Esse trabalho na pedra, que também historicamente é o primeiro
trabalho humano requer para a sua perfeição três instrumentos característicos,
que são o malho, o cinzel e o esquadro. Este último serve de medida a fim de
assegurarmos que a obra mais especificamente ativa dos dois primeiros esteja de
acordo com as normas ou critérios ideais universalmente reconhecidos e aceitos;
aqueles são os meios complementares com os quais a perfeição concebida ou
reconhecida fazer-se-á efetiva.
O esquadro representa fundamentalmente a faculdade do juízo que
nos permite comprovar a retidão ou a sua falta, ou seja, a forma octogonal das
seis faces que tratamos de lapidar, assim como a de suas arestas e dos oito
ângulos triedros nos quais elas se unem, como o objetivo de fazer com que a
pedra se torne retangular, como deve ser toda pedra destinada a formar parte de
um edifício.
É por intermédio do esquadro que nossos esforços para realizar o
ideal ao qual nos propusemos podem ser constantemente comprovados e
retificados. Isto é feito de maneira que estejam realmente encaminhados na
direção do ideal, conforme é demonstrado pela simbólica marcha do Aprendiz, que
ensina a cuidadosa aplicação desse valioso instrumento sobre cada passo e em
cada etapa de nossa existência diária.
Desta forma, o malho e o cinzel, como instrumentos propriamente
ativos, representam exatamente os esforços que, por meio da Vontade e da
Inteligência, temos de fazer para nos aproximarmos da realização efetiva desses
Ideais, que representam e expressam a perfeição latente de nosso Ser
Espiritual. O malho, que utiliza a força da gravidade de nossa natureza
subconsciente, de nossos instintos, hábitos e tendências, é, pois,
representativo da Vontade, que constitui a primeira condição de todo progresso
e é ao mesmo tempo o meio indispensável para realizá-lo.
Temos de querer antes de poder realizar, assim como para
realizar e poder realizar, sendo a Vontade a força primeira da qual podem se
considerar originárias todas as demais forças, e, portanto aquela que a todas
pode dominar atrair e dirigir.
Devemos, entretanto, precaver-nos dos excessos aos quais
poderão nos conduzir o culto exagerado da faculdade volitiva, uma vez que os
resultados desta Força soberana entre todas as forças cósmicas podem também ser
destrutivos, quando essa força não for aplicada e dirigida construtivamente por
meio do discernimento necessário à sua manifestação mais harmônica, de acordo
com a Unidade de tudo o que existe. Pois assim, como o malho utilizado sem o
auxílio do cinzel, instrumento que concentra e dirige a força daquele em
harmonia com os propósitos da obra, poderá facilmente destruir a pedra em vez
de aproximá-la da forma ideal de sua finalidade assim igualmente a Vontade que
não é acompanhada do claro discernimento da Verdade não pode nunca manifestar
seus efeitos mais sutis, benéficos e duradouros.
O propósito inteligente que deve dirigir a ação da vontade é
aquilo que é representado exatamente pelo cinzel, como instrumento que
complementa o malho na Obra maçônica. Essa faculdade que determina a linha de
ação de nosso potencial volitivo não é menos importante uma vez que de sua
justa aplicação, iluminada pela Sabedoria que é manifestada como discernimento
e visão geral, dependem inteiramente a qualidade e a bondade intrínsecas do resultado:
ou uma formosa obra de arte sobre a qual se concentra a admiração dos séculos,
ou então a obra tosca e mal formada que revela uma imaginação enferma e um
discernimento ainda rudimentar.
Para que a ação combinada de ambos os instrumentos seja realmente
maçônica, isto é, útil e benéfica para o propósito da evolução individual e
cósmica, ela deve ser constantemente comprovada e dirigida pelo Esquadro da Lei
ou norma de retidão, cujo ângulo reto representa a retidão de nossa visão, que
nos coloca em harmonia com todos os nossos semelhantes fazendo-nos progredir
retamente na Senda do Bem.
Esta atividade eminentemente diretora do Esquadro, que
representa e expressa a Sabedoria, faz dele o símbolo mais apropriado do
Venerável. Mestre, assim como o malho, emblema da Força pode ser atribuído ao
1° Vigilante, e o cinzel, produtor da Beleza, ao Segundo. Assim como a
atividade combinada dos três instrumentos é indispensável à obra maçônica, da
mesma forma a cooperação mais completa das três luzes da Loja e indispensável
para que esta possa desenvolver um trabalho realmente fecundo.
Texto extraído do livro Manual do Aprendiz,
Maçom Livre
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