AS INSPIRADORAS COLUNAS BOOZ E JAKIM


Sinopse: Especulação a respeito da função das colunas Booz e Jaquin com uso da física quântica.

O significado simbólico maçônico das duas colunas é controverso e confuso se comparado ao que diz a bíblia judaico-cristã, em I Reis 7:13-22. Em essência elas decoram e demarca a entrada do templo, o portal do iniciado no caminho da luz, do conhecimento gradativo de seu eu, de seu interior, do seu templo, da sua espiritualidade.

Pesquisando diversos autores maçônicos respeitados, eles também têm inúmeras explicações que conduzem a um intrincado labirinto de justificativas aonde algumas delas são baseadas em postulações herméticas ocas, tão vazias como o próprio interior das colunas, inaceitáveis ao cético e filósofo que adota o princípio heurístico da pesquisa científica que concebe a natureza como máquina, que debita tudo à matemática e casualidades estatísticas previsíveis.

Entretanto, esta visão mecanicista do século passado aos poucos vai cedendo espaço a teoria da física quântica. A cada instante, novos conceitos antigos desabam na presença de novos conceitos e provas científicas que, da mesma forma em que o mecanicismo derrubou velhas crendices místicas, este mesmo mecanicismo é hoje criticado e tem seus conceitos derrubados na edificação de novas conceituações científicas da física quântica. Porque não reunir todo o conhecimento antigo e o novo? As duas colunas não estariam colocadas à vista dentro do templo maçônico exatamente para materializar a possibilidade de novo salto do pensamento?

Se tomadas com o propósito de apenas representarem a porta de entrada para o conhecimento, desconsideradas as características que lhe desejam debitar os que defendem interpretações místicas, alquímicas e mágicas, as colunas nada mais são que a delimitação do lado externo e o interno do templo. São construídas com metal nobre porque o portal separa dois mundos, e é importante, de um lado o mundo profano e do outro o templo, a representação de algo maior, que o iniciado vai garimpar com suas bateias mentais dentro de si mesmo.

Desconsiderando o que foi omitido em relação ao original descrito pela bíblia judaico-cristã, para cada componente hoje existente no símbolo que representam as colunas, inúmeras são as explicações criadas pelas especulações dos livres pensadores e nada disso deve configurar verdade absoluta, final. Assim como a física quântica desbanca o mecanicismo e este derrubou o misticismo.

Cada elemento da composição artística do símbolo está aberto para estudos predominantemente teóricos do raciocínio abstrato de cada maçom. Dar como terminada a sua função especulativa é desrespeitar o símbolo e impor ditadura dogmática. A cada maçom é dada a oportunidade de postular suas próprias conjecturas sobre o significado de cada componente das colunas que decoram a entrada do templo, o seu próprio templo. Ademais, o obreiro é quem mais conhece daquele corpo, daquele templo, pois o usa como receptáculo de seu próprio sopro de vida.

Para lojas, como as do Rito Escocês Antigo e Aceito da Grande loja do Paraná, onde as colunas Booz e Jaquin estão locadas dentro do templo, no extremo ocidente, cerca de dois metros da porta, onde existe este espaço, sua locação é comumente confundida com as colunas norte e sul.

A interpretação mais usual da ação de ficar entre colunas é considerada postar-se entre as colunas Booz e Jaquin, e isto é uma interpretação incorreta. Ficar entre colunas é postar-se entre as colunas norte e sul, entre irmãos, entre pessoas de carne e ossos, sobre uma linha imaginária que une o altar do primeiro vigilante com o do segundo vigilante e no local onde cruza com o eixo longitudinal do templo.

A abrangência de encontrar-se entre as colunas norte e sul só termina no primeiro degrau que separa oriente do ocidente. Ali o obreiro tem a certeza que não será interrompido em sua oratória e seus irmãos têm certeza que tudo o que for dito é a verdade da ótica daquele que fala, pois uma mentira ali tem graves consequências. 

Estar locado entre colunas, entre irmãos, obriga o obreiro a responder todas as perguntas que lhe forem dirigidas com sinceridade, sem omissão, sem reserva mental.

A loja maçônica não é representação real, maquete, cópia fiel do Templo de Jerusalém, e sim, representação simbólica de alguns aspectos físicos daquele. Estarem às colunas Booz e Jaquin no átrio ou dentro do templo seria indiferente, não fosse o propósito a que servem.

Na bíblia judaico-cristã elas são designadas como colunas vestibulares, de vestíbulo, algo locado entre a rua e a entrada do edifício, portanto, colocadas fora da edificação, ao lado das portas, formando portal de acesso ao interior.

No templo real é assim, mas no simbólico isto não se aplica. Se for para colocar rigidez neste raciocínio de fidedignidade com o templo real, que se retirem de dentro da loja maçônica as colunas zodiacais, a mobília, altares, balaustrada, pisos, diferença de nível entre oriente e ocidente, decoração do teto, sólio, enfim, tudo o que não existe no templo de Jerusalém; podem ser levantadas especulações as mais diversas, mas o lugar das colunas num templo maçônico é em seu interior. 

Por questão de coerência com a bíblia judaico-cristã elas poderiam ficar fora do templo, mas elas devem estar locadas dentro do templo porque todos os objetos e elementos decorativos em loja no Rito Escocês Antigo e Aceito têm finalidade educacional.

Participam dinamicamente da metodologia para ensinar aos obreiros as verdades necessárias para sua escalada na construção de sociedade justa. Colocar as colunas Booz e Jaquin fora de vista não faz sentido propedêutico na instrução maçônica. 

Considerando a utilização como instrumentos de trabalho, as ferramentas devem estar à vista do estudante, do obreiro que trabalha na pedra bruta. Principalmente se na parte oca das colunas Booz e Jaquin estão guardadas outras ferramentas de trabalho.

As colunas, todas as ferramentas e objetos utilizados têm significado simbólico, são parte da lenda materializada como método iniciático, propedêutico, introdução ao caminho que cada maçom deve encetar para entender o que a filosofia da Maçonaria deseja incutir em sua mente. As colunas fazem parte da ficção inventada ao redor da vida de Hiram Abiff, figura referenciada na bíblia judaico-cristã, cuja estória constitui lenda dentro da Maçonaria.

É ficção, mas transmite conceitos profundos de moral e ética até para pessoas sem formação escolar básica, que não têm vivência com o abstrato. Esta limitação do trabalhador da pedra com respeito ao abstrato é o que exige a presença física das colunas dentro do templo. Com isto a Maçonaria transmite conceitos filosóficos profundos para qualquer pessoa, independente de sua formação intelectual.

É o princípio da igualdade em ação. É dentro do templo que o maçom procura ser amigo da sabedoria, "phílos" + "Sophia", filosofia que visa o desenvolvimento do filósofo especulador simples e não o erudito ou homem de instrução vasta e variada. 

Ao maçom basta o conhecimento que propicie liberdade independente de formação ou berço.

O resultado almejado é a geração de sociedade onde a fraternidade, mesmo em presença de rusgas características das relações interpessoais, é de fato praticada indistintamente por todos os seus membros.

Um símbolo não observável é o mesmo que um ato de fé e acreditar no inexistente; este não é o caso da Maçonaria que rechaça dogmas com veemência. Reportar-se às colunas de bronze Booz e Jaquin fora de vista são o mesmo que dizer: - Acreditem, elas existem lá fora! - Ou ainda: - irmão aprendiz vá lá fora buscar maço e cinzel para trabalhar na pedra bruta. - Todas as ferramentas devem estar dentro do templo depois que a loja estiver aberta. Ninguém sai ou entra no templo sem uma razão muito forte depois que os trabalhos começaram. Não é lógico o pedreiro adentrar a oficina sem suas ferramentas.

Acreditar que as colunas existem lá fora tornaria a sua existência em algo assemelhado aos dogmas que as religiões impingem aos seus fiéis para forçá-los a aceitarem postulações que não podem ser vistas, não tem lógica, ou realmente são apenas lendas. A ordem maçônica usa lendas, mas ela informa claramente, explicitamente, que tudo não passa de ilustração, a materialização de ficção para fins exclusivamente educacionais.

As colunas Booz e Jaquin são verdadeiras e físicas dentro da loja e devem estar lá para objetivo que pode numa primeira instancia fugir ao entendimento. Será que elas não têm outros significados que simplesmente albergar as ferramentas e suportar romãs e globos?

Todos os símbolos usados pela pedagogia da ritualística maçônica devem ficar ao alcance da vista para permitirem sua utilização material e propiciarem, a partir disto, a construção, a concepção de pensamentos abstratos sem adentrar na seara pantanosa dos dogmas; apresentar algo duvidoso como certo e indiscutível, cuja verdade se espera que as pessoas aceitem sem questionar.

No passado, quando não existia explicação para determinado fenômeno, creditava-se este a influências misteriosas e mágicas, o mesmo ocorre com um símbolo fora da vista em qualquer era. Os homens são limitados por seus sensores e em função de sua clausura no planeta Terra.

Na escola primária, na fase concreta dos métodos de ensino, os conceitos abstratos são transmitidos via materialização, por exemplo: como explicar o zero para uma criança? Colocam-se dois objetos a vista e depois se subtrai estes da visão, ficando o nada, definindo o vazio; gravando na mente o conceito de zero.

Para usar um símbolo ele deve ser visto, ao menos numa primeira instância; depois de firmado o conceito abstrato, o cérebro se encarrega de completar o que fica invisível aos olhos.

A ciência avança nas áreas da física quântica, cosmologia, psicologia transpessoal e revela continuamente a existência e ação de energias, verdades e realidades que colocam em xeque crenças e ideias a respeito do Universo. É isto que a Maçonaria visa com sua motivação à auto-educarão e o despertar dos imensos potenciais que até o momento existem apenas em resultado de experiências empíricas transmitidas pelos sentidos.

Aos poucos, os maçons de formação mecanicista, influenciados pelos místicos e sensitivos passam a entender ou absorver o funcionamento destas energias, não como mágica, mas com alicerce científico. Partindo da especulação incutida pela física quântica especula-se em torno das possibilidades de sentir e usar das energias que constituem o Universo, ou Universos.

É a razão de manter as colunas Booz e Jaquin dentro do templo, como modelo de dipolo energético de campos elétricos, magnéticos e gravitacionais, ou quem sabe, portal para outros Universos, talvez concentradores das energias da cosmologia quântica de que o homem é feito.

É o mesmo que ensinar o conceito do zero para as crianças do jardim da infância há necessidade de manter o modelo, o inspirador de novos pensamentos até o instante em que o mais cético venha a entender o que os outros irmãos sentem e interpretam de forma empírica. Os exercícios especulativos podem então inspirar novos modelos e, quem sabe, surjam novas ciências e conhecimentos que projetem o homem ao encontro de seu futuro.

Ao passar pelas colunas Booz e Jaquin o obreiro entra na oficina recheada de ferramentas de trabalho em direção à luz, a sabedoria necessária para burilar a pedra bruta. Trabalha nele próprio até obter uma linda e bem formada pedra cúbica polida, isto é o resultado da polidez e educação maçônica que honra o Grande Arquiteto do Universo e que toma seu lugar de destaque na sociedade humana.

Por Charles Evaldo Boller


POR QUE AS RELIGIÕES FALHARAM?


Não posso negar que a religiosidade teve e ainda tem um papel social importante. As religiões estabeleceram padrões éticos necessários à humanidade, criaram orientações para os relacionamentos interpessoais bem sucedidos, e com o desenvolvimento da consciência da dimensão espiritual da humanidade, deu origem a sentimentos de conexão e de admiração pelas maravilhas da criação, deu até um sentido de propósito a existência e uma consciência da unidade do Ser material e espiritual. A religião é manancial da esperança e da confiança no futuro, e pode evitar ou suavizar o comportamento desesperado.

No entanto, não podemos negar que a religião também deu origem a um sentimento de superioridade e autojustiça, a crença de que um povo, um grupo, um segmento da humanidade tem uma ligação mais estreita com a Divindade do que outros, a convicção de que alguns sabem precisamente a vontade do Criador, que são os únicos que conhecem a verdade - em suma, ao extremismo, ao preconceito, ao ódio e à justificação da opressão e da violência em nome do próprio Criador.

Nenhuma religião está isenta de tais excessos. É só estudar a história da humanidade, que vamos encontrar a morte, a tortura, a escravidão, etc., exercida por diversos povos, em diferentes momentos dessa história, em nome de um Deus Violento, Vingativo, Irado, Etnocentrista, que determina que o “Seu Povo”, destrua, destroce, aniquile... outro povo.

Se esse é o deus das religiões... Então, eu quero renunciar à religião.
Se 'religião' significa certeza absoluta de que uma pessoa sabe o que Deus pretende, o que Deus quer da humanidade, em vez da humildade de que não podemos compreender plenamente a vontade divina, então eu não quero a religião.

Sempre entendi a religião como a tentativa humana de alcançar a Divindade – mas, sem olvidar nossa incapacidade de alcançar os desígnios Divinos, da nossa insignificância e temporalidade do Ser, para ‘o que está além do tempo e do espaço’, variáveis incognoscíveis para o Homem. Temos que distinguir entre o Criador e o criado, o primeiro conhece e compreende a mente humana, já os seres humanos são incapazes de conhecer e compreender plenamente a vontade Divina.

Nós, seres humanos, só podemos fazer o nosso melhor. Existe uma Lei Natural de distingue o ‘Bem’ do ‘Mal’, não é necessário nenhuma religião para mostrar ao Ser Esclarecido essa diferença. Uma religião que faz a afirmação de que decifrou totalmente a vontade divina não pode, a meu ver, mais servir a sua função primária de infundir na humanidade a humildade e nos ajudar a admirar a grandeza e a generosidade de Deus em criar o universo e o homem.

Se 'religião' significa orgulho em si mesmo e de seu povo, em oposição ao orgulho de ser uma boa pessoa, então eu não quero a religião. Não há nada de errado em enaltecer o próprio povo, mas há algo completamente falho em não aceitar que todos os seres humanos são criados na mesma origem Divina.

Quando nos dizem para 'amar o próximo', isso implica que devemos odiar alguém que não é nosso próximo? Quando nos dizem para 'proteger o estranho', nossa proteção se estende somente aos estranhos que se conformam com nossos caminhos? Rejeito inteiramente qualquer ideia de que Deus criou algumas pessoas mais dignas de amor e arrimo do que outras.

Eu rejeito qualquer religião que diga possuir um vínculo especial, uma aliança, que a sua ligação com Deus é a única aliança verdadeira. Isso sugere que os sentimentos de Deus são limitados, que ele só pode ter uma relação afetiva, que ele só pode amar um povo, um grupo, os membros de uma religião, o que é totalmente incompatível com a minha concepção de Deus.

Se 'religião' significa amor etnocêntrico pela própria nação, povo, grupo ou terra, em oposição ao amor por Deus e toda a sua criação, então eu não quero a religião. Um discípulo perguntou ao mestre porque o deus criou somente um humano, Adão, em vez de povoar a terra com muitos seres humanos. O mestre pensou um pouco e respondeu: “- se alguém, algum dia lhe disser – ‘meus antepassados são maiores que os seus’, você poderá responder – ‘todos temos o mesmo ancestral’. Todos os seres humanos descendem de Adão, que foi criado pelo próprio Deus”.

Se "religião" significa que há espaço para o ódio, antes que haja espaço para a compaixão, então eu não quero a religião. A religião pode legislar sobre o comportamento correto para seus seguidores, pode impor aos seus fiéis os seus dogmas, mas não pode querer impor seus dogmas e exigir daqueles que não professam sua fé, os comportamentos de seus membros.

Sempre esperei que as religiões que pregam compaixão, perdão e amor, exercessem essas virtudes. Certamente essas virtudes não se destinam apenas para aqueles que fazem parte dessa religião. Porque então, não deveríamos destiná-las a alguém que não faz parte dessa religião. Não posso aceitar que em nome de Deus alguém queira impor pela força ou violência sua crença. Imitar Deus significa amar e resguardar toda a criação.

Mas o que devo fazer? Eu não pertenço a nenhuma religião. Mas, eu acredito em Deus e o aceito como Criador e Mantenedor do Universo! Então, posso renunciar à religião? Eu não quero uma religião que contraponha minhas crenças contra as dos outros e reivindique a posse única da Verdade. Então, para mim, não seria possível definir nenhuma das que conheço como minha "religião".

Procuro seguir as leis legais e morais, os rituais e as tradições da minha sociedade e as tradições culturais que meus antepassados me ensinaram, porque acredito que me ajudam a desenvolver meus padrões éticos, minha concepção do que é importante em minha vida, para o desenvolvimento do meu ‘self’ e de uma relação com o Transcendente.

Eu não faço as coisas porque são definidas pela ‘minha religião’. Minhas decisões não estão separadas da minha humanidade e da minha personalidade, e não tenho uma religião para ser minha desculpa para os meus erros ou acertos. Eu sou responsável por minhas escolhas. Quando, na condição de Ser Humano, fui agraciado com o ‘livre arbítrio’, foi para que pudesse racionalmente, de acordo com minha consciência, tomar minhas decisões e deliberar minha vida.

Finalizando, o Criador é ‘Inefável’, você pode senti-lo, mas, é incapaz de descrevê-lo... Somos limitados, pois somos humanos, somos limitados pelo tempo e pelo espaço, como podemos compreender Deus Eterno e Infinito? Confundimos valores materiais com valores espirituais. A religião, na tentativa de conformar o comportamento humano a valores socialmente aceitáveis, criou o ‘Pecado’, e colocou como vontade do Criador, o controle de comportamentos puramente materiais. 

Comportamentos sociais como sexo, relações de casais, etc., foram determinados pela religião, e para terem força sobre os indivíduos foram apresentados como vontade divina! Só que Deus não se envolve nessas coisas.

Mas, para aqueles que acreditam que para se salvar precisam de uma "religião", não percam de vista o que é fé e que a esperança é tudo. Não se deixem levar pela estrutura de poder, onde os que estão no topo reivindicam o acesso único à Verdade e a capacidade de absolver seus seguidores da responsabilidade de seus erros, se obedecerem a eles cegamente.

Deus está em tudo e em todos, para você conhecer Deus não precisa de intermediários ou interlocutores, é só você senti-lo, olhe a sua volta... Tudo que você vê e sente foi criado por Deus... Até ‘você’! Porque então, ao invés de melhorar o significado de ser um ‘Ser Criado Humano’, deixar que sua relação com o Criador seja gerida por um indivíduo e não por você mesmo? As versões de religião que abundam por ai, para mim falharam e para muitos outros como eu.

Seja Você... Tome suas decisões, de acordo com sua Consciência... Não deixe ninguém dizer como você tem que viver... Viva como você decidir... Faça o que é Legal Socialmente aceito e você achar Certo... E SEJA FELIZ!

Eduardo G. Souza. 
Ex-Grão Mestre do GOB-RJ, atual Secretário de Orientação Ritualística do GOB

OS SISTEMAS GRANDE ORIENTE E GRANDE LOJA


Mesmo após algum tempo de Maçonaria, muitos não têm conhecimento mínimo e necessário para distinguir os sistemas Grande Oriente e Grande Loja. Dessa forma, como sempre primamos pelo nivelamento do conhecimento maçônico, acreditamos ser de suma importância explicitar essa distinção, sendo este o objetivo deste trabalho.

É interessante lembramos de que a expressão “GRANDE ORIENTE” era o nome dado ao lugar em que se realizava as convenções das Grandes Lojas de um país. Para alguns, GRANDE ORIENTE é também sinônimo de Grande Loja, pois, ambos os sistemas são um corpo maçônico superior, ou seja, uma Potência Independente na qual congrega todas as Lojas da Obediência a que se encontram filiadas.

Embora no Brasil o Grande Oriente tenha sido a única organização maçônica superior durante mais de 100 anos, hoje também convivemos com as Grandes Lojas, criadas desde 1927. Dessa forma, vale dizer que, no Brasil o Grande Oriente é a denominação maçônica primogênita, datada de 1822.

Por tanto, no âmbito internacional, a Grande Loja Unida da Inglaterra é quem detém a primazia de ser a Organização Maçônica mais antiga, fundada em 1717, a qual estará comemorando 300 anos em junho de 2017. Todavia, vale dizer que, a expressão Grande Oriente surgiu por acaso, na França, por volta de 1773, uma vez que no dia marcado para a Instalação da Grande Loja Nacional de França, os participantes resolveram que aquela instituição se chamaria Grande Oriente de França, do qual o nosso Grande Oriente pegou emprestado esse nome.

Desta forma, podemos dizer que, também foi por acaso que o Grande Oriente se transformou em uma espécie de Governo Maçônico Superior, cuja abrangência alcança todo território de um país, bem como poderá possuir um ou mais Ritos.

Quando falamos de Grande Oriente, se faz necessário citar, mesmo que “em-passant”, o Grande Oriente do Brasil, a maior Potência Maçônica da América Latina, fundada em 17 de Junho de 1822. 

Nesse sentido, vale lembrar que, o seu primeiro Grão-Mestre foi José Bonifácio de Andrade e Silva, substituído por D. Pedro I, em 04 de Outubro do mesmo ano. 
Contudo, 21 dias após sua assunção, ou seja, no dia 25 do mesmo mês, o Imperador suspendeu os trabalhos do Grande Oriente do Brasil, o qual só retornou, com toda força e vigor, em novembro de 1831, após sua abdicação, em favor de D. Pedro II. 

O Grande Oriente do Brasil além de abranger todo território brasileiro, possui em atividade cerca de sete Ritos, como já dissemos, sendo que o REAA possui o maior número de Lojas Simbólicas e o maior número de Obreiros.

Portanto, quantitativamente, o Rito Escocês Antigo e Aceito é o mais importante Rito praticado em nosso território. Destacamos ainda que, o Grande Oriente do Brasil é uma Federação formada pelos Grandes Orientes dos Estados, do Distrito Federal e das Lojas Maçônicas Simbólicas, bem como dos Triângulos. Em resumo, um Grande Oriente é uma Organização Maçônica Superior denominada de Potência Maçônica Simbólica, dotada de Soberania no território ou país em que está inserido, ao qual as Instituições Maçônicas acima mencionadas estão subordinadas.

Por sua vez, a denominação Grande Loja nos remete à Idade Média, precisamente para a Alemanha, ainda no período da Maçonaria Operativa, onde através das Lojas dos Talhadores de Pedra teve início a sua criação, e foram se formando por vários pontos daquele território.

Como as Lojas de então eram muito dispersas, constatou-se a necessidade de aproximá-las e organizá-las, criando assim, um Poder Central ou Loja Principal, evoluindo daí para Grande Loja. Esta tinha, entre outras atribuições, o dever de julgar as divergências entre os Talhadores de Pedra. Lembramos que, até esse momento, a Maçonaria era considerada operativa.

Há de se destacar que, diferentemente dos dias de hoje, as Grandes Lojas abrangiam um ou mais territórios ou países, pois, ainda não tinha sido sistematizadas, o que só ocorreria em 1717, com a fundação das Grandes Lojas Unidas da Inglaterra.

Atualmente, restringindo-se apenas no que tange ao Brasil, a abrangência das Grandes Lojas, quanto ao território, está circunscrito em um estado. Como exemplo, podemos citar que o Brasil possui uma Grande Loja Maçônica em cada Estado da Federação com autonomia absoluta e que, uma vez reunidas, são denominadas de Confederação Maçônica Simbólica Brasileira (CMSB).

Ressaltamos ainda que, as Grandes Lojas foram, lá na sua origem, os principais centros de maçons livres, os quais exaltavam as obras de arquiteturas daquela época. Além disso, organizavam e coordenavam suas várias relações institucionais.

Apesar da longa caminhada e intensa atividade, somente a partir de 1717, com a criação da Grande Loja Unida da Inglaterra é que ela se transformou, efetivamente, em um Corpo Superior, independente e soberano em relação às Lojas Simbólicas. 

Concluindo, ressaltamos que, não importa a qual dos dois sistemas façamos parte, pois, o que de fato faz a diferença é a nossa dedicação.

Assim, em tudo o que façamos que possamos empenhar-nos em fazer o melhor, dedicando com amor nossos esforços em prol do que acreditamos.


AILDO VIRGINIO CAROLINO Grão-Mestre Adjunto do GOB-RJ e Presidente do CEO

VIRTUDES MAÇÔNICAS

A Maçonaria vem provavelmente do francês “Maçonnerie”, que significa uma construção feita por um pedreiro, o “maçon”. A Maçonaria terá assim, como objetivo essencial, a construção. A Maçonaria promove a transformação do ser humano e das sociedades em que vive, através da fraternidade, solidariedade e da justiça.

Para ser iniciado, o Maçom deve ter profissão honesta que lhe assegure meios de subsistência, ser ético, ter condições morais e intelectuais e instrução necessária para compreender os objetivos da Ordem Maçônica. A Maçonaria honra igualmente o trabalho manual e o trabalho intelectual, e crê na existência do Grande Arquiteto Do Universo, Deus. 

O Maçom deve ser escolhido para ser Iniciado, pelas razões acima descritas, e não por motivos profissionais, familiares ou de amizade, e sim por ser o profano reconhecido Maçom em sua essência, encontrando nele virtudes maçônicas.

Mas o que o busca Maçom? Ele busca o aperfeiçoamento intelectual, o afinamento das faculdades de pensar e de enriquecimento dos conhecimentos adquiridos, para que tenham o domínio do saber necessário, para se comportarem de forma digna em todos os momentos, sejam eles profanos ou maçônicos, pois é mais fácil sucumbir ao vício, que aprimorar a virtude.

A tolerância é das virtudes maçônicas, a mais enfatizadas, pois significa a tendência de admitir modos de pensar, ser, agir e sentir que diferem as pessoas e nos fazem indivíduos únicos. Muitas vezes confundimos tolerância com conivência.

A tolerância é a habilidade de conviver, com respeito e liberdade, com valores, conceitos e situações. Deus é tolerante com o pecador, mas não com o pecado.

Outra virtude é a Ética, que por definição é um conjunto de princípios e valores que guiam e orientam as relações humanas. É uma espécie de cimento na construção da sociedade. O forte sentimento de fraternidade designa o parentesco de irmão, do amor ao próximo, da harmonia, da boa amizade e da união, de tal forma a prevalecer a harmonia e reinar a paz. 

A justiça é a virtude de dar a cada um aquilo que é seu, julgar segundo o direito e a melhor consciência. Para que se possa evitar o despotismo, o arbítrio e manter a liberdade e o direito. A Maçonaria é uma sociedade que luta pelo Direito, pela liberdade e pela justiça, por isto todo Maçom deve ser um defensor incansável destes valores.

Estamos vivendo uma época em que há uma falta aguda, de um valor fundamental em todo o mundo: a caridade. Ela é o amor que move a busca afetiva do bem de outro. Ninguém precisa de nada a não ser seu coração para saber o que machucam os outros.

Jamais subestime o sofrimento alheio. Seu julgamento poderá lhe falhar, seu conhecimento, sua experiência e sua inteligência poderão ser inúteis diante do mal, que torcerá fatos, palavras e aparências. Até o branco pode parecer preto e o preto parecer branco. Decida com caridade e toda essa farsa se dissipará sob o brilho de uma alma integra.

A Maçonaria é uma instituição fundamentalmente ética, onde a reflexão filosófica sobre a moralidade, regras, códigos morais que orientam a conduta humana; que tem por objetivo a elaboração de um sistema de valores e o estabelecimento de princípios normativos da conduta humana, impondo ao Maçom um comportamento ético e, exigindo-lhe que mantenha sempre uma postura compatível com um homem de bem. 

Pelo exposto, o Maçom quer conhecimento, evolução, fraternidade, justiça e liberdade. A elevação de Grau é uma simples consequência desta incessante busca pelo aperfeiçoamento da pedra bruta e não o objetivo. Estas são apenas algumas virtudes maçônicas a serem lapidadas. 

O egoísmo é a fonte de todos os vícios, assim como a fraternidade é a fonte de todas as virtudes. Destruir um e desenvolver o outro: esse deve ser o objetivo de todos os Maçons. Sem ação nada pode ser feito. 

Quem é bom, é livre, ainda que seja escravo. Quem é mau, é escravo, ainda que livre” - Santo Agostinho

Irmão Wellington Oliveira, M:.M:


O PERJÚRIO



A sociedade como um todo vive sob mecanismos de sustentação, os quais são capazes de manter a continuidade da convivência social, sem o que, induvidosamente, a vida em grupo se tornaria insuportável e até mesmo impossível.

Nas últimas décadas o homem se desenvolveu e se multiplicou sob a face da terra, chegando ao ponto atual depois que a ciência se desenvolveu, de se adaptar às novas regras estabelecidas. Basta lembrar que somente no último século foi que a população mundial conseguiu dobrar o seu total várias vezes.

Daí porque, cada instituição, no particular, para que pudesse existir e garantir aos seus participantes o mínimo necessário daquilo que se propôs, buscou estabelecer regras que pudessem assegurar a todos a inviolabilidade, os segredos internos, a privacidade, o bem estar, os benefícios e tudo o mais de sua especificidade.

No caso específico da Maçonaria, tais regras não foram relegadas, muito pelo contrário, foram implementadas em um arcabouço de normas e princípios que lhe são próprios, os quais servem para a orientação do maçom. Essas disposições se apresentam na forma escrita em seus mais diversos diplomas legais, mas, também, na forma consuetudinária e que são seguidas e transmitidas de geração a geração.

Diante dessa rápida amostragem, e, focado nos fatos que vem acontecendo nos dias atuais no meio maçônico, notadamente com a questão defendida por muitos a respeito da abertura das lojas; por alguns não maçons – os “goteiras”, sobre a revelação dos segredos da Instituição através dos meios de comunicação de massa; e, por ultimo, com a revelação a profanos dos assuntos sigilosos tratados nas reuniões fechadas, forçoso é reconhecer que algo está errado e é preciso por um basta nessa situação.

Com efeito, embora todos os fatos mereçam muita atenção por parte dos maçons, nos ocuparemos neste momento da abordagem desse último tema, qual seja, o do perjúrio, ora praticado por alguns. Todos sabem que aquilo que se discute dentro de uma loja maçônica não pode ser revelado lá fora, nem mesmo aos irmãos que não participaram da reunião, exceto se o Venerável Mestre assim o deliberar. Ora, se assim o é, toda a vez que alguém descumpre essa regra comete perjúrio. E o que é perjúrio?

Perjúrio é jurar falso, quebrar o juramento feito. Então, quem jura dentro da loja não revelar os segredos maçônicos e assim não cumpre, rigorosamente está cometendo esse deslize e, no dizer de uma daquelas regras mencionadas, deve cumprir o ritual de quem está à ordem, naturalmente dentro do seu grau… “por não ter sido capaz de guardar um segredo que lhe foi confiado”. A Maçonaria sempre foi respeitada pela qualidade, postura moral e ética dos seus membros, pelos segredos milenarmente mantidos.

Seguramente, toda a vez que um assunto interno é revelado ao profano, ou, repita-se, aos irmãos que não participaram da reunião, o desgaste da instituição é evidente, sem se falar do desconforto do irmão que foi citado em determinado episódio.

Não é aceitável que um assunto trazido em loja por um irmão seja motivo de especulação profana, levando-o a ser alvo de comentários nas ruas e até mesmo de ser atingido moral e fisicamente. Os efeitos nefastos de um perjúrio vão além do que possamos imaginar, e isso não se pode tolerar.

Quem não tem condições de viver em uma sociedade séria como a Maçonaria, dela deve se licenciar (afastar mesmo), sob pena de, com suas faltas, ter seu comportamento levado à apreciação do Egrégio Tribunal de Justiça Maçônico, a quem compete deliberar sobre a matéria.

Concluindo, ao perjúrio advirão efeitos e consequências indesejáveis, todavia, a fala do momento não tem o condão de ser inquisitiva, muito menos, um caráter de estimular censura ou punição a qualquer irmão, até mesmo, porque desconhecemos quem assim procede, mas, tão somente, como um alerta a todos nós contra fatos de tamanha gravidade.

Que o G.’.A.’.D.’.U.’. ajude-nos.

 Ir.’. Adilson Miranda de Oliveira
LOJA MAÇÔNICA OBREIROS DO AREÓPAGO Nº 33
IBICARAÍ-BAHIA


A ESTRUTURA DO TEMPLO E A REPRESENTAÇÃO SIMBÓLICA DA LOJA


“O templo representa o Universo que é o Templo de Deus, cuja contrapartida é o corpo do homem. No interior do Sagrado Templo há uma câmara destinada à reunião geral para estudar as obras de Deus. É  a câmara interna é o sol do Templo, o lugar santo onde mora a Presença de Deus: a Loja. (...) Tudo isso quer dizer que, como o Universo não tem limites e é um atributo de Deus que abarca tudo, assim também a Loja, o “Logos”, o Cristo dentro do homem, por definição não tem limites, está dentro e fora e tudo o que é feito por Ele foi feito.”

(Adoum, Jorge; GRAU DE APRENDIZ E SEUS MISTÉRIOS, ed. Pensamento - 1993.)

Já  esmiuçamos em trabalhos anteriores a forma da Loja, citando o Templo de Jerusalém como imagem e representação do Universo e todas as  maravilhas da criação. A Loja representa a superfície da terra com os quatro pontos cardeais:  Oriente Ocidente (“caminho da luz”), Norte e Sul, sua largura; com terra, fogo e água sob nossos pés, e ar sobre as nossas cabeças, acima das quais representa o teto da Loja um céu estrelado, símbolo de um mundo imaterial. 

Sustentada por três CCol.’., a Loja de Aprendiz é governada pelo Vem.’., fonte e fundamento da SABEDORIA em sua Loja, e pelos IIr.’. Primeiro e Segundo Vigilantes, que representam as CCol.’. da FORÇA e da BELEZA, respectivamente.

No significado histórico e filosófico das três CCol.’., a sabedoria jônica venceu a força espartana (dórica) e, quando ato e potência se equilibraram, surgiu a beleza, que se completou mais tarde, já na época helenística, ensejando a perfeição da coluna coríntia e completando o ternário, o qual, por sua vez, viria a repercutir em toda a história da humanidade.

É regra colocar as CCol.’. sobre o Altar das três luzes (Vem.’. e VVig.’.), cada qual com sua coluna correspondente,  figuradas nos Altares por Pilares: o Pilar da SABEDORIA no Oriente; no Setentrião, o Pilar da FORÇA e no Sul, o da BELEZA. Representam o complemento de tudo, uma vez que SABEDORIA, FORÇA e BELEZA retratam os três aspectos da Criação: o Idealizador, o G.’. A.’., Aquele que imagina a perfeição e assim torna perfeita essa imagem; a Potência, que constrói a perfeição de Si, ou a que nos sustém em nossas dificuldades; e a Qualidade de quem Se reconhece na própria obra e ali contempla a própria perfeição.

A Beleza, enfim, é o que nos agrada os sentidos com seus padrões estéticos: “Deus contemplou sua obra, e viu que tudo era muito bom” (Gen., 1:31).
     
A SABEDORIA, um dos Pilares mestres da nossa Ordem, nos obriga a relembrar certos ensinamentos , os quais fomos imbuídos a praticar. A busca incessante do Saber, a Tolerância, o Amor Fraternal, o Respeito para com os nossos semelhantes - bem como o respeito próprio, a busca da Verdade, da prática do Bem e da Perfeição.
      
Segundo o Ritual de A.’. M.’. , o Ir.’. Primeiro Vig.’. nos diz que nos reunimos em Loja para “ Combater o despotismo, a ignorância,  os preconceitos e os erros. Para glorificar a Verdade e a Justiça. Para promover o Bem Estar da Pátria e da Humanidade, levantando TTempl.’. à Virtude e cavando masmorras ao vício.“.  Ou seja: combater, com toda certeza, a ignorância, que é a argamassa do vício, do egoísmo, da desonestidade, do fanatismo e da superstição. em outras oportunidades, já tratamos dos primeiros - falemos agora desses dois últimos: o fanatismo e a superstição.

A superstição e o fanatismo são duas graves moléstias que afligem os espíritos místicos ignorantes. Este é a religião radical, despida da razão e do saber e afastada do conhecimento verdadeiro. Leva ao Mal pelo abandono do bom senso e pela escravidão do intelecto - é a regra que o fanático deixe de pensar por si próprio e entregue-se a ideias preconcebidas (preconceitos) e rejeite sua liberdade pela escravidão a um “líder” ou falso Messias.

A superstição, por sua vez, é um arremedo de religião, é a religião deturpada, onde a ignorância ocupa o lugar que seria o da Fé. É o culto da imperfeição e da mendacidade, em que se desiste de compreender a natureza do Bem, transformando em bem o que seja do interesse próprio e da conveniência.
     
Contra todos esses males a prática da Solidariedade haverá, por certo, de fortalecer nossa Fraternidade. Não pelas vantagens morais ou materiais que se cogita tenha advindo do fato de nos termos tornado MM.’.. A simples vantagem material, no interesse egoístico do indivíduo, é estranha às práticas e à ética dos MM.’. Vantagens morais de fato há: residirão dentro de cada um de nós, resultados da firmeza de nosso caráter.

Esta firmeza virá como fruto do nosso ofício (desbastar a P.’. B.’.) e da nítida compreensão dos Deveres e dos Ideais estabelecidos por nossa Ordem - A Moral e a Honra.

A Solidariedade Maçônica não consiste, como creem o vulgo e o profano, no amparo incondicional de um Ir.’. ao outro e os laços da Fraternidade, quanto ao amparo moral ou material (individual ou coletivo), são oferecidos àqueles que apesar de praticarem o Bem sofrem os revezes das vida; para os que, trabalhando lícita e honradamente, correm o risco de soçobrar; ou mesmo para os que, tendo fortunas, sentem infelicidade em seu interior e amargas suas almas. Para estes IIr.’. a Solidariedade Maçônica deverá  e será colocada em prática, pois aí haverá uma causa justa e nobre.

Em nossa iniciação, juramos amar o Próximo como a nós mesmos,  cuja máxima representava o compasso sobre o nosso peito, na justa medida para a construção do mundo de Fraternidade Universal. Juramos ainda defender e socorrer nossos IIr.’. ; todavia, quando um Ir.’. se desvia da Moral que nos fortifica, ele simplesmente rompe a Solidariedade que nos une. Estará então em condições notórias de deixar de ser um Ir.’., perdendo todos os direitos ao nosso auxílio material e, principalmente, ao nosso amparo moral.

Essa Solidariedade não dá guarida à ignorância e ao preconceito: em igualdade de circunstâncias, podemos preferir um Ir.’. a um profano; mas nunca devemos fazê-lo se assim cometermos uma injustiça - a cada um, o que é de seu mérito. Ela não existe para ferir nossa consciência. Seus ensinamentos nos conduzem a proteger um Ir.’. no que for justo e honesto, mas sem boas e justas razões não devemos favorecê-lo pelo simples fato de ser Ir.’..

Ademais, tal Princípio nos ensina tanto a dar quanto a não pedir sem a justa necessidade.

A Ordem, idealmente, só admite entre os seus membros aqueles que são probos, de caráter ilibado, que tenham a faculdade chamada inteligência e que sejam livres e de bons costumes. Assim é natural que MM.’. cheguem a posições sociais elevadas, visto se destacarem por suas qualidades pessoais.

Se alguém pretende obter o mesmo utilizando-se unicamente de um sistema de favorecimento, proteção e acobertamento fazem mal em entrar para o seu seio. Sua admissão padece de vício insanável, de erro essencial quanto à pessoa. Para estes casos, nossa Ação Moral, nossos Princípios e Leis haverão de serem instrumentos seguros para separarmos o joio do trigo - e ficarmos com o trigo.

A Solidariedade, aliás, não está adstrita aos Ir.’.: estende-se a todos os Homens e se materializa não apenas no amparo imediato, mas na educação. O exercício da Solidariedade, assim, deve pautar-se em duas palavras - tolerância e humildade. A predominância da Humildade se faz necessária em todas as ações que empreendermos e desenvolvermos, para que o auxílio não se transforme em esmola e enodoe a alma do necessitado.

A Tolerância para com os nossos semelhantes, quer em suas opiniões, quer em suas crenças, impõe-se para garantir a Liberdade e a Justiça. É pensamento muito bem traduzido por Voltaire: “Discordo de tudo quanto dizes, mas defendo até a morte o direito de dizê-lo.”

Ambas serão, portanto, utilizadas para Educar os que necessitam e, pelo processo dual, nos educarmos. Ensinar aquilo que realmente sabemos e com isto nos instruir também. Corrigir e alertar para os erros que atentem quanto à ética e compromissos inerentes à sociedade.

Cabe aqui encerrar com La Fontaine, em trecho do prefácio de “FÁBULAS DE ESOPO”: “Antes de sermos obrigados a corrigir nossos maus hábitos, é necessário que nos esforcemos para torná-los bons”.

BIBLIOGRAFIA: 
1.    Varoli Filho, Theobaldo; CURSO DE MAÇONARIA SIMBÓLICA - Aprendiz (1º Tomo), ed. A Gazeta Maçônica.
2.    Figueiredo, Joaquim Gervásio de; DICIONÁRIO DE MAÇONARIA, ed. Pensamento - 1994.
3.    Castellani, José; DICIONÁRIO ETIMOLÓGICO MAÇÔNICO, ed. Maçônica “A Trolha”, 1ª ed.-1993.
4.    Adoum, Jorge; GRAU DE APRENDIZ E SEUS MISTÉRIOS, ed. Pensamento - 1993.
5.    Leadbeater, C. W.; A VIDA OCULTA NA MAÇONARIA, ed. Biblioteca Maçônica - 1994; trad. de Joaquim Gervásio de Figueiredo.
6.    A BÍBLIA SAGRADA, ed. Ave-Maria. 


O ALVORECER DA VIDA MAÇÔNICA


Vamos aqui hoje fazer algumas divagações acerca da Magia de ser Maçom! 

Como em um ninho de pássaros cheio de ovos prontos para se quebrarem e deles surgirem inúmeros e assustados filhotes, assim podemos fazer uma comparação ainda que grotesca com o surgimento de mais um ou vários maçons.

Muitos deles estão enclausurados em seus afazeres diários, com as suas atividades terrenas, prontos para serem chamados a deixarem os seus ninhos para conhecer os mistérios de uma Instituição milenar que muitos chamam de Arte Real.

Ali, como nos ninhos, estão sendo chocados em todo o mundo, milhares de novos maçons ainda implumes à espera da vestimenta que os farão resplandecer com toda a plenitude espargindo luzes para si e para aqueles que com eles certamente conviverão.

O alvorecer maçônico se dá diuturnamente em todo o Universo quando várias gaiolas vão sendo abertas paulatinamente para deixar livres aqueles que já são considerados por muitos outros como livres e de bons costumes.

Quando iniciam são considerados Aprendizes, pequenos pintainhos em busca de proteção e direcionamento por parte daqueles que estarão sempre á disposição para fazê-los trilharem o caminho do bem.

Mais à frente, agora como Companheiros, já um pouco mais desenvolvidos, vestirão a roupagem de um franguinho já bastante curioso para penetrar sorrateiramente nos conhecimentos dos Grandes Mistérios.

Durante algum tempo fica se alimentando para tornar-se num futuro não muito longínquo um galo com a crista bem avermelhada e com esporas afiadas para enfrentar as vicissitudes que a vida, sem qualquer dúvida, reserva para todos nós, para alguns mais cedo, para outros um pouco mais tarde e para uma grande maioria já no final de suas experiências terrenas.

O galo, como é do conhecimento de todos os maçons, representa a vigilância, aquele que ainda na aurora do dia, com o seu canto estridente, acorda homens e mulheres para o trabalho, crianças para se prepararem para ir para as escolas para o aprendizado tão importante e imprescindível para todos os seres humanos.

O galo significa que um maçom deve estar sempre vigilante contra os inimigos da Ordem. O galo é relacionado ao Orador, que é o Guardião da Lei, responsável por vigiar se a lei maçônica está sempre sendo observada.

No simbolismo dos três princípios herméticos, o Galo representa Mercúrio, princípio da Inteligência e da sabedoria. Esta ave é, também, símbolo da pureza.

O Galo é o gerador da esperança, o anunciador da Ressurreição, pois o seu canto marca à hora sagrada do alvorecer, ou seja, o triunfo da Luz sobre as Trevas. A sua presença na Câmara das Reflexões simboliza o alvorecer de uma nova existência, visto que o recipiendário vai morrer para a vida profana e renascer para a vida maçônica, sendo ele o signo exotérico da Luz que o recipiendário vai receber.

Em seu último simbolismo, o galo alude ao despertar das forças adormecidas que a iniciação pretende realizar, simbolizando também esotericamente, a "Força Moral", indestrutível, guiando os passos do maçom dentro e fora do Templo. A difícil tarefa de desbastar a pedra bruta que só se pode alcançar com algum êxito, quando realizada com a mais firme perseverança e vigilância constante.

Na vida maçônica, esta alegoria tem como figura central o Mestre Maçom, aquele responsável pela indicação, pela iniciação e pelo constante acompanhamento da evolução daquele pintainho que um dia, no momento certo, fez a casca do ovo se romper para dele sair para enfrentar as agruras e as alegrias do cotidiano da vida.

Ele será o responsável pelo aprimoramento, pelo entusiasmo e pela dedicação daquele que um dia teve a felicidade de ser tão carinhosa e respeitosamente acolhido em um Templo de sabedoria, de tolerância e de fraternidade na verdadeira acepção da palavra.

De bom alvitre lembrar que o alvorecer maçônico acontece todos os dias, pois o verdadeiro apologista do aprofundamento consciente sabe que ele nunca atingirá o seu final. Estará sim, sempre se renovando e se aperfeiçoando como a medicina do corpo no seu mister de ser a responsável pelo nascimento de seres saudáveis, aptos a enfrentarem as agruras constantes do cotidiano.

Que a maçonaria nunca tenha o seu anoitecer e sempre se mantenha altaneira e vibrante em cada alvorecer.


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