Uma das questões
centrais que qualquer maçom se coloca é a de saber se a Maçonaria tem razão de
ser e como tal se tem futuro.
Creio que de uma
forma desapaixonada, qualquer maçom fez esta pergunta a si mesmo, não só na
altura da sua iniciação, como posteriormente.
Evidentemente só
com alguns anos de prática é que se começa a pressionar que a Maçonaria é
diferente das obediências que afirmam ter, cada uma delas, legitimidade para a
exercerem e através disso opinar sobre questões de regularidade obediencial e
de reconhecimento maçónico.
À semelhança de
qualquer organismo, devemos perguntar se a Maçonaria segue as leis da natureza
e, portanto, tem um momento em que nasce em que vive e em que morre, ou se pelo
contrário, este derradeiro momento pode ser adiado.
O que vemos é que
muitos opositores da Maçonaria – alguns deles maçons – defendem a incapacidade
desta se adaptar aos tempos em que vivemos, ao século XXI, enquanto que outros
defendem o contrário, e ainda outros se agarram desesperadamente a princípios
que uma vez criados em determinado histórico, tornaram-se dogmas.
Quem está atento à
evolução da Maçonaria vê que ela subsiste, mal ou bem; em todo o mundo, o
homem/mulher buscam uma razão de ser para a sua permanência no seu período de
vida material, razão que não encontram na religião, nem nas igrejas, nem nas
ideologias político-partidárias; viram-se então para filosofias alternativas,
como ocorreu no século XVIII, com o surgimento da maçonaria especulativa, em
que se procurava inculcar um centro de união entre todos os homens
independentemente das suas crenças políticas e religiosas.
Hoje as opções são
muitas, tal é o desejo dos homens liderarem pessoalmente as suas organizações.
E é assim que vemos ao longo da história surgiram obediências maçónicas que
nascem, vivem e morrem, enquanto que a Maçonaria permanece.
E vemos maçons que
em vez de permanecerem numa só obediência, mudam constantemente, regressam,
abandonam, retornam, tudo num movimento incessante de procura. E na própria
obediência, transitam de ritos, em busca de respostas às suas questões
existenciais; por seu turno, as obediências reconhecem esta sua fragilidade,
mas não alteram a sua matriz e práxis maçónica, em nome da fidelidade a
princípios que vão ficando bolorentos para as novas gerações de maçons.
Pergunto-me muitas
vezes se os maçons de outrora se mantinham fiéis à sua loja-mãe, se adotavam um
rito e uma obediência, ou se flanavam entre ritos, lojas e obediências, como
hoje é hábito entre os maçons.
E isto leva, a
saber, até que ponto é que as obediências se mantêm atuais, quer enquanto
detentoras - seja a que título for – da Maçonaria querem enquanto organizações
institucionais.
Nota-se hoje uma
maior exigência dos maçons perante as obediências a que pertencem. Já não
querem saber de questões de regularidade. Querem antes encontrar-se com aqueles
que os reconhecem como maçons, ou seja, os seus irmãos de outras obediências, estreitarem
relações, conjugar experiências, trocar ideias, criar dinâmicas, enfim
pretendem um futuro para eles quanto maçons.
E por isso concluo
dizendo, a Maçonaria tem futuro, mas as obediências ou se adaptam aos novos
tempos, ou passarão à história, extinguindo-se.
Deixo-vos uma
citação para reflexão: “nós (maçons) imitamos a iniciação, mas já não a
vivemos”.
Manuel Pinto Dos Santos
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