A ESPIRITUALIDADE DA INICIAÇÃO MAÇÔNICA


Ao analisarmos uma iniciação maçônica em sua gênese e complexidade ritualística, seríamos extremamente piegas e desprovidos de sensibilidade esotérica, se não déssemos a tal evento, uma conotação espiritual que é transcendente da vã materialidade que norteia os ensinamentos que inúmeros “autores” escrevem sobre uma iniciação em diversos “trabalhos” espalhados pela internet.

As emanações espirituais sobre o candidato começam a fazerem-se presentes no momento em que o mesmo toma banho, se veste e se prepara para ir, com seu padrinho, para a loja onde se realizará o processo iniciático. A Egrégora já se manifesta desde aquele momento. Já paira sobre o mesmo, os eflúvios emanados pelos irmãos, para que tudo se transcorra na mais perfeita Harmonia, na mais esperada PAZ e no maior sentimento de Concórdia.

Ao adentrar na LOJA, é vendado, desprovido de seus metais e joias, semidespido do lado esquerdo, e deveria ficar descalço e não com uma sandália, para que se manifestasse nele, o total senso de abandono da materialidade, dos apegos visuais, olfativos, gustativos, do tato e auditivos.

É então encaminhado para uma caverna Lúgubre, com cheiro de mofo, sem luz natural, apenas parcialmente iluminada por velas, onde lhe é solicitado que preste seu testamento e suas ultimas disposições. Ali, se desenrola a prova da TERRA, onde seu olfato, tato e visão são exigidos, para integralização com as energias do macro e microcosmo e como é um recipiendário, lhe é facultado a retirada da venda para que possa integralizar seu combalido espírito, que esta sendo sujeitado às perguntas para avaliação de suas virtudes e sentimentos benfazejos.

Agora, o QUINTO ELEMENTO, o Recipiendário, começa sua caminhada integrativa e lhe será facultado o ingresso no templo, guiado pelo Irmão Sacrificador, que ao chegar a porta do mesmo, bate como profano. Estas vibrações sonoras quebram parcial e temporariamente o equilíbrio da Egrégora que esta sendo manifestada no interior do templo, e tal fato é fundamental para que se operacionalize e desencadeie intratemplo, a verdadeira integralização do processo Espiritual da Iniciação.

É recebido com a porta entreaberta e com a ponta de uma arma sobre o coração, para que o mesmo se sinta o mais desamparado e desprovido de qualquer valor material como pessoa e como espírito que esta sendo doutrinado pela iniciação.

Após adentrar no Templo, lhe é após alguma perguntas simples, lhe solicitado que participe de uma oração, que vai ser dirigida ao Supremo Árbitro dos Mundos, o GADU, que em seu favor lhe vai ser ofertada, na busca de proteção para uma série de dificuldades que o candidato será submetido, à duras provas de sua determinação, não somente física, mas, sobretudo, esotéricas e espirituais. Assim, totalmente submisso e ajoelhado com os dois joelhos é agraciado com o poder  espiritual da sublime oração  e somente após esta preciosidade lhe é permitido sentar entre colunas e lhe são feitas novas perguntas para avaliação de suas virtudes e pensamentos altruísticos para melhor conhecimento da qualidades do Iniciando. 

Após isso, lhe é solicitado a participar de um Juramento sobre a taça Sagrada, ou seja, a Taça da boa e má venturança, sendo testado seu olfato, sua gustação e acima de tudo sua determinação espiritual, no aceite de novas situação que lhe estão sendo impostas.

È retirado do templo, como um infiel, como um destemperado e como um descumpridor de um juramento. Neste momento, aprende o quanto é importante saber gozar, com parcimônia dos prazeres da vida profana e a expurgar, os deletérios efeitos de seus abusos e restos.

Passa-se a  primeira viagem, onde se manifesta o segundo elemento, o AR, com suas meteóricas flutuações energéticas e com  ribombar dos trovões ativam o sentido da audição e o  iniciando é transportado por meio de caminhos perigosos, mas sente a força da serena energia do Irmão Terrível, que o guia pelos labirintos tenebrosos, conseguindo leva-lo  incólume ao altar do segundo vigilante, ao MEIO DIA,  de quem recebe o direito de passar e transpor a linha do equador para o Norte, seguindo o trajeto das energias Universais  da terra (Lembre-se o Imã, que mede a resultante das energias, sempre aponta para o norte).

Começa então a segunda viagem, onde o recipiendário também aguça o sentido da audição,  vem o tilintar de espadas em Luta, trilhando por caminhos, menos inóspitos, mas também com obstáculos e para no Altar do 1 VIG.:, onde é submetido a purificação pelas águas.

Aqui cabe um parêntese, João  Batista batizava pelas águas, e clamava que QUEM viria Após ELE, e que João não seria digno de amarrar as suas Sandálias e ELE (o CRISTO) iria Batizar com o Fogo do Espírito Santo. Assim sendo a terceira e última viagem é realizada em profundo silencio não se ouvindo nenhum ruído e ao chegar ao altar do V.: M.:, passa pela Purificação pelo Fogo, ultima forma de depuração das nódoas do mundo profano. 

Neste momento, fica claro que a iniciação não é apenas o Batismo de um profano  para adentrar à  Ordem, é muito mais que isso, é  o processo de transformação material e espiritual do Neófito, que morreu para as tradições profanas e mundanas e nasceu para glorificar e praticar as virtudes, na eterna busca do aperfeiçoamento da moral e dos bons costumes.

Vimos durante este transcorrer Ritualístico que o Espírito do neófito foi sendo gradativamente domado e transformado, onde ocorreu a integração com a Egrégora da Oficina, que em última analise, representa a união das energias congregadas no templo durante os trabalhos. Agora o candidato, estará apto a realizar o seu  Juramento ainda Vendado e desprovido de seus metais e de seus sentidos com o joelho esquerdo, que simboliza o lado do espírito, que esta sendo iniciado. É então conduzido para fora do templo e antes de  recompor-se vê um perjuro Morto pelo descumprimento do sigilo  que jurou manter tal passagem ainda persiste nas Grandes Lojas e no COMAB, mas  no Grande Oriente do Brasil foi abolida o cerimonial do Perjuro.

Volta ao interior do templo, recomposto, com seus pertences, mas permanece vendado até que possa ser agraciado pelo recebimento da Verdadeira luz, sendo assim,  o ultimo sentido, a Visão, sendo-lhe restituída, não mais para a materialidade das paixões, mas para “ENXERGAR através do templo do Espírito Santo, o NOVO CORAÇÂO, que foi purificado, santificado e batizado como  morada do Espírito Santo de Deus”.

Agora SIM, a visão, o olfato, a audição, o tato a gustação  passam a ter nova identidade em um ser renascido.  O quinto elemento, passa a possuir fortes elos espirituais com os elementos Terra, Ar, Água e Fogo. Vai então praticar o seu Juramento de fidelidade a maçonaria, se ajoelhando com o Joelho Direito, que simboliza o lado racional, assumindo compromisso perante a Ordem e os Irmãos sobre o Livro da Lei e com o compasso (símbolo da justiça espiritual) sobre o coração renascido, para fixação do juramento prestado, na presença do GADU. 

A viagem se completou. NASCEU um novo Homem material com um espírito purificado, e cabe agora  o entendimento do sentido Bíblico:  DEUS , o supremo árbitro dos mundos,  se fez carne, através de Cristo, para que habitasse entre nós e nos mostrasse que pela graça. E não mais pelas leis seríamos redimidos de todos os pecados. Jesus no último momento de seu Martírio na Cruz  disse: PAI   a TI  entrego o meu Espírito. 

Mostra-nos o quanto é importante a integração matéria- Espírito, mas são independentes, sendo uma  finita e a outro infinito, mas  ambos podem ser transformados, numa busca incessante do progresso e crescimento, na retidão dos princípios que transformam o homem no caminhar de sua viagem eterna na busca da perfeição.


Dario Angelo Baggieri
M.: I.:


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