LIBERTANDO-SE DO EGO, DESENVOLVENDO A RAZÃO E
ADQUIRINDO CONSCIÊNCIA PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA NOVA SOCIEDADE.
A Pedra Bruta possui
uma carga muito grande de simbolismo, e talvez seja uma das lembranças mais
vivas para o Maçom, não somente para o recém-iniciado, mas, para todo o
restante da nossa trajetória maçônica, como se a lembrar-nos sempre do quanto é
longo o caminho em busca da perfeição, ou o quanto é difícil desvencilhar-se de
todas as nossas impurezas e defeitos.
O Aprendiz, a partir
do momento aquele que sucedeu ao da sua Iniciação e de ter recebido a sua
primeira lição, é considerado apto a dar início ao trabalho esse que inaugura a
sua caminhada rumo à libertação do ego, com o desbaste contínuo da sua pedra
bruta, até então uma massa informe, e o lugar onde residem as suas
imperfeições, paixões e defeitos.
Trabalho somente para
o Aprendiz?
Certamente pela sua condição de Aprendiz, o
trabalho a que irá se dedicar deverá ser cumprido com uma maior intensidade,
movido pela máxima vontade e afinco, pois, o Aprendiz é ainda um ser muito
rústico, mais material e, portanto, imperfeito do ponto de vista espiritual.
Mas, se o Aprendiz é
assim imperfeito espiritualmente, aqueles que ultrapassaram essa e outras
etapas podem ser considerados perfeitos?
Claro que não, daí
dizermos que o desbastar da pedra bruta irá diminuindo com certeza de
intensidade ao longo do caminho, mas, sempre haverá alguma aresta por
apararmos, pois, somos Maçons, e somos humanos.
Talvez a pretendida
evolução, ou o estágio mais avançado na busca da perfeição possa
definitivamente ser alcançado se formos donos de uma vontade férrea em nossos
objetivos, pois, sem a vontade constante não conquistar consciência para
mudarmos.
Num mundo materialista
e de individualismos exagerados, quem não sofre os reflexos desses
comportamentos hoje tão disseminados e até dissimulados em meio as nossas
múltiplas tarefas da vida profana?
E como ficar imune a
tudo isso?
Porque é livre e de
bons costumes, liberdade de pensamento, pedreiro-livre, liberdade, igualdade e
fraternidade, são expressões e conceitos afetos ao mundo maçônico, mas, como
eles irão sendo assimilados, como eles irão sendo entendidos pelo Aprendiz, e depois
de digeridos totalmente, como serão devolvidos pelo Maçom, já um Mestre, e
assim, consciente de que a sua maior missão é mesmo colaborar para a evolução
da humanidade como um todo.
Como regular o seu livre-arbítrio, como ser
livre para mudar o que tem de ser mudado, em meio a uma sociedade, a mesma de
onde ele é oriundo, e aquela que faz vigorar um conceito de liberdade “mais
atual”, esticado a ponto de abrigar em seu âmago, a ideia errônea e
individualista de que ser realmente livre, combina com a possibilidade de agir
sem necessariamente levar em conta os outros?
A nossa época é
marcada pelo individualismo, e exatamente aí residem muitos dos males atuais.
Além do mais, o orgulho e o egoísmo, nada constroem. Como extirpá-los, como
removê-los, tão entranhados estão em nossa sociedade, ou, por onde começar para
minimizar seus efeitos nocivos, sabendo que as primeiras vítimas são as nossas
próprias crianças?
Quando o homem abre
mão do seu egoísmo, ele está usando a sua liberdade de forma universal, assim como,
oferecendo o melhor de si ao coletivo.
Como implantar essa ideia
já defendida por um filósofo iluminista que foi Rousseau?
Ou de maneira mais
aprimorada depois, por Kant?
A Maçonaria que
propicia ao Aprendiz lições éticas de elevação para o ser humano, dá-lhe os
instrumentos desde o primeiro momento, para que trabalhando a sua pedra bruta
venha a despir-se do seu egoísmo.
Dá-lhe também o
conhecimento das vertentes filosóficas para o devido discernimento, onde aí se
inclui o mesmo Rousseau foi um dos filósofos que mais se aprofundou no estudo
da liberdade, para concluir que somente é possível ao homem desfrutar de certo
grau da própria liberdade, se souber abrir mão dela em proveito do bem comum.
Após, Kant, colocou a
liberdade como uma condição humana surgida da razão, ou da sua capacidade
racional.
O homem é um animal
superior, está acima da natureza, e tal condição é que lhe dá a liberdade. Ou
seja, liberdade sem condições de desenvolvimento da razão, sem o aprendizado da
valorização do outro, sem o respeito para com o nosso próximo, não faz muito
sentido.
A Maçonaria propicia
ao Aprendiz um novo nascimento, depois o sólido aprendizado com as instruções e
os exemplos, ensina-o a usar das ferramentas necessárias para que, se
aprimorando sempre, melhore, apare, e desbaste as asperezas existentes na sua
pedra bruta.
De posse do seu maço e
cinzel empreenderá a sua tarefa, de libertação do ego, de construção do seu
templo interior, só finalizando quando estiver livre das paixões materiais.
Está lá no Ritual e
Instruções: “Para elevar o Homem aos próprios olhos e para torná-lo digno de
sua missão sobre a Terra, a Maçonaria proclama que o Grande Arquiteto do
Universo deu ao mesmo, como o mais precioso dos bens, a LIBERDADE – patrimônio
de toda a Humanidade, cintilação divina que nenhum poder tem o direito de
obscurecer ou de apagar e que é a fonte de todos os sentimentos de Honra e
Dignidade”.
A palavra liberdade é
parte da vida e das especulações filosóficas do ser humano desde muito tempo.
Com o estudo ou leituras mais aprofundadas, podemos constatar que o conceito ou
o sentido de liberdade sofreu mudanças no transcorrer da história das mais
variadas sociedades. O que devemos ter em mente, nós os Maçons, é que devemos
trabalhar para que a humanidade ganhe essa tal liberdade.
O homem que não é
livre em todos os sentidos não pode ser Maçom, conforme o que está disposto no
verbete Liberdade do Grande Dicionário Enciclopédico de Nicola Aslan, e ainda
”não pode ser Maçom, porque a liberdade, ou a consideração de não ser escravo,
socialmente falando, e o livre uso das suas ações, lhe são indispensáveis para
poder, sem coação, cumprir os deveres da Ordem, e a irrepreensibilidade da
conduta social é a única garantia do êxito da missão que lhe cabe dentro e fora
da Instituição”.
Curioso, como esta
descrição efetuada por Aslan vem de encontro ao pensamento de Rousseau que
disse que somente os homens realmente livres poderiam ter um comportamento bom.
É a Maçonaria e o eco
do Iluminismo reverberando. Outra passagem que considero digna de ser
assimilada por nós todos, e que se aplica ao conjunto todo aqui, diz respeito à
tríade Liberdade, Igualdade e Fraternidade, título de um trabalho do Irmão
Felipe Spir, onde podemos ler o seguinte: (...) Os três princípios são solidários
entre si, apoiando-se mutuamente.
Sem a sua existência o
edifício social fica incompleto, pois, a Fraternidade praticada em sua pureza,
necessita da Liberdade e da Igualdade, sem as quais nunca será perfeita.
Com a Fraternidade o
homem saberá regular o livre arbítrio. Estará sempre na ordem. Sem a
fraternidade, a Liberdade soltará a rédea às más paixões, que correrão sem
freio. Sem ela, usará o livre arbítrio sem escrúpulos, originando a
licenciosidade e anarquia.
“A Igualdade sem
Fraternidade conduz aos mesmos resultados, porque a Igualdade requer
necessariamente a Liberdade”.
Como possibilidade, hoje somos mais livres que
nunca. Libertar-se de limites para ampliar possibilidades é o caminho que o
Maçom terá pela frente.
FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
Revistas: A Trolha - números 195 e 287 Filosofia – números 62 e 65
Livros; GRANDE
DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MAÇONARIA E SIMBOLOGIA – Nicola Aslan –
Ed. A Trolha Ltda. -
2012 - O HUMANO, LUGAR DO SAGRADO - Vários Autores – Ed. Olho
D'Água – 1998 - RITUAL
E INSTRUÇÕES DO GRAU DE APRENDIZ-MAÇOM DO R.'.E.'.A.'.A.'. –
GORGS – 2010-2013
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Marinho “A Fraterna”
Or.'. de Sant'Ana do
Livramento – RS.
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