para obtermos a visão que nos indica o porquê e o para quê de estarmos vivos.

A luz é a eternidade que vem desde sempre e nos tem de levar para diante, irremediavelmente. É a luz que nos transfigura quando ilumina a alma e nos corporiza como deten­tores do absoluto Criador.

Procurar a luz é procurar Deus e isso não se faz caminhando com lanternas, fazendo exercícios, meditações ou obras para o ego de cada um.

Procurar Deus é viver na Verdade, na Crença e na Esperança. É buscá-lo em nós e encontrá-lo nos outros. É com­portarmo-nos com retidão num desiderato de sincera e convicta consciência, não para tê-lo como exclusivo ou para obter Dele uma pontuação ou valoração.

Compreender que tudo ocorre num só momento e a todo o instante, sem espaço ou tempo, basta para nos sabermos ocu­pantes de um devir que é feito deste presente antecipado em que nos encontramos.

Viver na luz que tudo trespassa e a tudo dá existência, é tocar Deus e dele nos impregnarmos de imediato. É reconhecermo-nos na inefável filiação divina e sermos, assim, de­tentores de todas as forças.

A luz é, portanto, o Deus Criador e ele é substantivamente atem­poral. Por isso, não há e nem houve um “antes” ou um “depois” excluído dele. O mundo existe desde que Deus, a partir dele e por ele, o criou.

A um dado instante, o Universo surgiu quando se fez luz e porque Deus a fez sem apreciações ou planos. Na luz, o tempo e o espaço passaram então a vigorar, mas apenas enquanto percursos da nossa morfologia. Antes era Deus e ele era tudo. Depois, é Ele mais a sua Criação.

O Criador não se explica e a sua Criação também não. Está fora do tempo e do espaço, de qualquer tempo e de qualquer espaço e nada o pode situar antes ou para além dele mesmo, pois foi ele quem tudo criou, num só ato, sem princípio e fim.

A Criação universal surgida de um instante é, todavia, um con­tínuo de sucedâneos provindos do definitivo e único propósito divino. Mas plural e multíplice na infindável produção que Deus gera de si, incessantemente, provocando alterações e mudanças no infinito universal que é a tradução materializada da sua Criação. O Grande Arquiteto do Universo criou o Universo com Justiça e Perfeição, porque só Ele é Justo e Perfeito.

Deste modo, o Universo é este e não outro, não por um ato arbitrário ou seletivo, uma vez que ele não escolheu o mundo dentre vários e nem fez opções entre melhor ou pior. Decidiu de forma singular e absoluta.

Tudo está, então, continuamente determinado. Tudo está previsto, dado que o G A D U tudo sabe por que tudo fez e nele nada se altera. O que pode mudar (e muda) são as decorrências da Criação, mas no âmbito do que está fixado.

Não de forma ale­atória, mas porque verificadas as condições consagradas nas leis do universo que produzem sempre os mesmos efeitos, devida­mente ajustados.

O livre arbítrio existe, mas as decisões e os julgamentos, as op­ções e as intenções, os atos ou obras, são-no no cumprimento do que as leis universais preconizam que seja.

Estando tudo previsto, pode-se percorrer qualquer caminho em liberdade, mas qualquer traçado está já preconizado como possível. Por outras palavras, qualquer caminho que se trilhe será sempre sobre um chão que é o próprio Deus.

O mundo está, assim, aparentemente organizado em leis para que tudo corresponda ao que se necessita, mas nós temos na nossa vida de aprender a dominar os Vícios e Paixões. Nós temos para que a luz se concretize em nós, de procurar combater a Intolerân­cia e a Opressão.

Clamamos por luz porque precisamos dela, pois a escuridão é como o medo ou o mal que existem porque os criamos, os aceita­mos ou a eles condescendemos.

Quando alguém não tem luz ou não está na luz porque a não quer, a não entende, a não procura e não se esforça por encontrá-la, porque não lhe vê utilidade ou porque não consegue sair da pe­numbra em que se aprisiona, deve compenetrar-se de que apenas precisa desejá-la, pois se a quiser firmemente, então é a própria luz que até ele virá e num ápice existirá no seio da poderosa ilu­minação e tal como a receberá também a passará a emitir.

Aqui, na magnificência da maçonaria filosófica, encontramos a luz que precisamos, mas dependerá de cada um construir o tamanho da luz que transporta. A luz não é nossa pertença, pois apenas a refletirmos.

As palavras que não dão luz aumentam a escuridão. Madre Teresa de Calcutá
“Quem acende uma luz é o primeiro a beneficiar da claridade”. 
Gilbert Chesterton
A. Azevedo

A BENEFICÊNCIA MAÇÔNICA



Este pequeno trabalho reúne alguns conceitos esotéricos que tratam da Beneficência.

Como eles norteiam os nossos procedimentos tanto no ambiente templário como no mundo profano, submeto estes princípios a sábia reflexão dos amados irmãos.

O que nos adiantaria ser um exemplo de sabedoria e força sem a beleza do sentimento da caridade?

Se a beneficência é a virtude moral que deve ornar o espírito e coração de qualquer ser humano.

Por isso a maçonaria nos encaminha à prática do bem, e nos instrui para o fazermos sem esperar nenhuma recompensa, agindo discretamente e de maneira que a mão esquerda não saiba o que faz a mão direita.

A nossa satisfação consistirá na DEFESA DO FRACO CONTRA O FORTE, uma vez que a Sabedoria não está em castigar os erros, mas em procurar-lhes as causas e afastá-las.

O Amor Universal nos impele a prática da solidariedade humana. Sendo que a CARIDADE é a essência da perfeição, porque implica na prática das demais virtudes.

A Caridade se manifesta no BEM pensar, no BEM agir e no BEM falar.
Todo maçom instruído sempre correrá no socorro aos aflitos, que sejam os deserdados pela fortuna ou os perseguidos pelos infortúnios.

Ora, conforme o Livro da Lei, quando formos prestar contas dos nossos atos ao GADU, não haveremos de ser julgados só pelo mal praticado, mas, também, por todo o BEM que deixamos de fazer!

A maçonaria prega que a caridade é a beleza que adorna o espírito e os corações bem formados, fazendo com que neles se abriguem os mais puros sentimentos humanos.

A filantropia é como o Sol, espalhando luz (ensino) e calor (conforto) por toda parte onde atingem seus raios vivificantes, não se limitando apenas a um círculo restrito de amigos ou afeiçoados, mas para todos àqueles que a necessitam e até onde a beneficência possa alcançar.

Portanto Caridade não é mera virtude simbólica e conceitual, mas é uma atividade que no dia-a-dia precisa se exercitar junto aos irmãos e as pessoas que precisam do nosso auxílio.

O Amor Fraterno é paciente, tolerante e, indistintamente, busca ouvir a todos que precisam da ajuda material e/ou espiritual.

Toda palavra de conforto é capaz de aliviar o fardo de quem está a ponto de sucumbir sob o peso da própria cruz. E esta é a caridade interagindo num plano mais elevado do Amor Fraterno.

O amor é pura caridade e a CARIDADE é de uma só vez, sentimento, virtude e dever!

O maçom terá que adquirir grande força moral sobre si mesmo, ser assíduo aos trabalhos da Loja, está em dia com suas obrigações financeiras, ser amigo dos seus irmãos, e portar-se como cidadão filantrópico que sabe que a beneficência é a virtude búdica por excelência.

Como nossa prioridade é com a família maçônica, nenhum trabalho sobre a caridade pode ser considerado completo sem explicar o porquê do TRONCO DE BENEFICÊNCIA; também chamado de "tronco das viúvas" e que, como o próprio nome explicita, tem por propósito socorrer as viúvas, que é a nossa mais sagrada obrigação.

O outro sagrado dever é cuidarmos melhor dos irmãos, quer sejam os que estão doentes ou necessitados de pagar a cirurgia de um ente querido, etc.

Portanto o Tronco de Beneficência, como não poderia deixar de ser, tem por prioridade o socorro às viúvas, os órfãos, os irmãos e as vítimas de calamidades.

Sendo que sua benfazeja ação deve-se processar sem alarde e, no silêncio do anonimato, inclusive, respeitando-se à autoestima das pessoas que merecem a nossa ajuda.

Mas só quando tudo está Justo e Perfeito é que, naturalmente, flui a beneficência maçônica! Pois a VIÚVA não é boba e, tranquilamente, sem a menor hesitação, ela retira os aventureiros dos seus generosos seios.

A nossa Ordem é composta por um grupo de homens sábios e de bons costumes, que não se deixam enganar pela infeliz ação dos profanos de aventais.

Como o maçom é um pedreiro, podemos intuir que a verdadeira obra da maçonaria é a construção moral do homem.

O ser humano é o Templo vivo onde habita a alma imortal. Sendo que a mesma, no perene lapidar da Pedra Bruta, labuta para que a pedra polida e sem arestas possa se encaixar com perfeição no Edifício Social.

Como o obreiro é o maior patrimônio de uma Loja, para o progresso e fortalecimento da própria Ordem, deve-se cuidar melhor do nível de instrução daqueles que são nossos semelhantes por afinidade de ideais, e em cujos ombros repousa o futuro da maçonaria.

A doutrina maçônica, como disse nosso Ir. Isaac Newton se apoia em dois sustentáculos extremamente simples: o amor a DEUS e o amor ao HOMEM, coroa da criação, que leva em si a Divindade e, inexoravelmente, caminha com ela para eternidade.

Manos, Deus é Amor e o Amor é doação perpétua! Assim, para a Caridade tenha um maior alcance, e seja mais significativa, precisamos cultivar o hábito de reforçar O TRONCO DE BENEFICÊNCIA, cujo produto jamais deverá ser desviado da sua sagrada finalidade.

É errado, ao colocar sua contribuição no Tronco, anunciar que se faz também por Irmãos ausentes, pois a contribuição é sempre pessoal e presencial.

A Ordem não recomenda a retirada de metais do Tronco durante a sua circulação.

O TRONCO deve é sempre ser engrossado e nunca esvaziado, nem diminuído por retiradas indevidas.

Portanto, precisamos é de fortalecer o Tronco, para através de doações mais generosas, permitir que a benfazeja ação da caridade maçônica, na nossa comunidade, alcance um continente maior de pessoas mais carentes.

Na prática do bem, coloca-se em movimentos às forças da alma, portanto toda omissão no TRONCO DA BENEFICÊNCIA, é um terrível desserviço aos desamparados pela sorte; e por se tratar de um ato dissimulado, não gera nenhum fluido positivo. O que pode mesmo, segundo os místicos, é criar um efeito negativo a quem se omitiu no socorro aos aflitos.

É através da beneficência maçônica, em sintonia com Amor Universal, que o maçom poderá atrair as benesses da EGRÉGORA.

O iniciado sabe que ao colocar sua mão vazia dentro do Saco de Solidariedade, jamais poderá almejar, com tudo justo e perfeito, os constantes benefícios oriundos da paz, saúde e prosperidade.

O incauto pode tentar mentir para Deus, talvez até engane o venerável e os irmãos da sua oficina, mas nunca enganará a si próprio.

E, imediatamente, será julgado e condenado pelo tribunal da sua consciência.

Ora, só pode receber os benefícios da Boa Obra, quem prática a máxima de que é dando que se recebe.

Pois, segundo diz a sabedoria ancestral, a quem realmente tem, muito mais lhe será acrescentado; mas a quem nada tem até mesmo o que aparenta ter lhe será tomado.

Portanto, para nos harmonizar com o sublime princípio do bem, precisamos cultivar o hábito de ter na carteira um pouco mais do precisamos no dia-a-dia, para que se possa colocar na Sacola de Beneficência, àquilo que nos dita o coração.

Contribuindo assim com o Tronco, em todas as reuniões, com o objetivo de ajudar os aflitos, os irmãos doentes, às vítimas do azar, os que foram abandonados pela família e/ou pelo poder público.

E, neste mister, como o omisso perdeu a sua oportunidade de semear o bem, também não receberá da Egrégora os fluidos positivos emanadas das boas ações!

E, conforme a lei de Causas e Efeitos, o que poderá acontecer àquela coluna quebrada, é que na época da colheita ele nada poderá colher, já que ele nunca semeou!

Oh! Pai Eterno, Trino e Uno, Fonte de Todo Bem, permite que os sinceros buscadores possam ver a luz que se irradia através dos símbolos gravados em nossos Templos, e entenderem que o aumento de salário do maçom deve ser pago na exata proporção daquilo que de fato corresponde ao trabalho de cada um.

TFA.
“A BENEFICÊNCIA é o amor que a todos abraça e procura o bem em tudo”.

Gilson Azevedo Lins


A MAÇONARIA NA SOCIEDADE. QUE SEGREDO?


Tenho questionado frequentemente sobre o segredo da Maçonaria e a vivência social, quais as suas razões e interesses.

Alguns jornais/revistas, não tendo mais sobre que escrever (o Benfica até anda na mó de baixo!) têm-se entretido a divulgar um conjunto de informações sobre a vida dos Maçons (algumas verdades/algumas mentiras), seus rituais e sua vida interna.

Nada que a bisbilhotice boboca, a falta de assunto e a necessidade do “vil metal” não justifiquem.

No último artigo que li sobre o assunto, há duas semanas, aparecem fotografias de “maçons” à janela (assim com letra pequenininha, porque não merecem mais!) supostamente trajando a indumentária ritual.

Esta coisa irrita-me sobremaneira por várias razões.

O único objetivo daquelas fotos é mostrar a indumentária, talvez os aventais e mais uma ou outra “condecoração”, o que acaba não acontecendo porque as imagens são de tão longe (a máquina não devia ser grande coisa porque o zoom não funcionou!) que não dá para perceber nada do que está vestido;

São imagens completamente idiotas. Presumo que quem as obteve teve de pagar por elas, teve de gastar tempo para consegui-las, teve de ter trabalho! Ora isto é completamente estúpido… na “net” é só procurar no “youtube” e tem tudo muito mais perfeito e verdadeiro, de borla, sem trabalho e sem riscos;

Convém esclarecer ainda que os “artistas” que fizeram a figuração estavam mal “indumentados”, muito mal mesmo de tal forma que, ainda com a péssima qualidade das imagens se percebe que estão em mangas de camisa, o que não é ritual, absolutamente;

Os artistas convidados são por demais envergonhados e tiveram que lhes tapar as caras, e assim lá se vai o objetivo da peça;

Tudo o que é assumidamente estúpido me irrita (pronto…, eu sei lá se vai a minha tolerância. Paciência estou farto de dizer que tenho mau feitio!)

Porque que é que não me pediram a fotografia a mim?

Ficava muito mais valorizado o artigo, eu recebia uns trocos e até tenho esse defeito, não me importo nada de ser reconhecido pela comunicação social.

Estou-me nas tintas para que me conheçam ou não!

E aqui começa a questão do aparecimento em público.

Sabemos que o “segredo maçônico” nunca teve a intenção de encobrir “esquemas” ou atividades ilegais e atualmente, limita-se a pouco mais do que aos rituais internos, à interpretação dos símbolos e, principalmente, aos sinais de reconhecimento.

E parece-me muito bem que, se por um lado a descrição se deva manter em relação àqueles pontos, já não fico tão feliz assim com o secretismo à volta das pessoas, com o medo instalado, uns porque sendo maçons têm medo da sociedade, a sociedade porque sendo maçons, tem medo deles.

Ora isto é, no mínimo, uma incongruência.

A Maçonaria é uma organização de Bem, os Maçons são obrigados por juramento a cumprir as Leis da República, o seu lema central e centralizador è “Fraternidade, Igualdade, Liberdade”, os objetivos definidos são de apoio a todos os que necessitam de apoio, de ajuda a todos os precisam de ajuda, sem ligar a crenças, opções políticas, raças, ou o que quer seja que possa dividir os Homens.

Então… e eu vou-me esconder por quê?

Não gosto, não quero e não aceito! Nada tenho que me envergonhe. É diferente de nunca ter feito asneira, que fiz muitas e grossas! Mas as que fiz, assumi e assumo inteiramente, sem hesitação. Corrijo quando e onde posso, e vou-me esconder por quê? E de quê?

Se há organização de processos transparentes é com certeza aquela a que pertenço, e ou há várias Maçonarias, com definições, bases e processos diferentes e mesmo antagônicos, ou eu sou Maçom e orgulho-me disso.

In Blog “A Partir Pedra” – Texto de José Paiva Setúbal 


MAÇONARIA OU MAÇONS, QUEM É RESPONSÁVEL?



Noutro dia, em uma reunião on line com membros de minha Loja, fiz uma citação sobre a abertura de uma palestra onde começaria fazendo uma pergunta: “Qual foi a participação da Maçonaria na História do Brasil?”.

Disse que esperava respostas do tipo: Independência do Brasil; Proclamação da República; Libertação dos Escravos, etc.

Informei que minha resposta seria NENHUMA, e sim os MAÇONS.

Vivemos em uma época em que os méritos vão para as entidades e nos esquecemos da participação de seus membros.

Tentarei justificar.

A maçonaria é uma associação, também chamada de ordem ou de fraternidade, que tem como princípios básicos o livre pensamento e a prática da tolerância e da moralidade. O objetivo da ordem é ajudar no desenvolvimento espiritual e moral das pessoas que fazem parte dela (chamados de maçons), para melhorar a sociedade, deixando-a mais justa, ética e moral.

Nada disso se encaixa numa participação política.

Continuando: Como cidadãos, temos o dever de participar das iniciativas comunitárias de interesse geral, mormente quando somos solicitados a isso, mercê de nossas qualificações pessoais e da nossa posição na estrutura social.
Como maçons, temos a obrigação moral, assumida por juramento, de influenciar o meio social em que vivemos por todas as formas ao nosso alcance, quer individualmente, quer de maneira coletiva, e esta, através de associações, entidades, organismos oficiais e… a Maçonaria.
Reparem, qual seria a nossa atuação!
Concluindo: A NOSSA ORDEM NÃO SE DESTINA A DESEMPENHAR UM PAPEL PROEMINENTE NEM A INTERFERIR EM ASSUNTOS OFICIAIS DIRETAMENTE, COMO ALGUNS PODERIAM GOSTAR DE VER.
Ao contrário, ela reúne homens de variadas formações culturais, sociais e morais, identificados, simplesmente, como livres e de bons costumes, com a finalidade de ampliar as qualidades de que são já detentores e, quando possível, fazer desabrochar outras, adormecidas ainda, de modo que, ao atuarem na sociedade a que pertencem, possam ser propagadores de uma doutrina voltada para a prática desinteressada da virtude e a busca incessante da verdade.
Como exemplo vou citar a Royal Society inglesa, que é uma instituição destinada à promoção do conhecimento científico fundada em 28 de novembro de 1660 em Londres.
Em seus quadros passaram vários maçons famosos, como por exemplo: Jonathan Swift, autor da obra As Viagens de Gulliver, Voltaire, Isaac Newton, Francis Bacon, entre outros.
A História reconhece o autor, enaltece a obra, e não a sociedade a que pertenciam.
Quando maçons acertam nas escolhas, participam positivamente na política, atuam corretamente nas atividades de sua comunidade, vem a citação: A Maçonaria fez isso e aquilo.
Agora vamos inverter os fatos, no passado e no presente, vários irmãos nossos, fizeram verdadeiras lambanças, envolvidos em corrupção e outros delitos altamente questionáveis,
Seria justo afirmar, ou ter estampado nas manchetes dos jornais: “A Maçonaria participou na corrupção do país”.
Seria justo isso? Claro que não!
Nossa Ordem não pode ser responsabilizada por erros de seus membros, da mesma forma, pelos seus acertos.
Meus Irmãos me desculpem, mas essa é minha opinião. Não quero fazer a cabeça de ninguém. Somos responsáveis por nossos atos, nossos acertos são oriundos dos nossos ensinamentos. Os nossos erros são provocados pela falta deles.
Paulo Edgar Melo
Membro da ARLS Cedros do Líbano, 1688
Oriente de Miguel Pereira-RJ – GOB-RJ





TEMPERAMENTO MAÇÔNICO




No Judaísmo temos provérbios que são atuais, mesmo escritos há mais de 2.200 anos.

Distinguem-se quatro tipos de temperamentos:

O de quem é fácil de provocar e fácil de pacificar - esse ganha o que perde;
O de quem é difícil de provocar e difícil de pacificar - esse perde o que ganha;
O de quem é difícil de provocar e fácil de pacificar - esse é um santo;
O de quem é fácil de provocar e difícil de pacificar - esse é um perverso.

"A devoção não está no joelho que se dobra, mas no coração, que não se vê dobrar".

A diferença entre o homem e o animal consiste na consciência, na qual o homem tem por objeto de sua reflexão sua própria essência, sua própria espécie.

Esta consciência pode converter em objeto outra realidade, outras coisas, de modo especial, seu próprio ser.

Sinal disso são o pensamento, a linguagem e o amor humanos.

Essa diferença entre o homem e o animal não só fundamenta as relações sociais e espirituais, mas também seu próprio ser infinito.

Nisso está sua verdade.

Nos dias de hoje estamos vivenciando na Ordem Maçônica um Ostracismo inercial intenso e desagregador, que está corroendo as nossas colunas.

E aquele provérbio descrito no início da presente explanação, mostra-nos que hoje somos quatro grupos na Ordem e a cada vez mais, se diminuem os números daqueles que são difíceis de provocar e fáceis de serem pacificados!

As Vaidades pessoais, a inoperância mental e de compromissos com a Ordem, a falta de priorização de nossos princípios e leis em nossa vida profana e cotidiana, inclusive nos campos familiares e em geral, nos levam a desmotivação própria e daqueles que conosco convivem!

Lembremos sempre que:

”O Maçom busca o Bem pelo cultivo das virtudes e pelo abandono dos vícios. Tenta polir constantemente a sua pedra bruta reforçando a sua virtuosidade e reprimindo, conscientemente, os seus defeitos. Pela autodisciplina, livremente imposta a si mesmo, torna-se também exemplo para seus pares, colaborando para o progresso moral daqueles que com ele interagem”.

Temos também que ter consciência que somos humanos e como tal sujeitos as falhas.

A Maçonaria porém nos mostra a saída para a recuperação:
Nossa união, o apoio dos Irmãos, a sabedoria dos mais experientes!

Que grande benção recebemos quando somos iniciados!

Por fim, fica claro que a Maçonaria nos mostra e nos ensina o caminho da vida plena, íntegra, feliz e produtiva, sendo que cabe a nós, irmãos, não nos desviarmos do caminho do bem, lembrando que:

“O mato cresce rápido em caminhos pouco percorridos”.



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