A MAÇONARIA NÃO É PARA O MAÇOM!


 

A exclamação ao final do título se faz necessária para que, já de início, os Irmãos conheçam o meu posicionamento.

Em outros artigos, intercambiamos aspectos relativos ao tradicionalismo, conservadorismo e antigório e hodierno da e na Maçonaria, o que resultou em manifestações de apoio como também de discordância. Essa é a grande beleza da Maçonaria.

Não podemos aceitar verdades únicas, pois não devemos nos restringir às explicações dadas. Isso porque nossas instruções podem ser vistas sob múltiplos pontos de vistas, e cada um deles dá lugar a interpretações filosóficas análogas, mas diferentes.

Precisamos estar atentos ao que se fala e ao que se ouve, a fim de evitarmos inconsistências.

SÓ SEI QUE NADA SEI! ENTÃO VOCÊ SABE PELO MENOS UMA COISA!

A partir de um ponto é que se traça a reta, e é nesse “traçar” de retas que, às vezes, encontramos a oposição ao progressismo, visto que instintivamente interpretamos progressismo >>> progresso>>>mudança>>>dificuldades de adaptação.

Nos labores maçônicos, a última etapa sintetiza a expressão “na minha época não tinha nada disso”.

Mas não estamos tratando de mudanças dos Rituais, de questões litúrgicas ou administrativas. Nosso foco é a ação da Maçonaria. Contudo estamos há muitos anos cometendo o mesmo erro.

MAÇONARIA NÃO É PARA O MAÇOM!
MAÇONARIA É PARA O PROFANO!
O MAÇOM É A FERRAMENTA DA MAÇONARIA,
E NÃO A MAÇONARIA É INSTRUMENTO PARA O MAÇOM.

Interessante que, muitas vezes, não nos damos conta desses equívocos. A Maçonaria, portanto, não se retroalimenta de valores e ações.

A MAÇONARIA, COMO ORDEM, JÁ ESTA PRONTA.
ONDE ATUAR? COMO ATUAR? QUANDO ATUAR?
SÃO CONSTRUÇÕES DO MAÇOM!

Precisamos fomentar os trabalhos maçônicos junto à sociedade. No entanto, temos milhares de Irmãos de Loja totalmente alienados ao que se passa fora das paredes do Templo.

O progressismo maçônico não é a conquista de graus e títulos. O progresso advém da consciência da missão de CONSTRUTOR SOCIAL que trabalha para TORNAR FELIZ A HUMANIDADE, através da mudança do quadro de necessidades que profanos ou instituições estejam passando, e de avaliarmos como JUSTA E NECESSÁRIA nossa atuação como Maçons.

Precisamos vencer a “zona de conforto” de sermos Maçons Regulares e Ativos por conta de simples duas horas semanais em Loja e três pontinhos após a assinatura.

Mudemos nosso comportamento hoje. Sejamos Maçons para a sociedade; sejamos a ação maçônica que resultará no cumprimento da Missão da Ordem.

Neste ­17° ano de compartilhamento de instruções maçônicas e provocações para o enlevo moral e ético dos Irmãos, permanecemos no nosso propósito maior de disponibilizar uma curta reflexão a ser discutida em Loja. O Ritual não pode ser delapidado. A Ritualística deve ser seguida integralmente. O Quarto-de-hora-de-estudo é fundamental em uma sessão Justa e Perfeita.

Sinto muito, me perdoe, sou grato, te amo. Vamos em Frente!

Fraternalmente

Sérgio Quirino
Grão-Mestre - GLMMG 2021/2024

 

 

O MITO SOLAR NA MAÇONARIA: RESQUÍCIOS DE ANTIGAS CULTURAS?

 




“As lendas que acompanhavam os mistérios e cultos dos povos antigos giravam em torno da marcha aparente do Sol declinando para o ocaso, para expressar, em linguagem figurada, que ele era aparentemente vencido pelas trevas, representando na mesma alegoria o gênio do mal; mas reaparecia depois como o herói vencedor ressuscitado.” (Figueiredo, 2009, pág. 483)

COMENTÁRIOS INICIAIS

Quantas são as passagens com as quais nos deparamos em nossos Rituais maçônicos que aludem direta ou metaforicamente ao astro rei, o sol?

Certamente, um bom número delas. E se considerarmos a variedade de Ritos que compõem a Maçonaria, ficará ainda bem mais difícil quantificar isso. Assim que, seria muita pretensão querer explanar aqui nesta sucinta peça de arquitetura todos os aspectos que envolvem um tema desta magnitude. Então, falaremos quando muito de alguns tópicos no decorrer deste trabalho, desde já, aconselhando aos leitores que se interessarem em saber mais, que é imperioso reforçarem o seu aprendizado com mais leituras versando sobre o tema.

Deidades solares, culto solar, adoração ao sol, mito solar, todas estas expressões remetem ao passado da humanidade, sendo que, a veneração do sol e o culto às deidades solares foram largamente praticadas durante o passado da humanidade.

Muitas das culturas que se destacaram no decorrer dessa história podem ser citadas quanto à prática dos cultos solares: babilônios, persas, hindus, egípcios, romanos, chegando até o nosso continente americano com as civilizações dos incas, dos maias e dos astecas.

A ideia de que a adoração ao sol possa ser a mais antiga das religiões humanas, já foi compartilhada por muitos estudiosos. De qualquer forma, o sol, por ter ocupado um lugar proeminente em muitas daquelas religiões antigas, em forma de idolatria, ainda guarda muitos resquícios desse seu simbolismo e dessa mitologia até mesmo em certas religiões conhecidas da atualidade.

Por outro lado, pelo menos duas daquelas culturas do mundo antigo parecem ter alguma preponderância quanto aos aspectos que envolvem simbolismo e se destacam, sobretudo, por suas prováveis influências na Maçonaria. Nossos rituais revelam que no exercício da ritualística, uma parte do simbolismo ali contido alude, por vezes, mesmo indiretamente, a alguns daqueles cultos, os quais foram praticados por antigos povos, dos quais, citamos como exemplos, os persas e os egípcios.

Um daqueles antigos cultos, o culto iniciático de Mitra, em algumas das suas práticas revela possuir algumas similaridades com a Maçonaria, mas, não é uma posição de consenso entre os estudiosos, essa sua influência, por isso, a razão de usar o termo “indiretamente” logo acima. Muitos dos cultos praticados na antiguidade desapareceram, outros evoluíram, ou até, ganharam novas roupagens.

Um pouco das origens sobre o mito solar e uma mostra dessa influência provinda dessas duas civilizações que foram citadas, será o leitmotiv do trabalho a ser desenvolvido na sequência.

 

O SOL: AS REFERÊNCIAS NA BÍBLIA E A CONCEPÇÃO DOS HEBREUS

Conforme o teólogo R. N. Champlin, no Antigo Testamento, as referências ao sol chegam ao número de 120. No Novo testamento, a palavra para referir-se ao sol (do grego helios) é usada cerca de 33 vezes. (Champlin, 2008, pág. 260)

A título de ilustração, é muito importante deixarmos registrado que, ainda que estejamos falando da Bíblia em específico, principalmente do Antigo Testamento, isso por si só já remete à Bíblia hebraica, que é a matriz, digamos assim.

Por outro lado, o mais importante aqui neste contexto a ser registrado é que a adoração ao sol era proibida de forma rigorosa pela lei mosaica (Deut. 4.19). Os hebreus, no período posterior ao êxodo, acabaram entrando em contato com outros povos, seus contemporâneos e estes sim, eram adoradores do sol: no Egito havia o deus-sol Rá, o qual era adorado ou a deidade principal que constava no panteão dos egípcios. Na Babilônia havia o deus Utu (masculino), e os cananeus tinham a Sps, uma deusa, o que nos vem revelar que o sol podia ser transformado tanto em deidades masculinas como femininas. (Champlin, 2008, págs. 260-261).

Só que, a teologia dos sábios hebreus desprezou todas essas invenções criativas, e soube reduzir o astro sol a algo criado em vez de considerá-lo um deus das coisas.

 

FÉ RELIGIOSA, MISTICISMO E CIÊNCIA

Ainda com base nos escritos de Champlin, e para que tenhamos uma ideia geral sobre o que representou o sol para as culturas antigas, esse desejo em conhecer mais e mais sobre o sol de parte dos antigos, acabou fomentando o desenvolvimento de algumas das ciências da antiguidade, então, chamamos a atenção para outros aspectos que valem ser descritos, ainda que, resumidamente, tudo em função da atenção que o sol mereceu pelo homem desde a antiguidade, pois, além de ser motivo de adoração, era alvo da curiosidade e de observações atentas do homem.

Com o passar do tempo se criou toda uma mitologia e até os rudimentos de algumas ciências, tanto foram os conhecimentos científicos reunidos acerca desse astro. Em algumas das culturas mais avançadas daqueles tempos, fruto dessas mesmas observações e estudos contínuos acerca dos movimentos do sol, da lua e das estrelas, foram dados impulsos fundamentais para a elaboração de calendários, cada vez mais precisos em seus dados, o que envolveu também sofisticados cálculos matemáticos.

Também, os conhecimentos adquiridos para a formação do que, a princípio, conhecemos como astrologia, a qual começou como uma mistura de misticismo e ciência, e acabou sendo a precursora da futura astronomia. Na verdade, nesse período da história do homem, havia uma mistura de misticismo, fé religiosa e ciência (esta última, ainda incipiente).

 

COMENTÁRIOS:

Já que citamos o nome da astrologia, lembremos que as colunas zodiacais em número de doze que estão presentes em nosso templo maçônico, tem a importante função de representar a revolução anual que o sol cumpre em sua trajetória, assim como, seus ciclos produtivos correspondentes a cada uma das estações da natureza. Isso simbolicamente, vem representar a senda que o maçom cumprirá do ponto de vista iniciático e que pode ser comparada a essa trajetória que o sol cumpre.

 

DAS INFLUÊNCIAS COM RAÍZES PERSAS

Deidades solares são deuses e deusas (entidades divinas) que representam o sol ou um aspecto seu relacionado ao poder ou à força.

Com sua origem na Pérsia antiga (atual Irã) e depois fazendo parte também do culto de mistério romano, o deus Mitra era uma deidade solar.]

Zoroastro é a designação grega para Zaratustra, grande legislador persa fundador de uma das mais antigas religiões que ficou conhecida por várias outras denominações: Culto do Fogo, Magismo, Mazdeísmo, Zoroastrismo. A prática do bem e das virtudes era um dos preceitos do Zoroastrismo.

 

Conforme o Irmão Theobaldo Varoli Filho:

“O crente deveria livre e conscientemente amar e servir a Ormuz e evitar ou expulsar as forças malignas de Angra-Main-Yu ou Ariman, o Inimigo, equivalente a Satã ou o diabo dos cristãos.” (Varoli Filho, 1977, pág. 98)

 

E mais adiante, ainda se referindo aos cultuadores da religião:

“... deviam nos seus cultos, ficar voltados para o Oriente ou ponto cardeal do nascimento do Sol. De certo modo, o Sol era o olho de Ormuz, o criador, construtor, vivificador. No zênite, isto é, ao meio-dia, o sol, irradiando o máximo de luz, reduzia as sombras e o homem, de pé, completamente iluminado não poderia fazer sombra a ninguém. (...) O trabalho místico acompanhava o Sol, cuja luz decaindo e aumentando as sombras para o lado do Oriente (cansaço humano), morria completamente à meia-noite, hora do máximo de trevas, mas ocasião que o astro-rei começava o seu renascimento ou a sua volta, razão pela qual os discípulos se despediam com um banquete frugal.” (Varoli Filho, 1977, pág. 99)

 

COMENTÁRIOS:

Evidentemente haveria muito para discorrer sobre a história e os princípios dessa que é uma das mais antigas religiões, mas, fugiríamos do nosso propósito aqui que é somente mostrar o quanto (e isso já fica explicito a partir do pequeno trecho extraído de uma das obras do Irmão Varoli) já é possível captar no tocante às influências e similaridades que chegaram até a Maçonaria.

O Zoroastrismo, religião sobre a qual falamos um pouco, não se conservou puro por muito tempo, vindo com o tempo a se misturar com outras religiões. Além dos novos cultos que surgiram como resultado dessas fusões, o culto de Mitra voltou com força. Sobre o deus Mitra veremos um pouco mais logo na sequência.

A doutrina, que a princípio dividira o mundo em uma força do bem (Ormuz) e as forças do mal (Ariman) sofreu modificações no seu panteão, digamos assim, onde havia um deus único – Mazda, que era secundado por Mitra, deus do sol.

 

OS CULTOS MITRAICOS

O Mitraísmo era um culto de origem persa que acabou se difundindo bastante na antiguidade, tanto que chegou a ser adotado em vários continentes, além de ter exercido influências em outros cultos praticados pelos essênios, gregos, cristãos e muçulmanos, e bem depois na Maçonaria. Em Roma, particularmente, no primeiro século da era cristã, o culto acabou se espalhando velozmente, dentro do exército romano e das classes mercantis e escravas, sendo que, uma quantidade substancial de templos foram construídos.

Mitra era uma das mais antigas divindades persas, e como já foi dito, o deus- sol. Do Vade-Mécum Maçônico, de autoria do Irmão João Ivo Girardi, retiramos a seguinte passagem do verbete MITRA:

“Trata-se de uma divindade mediadora, colocada entre o bem e o mal, entre Ormuzd e Ahriman, dispensadora de benefícios, mantenedora da harmonia no mundo e protetora de todas as criaturas. Sem ser o sol, é invocada com este por ser sua representação. É a força imanente do Sol, e com tal concebida como a reguladora do tempo, a iluminadora do mundo e a agente da vida.” (Girardi, 2008, pág. 430)

 

CULTO SOLAR MITRAICO E SOLSTÍCIOS

De um artigo de autoria de um dos nossos grandes pesquisadores, o Irmão Hercule Spoladore, transcrevemos a seguinte passagem:

“O culto solar mitraico é similar aos outros cultos solares, sendo no hemisfério norte a noite mais comprida do ano de 24 para 25 de dezembro no início do solstício de Inverno. Era celebrada nesta data a festa do natalis invicti solis (nascimento do Sol vitorioso). Este culto solar influenciou a Maçonaria, através do cristianismo, porém com outra roupagem.”

 

COMENTÁRIOS:

Já no Egito antigo havia outras tantas deidades que estavam ligadas ao sol, sendo que, os cultos que mais se destacaram foram os de Amon Rá, Horus e Aton, em vista de que estavam associados diretamente aos faraós.

No presente trabalho, com relação às influências egípcias, iremos nos ater aquelas que são detectadas na Lenda de Hiram, lenda que é afeta ao Grau de Mestre na Loja Simbólica e que possui continuidade em mais detalhes por vários Graus da Loja de Perfeição (Graus Superiores). A bibliografia sobre a lenda de Hiram é bastante rica e facilmente encontrável, isso para aqueles Irmãos que estiverem interessados em pesquisar mais sobre o assunto.

 

A LENDA EGÍPCIA QUE PRECEDE A LENDA DE HIRAM NA MAÇONARIA

Em seu artigo “A Herança Egípcia na Maçonaria” o Irmão José Castellani faz um resumo da história do Egito, onde em determinados períodos deixa evidente o quanto o culto solar acabou sendo marcante. Vejamos:

“A V dinastia assinala a decadência do Antigo Impérios já que, nele, encontramos o início da teocracia, implantada pelos sacerdotes da cidade de Heliópolis – nome dado pelos gregos e que significa ‘cidade do sol’ – a seguidores fanáticos do deus Rá, que suplanta, politicamente, o deus Ftá, de Mênfis. (...) O fim do Médio Império é assinalado pela invasão dos hicsos, povo de origem semita o qual seria responsável pela ida dos hebreus ao Egito. Ao fim do domínio dos hicsos, que foram suplantados pelos faraós tebanos, inicia-se o Novo Império, cujos principais soberanos foram Tutmés III, Ramsés II e Amenófis IV. Este último, que reinou de 1370 a 1252 a.C., passou à História como o soberano que ousou quebrar o excessivo poder dos sacerdotes de Amon, tornando-se um místico do Sol, simbolizado por seu disco (Áton); mudou o seu nome para Aquenáton (‘horizonte do disco’), conhecida pelo nome de Tel-el-Amarna, tentando tornar universal a sua religião solar monoteísta.” (Castellani, págs. 16 e 17, 2003).

Já com relação à Lenda de Hiram, na transcrição da passagem abaixo em que ele fala sobre a Lenda de Osíris, retirada do mesmo livro, fica evidente alguns pontos em comum entre as duas.

“A Lenda de Osíris (o Sol) e de Ísis (a Lua) também deve ser considerada como a precursora da lenda do artífice Hiram Abi, ensinada no terceiro Grau Maçônico. De acordo com a lenda egípcia _ em rápidas pinceladas _ Osíris, morto por seu irmão Seti, teve o seu corpo encontrado por Ísis, que o escondeu. Seti ou Tifão, encontrando o corpo, esquartejou-o e o dividiu em quatorze pedaços, e foram espalhados pelo Egito. O corpo, todavia, foi reconstituído por Ísis e, redivivo, passou a reinar, tornando-se a deus e o juiz do reino dos mortos, enquanto seu filho Hórus lutava com Seti e o abatia. Essa lenda, inclusive, não é totalmente egípcia, pois, com pequenas variações, fazia parte do patrimônio místico de todos os povos da Antiguidade, como um mito solar; na realidade, Osíris (o Sol), é morto por Seti (as trevas no 17º dia do mês egípcio, Hator, que marca o início do inverno, e revive no início do verão. (Castellani, pág. 21, 2003)

 

COMENTÁRIOS:

Mas, uma coisa seria a afirmação de que a Lenda de Osíris deve ser considerada como uma precursora para a Lenda de Hiram, e outra coisa é construir uma versão essencialmente solar da Lenda onde Hiram o personagem passa a significar o próprio sol e onde tudo no decorrer da lenda “gira” em função da transição do sol pelos doze signos do zodíaco. A referência aqui é sobre a versão bastante astrológica criada por Ragon, e que é discutível.

 

OCIDENTE E ORIENTE: DO NASCER AO POR DO SOL

No intuito de ilustrar melhor este que é um sucinto trabalho e que já vai quase chegando ao seu término, transcrevo algumas das linhas que fazem parte de uma peça de arquitetura de autoria do Irmão José Lopes Pereira Filho, que vem para definir a importância do sol e da luz em contraposição às trevas, nada mais, nada menos do que aquilo que os povos antigos sintetizaram em seus cultos, e que sobram resquícios na Maçonaria:

“O Ocidente é o lado ou aspecto do mundo onde o Sol se põe, onde a luz que o ilumina declina, se oculta e se torna invisível, embora faça entrever sua presença, no último clarão do ocaso, antes de deixar o mundo submergido nas sombras escuras da noite.

O Oriente, o lado oposto, o aspecto do mundo de onde nos vem, nasce emana Luz: onde na realidade, aparece e brilha pelo seu próprio resplendor, esclarecendo e fazendo desaparecer as trevas da noite.” (Pereira Filho, pág. 36, 1999)

 

COMENTÁRIOS FINAIS

Como pudemos perceber no decorrer deste trabalho, que é somente uma mostra mínima sobre a influência do mito solar nos rituais maçônicos, o assunto merece ser explorado bem mais, pois, é importante conhecermos, tanto a origem do simbolismo contido em nossos rituais, em nossas cerimônias maçônicas, como também, de onde provém, de que povos, de quais religiões ou cultos iniciáticos antigos a Maçonaria sofreu influências, ainda que, depois, tenham sido moldadas e adaptadas aos nosso Rituais e aos nossos costumes.

Os resquícios desses mitos e lendas, sejam egípcias, persas, babilônicas, hebraicas, ou até de outros povos se fazem presentes na Maçonaria e não haveria como negar essa que é a influência do mito solar e que repartiu muitos aspectos em comum entre algumas das mais conhecidas civilizações da antiguidade.

Simplesmente, abrir e fechar a Loja numa alusão ao curso que o sol descreve no firmamento, contemplar o sol em vários dos seus simbolismos espalhados pelo templo maçônicos e no conteúdo dos nossos Rituais, nos remete constantemente a vários passados, povos antigos e suas práticas e a uma gama de influências que chegaram deles até a Maçonaria, algumas já quase se diluindo, outras bem nítidas.

 

CONSULTAS BIBLIOGRÁFICAS:

Internet

“Deidade Solar” – disponível em: pt.wikipedia.org/ dicionario.sensagent.com

“Influência dos Símbolos dos Povos Antigos na Maçonaria” – Hercule Spoladore – Loja de pesquisas Maçônicas Brasil – Londrina PR – disponível em: 1library.org/document

JB NEWS, nº 370 de 02 de julho de 2011: “Colunas Zodiacais” – autoria do Irmão Pedro Juk.

 

Revistas:

A TROLHA, nº 155, setembro de 1999: “Desde o Ocidente ao Oriente” – Artigo do irmão José Lopes Pereira Filho.

 

Livros:

CADERNOS DE PESQUISAS 20: “A Herança Egípcia na Maçonaria” – Artigo de autoria do Irmão José Castellani - Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. – 1ª Edição – 2003

CHAMPLIN, R. N. “Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia” – Hagnos Editora – 2008 – 9ª Edição

FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de. “Dicionário de Maçonaria” – Editora Pensamento - 2009

GIRARDI, João Ivo. “Do Meio-Dia à Meia-Noite Vade-Mécum Maçônico” -

ISMAIL, Kennyo. “Desmistificando a Maçonaria” – Universo dos Livros Editora Ltda. 2012

Por Irmão José Ronaldo Viega Alves

O CONHECIMENTO LIBERTADOR

 




No passado, o radicalismo de ter sido criado e batizado na Assembleia de Deus, em Santa Cruz, impunha que somente nós alcançaríamos os céus.

E isto se daria porque era uma sociedade com conceitos sóbrios e próprios do que seria o pecado e de como evitá-lo e com regras rígidas também de expiação dos mesmos.

Lembro da mamãe na praia de maiô, mas com uma saia por cima, e dos comentários de que as mulheres Batistas, Presbiterianas e Metodistas não iriam para o céu porque usavam calças compridas e brincos.

Eu cresci, estudei, vivi em sociedade diversa e com o conhecimento evoluí do insípido Radicalismo para a Compreensão da vida e seus ditos mistérios.

Diante do inusitado, é mais cômodo crer nas tradições que buscar uma resposta racional que contradiga conceitos radicados na infância.

Mas se não houver a Dialética para questionar e investigar o que se impõe como verdade única e absoluta, haverá apenas os extremos do que se julga Certo ou Errado e nunca o TALVEZ.

E este questionamento não pode ser apenas opinativo; requer uma dedicação pessoal aos estudos para desenvolver conhecimento e ser capaz de evoluir sua cognição sobre a Filosofia da Vida, sobre o viver em sociedade, sobre sua consciência como cidadão do universo.

Amadurecer não é apenas ato temporal que se espera da velhice. O amadurecer é um processo racional onde as ações passam a refletir a temperança de quem já é capaz de subjugar as emoções pueris e agir ponderado com a requerida racionalidade e interação social.

Aproveite o dia para refletir se já é capaz de avaliar seu lugar neste Universo, à começar por seu lugar nesta Sociedade, no seu Trabalho, em sua Família.

Avalie se seus conceitos da infância ainda são predominantes nos extremos de sua opinião ou se já é capaz de ajuizar novas interpretações para, ao menos, questionar a possibilidade de um TALVEZ.

Ainda há tempo para amadurecer e melhorar sua interação no seio de sua família, no Trabalho, na Sociedade e no Universo.

Hoje me dei conta de que para se alcançar os céus não é necessário tanto sacrifício ou radicalismo, basta amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Não precisa amar mais ou menos, apenas amar igual...

Bom dia e boas reflexões meus irmãos.

Sidnei Godinho


SOMOS REALMENTE MAÇONS OU APENAS PAGAMOS QUOTAS?


 

A Maçonaria é uma Fraternidade envolta em mistério. Podemos constatá-lo não só pelos seus símbolos e cerimónias, mas também pelas definições que certas organizações maçónicas e certos maçons lhe atribuem.

Assim, sabemos por duas fontes, representando os dois pilares predominantes da Fraternidade, o inglês e o francês, que a Maçonaria é “uma das mais antigas organizações sociais e caritativas do mundo” ou uma “instituição iniciática por excelência secular, filosófica e progressista”.

Uma terceira definição que encontramos (perpetrada a partir dos EUA) é que a Maçonaria é uma organização dedicada a “tornar os homens bons melhores”.

Se fôssemos autossuficientes, poderíamos limitar-nos a estas definições. Mas como somos Maçons e devemos estar constantemente em busca da Verdade, poderíamos dissecá-las e analisá-las para formular uma quarta definição, diferente das anteriores.

Embora nos reunamos em Lojas, contactando com homens pertencentes a diferentes culturas, meios sociais e cultivemos o princípio da entreajuda, poderia ser um erro dizer que a Maçonaria é uma organização social e caritativa.

Se reduzíssemos a este ponto, não passaríamos de meros contribuintes com aventais tolos e participando em cerimónias sem sentido.

Para atingir tal objetivo, apenas precisaríamos de uma caixa registadora, de um caixa e de alguns bares onde nós pudéssemos encontrar para perder o nosso tempo, socializando sem qualquer objetivo em particular.

Embora os graus da Maçonaria contenham certos aspectos filosóficos, reduzi-la a uma organização puramente filosófica significaria que ela não tem qualquer semente de verdade conhecível e que todas as interpretações dos seus símbolos são deixadas à invenção das nossas próprias mentes. Estaríamos assim na posição de procurar nela algo que nunca poderíamos encontrar.

Embora com a ajuda das lições morais que os graus da Maçonaria oferecem possamos dizer que nós podemos tornar melhores, devemos ter em conta o fato de que podemos ser boas pessoas sem sermos Maçons.

Seria uma tentativa de transformar a Fraternidade num culto se disséssemos que só os Maçons são boas pessoas e que não se pode ser uma boa pessoa sem a Maçonaria.

Relativamente à população mundial, o número de maçons é muito pequeno, e não podemos ter a certeza de que apenas alguns milhões de pessoas são boas ou estão interessadas em se tornarem melhores, dado que nem sequer temos a certeza de que todos os maçons estejam interessados neste aspecto.

… afinal, o que é a Maçonaria?

A Maçonaria é uma organização tão misteriosa que, para a maioria dos seus membros, é ela própria um mistério, e tão conspiratória, dir-se-ia para desfazer as ilusões de certos profanos, que há irmãos nas suas fileiras que parecem conspirar na maior de todas as conspirações possíveis: a contra a própria natureza humana, dotada de razão e de uma inteligência que os animais não possuem.

Ao mesmo tempo, é uma organização com um objetivo nobre, tanto para os irmãos que têm olhos para ver e ouvidos para ouvir, como para os profanos que, podendo constatar isso, batem às portas do Templo e pedem para serem recebidos, a fim de se juntarem a ela para a sua missão superior.

Se olharmos para as definições oferecidas pelos estudiosos da Fraternidade, tais como W. L. Wilmshurst, Albert Mackey, Albert Pike, e muitos outros que estão entre os poucos que conseguiram dar-lhe significados mais adequados do que os de alguns contemporâneos, encontramos que:

“A Maçonaria é uma ciência, […] um sistema de doutrinas que é ensinado, de uma maneira peculiar em si mesma, por alegorias e símbolos “

(Albert Mackey,
O Simbolismo da Maçonaria)

“[a Maçonaria] não foi feita para almas frias e mentes estreitas, que não compreendem a sua elevada missão e sublime apostolado “

(Morals & Dogma do REAA,
Albert Pike).

“Aqueles que entram nela, como a maioria faz, ignorando completamente o que lá vão encontrar, geralmente porque têm lá amigos ou sabem que a Maçonaria é uma instituição devotada a altos ideais e benevolência e com a qual pode ser socialmente desejável estar ligado, podem ou não ser atraídos e lucrar com o que lhes é revelado, e podem ou não ver nada para além da forma nua do símbolo ou ouvir algo para além da mera letra da palavra.”

A sua admissão é uma autêntica lotaria; a sua Iniciação permanece muitas vezes apenas uma formalidade, e não um despertar real para uma ordem e qualidade de vida anteriormente não vivenciadas; a sua adesão, a menos que tal despertar resulte eventualmente do estudo cuidadoso e da prática fiel dos ensinamentos da Ordem, tem pouca ou nenhuma influência maior sobre eles do que a que resultaria da sua adesão a um clube puramente social”.

(O significado da Maçonaria,
W. L. Wilmshurst).

Estas afirmações podem parecer arrogantes para alguns irmãos e, também contrárias aos princípios de Liberdade, Igualdade e Fraternidade que a Maçonaria defende ferozmente. Mas será que se pode ser livre sem ser educado? Pode alguém ser igual ao resto dos seus semelhantes se não for livre? Pode alguém considerar-se seu irmão se não for igual a ele?

E por último, mas não menos importante: pode alguém chamar-se Maçom se não for educado, livre, irmão dos seus semelhantes, se não aprender e se não se empenhar na missão de orientar os outros a fazerem o mesmo?

Aqui está a importância da educação de um homem que deseja tornar-se Maçom, e quantas desvantagens são dadas à Maçonaria por aqueles profanos que se juntam para fins mesquinhos, mas que encontramos entre nós e reconhecemos como tal, como Irmãos.

Podemos aprender sobre tais Irmãos no artigo de Albert Mackey intitulado “Maçons que leem e Maçons que não leem“:

O Mestre Maçom que sabe muito pouco, se é que sabe alguma coisa, do grau de Aprendiz, deseja ser um Cavaleiro Templário […] O auge da sua ambição é usar a cruz templária sobre o peito. Se ele entrou no Rito Escocês, a Loja de Perfeição não o satisfará, embora forneça material para meses de estudo.

Ele gostaria de subir mais rapidamente na escala de classificação, e se por esforços perseverantes ele puder atingir o topo do Rito e ser investido com o trigésimo terceiro grau, pouco lhe importa qualquer conhecimento da organização do Rito ou das lições sublimes que ele ensina.

Atingiu o auge da sua ambição e é-lhe permitido usar a águia de duas cabeças.

 Esses maçons distinguem-se não pela quantidade de conhecimentos que possuem, mas pelo número de joias que usam.

Darão cinquenta dólares por uma condecoração, mas não darão cinquenta cêntimos por um livro”.

O mesmo acadêmico visionário afirma ainda que:

[A Maçonaria] deteriorar-se-á em clubes sociais ou meras sociedades de beneficência. Com tantos rivais nesse campo, a sua luta por uma vida próspera será difícil.
.
O sucesso final da Maçonaria depende da inteligência dos seus membros”.

Na era da Internet, podemos facilmente observar o fenômeno maçónico global e como as suas palavras começam a tornar-se realidade.

Vemos cada vez mais membros para os quais é mais importante debater se o seu anel maçônico deve ser usado com as pontas para dentro ou para fora, cada vez mais membros que se sentem lisonjeados pelos títulos e distinções que ostentam e se sentem infalíveis.

Vemos em certas áreas do mundo como ela declinou ainda mais do que Albert Mackey e outros “previram”, Lojas inteiras ou Grandes Lojas inteiras a se tornarem clubes de negócios ou lobbies políticos sob a cobertura de uma chamada Maçonaria que só eles conhecem.

Vemos como a Maçonaria tem cada vez menos inimigos no exterior e cada vez mais no interior, e a principal causa disto é a falta de compreensão do que a Maçonaria realmente deve ser.

Somos mais de seis milhões de membros, pertencentes a diferentes Grandes Lojas, Lojas, Ritos, mas que têm essencialmente a mesma missão: o progresso de nós próprios e da Humanidade em direção à Liberdade.

E, no entanto, vemo-nos a nós próprios e à Humanidade numa contínua regressão, num contínuo estado de escravatura.

Talvez a Maçonaria tenha aberto demasiado as suas portas. Talvez alguns não tenham compreendido que a sobrevivência da Maçonaria, para atingir o seu sublime objetivo, não está no número de membros que tem, mas na sua qualidade.

Vale a pena parar por um segundo e refletir:

… somos realmente Maçons, ou apenas membros que pagam quotas?

Gabriel Anghelescu – Gabriel Anghelescu é um Maçom romeno interessado nos aspectos espirituais e esotéricos da Fraternidade.

A sua paixão pelo esoterismo e pela Maçonaria começou numa idade precoce. O seu primeiro contacto com sociedades iniciáticas foi a Ordem Internacional De Molay, uma organização para-maçônica para rapazes dos 12 aos 21 anos. Foi iniciado no Capítulo Jacques de Molay, em Bucareste, onde mais tarde cumpriu um mandato como Mestre Conselheiro do seu Capítulo.

Tradução de António Jorge, M M

Fonte

Revista Maçônica online The Square Magazine

 

VEJO QUE TENS VIAJADO MUITO, IRMÃO!

 

Onde quer que possas estar,
Onde quer que te detenhas a meditar,
Seja longe, em terras estranhas,
Ou simplesmente no lar, doce lar,
Sempre sentes um grande prazer,
Que faz vibrar as cordas do coração,
Apenas em ouvir a fraterna saudação
“Vejo que tens viajado muito, Irmão!”

Quando recebes a saudação do Irmão
E ele te toma pela mão
Isso comove-te e toca-te no íntimo
Numa emoção incontida, por demais profunda.
Sentes que aquela união de Irmãos,
Que é um anseio da humanidade inteira,
Que se realiza no estender das mãos
E na voz a dizer fraternalmente:
“Vejo que tens viajado muito, Irmão”

E se és um estranho,
Solitário em estranhas terras,

Se o destino te deixou derreado,
Batido e à beira da morte, longe do lar,
Não há sentimento mais completo
Que aquele que te sacode sob a saudação
“Vejo que tens viajado muito, Irmão”

E quando chegar, finalmente, tua derradeira hora,
O momento de empreender a mais longa das viagens,
Revestido do branco avental de cordeiro
E sob a escolta dos Irmãos que já passaram,
O Guarda Interno da Porta de Ouro,
Com Esquadro, Régua e Prumo
Pedir-te-á a Palavra de Passe
E dir-te-á, então,
“Passa. Vejo que tens viajado muito, Irmão”

Autor: desconhecido, do Oriente de Montana – USA

 

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