MEUS IRMÃOS
Cento e noventa e
dois anos são passados, desde quando o Príncipe Regente D. Pedro declarou nossa
Independência do Reino de Portugal.
Difícil falar em
Independência do Brasil e não revivermos um pouco de seus principais
personagens, a começar pelo próprio Príncipe D. Pedro, que embora colocado
contra a parede pelos movimentos e inquietações nacionais, deu exemplo de amor
a esta terra e de brasilidade, maior do que muitos outros sem vínculo algum com
a Coroa Portuguesa.
Além da
participação efetiva de dois grandes Maçons, Joaquim Gonçalves Ledo e José
Bonifácio, mas sem nenhum sentido harmônico entre ambos, podendo-se concluir
que aquele tempo a maçonaria brasileira estava dividida em duas grandes
facções. Como nos afiança os grandes historiadores, ambas favoráveis à
independência, mas uma delas com vistas já à possível proclamação da república.
Joaquim Gonçalves
Ledo, um dos principais articuladores políticos pró-independência imediata do
Brasil nutria idéias republicanas. Homem inteligente, destemido e articulista
nato, extremamente competente.
José Bonifácio,
também grande líder, porém, mais conservador, articulava rumo à nossa independência,
mas, sem tanto radicalismo, como o defendido pelo grupo integrado por Gonçalves
Ledo.
Gonçalves Ledo e
José Bonifácio, ambos integrantes do Grande Oriente do Brasil, disputavam passo
a passo o processo que culminaria com a independência do nosso país.
Gonçalves Ledo,
mais radical, defendia a independência e a imediata convocação de uma
Assembléia Constituinte, o que na verdade implicaria não apenas em desvincular
o país do jugo português, mas no fim do Regime Monárquico.
José Bonifácio por seu
turno liderava um grupo de brasileiros contrários ao pensamento e as idéias do
grupo liderado por Gonçalves Ledo. Preferiam manter o quadro vigente,
aproximando-se de D. Pedro em cujos ombros deveriam repousar as iniciativas de
declaração da independência de nosso país.
Na verdade dessa
disputa resulta uma aparente divisão de forças, uma liderada por José Bonifácio
que se desvincula do Grande Oriente e funda a Sociedade Secreta da Nobre Ordem
dos Cavaleiros da Santa Cruz. A outra liderada por Gonçalves Ledo, que continua
no Grande Oriente do Brasil.
Ambos objetivando
conquistar o apoio de D. Pedro, o iniciam na Ordem, passando a integrar o
Apostolado no posto de Arconde-Rei, no Grande Oriente como Grão-Mestre
Honorífico.
Essa disputa conduz
D. Pedro a assumir os resultados da independência que se tornava irreversível,
ou D. Pedro a faria ou far-na-iam os radicais liderados por Gonçalves Ledo,
situação logo percebida por José Bonifácio.
Àquela altura não
se discutia mais se si faria a independência, mas a forma como se daria esse
processo libertário e de emancipação.
As Cortes de Lisboa
radicalizavam em relação ao Brasil, os grupos liderados por José Bonifácio e
Gonçalves Ledo, não disputavam mais entre si o prestígio de D. Pedro, centrando
a luta em torno da forma pela qual se faria o rompimento com Portugal.
A 1º de agosto, D.
Pedro assina um decreto considerando inimigas as tropas portuguesas que
desembarcassem em território brasileiro, cujo comandante já àquela hora já
havia sido expulso do país.
Redigido por Ledo,
D. Pedro assinou também um manifesto à Nação, no qual se falava claramente em
independência, fazendo-se referencias aos abusos do colonialismo, denunciando
novas medidas da Corte, como a exclusão dos brasileiros de cargos públicos, a
utilização por Portugal de recursos do Brasil depositado no Banco do Brasil e o
esvaziamento da autoridade do Príncipe D. Pedro.
Clamava ainda D.
Pedro como integrante do Grande Oriente pela unidade de todas as Províncias
para que participassem do ato de emancipação e dizia:
“Não se ouça, pois,
entre vós outro grito que não seja união. Do Amazonas ao Prata não retumbe
outro eco que não seja a independência. Formem todas as Províncias o feixe
misterioso que nenhuma força pode quebrar. Desapareçam de uma vez, antigas
preocupações, substituindo o amor do bem geral ao de qualquer província ou
cidade”.
José Bonifácio não
ficou para trás e a 06 de agosto conduz D. Pedro a se dirigir ao povo
brasileiro e às Nações Amigas também em manifesto.
Era como se fosse
uma declaração de independência e um pedido de reconhecimento por parte das
Nações Amigas. Afirmava o documento que D. João VI se fazia prisioneiro das
Cortes Portuguesas e que as medidas adotadas visavam garantir a pré-existência
da Monarquia, o que agradava algumas Nações a exemplo da Inglaterra. Exigia-se
a independência, mantendo-se, porem, o Brasil como Reino Irmão de Portugal.
Assim proclamava o documento:
“Espero, pois que
os homens sábios e imparciais de todo o mundo; e que os governos e nações
amigas do Brasil hajam de fazer justiça a tão justos e nobres sentimentos. Eu
os convido a continuarem com o Reino do Brasil as mesmas relações de mútuo
interesse e amizade. Os Portos do Brasil continuarão a estar abertos a todas as
Nações pacíficas e amigas para o comércio lícito. Como o Brasil sabe respeitar
os direitos de outros povos e governos legítimos, espera igualmente por justa
retribuição, que seus inalienáveis direitos sejam também por eles respeitados e
reconhecidos”.
Estava àquela
altura decretada a independência do Brasil, restando apenas sua explicitação e
definição da organização do Poder remanescente.
Continuavam,
contudo os movimentos pró-independência em todas as Províncias. D. Pedro
temendo perder o controle da situação começa uma viagem pelas Províncias em
busca de apoio, segue para São Paulo, deixando no Rio sua esposa D. Leopoldina.
Continuam as
pressões da Corte Portuguesa sobre o Príncipe, com vistas ao seu retorno
imediato a Portugal. Os Ministros seriam nomeados pela Corte, os Atos do
Príncipe Regente anulados e dissolvida a Constituinte.
Decide D.
Leopoldina e José Bonifácio seu confidente na ausência do Príncipe, informar a
D. Pedro sobre a situação a que chegou o processo de emancipação.
D. Leopoldina e
José Bonifácio relatam em carta ao Príncipe D. Pedro as medidas adotadas por Lisboa.
Só restava a D. Pedro duas alternativas, ou voltar a Portugal como ordenara a
Corte, ou declarar definitivamente a independência do Brasil. O que foi
efetivamente feito ainda em Território Paulista às 16 horas e 30 minutos do dia
07 de setembro de 1.822.
Venceu mais uma vez
José Bonifácio e os conservadores, perderam os radicais liberais, liderados por
Gonçalves Ledo, diriam alguns historiadores. Não é verdade, venceram todos
eles, não fosse à postura dos liberais, os conservadores teriam continuado em
cima do muro onde sempre estiveram.
Não tivesse D.
Pedro decidido pela forma mais democrática de se instalar a independência, a
teriam feito os liberais, mesmo com sangue e a fio de espada.
Parte do trabalho
do Irmão:
Joneval Gomes de
Carvalho
Membro da Loja
Maçônica Liberdade e União 1158
Goiânia GO
Bom trabalho meu Ir.'.
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