Para
alguém ser considerado maçom, primeiramente terá de ser reconhecido por outro
como tal. Depois terá de passar por uma conjunto de processos após os quais
será aceite ( ou não) por uma Respeitável Loja e a sua consequente Iniciação.
Mas não é
tão fácil como o parágrafo anterior se apresenta, mas também não será tão
difícil como se poderá supor.
Nas
Maçonarias tipicamente anglo-saxónicas é usual a célebre afirmação “2B1ASK1” ou seja “ To
Be One, ask One” ( Para ser Um, Pergunte a Um; numa tradução literal), o
que permitirá mais facilmente atrair mais gente a esta Augusta Ordem.
Mas por
norma, qualquer Obediência (Potência Maçônica) tem um domicílio físico, isto é,
uma porta onde se poderá bater no caso de que algum potencial candidato que se
interesse ou identifique com os princípios e causa maçônica se pudera dirigir
caso não tenha nenhum conhecido que seja maçom na sua lista de contatos ou
esfera de influência. Ou também, o que sucede bastantes vezes, não tenha sido reconhecido
ainda por algum outro maçom.
Mas que “reconhecimento” é esse que acabei de
falar?!
Nada mais
nada menos que tal como os maçons afirmam, que se reconheça em alguém que seja
uma pessoa “livre e de bons costumes”, com um comportamento probo e honesto;
que seja alguém considerado com bom “pai de família” e um bom colega de
trabalho pelos seus pares; que esteja inserido na sociedade onde viva e que
tenha vontade em aprender e partilhar o que sabe com outrem; bem como ter
também à vontade em auxiliar o seu semelhante.
Todavia,
e aqui algo que poderá criar confusão na mente de algumas pessoas, o candidato
terá de ser alguém com defeitos, ou seja, alguém que identifique e
reconheça os seus defeitos pessoais e tenha a vontade e ambição de mudar o seu
comportamento para melhor - “vencer os seus vícios e paixões”… -
evoluindo como pessoa e ser humano que é através de uma via espiritual e
iniciática que neste caso preciso é a Maçonaria.
Em geral,
em minha opinião, não é a simples pertença na Maçonaria que tornará “homens
bons” em “homens melhores”, antes pelo contrário, serão os homens que poderão
tornar a instituição maçônica em algo melhor; pois as suas atitudes estarão sob
o escrutínio da Sociedade.
Os maçons são os seus próprios “juízes e carrascos”,
o resto é conversa…
A
Maçonaria através das suas “ferramentas filosóficas e espirituais” é que pode
auxiliar na evolução pessoal de cada um em direção a um aperfeiçoamento moral e
comportamental. Por isso é que é hábito em maçonaria se afirmar que “a Ordem
não procura homens perfeitos”, pois esses já trilharam o seu caminho…
À Maçonaria interessa sim, quem deseja mudar, mas mudar para melhor…
Somente
atuando assim, é que alguém pode um dia esperar ser reconhecido como maçom. Mas
não lhe bastará apenas ter sido reconhecido, há que continuar nesta senda
de perfeição, caso contrário, as palavras, as atitudes, os comportamentos
serão vãos e apenas tudo culminará numa perda de tempo para ambas as partes,
tanto para a Respeitável Loja e Obediência que o acolha, bem como para o
próprio, que será passível de perder um reconhecimento que por regra não é
atribuído a qualquer um!
Tanto que
por isso, sempre após uma possível “identificação maçônica” num profano ou após
a submissão de um pedido de candidatura de adesão a uma Respeitável Loja, é
desencadeado um conjunto de diligências, nomeadamente um processo de
inquirição, para que se possa averiguar qual a conduta do suposto candidato a
iniciar.
Seja
através de conversas com o próprio ou com seus familiares e/ou amigos, para que
se possa aferir quais as reais intenções de quem deseja que “a porta lhe seja
aberta”… É que fortuitamente e como em qualquer instituição ou associação onde
entre o bicho-homem, também por vezes a Maçonaria tem alguns erros
de casting que acabam por manchar a reputação dos demais maçons e
influenciar negativamente a opinião profana sobre a Maçonaria e os seus
membros. E geralmente são estes casos que vêm a público, pois o bem que a
Maçonaria faz, apenas fica resguardado para ela…
E, mesmo
depois de ter terminado o processo de inquirição respeitante a um candidato, o
mesmo ainda terá de ser sufragado pela Respeitável Loja que o irá cooptar no
futuro. E somente após essa decisão da loja, será ou não iniciado.
Por isto
tudo, é que afirmei no início que não seria difícil entrar na Maçonaria, mas
que por sua vez também, não será tão fácil assim como se poderia supor.
Finalizando e em jeito de
conclusão, tenho para mim que antes de se entrar na Maçonaria e se obter
qualquer tipo de reconhecimento, já a Maçonaria “entrou em nós”…
Nuno Raimundo
Nuno Raimundo
Do Blog: A Partir Pedra
O autor deste texto é Nuno Raimundo.
ResponderExcluirO nome correto do blogue é: A Partir Pedra.
Em "português de Portugal", A Partir Pedra equivale, em "português do B"asil" a "Partindo Pedra"
"Partir Pedra", em português europeu é uma expressão idiomática que significa preparar o trabalho; analisar e discutir as condições e as opções, antes e para tomar uma decisão; conversar; debater.