A QUARTA INSTRUÇÃO DO GRAU DE APRENDIZ DO R.´.E.´.A.´.A.´.


Introdução

Esta Peça não contém a transcrição da Quarta Instrução de Aprendiz. Só o Maçom que a conhece ou a têm por escrito, poderá entender o conteúdo deste estudo.

A Quarta Instrução do Grau de Aprendiz Franco Maçom do Rito Escocês Antigo e Aceito tem por base dois eixos fundamentais: a Iniciação Maçônica e as noções de conhecimento do Templo Maçônico. Suas abordagens nos remete em lembrança, assimilação e reflexão, à atentarmos para o Simbolismo particular da Ordem, concedendo-lhe pequenas fragmentações dos Mistérios e Alegorias de que estamos ladeados. Certo é que esta Peça não esgota todas as interpretações e alusões da Quarta Liturgia.

 

ASPECTOS IMPORTANTES DA QUARTA INSTRUÇÃO


1.         A Existência da Verdade

A instrução é inaugurada pelo Ven.´.M.´. e 1º Vig.´. declarando que entre eles há uma Verdade, e que esta é a existência de um Grande Arquiteto do Universo e de tudo que existiu, existe e existirá. E que esta crença baseia-se pelo fato de que somos dotados de um livre-arbítrio e discernimento. Doravante, declara-se que o livre-arbítrio dirigido por uma sã Moral, é capaz de distinguir o Bem do Mal.

Ora, há distinção entre Bem e Mal? Ou há distinção sob o ponto de que se observa se algo é Bem ou Mal? Por incrível ao ponto de parecer banal, o Homem necessita de muita análise e cautela para tentar “distinguir” estas duas aspecções. Muitas vezes em nossas vidas, fazemos o Mal achando que estamos a fazer o Bem.

Data vênia, neste ensejo, transcrevo um ensinamento Martinista que diz:
Existem duas crenças fundamentais relativas ao problema do mal considerado como o oposto do bem: a) A crença de que o mundo foi criado por um Ser absoluto em poder, sabedoria e bondade, e sempre permaneceu sob Sua divina direção; b) A crença de que o mal não é uma simples ilusão, mas um poder que existe independentemente de Deus.

Contudo, o bem, para cada homem, é o cumprimento de sua própria lei. O mal é o que se opõe à sua própria lei. O objetivo da existência do homem é o de que, por seu livre-arbítrio, ele aprenda a perpetuar a bondade e a verdade, com felicidade. Ele continuará a ser atacado e punido pelo mal aparente, até que aprenda a reconhecer que o mal provém de se próprio arbítrio[1].

Por alegoria, visualizemos a Balança sustentada por uma Espada. Os pratos da balança indistintamente representam o Bem e o Mal. A Espada que a sustenta é o Operador do Bem e do Mal, que a mantém em equilíbrio para que haja movimento através de seu Livre Arbítrio, sua Liberdade. Para que a Igualdade exista, é preciso haver e manter Fraternidade nas relações.

 Agora, visualizemos o Símbolo exposto no cabeçalho deste documento: temos um Oro Boro; a Balança, um Prumo, o Barrete Frígio; um Delta Sagrado e a imagem do “aperto de mãos”. Analisando, podemos interpretar que os pratos são o Bem e o Mal em equilíbrio graças ao Prumo identificando a Igualdade que proporciona a Fraternidade identificada pelo aperto de mãos. Há a Liberdade representada pelo Barrete Frígio sob o Delta que sustenta o equilíbrio das Forças. Contudo, somente há o equilíbrio porque há um movimento – cíclico - representado pelo Oro Boro.

E o mais importante é refletirmos acerca da Espada, ou melhor, do Delta Sagrado que sustenta as duas Forças, o Bem e o Mal, encimado por um Barrete Frígio e segurando um Prumo. Pela Liberdade e Igualdade, haverá Fraternidade, equilibrando-se as Forças do Bem e do Mal para que haja o eterno movimento vibratório que há tudo dá existência.

A Espada não é boa nem má, a Espada que consagra, também mata. Deus não é bom nem mal, o Deus que consagra também é aquele que mata.

a)        Ser Livre

O que é Liberdade? É extremamente salutar que, como Maçons, usando da mais preciosa ferramenta da Reflexão, encontremos o conceito de Liberdade, tarefa nada fácil.

Considero-me cristão porque creio que todo homem e toda mulher é uma Estrela e como tal, necessariamente, um dia alcançará o Estado Crístico, aquele mesmo que já foi alcançado por Buda , Krishna, Akhenaton, Zoroastro, Mahatma Gandhi, Madre Tereza de Calcutá, Yosef Ben Miria (Jesus, o Cristo), Pitágoras e tantos outros. É o Nirvana, estado Rosacruz, Mestre Maçom Ideal. É o estado de Yeoshua o Grande Iniciado.

Nesta eterna vibração tão existencial que vai desde a constituição da “matéria” até a manutenção permanente do Universo, o homem equilibra-se por entre Colunas, aliás, entre Forças, e assim aplica seu Livre Arbítrio para manter-se em movimento. É uma condição natural, do próprio inconsciente, como uma programação de software. Utilizamos nosso Livre Arbítrio sem darmos conta disto. E isto o que é? É a nossa Liberdade, aquela deste plano.

Nosso dever então é sermos bons, úteis, construtivos, Construtores.

O Princípio Bom é essencialmente Justo e Poderoso e os sofrimentos do homem são uma prova clara de seus erros, portanto, de sua liberdade; de ele ter se afastado do Bom Princípio com o qual teria incessantemente gozado de paz e felicidade. O mal não tem outra origem nem outra existência além da própria vontade do homem livre[2].

Logo, ser Livre é praticar o Bom, o Belo e o Justo, para que a Harmonia impere, a Fraternidade governe e o Amor reine. Ser Livre é estudar e dominar o Vício para que a Virtude resplandeça, desabroche sobre nossas cruzes e seja praticada permanentemente. Ser Livre é manter-se em Oração e Vigília, para que os preconceitos não ceguem, os medos não afugentem e o erro não domine. Por fim, citamos Raymundo D’Elia Junior[3], que nos traz a seguinte lição:

O valor do homem é determinado por ele mesmo, através de sua Liberdade de Pensamento, e da Pureza que sempre deve nortear seus Sentimentos. Que qualidades ele deveria possuir, para ser digno de ser declarado Obreiro da Arte Real?

Dominar a língua – sempre dizer menos do que pensar, sobretudo, não dizer coisas amargas. Pensar antes de fazer uma promessa, e depois não quebrá-la, nem dar importância ao que vai custar cumpri-la. Nunca deixar passar uma oportunidade para dizer algo agradável à pessoa, ou a respeito dela, e deixar que as pessoas sintam a ternura existente. Interessar-se pelos outros, por suas ocupações, por seu bem estar, por sua família, e fazer perceber-lhes a importância dada. Evitar começar uma frase com a pronome pessoal Eu, e não guardar carinho para as grandes ocasiões, pois o Amor se revela em todos os pequenos gestos.

2.         Os Três Estágios de Maturação

No diálogo/debate que ocorre em Ven.´. M.´., 1º e 2º VVíg.´., há três frases que se ssobressaem: (1) os ruídos, as dificuldades e os obstáculos da primeira viagem representam o caos que se acredita ter precedido e acompanhado a organização dos mundos; (2) o ruído de armas que ouvistes em vossa segunda viagem, representa a idade da ambição e os combates que a sociedade é obrigada a sustentar antes de chegar ao estado de equilíbrio; (3) na terceira viagem encontra-se felicidade, porque ela nos mostra o estado de paz e tranqüilidade resultante da ordem e da moderação das paixões do homem, que atinge a idade da maturidade e da reflexão.

Neste sentido, a Antiga e Mística Ordem Rosacruz – AMORC, por seu Capelão no Ritual de Templo, assim proclama:

Para o Ser, nunca houve começo, pois o nada não pode dar origem a alguma coisa. Tudo era trevas antes de surgir a Luz; a Luz, porém, não veio das trevas, pois as trevas são a ausência da Luz. A Luz é um atributo do Ser, uma vez que o Ser é sempre luminoso devido à irradiação de sua energia, causada por seus ininterruptos esforços para existir. A Luz não tinha calor e, assim, o Ser era insensível; a Luz não tinha reflexo e, assim, o Ser não tinha forma. Em seu eterno movimento, o Ser expandiu-se. Múltiplas tornaram-se suas formas e complexa a sua natureza. A crescente complexidade do Ser deu origem à densidade, e a densidade produziu o calor da Luz. Então, surgiram os seres viventes. Com a Vida, veio a sensibilidade do Ser, evoluindo para o esplendor da percepção do Eu! Na consciência humana foram refletidas as glórias do Universo. Em sua profundeza, o Ser tomou forma sensível e a Mente lhe conferiu Suas dimensões. Então, a Luz brilhou, pois refletia, pela primeira vez, a sua própria natureza! (Grifei)

a)                     Representam o caos que se acredita ter precedido e acompanhado a organização dos mundos / Tudo era Trevas antes de surgir a Luz


No Princípio, Deus criou o céu e a terra. Ora, a terra estava vazia e vaga, as trevas cobriam o abismo, e um sopro de Deus agitava a superfície das águas.[4]

No Princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. 

No Princípio, ele estava cm Deus. Tudo foi feito por meio dele e a vida era a luz dos homens; e a luz brilhava nas trevas, mas as trevas não a apreenderam.[5]

É a Ordem sobressaindo-se sob o Caos. Diz Joaquim Gervásio de Figueiredo[6]:

Significa que, assim como “Deus geometriza”, fazendo nascer universos de nebulosas informes, assim a Arte Maçônica transforma o caos da matéria-prima em cosmo harmonioso, colocando a ordem onde reinava a confusão e ascendendo a luz onde imperavam as trevas.

O caos é análogo às Trevas. O caos é a desorganização, é o nada, a não estrutura. O caos é a ausência da Luz. A Luz é a clareza, o sistema, a ordem. Contudo, o mundo não surgiu das Trevas, pois esta é a ausência da Luz. O mundo não surgiu do nada, pois o nada não pode dar origem à alguma coisa. Contudo, se não houvesse Trevas, certamente a Luz não ressoaria e nada superveniente poderia brotar em seu coração.

b)                     Representa a idade da ambição; os combates que a sociedade é obrigada a sustentar antes de chegar ao estado de equilíbrio

Assim como as Trevas serviram de norte (Norte é relacionado à escuridão) para a construção de um advento grandioso, para se chegar ao estado de equilíbrio faz-se necessário o Bom Combate. O equilíbrio é encontrado no caminho do meio, e o Homem é recorrentemente tentado a pender mais para um lado do que para o outro, e isto é seu permanente Combate.

No Templo da Sabedoria, vemos duas Colunas a qual a Bíblia menciona estarem erigidas à entrada do Templo de Salomão, no Livro dos Reis. Essas Colunas já são conhecidas de tempos antigos, muito antes de Salomão, e seu simbolismo vai além do meramente arquitetônico.

O simbolismo das duas Colunas representam também a oposição que existe na natureza. Esses pilares, na aparência, são postos entre si; mas , duas condições produzem necessariamente uma terceira; esta última, seja ela qual for, cumpre uma função intermediária e, assim, a oposição dos dois pilares é harmonizada por essa nova condição e conduzida para a unidade. Essa é lei do equilíbrio ou do meio termo, é o princípio conciliador. O bem e o mal, a vida e a morte, o ser e a substância, o espírito e a matéria, constituem as oposições da vida representadas pelos dois pilares. Cabe ao buscador reconhecer esses opostos e encontrar entre eles o que explica suas oposições aparentes e também estabelece a harmonia entre elas[7].

Com efeito, as únicas lutas que o homem é constantemente forçado a travar e vencer, é o Bom Combate que ele trava contra suas paixões, suas manias desgraçadas, seus Vícios, suas inconstâncias no caminho da Luz e da Verdade. É, contudo, neste combate de contrários aparentes que ele poderá penetrar no Templo da Sabedoria e equilibrar suas forças. Assim, com o equilíbrio das forças em seu poder, o homem tornar-se-á no Grande Iniciado, Reparador Divino, Christus.

Assim, a idade da ambição é a vontade desregulada e desmedida do homem, em querer ter tudo sem ao menos Ser. A sociedade só trava guerras porque é o homem quem possui paixões e orgulhos. Equilibrando-se internamente, a Paz se fará no mundo manifesto. Trata-se do desabrochar da Rosa sobre a Cruz. Controlando os Vícios, as Virtudes serão.   

c)                     Por que encontrastes facilidade em vossa terceira viagem? Porque ela nos mostra o estado de paz e tranqüilidade resultante da ordem

Para haver equilíbrio por entre Colunas, entre contrários (que em verdade são aparentes), deve haver um terceiro princípio. Analogamente, é a terceira viagem que o homem realiza após ter vivenciado os dois princípios aparentemente oposicionistas entre si representados pelas Colunas. Oswald Wirth assim leciona:

A facilidade desta viagem é um efeito da perseverança do candidato, que soube opor a calma e a serenidade ao fogo das paixões (princípios das Colunas). Ele é tornado apto a julgar de maneira são; é isso que lhe permite penetrar até o foco central do conhecimento abstrato simbolizado pelo Palácio de Plutão (Coluna vermelha junto à qual o Aprendiz recebe seu salário). O Iniciado permanece em meio às chamas (paixões ambientes) sem ser queimado, mas ele se deixa penetrar pelo calor benfazejo que daí se destaca[8].

A terceira viagem é marcada pela Purificação pelo Fogo. Ele simboliza o estado de consciência atingido por quem recebe a Iluminação, a Sabedoria Divina. Por isso os Messias, profetas e Mestres sempre são descritos como seres que contemplaram o Fogo Divino ou foram por Ele consumidos. Desde a mais remota antiguidade, o fogo fez a parte integrante das cerimônias religiosas. Nos templos do antigo Egito, da Grécia e Roma, uma chama sagrada brilhava perpetuamente sob a proteção de jovens sacerdotisas, ora chamadas de Vestais – em decorrência de uma Ordem feminina dedicada à deusa Vesta em Roma; ora chamada de Columbas – Ordem feminina do antigo Egito e Grécia. Esta tradição é simbolicamente mantida atualmente pelas Columbas da Ordem Rosacruz AMORC e muito bem lembrada pela existência da Chama Votiva na Maçonaria e na Tradicional Ordem Martinista, no Altar do Venerável Mestre.

Conclusão

Para estar em condições de receber a Luz da Verdade, é necessário que o Homem desvencilhe-se de seus preconceitos, de seus vícios, de suas paixões. Neste sentido, ele deve caminhar por entre obstáculos corruptos e inóspitos, seguro em sua Perseverança e confiante no Altíssimo. Não há salário sem trabalho, e para cada mérito há um determinado esforço.

Bibliografia

1 –    AMORC, Ordem Rosacruz. Glossário de Termos e Conceitos da Tradição Rosacruz. 2012. 1ª Edição. Curitiba: Grande Loja da Jurisdição de Língua Portuguesa da Antiga e Mística Ordo Rosae Crucis;

2 –    WIRTH, Oswald. A Franco-Maçonaria Tornada Inteligível aos seus Adeptos – O Aprendiz. 1995. 1ª Edição. São Paulo: Pensamento;

3 –    TOM, Tradicional Ordem Martinista. Manuscritos do Martinista. 2013. Curitiba: Grande Heptada Martinista da Jurisdição de Língua Portuguesa da Tradicional Ordem Martinista;

4 –    Bíblia de Jerusalém. Gênesis, Cap 1, Vers. 1  e 2. 2012. 8ª Impressão. São Paulo: Paulus;

5 -     Bíblia de Jerusalém. Evangelho Segundo São João. Prólogo. Cap. 1, Vers. 1 ao 5. 2012. 8ª impressão. São Paulo: Paulus.

6 –    D’ELIA JUNIOR, Raymundo. Maçonaria – 100 Instruções de Aprendiz. 2013. 1ª Edição. São Paulo: Madras;

7 –    DA CAMINO, Rizzardo. Dicionário Maçônico. 2010. 3ª Edição. São Paulo: Ed. Madras;

8 –    MACKEY, Albert Gallatin. Os Princípios das Leis Maçônicas – Volume II. 2009. São Paulo: Universo dos Livros;

9 –    SAINT MARTIN, Louis Claude de. Dos Erros e da Verdade. 2011. Curitiba: Grande Loja da Jurisdição de Língua Portuguesa da Antiga e Mística Ordo Rosae Crucis.

10 – FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de. Dicionário de Maçonaria. 2011. 17ª Edição.  São Paulo: Pensamento-Cultrix.

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Ir.´. M.´. Inst.´. André Fossá
Aug.´. Resp.´. Loj.´. Simb.´. Cavaleiros do Oriente nº.18
Fraiburgo – Santa Catarina
Dedicado ao Querido Ven.´. M.´. Ir.´. Osmar Antônio do Valle Ransolin



[1] Tradicional Ordem Martinista – TOM.. Segunda Etapa. Manuscrito 6. Pg. 3.
[2] Louis Claude de Saint Martin. Dos Erros e da Verdade. Pg. 69.
[3] Raymundo Délia Junior. Maçonaria – 100 Instruções de Aprendiz. Pg. 178-179.
[4] Gênesis, Cap 1, Vers. 1  e 2. Bíblia de Jerusalém.
[5] Evangelho Segundo São João. Prólogo. Cap. 1, Vers. 1 ao 5. Bíblia de Jerusalém.
[6] Dicionário de Maçonaria. Pg. 312.
[7] Tradicional Ordem Martinista. Segunda Etapa. Manuscrito 4. Pagina 3.
[8] Oswald Wirth. A Franco-Maçonaria Tornada Inteligível aos seus Adeptos – O Aprendiz. Pg. 82.

MAÇO, MALHETE E MALHO



Os três são instrumentos usados por escultores, carpinteiros, encadernadores, calceteiros e... maçons. Porém, estruturalmente e simbolicamente, são diferentes.

Maço e Malhete (são quase iguais, diferenciados apenas pelo tamanho) nada mais são que um martelo de madeira usado pelas Luzes para gerar SOM, afinal, uma batida é a origem da VIBRAÇÃO que desperta a percepção do momento físico e extra-sensorial. As batidas dos graus nas sessões econômicas e na consagração dos graus têm a função de eqüidade.

Digamos que atuam como uma “equação sonora”, ou seja, é uma fórmula (bat.·.do Ven.·. + bat.·. do 1º Vig.·. + bat.·. do 2º Vig.·. = .....) para que haja igualdade entre grandezas dependentes umas das outras. Ao usarem os Malhetes nas Sessões Econômicas, as LLuz.·. convocam pelas batidas (todos, no Oriente, na Col.·. do Sul e na Col.·. do Norte) a estarem em sintonia com os trabalhos desenvolvidos na reunião.

Já nas Sessões Magnas, na hora da Sagração, somente o Malhete do Venerável é capaz de colocar o Iniciando em igualdade de valor (Grau) com os demais presentes. 

Demonstrando que este objeto é um símbolo de poder. Sempre que estiver presente o Grão-Mestre nos trabalhos de uma Oficina, deve o Venerável Mestre, oferecer-lhe o Malhete, para que o mesmo conduza os trabalhos.

Em época remota, era regra que estando presente em Loja Simbólica um Irmão de determinado Grau Superior (R.·.E.·.A.·.A.·.), tinha ele a prerrogativa de comandar a sessão. Com a separação da administração das Lojas Simbólicas dos Corpos Superiores, a regra perdeu o valor. O Malho, por sua vez, é um instrumento que deve ser usado por todos os IIr.·., não apenas pelo Aprendiz.

Afinal, todos nós trabalhamos continuamente em “desbastar as arestas”. Possui a forma de dois cilindros; um fino, que é o cabo, e o outro, mais largo, (pode ser também coniforme) que é o corpo.

Diferente do Malhete, o Malho pode ser de ferro, por uma questão lógica, afinal,é com ele e o Cinzel que desbastamos uma pedra bruta. Com um malho de madeira, nunca se obteria o resultado esperado. Sua forma simples tem um significado prático.

Não tendo lado, de qualquer maneira que você o pegar, ele estará pronto para o trabalho. Por conta disso é que costumam dizer que ele é um instrumento de força. No sentido figurado, malho designa pessoa hábil e destra.

O Malho é a extensão e a potencialização do desejo de transformação; primeiro (pela força) ao dar forma a um objeto “bruto”, para depois, transformá-lo em algo mais bonito, e em terceiro grau (sabiamente), transformar continuamente o objeto ou nós mesmos, em algo sempre útil.

“Malhete” também significa uma forma de encaixe de peças de madeira (ver imagem no final); provavelmente todos já viram uma caixa ou móvel feito sem pregos. As peças se completam por meio de uma estrutura de encaixes.

Penso que é assim que deveria ser uma Loja Maçônica, todos com seus altos e baixos procurando os baixos e altos dos outros Irmãos, para se completarem naturalmente, sem a necessidade do “prego da obrigação”, apenas usando o “encaixe da doação”.

Extraído da Revista Palavra Maçônica




A ÁRVORE DA VIDA E OS CARGOS SIMBÓLICOS EM LOJA



 Os 10 cargos originais e fundamentais das Lojas maçônicas são idênticos e homólogos às “Sephiroth” da Árvore da Vida, que são formas elementares da emanação divina, visado através de seus ocupantes quando atuarem em Loja, bem como para todos os demais presentes aos trabalhos, tomar mais perceptíveis as verdades que estão encobertas atrás dos véus da iluminação divina (Ain-Ain soph - Ain Soph Aur), e serem abençoados pelas forças astrais invocadas.

Uma perfeita compreensão pelo ocupante destes diversos cargos em Loja, com suas correspondentes “Sephiroth”, ajudará muito a seus titulares no desempenho perfeito de suas funções individuais e coletivas, contribuindo para o sucesso de uma Sessão Maçônica, com a obtenção das influências benéficas das forças astrais que invocamos em nossas reuniões, durante o desenrolar de nossa ritualística nas suas diversas etapas.

Iniciemos no Oriente da Loja que corresponde ao Triângulo Supremo, ocupados pelo Venerável, pelo Secretário e pelo Orador, além dos antigos Mestres Instalados, que conhecem a palavra sagrada do simbolismo:

I. O Venerável corresponde à Sephirah Kether ou à Coroa, numerada com o algarismo "um" equivalendo à origem primordial, procurando simbolicamente a proximidade do som cósmico, ou seja, a do nome de Deus Eheieh - Eu sou o que sou, o Incognoscível, sendo sempre acompanhado do Arcanjo Metatron, o Anjo da Presença, buscando liderar a experiência espiritual da união com Deus, objetivando a realização de sua grande obra, que é, na Maçonaria, a construção do Edifício Social dentro e fora do Templo.

Ao Venerável cabe dirigir com prudência e sabedoria as atividades da Loja dentro e fora do Templo.

II. O Secretário corresponde à Sephirah Chokmah, ou à Sabedoria, numerada com o algarismo "dois”, equivalendo à inteligência inspiradora ou ao Segundo Esplendor, simbolizando seu número o início da gênese universal, ou seja, um dos nomes de Deus, Jehovah, o Senhor, sendo sempre acompanhado pelo Arcanjo Taziel, o Arauto da Divindade, além do inicio do Tetragrama Sagrado com a sua letra “Yod”, buscando concentrar toda a sabedoria emanada de Deus.

Sua pena deve buscar a inspiração para a máxima fidelidade e sacralidade dos registros, das atividades desenvolvidas em Loja, bem como para as outras comunicações que fizer.

De sua função, derivou mais o cargo do Primeiro Diácono, que leva a Palavra Sagrada do Venerável para o Primeiro Vigilante, ao qual corresponde a Sephirah Hot, a Glória.

III. O Orador corresponde à Sephirah Bínah, ou à Compreensão, ou O Entendimento, numerada com o algarismo “três”, equivalendo à Justiça e ao Ensino da Verdade, simbolizando o seu número a vida formada e criada, ou seja, um dos nomes de Deus, Jehovah Elohin, o Deus dos Deuses, sendo sempre acompanhado do Arcanjo Aralim, o Observador de Deus, além da segunda letra do Tetragrama Sagrado com sua letra “Heh”, a janela da visão aberta à vida. Sua atuação visa às instruções e a aplicação da justiça mais perfeita dentro da Loja, pois é o Guarda da Lei e de sua pureza.

Têm assento também no Oriente os outros Mestres Instalados, que já sentaram no Trono de Salomão, e sua proximidade visa reforçar, com sua energia pessoal, a atuação do Venerável, Secretário e Orador, secundados de seus respectivos anjos.

Os cargos de Porta-Espada e Porta-Bandeira são funções honoríficas, porém simbolicamente meramente decorativas, enquanto o Primeiro Diácono é derivado do Secretário, o qual, antigamente, tinha também a função de mensageiro. Deste conjunto emana a Luz da Loja, que inspira e orienta suas atividades.

Em Lojas novas, muitas vezes Aprendizes e Companheiros desempenham funções no Oriente, porém isso sempre deve ser a título precário, pois a rigor, no Oriente. Devem ter apenas assento os Mestres Maçons.

Continuando-se na fronteira do Oriente com o Ocidente, existe a região denominada Daath, ou o Conhecimento, um abismo na qual ocorre uma mudança da expressão da força para a forma, não sendo este abismo uma percepção objetiva.

Nesta região, na realidade, encontra-se o segredo não revelado da Arvore da Vida, e muitas vezes, ao transitarmos por ela, não temos uma percepção de seu verdadeiro significado.

Temos três posições ou cargos que fazem a perfeita transição para as Colunas do Norte e Sul, que são o Hospitaleiro, o Tesoureiro e o Mestre de Cerimônias.

IV. O Hospitaleiro corresponde à Sephirah Chesed, ou à Misericórdia, numerada com o algarismo “quatro”, equivalendo à Bondade, ao Amor aos semelhantes, simbolizando o seu número a Inteligência Coesiva ou Receptiva advinda dos Poderes Sagrados emanados das virtudes espirituais, ou seja, a um dos nomes de Deus, EI, o Deus Todo-Poderoso, sendo sempre seguido do Arcanjo Tzadkkiel, o Anjo do Deus Justo. 

Sua atuação visa o amparo e assistência aos Irmãos da Loja, lembrar sempre que o amor é uma das forças cósmicas fundamentais e que, necessariamente, este sentimento está associado à misericórdia, a qual sempre tem que estar presente aos trabalhos em Loja.

V. O Tesoureiro corresponde à Sephirah Geburah, ou à Força, numerada com o algarismo “cinco”, equivalendo à Vassoura Cósmica que extingue a desigualdade e elimina o supérfluo, simbolizando seu número a Severidade que emana de Chokmah, a Sabedoria, ou seja, um dos nomes de Deus, Elohin Gebor, o Deus da Severidade, sendo sempre seguido do Arcanjo Khamael, o Anjo da Severidade Divina.

O simbolismo do cargo visa a seriedade que tem de haver com o trato dos valores da Loja, tanto na arrecadação como nos dispêndios dos metais, os quais devem servir essencial-mente à Misericórdia com os Irmãos e os Profanos, bem como a manutenção do Templo e nada mais, evitando-se os luxos e as dissipações advindas da vaidade e de outros defeitos da alma humana.

VI. O Mestre de Cerimônias corresponde à Sephirah Tipharej, ou à Beleza, numerada com o algarismo “seis”, equivalendo à Luz que se transforma no Amor Radiante, simbolizando o número o equilíbrio que a Beleza confere à Sabedoria e à Força, as quais, isoladas, se antagonizam, mas juntas se completam, ou seja, um dos nomes de Deus, Aloah Va Daath, o Deus Forte do Entendimento, sendo sempre seguido do Arcanjo Rafael, o Anjo do Espírito que está no Sol, localizado na Coluna do Equilíbrio, situada sobre o Altar da Loja.

Sua atuação visa essencialmente a perfeição e a beleza dos movimentos em Loja, pois ele é o elo de ligação entre o Ocidente e o Oriente, sendo que sua atuação é vital para a perfeição que deve haver nos trabalhos, resultando na beleza equilibradora.

Os seis cargos iniciais formam geometricamente o Selo de Salomão da Loja, pois são o resultado da intersecção do Triângulo Supremo, formado pelas Sephiroth Kether-Chokmah-Binah, com o Triângulo Ético formado pelas Sephiroth Chesed-Geburah-Tiphareth, o elo entre o Ocidente e o Oriente.

O Ocidente da Loja forma com os dois Vigilantes e o Experto o Triângulo Astral, formado pelas Sephirot Netzachj-Hod-Yesod, formando a ligação de seu vértice inferior com a posição correspondente à Sephirath Yesod, a porta para o Mundo Profano, guardada pelo Cobridor, simbolicamente o Guardião do Tesouro da Ciência Oculta ou dos Segredos da Maçonaria. Os Triângulos Supremo e Ético formam a parte espiritual e latente da Loja, enquanto o Triângulo Astral forma a parte potente e terrena da Loja.

A região compreendida entre o Triângulo Astral e o Mestre de Cerimônias, corresponde simbolicamente à Terra e aos seus correspondentes elementos primordiais, ou seja, o Ar, a Terra, a Água e o Fogo.

VII. O Segundo Vigilante corresponde à Sephírah Netzach, ou à Vitória, numerada com o algarismo “sete”, equivalente à Inteligência Oculta, simbolizando o Esplendor refulgente percebido pelos Olhos do Intelecto e pela. Contemplação da Fé, ou seja, um dos nomes de Deus, Jehovah Tzaboath, o Deus dos Exércitos, sendo seguido pelo Arcanjo Uriel, o Anjo Mensageiro da Graça de Deus.

Sua atuação em Loja visa preparar os companheiros para a vitória advinda da elevação ao Mestrado, recebendo através do Mestre de Cerimônias as orientações gerais; do Segundo Diácono a Palavra Sagrada advinda do Venerável Mestre, por intermédio do Primeiro Vigilante até sua Coluna.

VIII. O Primeiro Vigilante corresponde à Sephirah Hod, ou à glória em Esplendor, numerada com o algarismo “oito”, equivalendo à Inteligência Absoluta ou Perfeita, simbolizando a Formação das Hierarquias Celestes, ou seja, no caso o mesmo nome de Deus em Netzach, o Jehovah Tzaboath, o Deus dos Exércitos, secundado, todavia, pelo Arcanjo Rafael, o Anjo Médico Celestial.

Sua atuação em Loja consiste em receber os neófitos e assisti-los nas curas de suas enfermidades e defeitos espirituais, preparando-os para a Elevação a Companheiro, recebendo, através do Mestre de Cerimônias, as orientações gerais, do Primeiro Diácono a Palavra Sagrada advinda do Venerável Mestre até sua Coluna, bem como transmiti-la através do Segundo Diácono para sua Coluna.

IX. O Experto corresponde à Sephirah Yesod, ou o Fundamento. numerada com o algarismo “nove”, equivalendo à Inteligência Purificada estabelecedora da Unidade, simbolizando o Tabernáculo Sagrado, ou seja, um dos nomes sagrados de Deus, Shadai El Chai, o Deus Vivo Todo-Poderoso, secundado pelo Arcanjo Gabriel, o Chefe das Hostes Celestes.

Sua atuação consiste em conduzir as Iniciações no Ocidente, visando com seu trabalho gerar o equilíbrio perfeito com .o Venerável Mestre, que fica no Oriente, devendo sempre este cargo ser ocupado por um Mestre Instalado.

X. O Cobridor Externo corresponde à Sephírah Malkuth, ou o Reino, numerada com o algarismo “dez. equivalendo à Alma da Terra. através de suas múltiplas portas como a da Morte, a das Trevas da Morte. das Lágrimas, da Justiça, da Oração, da Filha dos Poderosos e a do Jardim do Éden, ou seja, um dos nomes sagrados de Deus, Adonai Malekh. ou Adonai Ha Aretz, o Senhor e Rei. secundado pelo Arcanjo Sandalphon, o Anjo Salvador (Messias).

Sua atuação consiste em filtrar e impedir as influências do Mundo Profano sobre a Loja. verificar e admitir profanos às Iniciações, bem como manter a ordem interna quando necessário, devendo o cargo, ao contrário do que muitos pensam, ser ocupado por mestres muito experientes e com alto tirocínio político.

Os Vigilantes também têm como função manter os Obreiros em ordem nas suas respectivas Colunas, além de trabalhar para o aperfeiçoamento dos seus correspondentes Aprendizes e Companheiros.

Como Malkut não forma parte do Triângulo Astral, alguns acham erroneamente que o Cobridor não tem função definida, esquecendo-se que o Cobridor sempre tem que opinar em Loja quando houver envolvimentos com o mundo externo, pois sua função simbólica está na base da ÁRVORE DA VIDA, no meio das raízes da terra, dando sustento a toda árvore.

Hoje, como nossos Templos estão a salvo de indiscrições profanas, normalmente esta função é desenvolvida pelo Guarda do Templo.

O cargo de Segundo Diácono é um desdobramento do cargo de Primeiro Diácono no Ocidente, pois uma de suas principais funções é levar a Palavra Sagrada do Primeiro Vigilante, que a recebeu do Primeiro Diácono, para o Segundo Vigilante, sendo também o cargo de Chanceler, igualmente, um desdobramento do cargo de Secretário.

As outras funções muito honoríficas como o Arquiteto, que têm que manter o Templo em condições de culto e o Mestre de Banquetes relacionam com aspectos exteriores da Loja e derivaram do Cobridor.

O cargo de Mestre de Harmonia é uma função que desdobrou-se do Mestre de Cerimônias, pois tem relação intrínseca com a beleza dos trabalhos, devendo o ocupante deste cargo ter grande sensibilidade musical e mística, para com a execução de músicas adequadas durante os trabalhos, propiciar a harmonia necessária para o desenvolvimento da Egrégora e boa Harmonia da Loja.

Embora hoje em dia não haja muita conscientização do simbolismo dos cargos em Loja, acreditamos que seja necessário um despertar para as realidades primordiais que originaram a razão de ser das Lojas Simbólicas e de seus verdadeiros objetivos, que são através de um trabalho coletivo chegar-se à Verdadeira Luz e cumprir na terra a grande obra do Grande Arquiteto do Universo, que é a construção do Edifício Social, quando atuarmos no mundo profano.

Ir.'. Ulf Jermann Mondl

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BALLOW, Robert. The Nature of Religion. Basic Book Publisher, New York, 1968.
HOME, Alexander. King’s Salomon Temple in the Masonic Tradition. The Aquarian Press. Welligborough England, 1983.
FOME, Dion. A Cabala Mística. Ed. Pensamento, São Paulo, 1993.
WILLJAMS-HELLER, Ann. Cabala. Ed. Pensamento, São Paulo, 1990.
BONDER, Nilton. A Cabala da Inveja. Ed. Imago, Rio de Janeiro, 1992. 
BÍBLIA SAGRADA. Tradução de João Ricardo de Almeida.
ALCORÃO SAGRADO. Tradução de Mansur El-Hayek. Ed. Tangará, São Paulo, 1979.
BOUCHER, Jules. A Simbólica Maçônica. Ed. Pensamento, São Paulo, 1979.
FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio. Dicionário de Maçonaria. Ed. Pensamento, São Paulo, 1990.
DA CAMINO, Rizzardo. Simbolismo do Primeiro Grau.
RITUAIS DE APRENDIZ E MESTRE MAÇOM. GLSC, Ed. IOESC, Florianópolis.


A FRATERNIDADE



Fraternidade! Linda palavra! Meiga, doce e suave! Ao expressá-la tem-se a impressão de sentir-se mais humano, mais espiritualizado, mais justo na presença de Deus. Analisados com a razão, de modo sincero e honesto, observam-se dois ângulos distintos de análise. De um lado, quando ouvimos ou lemos algo sobe fraternidade, ficamos sensibilizados pelo seu profundo conteúdo, é tão altruístico e harmonioso, e seu poder de amar pode amenizar, e talvez, acabar com as tantas guerras que assolam o mundo.

De outro lado, de uma ótica prática, deixa muito a desejar. Não é ousadia afirmar que ela pouco funciona. Muito pouco! E isto porque o homem ainda não a compreendeu, ou ainda não penetrou fundo na essência maravilhosa da fraternidade humana.

Repetidas vezes o homem afirma que somos irmãos, na prática, porém, ele julga-se diferente dos outros. Dá a si um ar de superioridade, considera-se mais inteligente, mais sábio ou mais esperto que seu próximo. Ao misturar-se com seus semelhantes, o faz apenas em sentido de respeito ou de educação, jamais no aspecto lato de igualdade ou de fato irmão.

Exemplos de verdadeira fraternidade são raros.

Existe uma parábola que transmite uma maravilhosa lição e ilustra o que poderia ser verdadeira fraternidade: Numa fazenda, onde havia vasta plantação de milho, recém germinada, cujos pés não passavam de um metro de altura, e onde trabalhavam centenas de camponeses, certo dia, uma criança de apenas três anos de idade, filha de um dos casais de colonos, perdeu-se naquele imenso deserto verde da plantação. 

Os pais, ao terem conhecimento do fato, desesperados, puseram-se a procurá-la. Porém, como a plantação era muito grande e a criança pequena, tornava-se difícil encontrá-la.

Imediatamente, ao serem informados da dificuldade do e perigo, pois algum animal poderia atacar e matar a criança, todos os trabalhadores, cada um a seu modo, invadiram a plantação efetuando buscas.

Infelizmente, todas as investigações resultaram infrutíferas.

Ao lado da fazenda havia outra propriedade rural, também com centenas de trabalhadores. Infelizmente entre as duas comunidades havia permanente clima de desentendimento e rusga. Mas, ao saberem do acontecido não vacilaram um instante em abandonar as rivalidades, e a uma só voz de fraternidade, para lá se dirigiram entrando na plantação para também, cada um a seu modo, encontrar a criança.

Todos os cantos foram vasculhados, porém sem êxito. O dia foi passando, a noite se aproximando e a criança não era encontrada.

Em dado momento, todos reunidos, lamentando a falta de sorte por não terem conseguido salvar a criança, aumentado com o desespero dos pais, um dos trabalhadores, como se tivesse recebido uma mensagem de uma entidade superior, em voz firme e enérgica ponderou:

- Da maneira que estamos fazendo não encontraremos a criança. Vamos dar as mãos uns aos outros. Formemos uma ala compacta, em toda extensão da plantação, e todos, de mãos dadas, marcharemos para frente. Assim agindo, um de nós vai com certeza esbarrar com a criança.

A ação foi rápida. Imediatamente começaram a marcha todos de mãos dadas.

Não é preciso dizer que o milagre aconteceu. Marchando lentamente, mas bem seguros, depois de meia hora, alguém esbarrou com a menina, e logicamente, sã e salva.

Logo depois, todos estavam reunidos fora da plantação, jubilosos pelo êxito alcançado. Naquele momento comovente, involuntariamente, formou-se um profundo silêncio, como se todos tivessem caído em profunda meditação, todos analisavam o acontecido.

A mãe da criança, olhando ara o alto em louvor a Deus, exclama:

- Benditas sejam as mãos dadas, só assim minha filha foi salva!

Em seguida, seu esposo, ouvindo aquelas palavras, grita também:

- Benditas sejam as mãos dadas!

E analisando o profundo amor fraterno e mais especialmente o altruístico efeito prático, de ímpeto, com grande entusiasmo fraternal, dirigiu-se a todos os companheiros dizendo-lhes:

- Por que não andamos e vivemos sempre de mãos dadas?

Reparem meus caríssimos irmãos, as contradições referentes à humanidade apresentadas atualmente no mundo. De um lado avaliemos a parábola em que centenas de pessoas se uniram fraternalmente para salvar a vida de uma criança. De outro, alguns dirigentes de nações que ordenam o massacre de milhares de inocentes e indefesos seres humanos. Cada qual defende suas razões, pouco convincentes em sua maioria. Cabe aqui uma pergunta: quando e como acabarão as desumanas guerras?

Uma andorinha só não faz verão, reconhecemos e afirmamos, até de forma melancólica, que só através da fraternidade e do amor Universal poderá aportar a paz entre os seres humanos. Mas isto só será possível se a humanidade, de mãos dadas, aprender, praticar e viver de fato a verdadeira fraternidade!


Ewald Boller, auditor e maçom de nacionalidade brasileira. Nasceu em 11 de setembro de 1925 em Corupá, Santa Catarina. Faleceu em 6 de abril de 2002 em Curitiba, Paraná, com 76 anos de idade, desastre rodoviário.

Grau do Texto: Aprendiz Maçom.

Área de Estudo: Comportamento, Espiritualidade, Filosofia, Maçonaria, Tolerância.

Loja Apóstolo da Caridade 21 Grande Loja do Paraná.

Local: Curitiba.

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