O PELICANO


 

Examinando as páginas do Grande Dicionário Enciclopédico da Maçonaria de Nicola Aslan, vamos encontrar a seguinte descrição sobre o Pelicano: "símbolo maçônico representado pelo pelicano derramando sangue pelos seus filhotes a que foi adotado pela maçonaria, na antiga arte cristã, o Pelicano era considerado emblema do salvador".

Este simbolismo tem por base uma antiga superstição, cuja falsidade foi demonstrada, mas, enquanto se acreditava nela, o Pelicano foi adotado como símbolo do Cristo, derramando o seu sangue pela Igreja e pela Humanidade.

A esta interpretação teológica, os místicos aplicaram, porém, outro significado, considerando o Pelicano como símbolo do próprio sacrifício, indicando que na medida em que damos, nossas posses, as nossas aquisições intelectuais, as nossas habilidades, alimentamos a nossa vida, desenvolvemos o nosso caráter e a nossa personalidade, sendo que, à medida que os anos passam, o nosso sacrifício se reflete em boas ações que perduram além da nossa vida, como que lembrando os sacrifícios que fizemos.

Entre os alquimistas, o Pelicano foi um utensílio que utilizaram para suas operações, e um símbolo.

Tratava-se de um alambique de vidro circular, de uma só peça, com o bojo encimado por um capitel tubulado, do qual partiam dois tubos opostos e encurvados, formando asa.

Estes tubos voltavam a entrar lateralmente no bojo, de modo que o líquido destilado recaía constantemente dentro dele. Não se sabe bem se o nome de Pelicano foi aplicado pelos alquimistas ao aparelho por causa de sua forma que se parecia com esta ave, ou pela função do aparelho, destinado a alimentar constantemente e manter a vida, com o produto de suas entranhas, o "franguinho" do alquimista, ou seja, a "obra" que ele procurava realizar.

Nas várias fases por que passava a grande "obra", a matéria tomava diferentes cores, tornando-se sucessivamente preta, branca, verde, amarela, arco-íris etc., simples transições entre as cores principais. Estas tinham os seus símbolos: o preto simbolizava um cadáver, um esqueleto, um corvo etc. o branco geralmente por um cisne; o vermelho, a rubificação, como o chamavam, por uma fênix, um Pelicano ou um jovem rei coroado encerrado no Ovo Filosófico.

O Pelicano é sempre representado quando se abre as suas entranhas para alimentar seus filhotes, sempre em números considerados sagrados: 3-5-7. A Maçonaria vê no Pelicano o DEUS alimentando o seu Cosmos com a própria substância.

Por isso na Joia dos Cavaleiros "Rosa-Cruzes" o Pelicano é visto embaixo da rosa-cruz e do compasso, que apoia as suas pontas sobre o quarto círculo que sustenta o seu ninho.

No simbolismo maçônico, o Pelicano é o emblema mais característico da caridade.

É como tirar de suas entranhas o alimento de seus filhotes. Muitos veem no Pelicano o mais lindo símbolo do amor materno.

Entre os antigos Egípcios, o Pelicano era tido como ave sagrada, era um emissário do Espírito Santo, porque apresentava certas qualidades que faziam com que os nativos de então se surpreendessem pelos esplendores da ave.

O Espírito Santo bafejava sobre o povo, assim como a pomba nos evangelhos representa o Espírito Santo, tal como naquela passagem quando Cristo foi batizado nas águas do Rio Jordão. Saindo das águas, o céu se abriu e desceu o Espírito Santo na forma de uma pomba.

Seria Lenda?

Superstição?

Seria Verdade?

Não podemos questionar. 

E isso porque o pássaro era o símbolo da maternidade mais augusta, da maternidade elevada ao seu grau máximo.

Então, o Pelicano possui uma espécie de bolsa, logo depois do bico, descendo para o papo. E, na forma de regurgitação, deposita ali os alimentos para os filhos. Quando necessitando desse trabalho, enfiava o bico pela bolsa e retirava o alimento que ali estava, servindo assim seus próprios filhos.

A ave procedia dessa forma para a manutenção dos filhotes, mas acreditavam piamente, os daquela época, que o Pelicano arrancava parte do próprio corpo para alimentar a prole, ou extraísse o próprio sangue que alimentava os rebentos.

O Pelicano não serve de sua carne, não serve de seu sangue para alimentar os filhotes, pelo processo que era vedado aos primitivos notarem, devido à distância em que ficavam. E a semelhança ficou, o símbolo permaneceu.

E o Pelicano é para nós, realmente o emblema mais extraordinário de nossa própria Ordem, quando a mãe comum realiza todos os sacrifícios para amparar os filhos, para alimentar seus rebentos para propagar a própria espécie.

Não estranha, pois, que a Maçonaria dos Altos Graus, tenha adotado este símbolo do Pelicano para o Grau de Cavaleiro Rosa Cruz, 18, grau alquímico por excelência e eminentemente cristão, fazendo-o, outrossim, o símbolo do amor paterno e materno.

CARLOS ARMANDO MOLINARI – 33º
Presidente do Conselho de Kadosh 66
Piracicaba/São Paulo

 

MAÇONARIA: PAZ, HARMONIA E CONCÓRDIA


 

O que viemos aqui fazer?

A competição humana desenfreada (justificada ou não) em busca de poder, ganhos pessoais e riqueza (sem limites), é a desfaçatez insensata e desmedida que com a passagem do tempo, está comprometendo a Humanidade. A ambição excessiva arruína nações, países, culturas, famílias e os seres individualmente, provocando desarmonias e desestabilizando instituições ou grupos. O direito “sagrado” de estar neste planeta é responsabilidade de todos, somos seres em busca de nosso lugar no Universo.

A evolução é pessoal e coletiva enquanto grupos e nações. Estamos em processo evolucionário e somos responsáveis (direta ou indiretamente) pela evolução de nossos semelhantes, quer disso tenhamos consciência ou não, nos agrade ou não. Nossa Ordem enquanto seletiva propõe que “morremos” para a vida profana, uma morte para os desejos, paixões, vaidades, orgulho, arrogância, prepotência, que sem consciência são alimentados ao longo do tempo.

Não “brincamos” de querer parecer homens retos e de bons costumes, procuramos e temos oportunidade de sermos livres e trilhar um a caráter evolutivo. Se refletirmos sobre:

  • a dinâmica de nosso trabalho: que é em sua base sistema e ordem;
  • o ritual: um processo que procura reproduzir o trabalho da Natureza cíclica;
  • o avental: advertindo e lembrando o trabalho ininterrupto do maçom;
  • os toques: um reconhecimento de pessoas com as mesmas motivações;
  • a marcha: um caminhar com determinação;
  • a bateria: que mostra entusiasmo para um trabalho;
  • a aclamação: uma expressão de vigor e estímulo;
  • as ferramentas: simbolicamente mostradas como utensílios úteis com significado de uso universal;
  • os cargos: que mostram uma escala hierárquica necessária para manter o sistema e a ordem;
  • os graus: que determinam a necessidade do esforço pessoal para atingir um estágio em que a Instituição se mantém na confiança que depositou no Irmão;

começamos a perceber o início do processo maçônico unificador para um mundo melhor e mais evoluído, justo e perfeito, procurando harmonizar os contrários.

Não estamos unidos por mero acaso, fomos direcionados para a Maçonaria por termos sido considerados limpos e puros, não escolhemos entrar para a Ordem, fomos escolhidos, convidados e recebidos. Isso é resultado de um comportamento social que culminou em um convite e ingresso.

O que viemos aqui fazer?

A resposta é clara e sem evasivas, vencer minhas paixões e submeter minha vontade. A dificuldade em controlar nossas paixões e não querer prevalecer nossa vontade é difícil e extenuante parecendo ser uma batalha hostil e sem fim.

Todo começo é difícil e trabalhoso, e diariamente estamos sempre começando; por mais conhecimento e habilidade na execução de qualquer atividade, estamos sempre acumulando conhecimento e experiência, não há fim. O perigo é desistirmos e estacionarmos achando que a sabedoria já está instalada e estarmos de posse da verdade. Não há fim, apenas começo.

Nossa personalidade formada durante a infância e adolescência submetida a cultura familiar e escolar, da tecnologia que avança transformando e que nos aproxima das facilidades oferecidas, pode dificultar uma reflexão mais profunda sobre nosso papel como seres humanos em processo evolutivo.

Estamos empenhados na investigação da verdade (o que é verdade?), em entender a moral (o que significa moral?) e praticar a virtude (como praticar sem favorecer interesses pessoais, familiares, corporativos?). Podemos conciliar? Nossos deveres como Maçons é assim resumido: “Respeito a Deus, amor ao próximo e dedicação à família.”

Somos tolerantes, primamos pela liberdade de consciência, não somos submissos nem reproduzimos opiniões sem reflexão interior ou vergada por interesses pessoais, que podem culminar em desagregação da Instituição. Temos que nos vigiar constantemente, pois, o egoísmo, a inveja e o próprio interesse separam os homens, que acabam isolando-se dos restantes, e essa separação pode conduzir a um desequilíbrio maior em qualquer estrutura.

Nossos princípios sempre foram Liberdade, Igualdade, Fraternidade, ligados ao Grande Arquiteto do Universo (ou Princípio Único, o Criador) que nos impulsiona e nos mantém homens livres e de bons costumes, irmanados no bem universal.

Deixamos aqui para reflexão um texto que pode auxiliar nosso caminho na Ordem:

Vossas conquistas passadas nada representam diante do futuro que vos espera. De que valem as pedras que pavimentam o caminho que abandonastes? Servirão, sim, para os que vos seguem, e por isso é importante avançar. Como o espírito constrói sua senda no invisível, o caminhante dá seus passos sobre o vazio. O inédito não pode ser percebido até que chegue o momento da sua manifestação.

José Trigueirinho Netto

O que vindes aqui fazer?

Ir.’. José Eduardo Stamato – MI
ARLS Horus nº 3811 – REAA
Santo André – SP
Jurisdicionada ao Grande Oriente do Brasil – São Paulo, Brasil


AS 3 GRANDES COLUNAS DA LOJA


 

Sustentam nossa Loj.’. três CCol.’., denominadas Col.’. Jônica, Col.’. Dórica e Col.’. Coríntia, representando respectivamente a tríade SABEDORIA, FORÇA e BELEZA.

Baseadas nas edificações do Templ.’. do Rei Salomão, um dos primeiros locais de Culto Divino que se tem conhecimento, erguido sob os auspícios do próprio Rei Salomão ou V.’.M.’. , cuja Sabedoria a todos os seus súditos encantava, Hiram Rei de Tiro espelhando o 1º Vig.’., cujo Poder e Força possibilitaram a Salomão a construção do Templo. E HIRAM-ABIF representado pelo 2º Vig.’., cuja habilidade em transformar o bruto em belo a todos maravilhava. Exímios escultores e hábeis arquitetos.

Templ.’. fundado com base no Tabernáculo, erguido por Moisés, para receber a Arca da Aliança e as Tábuas da Lei.

ORIGEM DO SIMBOLISMO: Simbolistas afirmam que, nos tempos da Maçonaria Operativa, antes dos trabalhos maçônicos, geralmente em locais improvisados, os símbolos necessários à sessão eram desenhados precariamente no piso do local e, ao término dela, eram então, apagados. O painel da Loja teria surgido para evitar essa operação.

Era comum o uso de velas acesas sobre candelabros nos locais que representavam as três janelas, ou seja: uma a Leste (Oriente), outra a oeste (Ocidente) e a terceira ao sul (Meio-dia).

Em diversos trabalhos afirmam que “elas representavam as três portas do Templo de Salomão…” Pequenos pilares situados ao lado dos altares dos três principais oficiais, com o tempo os oficiais passaram a substituir esses candelabros.

Segundo os principais simbolistas, coube à Maçonaria miniaturizar os pilares laterais e posicioná-los sobre os altares do Venerável Mestre e dos Vigilantes. Destaquemos o significado de coluna: uma coluna é dividida em três partes principais, a base parte de contato com o solo, o fuste, parte que compõe o corpo do pilar, e o capitel, parte de sustentação da trave.

A Sabedoria “Jônica”: Associada ao V.’. M.’.. Deve nos orientar no caminho da vida, estamos sempre em busca de mais conhecimentos, através de livros e ensinamentos, e aberto para indicar e passar aos irmãos o que sabemos, embora sejamos eternos aprendizes.

Esta coluna é igual a nove vezes ao seu diâmetro. O fuste é assentado sobre o pedestal, contornando ele possui vinte e quatro estrias, separadas por filetes. Em seu capitel apresentam-se duas volutas, dando ao pilar a elegância e a esbelteza de uma bela mulher.

A lenda fala que Íon, chefe grego, foi mandado à Ásia, onde construiu templos em Éfeso, dedicados a deuses gregos. Íon observou que as folhas de cortiça, colocadas sobre os pilares para evitar infiltração de água e amortecer o peso das traves, com o tempo, cedendo à pressão, contorciam-se em forma de volutas, imitando madeixas de mulher, peculiaridade essa que é a principal característica da Ordem Jônica.

A Força “Dórica”: Associada ao 1º Vig.’.. Animar-nos e sustenta em todas as dificuldades, lembrando sempre que não estamos sozinhos, temos em mãos nossas ferramentas, maço cinzel e alavanca.

A altura do pilar dórico corresponde a oito vezes ao seu diâmetro. Ele não tem base e o seu fuste é assentado diretamente ao solo sem pedestal. Seu contorno é circundado por 2O canelura, e seu capitel é formado de molduras, imitando uma taça.

A lenda conta que Doros, filho de Heleno, mediu o pé de um homem de estatura mediana, na época, e constatou ser essa medida correspondente a oito vezes a sua altura. Guiando-se por essa relação, ideou o pilar, dórico, robusto, forte e nobre.

A Beleza “Corintia”: Associada ao 2º Vig.’.. Adorna todas as nossas ações, nosso caráter e nosso espírito, dentro da loja, ela se faz presente nos paramentos, joias, mimos e chaveiros.

Abriga formas belas, elegantes e proporções delicadas, lembrando uma bela donzela. A altura do Pilar Coríntio é igual a 10 vezes o seu diâmetro. O fuste pode ser liso ou estriado. Quando é esculpido em granito ou em pórfiro, tem o fuste liso. Quando talhado em mármore é, estriado, podendo ter de 24 a 32 caneluras, desde que esse número de estrias seja passível de divisão por quatro.

A lenda fala que a ama levou uma cesta, contendo brinquedos à sepultura da criança e cobriu-a com uma velha telha, por causa das chuvas. Ao chegar a primavera, um pé de acanto germinou e cresceu, transformando-se em formosa árvore. Folhas de acanto, cesta e telha teriam produzido um belíssimo efeito ao crescer a planta. Essa cena teria sido magistralmente capitada pelo poeta e escultor Calímaco, que talhou um pilar de rara beleza, com o capitel copiado daquela cena.

Conclusão
O edifício espiritual da Maçonaria descansa sobre estas colunas simbólicas. A Sabedoria concebe a construção, ordena o caos, cria e determina a realização. A Força executa o projeto, segundo instruções da Sabedoria.

Contudo, não basta ser a edificação bem projetada e bem executada. É preciso ser bem adornada pela Beleza.

Sendo assim, todo Maç.’. deve ter essas qualidades Sabedoria, que orienta, Força, que executa e Beleza, que embeleza as ações, para que possa realizar com exatidão os seus trabalhos de fraternidade, caridade para com a sociedade.

 

Guilherme A. Tavares, A.’.M.’.
A.’.R.’.L.’.S.’. Fraternidade e Evolução nº 3198, Or.’. de São Paulo – SP / Brasil 

 

Bibliografia:

Caderno de instruções do grau de A.’.M.’.;

www.maconaria.net  – As três colunas, Eduardo Silva Mineiro, A.’. M.’. ARLS Acácia Castelense, nº 4 – Castelo do Piauí – Piauí – Brasil

www.samauma.biz  – Pilares maçônicos, Irmão José Dalton Gerotti Loja Alpha, 292 Marília-SP

http://www.renato.burity.com.br – Instrução de Aprendiz, Ir.•. Renato Burity Oliveira, Apr.•. M.•. Loja Paz e Liberdade nº 115, Or.•. de Jaguaquara (BA)

http://www.lojahugosimas.com.br  – As colunas dos altares, Ir.’. Claudio Guillen – ARLS Hugo Simas, 92 – Grande Loja do Paraná Or.’. Curitiba

http://www.rlmad.net  – Instrução de Aprendiz, pag. 08 de 17

 


HUMILDADE E ORGULHO


 

“Quem se exalta, será humilhado. Quem se humilha, será exaltado”

O meu trabalho versa sobre A HUMILDADE.

Com este trabalho, pretendo aprofundar o conhecimento sobre este tema, bem como efetuar uma reflexão pessoal, a qual possa ser inspiradora para quem a venha a ouvir ou no futuro a ler.

Trata-se de um tema de análise interior, de cada elemento por si só, ou seja, o trabalho contínuo na construção do templo interior.

Do que pude ler, e investigar sobre o assunto, existem muitas definições para a palavra, com diferentes significados, tendo sido abordados por inúmeras personalidades contemporâneas, mas também da história: Jesus Cristo, Ghandi, Madre Paulina, Rei David, Madre Tereza de Calcutá, entre outros…

As definições encontradas, são muitas das vezes díspares, contudo, não se podendo considerar contraditórias, dado terem de ser observadas ou interpretadas, á luz do meio cultural, religioso e por vezes económico onde são proferidas ou definidas.

Há quem defina uma pessoa humilde, como uma pessoa modesta, simples, submissa, recatada, que se curva perante sentimentos de fraqueza ou modéstia.

Autores diversos, definem Humildade que vem do latim humilis, que significa “que fica no chão, que não se ergue”.

Eu pessoalmente, prefiro a definição de Humildade, que vem também do latim da palavra húmus, que quer dizer fértil, rica em nutrientes e preparada para receber a semente.

Uma pessoa Humilde:

Está sempre disposta a aprender e deixar brotar no solo fértil da sua alma, a boa semente;

A verdadeira humildade é firme, segura, sóbria, e jamais se compartilha com a hipocrisia, ou com a pieguice;

A humildade é a mais nobre de todas as virtudes, pois só ela predispõe o seu portador, à sabedoria real;

O contrário de humildade é o orgulho, porque o orgulhoso nega tudo o que a humildade defende;

O orgulhoso é soberbo, julga-se superior e esconde-se por trás da falsa humildade ou da tola vaidade.

Por falar em humildade, não quer dizer que quem fale dela, o possa ser.

Para mim, a verdadeira humildade, não se assume, ou se proclama por direito ou decreto.

Ela é reconhecida pelo nosso interlocutor, e é transversal a qualquer classe social, política, credo ou mesmo raça ou etnia. Alguns exemplos talvez tornem mais claras as nossas reflexões.

Quando, por exemplo, uma pessoa humilde comete um erro, diz: “eu enganei-me”, pois sua intenção é de aprender, de crescer. Mas quando uma pessoa orgulhosa comete um erro, diz: “não foi minha culpa”, porque se acha acima de qualquer suspeita.

A pessoa orgulhosa dá desculpas, mas não dá conta das suas obrigações. Uma pessoa humilde compromete- se e realiza. Uma pessoa orgulhosa acha-se perfeita. A pessoa humilde diz: “eu sou bom, porém não tão bom como eu gostaria de ser”. A pessoa humilde respeita aqueles que lhe são superiores e trata de aprender algo com todos. A orgulhosa resiste àqueles que lhe são superiores e trata de pôr lhes defeitos.

O humilde sempre faz algo mais, além da sua obrigação. O orgulhoso não colabora, e diz sempre: “eu faço o meu trabalho”. Uma pessoa humilde diz: “deve haver uma maneira melhor para fazer isto, e eu vou descobrir”. A pessoa orgulhosa afirma: “sempre fiz assim e não vou mudar meu estilo”.

A pessoa humilde compartilha suas experiências com colegas e amigos, o orgulhoso guarda-as para si mesmo, porque teme a concorrência. A pessoa orgulhosa não aceita críticas, a humilde está sempre disposta a ouvir todas as opiniões e a reter as melhores.

Quem é humilde cresce sempre, quem é orgulhoso fica estagnado, iludido na falsa posição de superioridade. O orgulhoso diz- se céptico, por achar que não pode haver nada no universo que ele desconheça, o humilde reverencia ao Criador, todos os dias, porque sabe que há muitas verdades que ainda desconhece.

Uma pessoa humilde defende as ideias que julga nobres, sem se importar de quem elas venham. A pessoa orgulhosa defende sempre suas ideias, não porque acredite nelas, mas porque são suas.

Por que é que o mar é tão grande? Tão imenso? Tão poderoso? É porque foi bastante humilde para se colocar alguns centímetros abaixo de todos os rios. Sabendo receber, tornou-se grande. Se quisesse ser o primeiro, se quisesse ficar acima de todos os rios, não seria mar, seria uma ilha. E certamente estaria isolado. Por último, é usual uma expressão deveras acertada e bem conhecida no seio da nossa Augusta Ordem:

“Quem se exalta, será humilhado. Quem se humilha, será exaltado”

M. Ferreira

 

BEM-VINDOS À MAÇONARIA- SIMBOLISMO MAÇÔNICO


 

Ninguém ama aquilo que não conhece bem e nem se esquece daquilo que ama. Ninguém dá o que não tem.

O símbolo é imagem, é pensamento... Ele nos faz captar, entre o mundo e nós, algumas dessas afinidades secretas e dessas leis obscuras que podem muito bem ir além do alcance da ciência, mas que nem por isso são menos certas. Todo símbolo é, nesse sentido, uma espécie de revelação.

Na Maçonaria, o símbolo é constante e latente em todas as suas partes. É preciso, portanto, penetrar pacientemente seu significado. Somente pelo estudo dos símbolos é que se pode chegar ao esoterismo. (Esoterismo opõe-se a Exoterismo; podemos traduzir livremente esses dois termos por ensino secreto e ensino público. Hoje, aliás de forma abusiva, a tendência é fazer da palavra esoterismo sinônimo de ocultismo.

 Não podemos nos gabar ou nos vangloriar de sermos um “Iniciado”, ou, em outras palavras, de ser o único a estar de posse do Conhecimento e da Verdade. “Iniciado” (de initium, começo) quer dizer simplesmente “colocado no caminho”, e o Maçom sincero sabe, mesmo quando se tornou Companheiro e Mestre, que ele continua a ser um Aprendiz.

Seu acerto é nosso, seu insucesso reparte-se conosco. Abra seu coração, coloque-nos a par das suas dificuldades, transmita-nos suas vivências, ensine-nos também a ser caminho. Você já sentiu as transformações que opera. Já sentiu seus progressos?

O estudo aprofundado dos símbolos e, sobretudo, dos símbolos maçônicos pode levar muito longe. Nesta terra, tudo é símbolo; as próprias palavras, na realidade, não passam de símbolos das ideias. Na vida corrente, são muitos os símbolos de deferência, de amizade, de alegria, de luto, etc.

o homem que saúda tirando o chapéu ou inclinando a cabeça simboliza com isso a deferência que ele quer manifestar à pessoa saudada; o aperto de mão – que se transformou numa cortesia banal – é um símbolo de afetividade, de cordialidade, de devotamento, de lealdade; sua recusa é símbolo de inimizade.

O brinde é um símbolo de amizade e de esperança em alguém ou em alguma coisa. Por que levantar a mão direita por ocasião de um juramento senão para simbolizar a sinceridade? O anel de casamento não simboliza, acaso, a aliança indefectível que deve unir os esposos? Etc. Todo mundo compreende esses símbolos simples e banalizados.

Mas existem outros símbolos menos frequentes, mais ocultos: filosofais, religiosos, iniciáticos. Durante seu tempo de aprendizado, a tarefa exclusiva do Aprendiz consiste na observação e análise de tudo o que se passa num mundo inteiramente novo para ele, devendo concentrar seus esforços por aprender, assimilar e adotar as posturas e atitudes desconhecidas no mundo profano.

As vezes, sua casca é dura de ser quebrada, mas a semente, uma vez libertada, mostra-se tanto mais deliciosa! O iniciado deve romper a casca mental, isto é, fugir do racionalismo esterilizante, para atingir a transcendência; somente depois de romper essa casca é que se torna possível o acesso á verdadeira iniciação. Todos os símbolos abrem portas, sob a condição de não nos atermos apenas – como geralmente acontece – às definições morais. A iniciação “abre portas” até então proibidas ao recipiendário.

INSTRUMENTOS DE TRABALHO DO APRENDIZ-MAÇOM São determinados instrumentos profissionais, a maioria tirada da antiga arte arquitetônica, que a Maçonaria simbólica usa como emblema de Virtudes e ensinamentos. São os seguintes os principais instrumentos e utensílios do Aprendiz – Maçons, e seus respectivos significados morais:

a) A RÉGUA DE 24 POLEGADAS (precisão na execução durante 24 horas de cada dia);

b) O MAÇO (decisão na aplicação);

c) O CINZEL (discernimento na investigação).

A Régua de 24 polegadas figura nas Lojas simbólicas da Franco Maçonaria como instrumento de trabalho e medida do tempo, no sentido de que não se deve mal gastar as horas na ociosidade e egoísmo, mas parte delas na meditação e estudo, parte no trabalho, e parte no recreio e repouso, “porém todas no serviço da humanidade”;

O Maço (MALHO) com o cinzel, é o instrumento de trabalho do Aprendiz, para alegoricamente “desbastar a pedra”, ou educar a agreste e inculta personalidade para uma vida ou obra superior. O malho simboliza a vontade, energia, decisão, o aspecto ativo da consciência, necessário para vencer e superar os obstáculos;

O Cinzel corresponde à penetração, discernimento e receptividade intelectuais, ou o aspecto passivo da consciência, indispensável para descobrir as protuberâncias ou falhas da personalidade.

OUTRAS OBSERVAÇÕES - Sois Maçom? - MM. II. C. T. M. RR. Isso porque um Aprendiz Maçom deve duvidar de si mesmo e da fragilidade de seus conhecimentos maçônicos. Ele deve, portanto, evitar de dar uma opinião sem antes recorrer às luzes da sabedoria de seus Irmãos. - De que forma vos fazeis reconhecer como Maçom? - Através dos Sinais, Palavras e Toque.

Um Maçom se reconhece pelo seu modo de agir, sempre equitativo e sincero (sinais); sua linguagem leal e sincera (palavras); enfim, pela atitude fraternal que manifesta com todos aqueles que está unido pelos laços de solidariedade. - A que horas os Maçons costumam começar e terminar seus trabalhos? - Os trabalhos começam ao Meio-dia e terminam à meia-noite.

Estas horas convencionais indicam que o homem atinge parte de sua maturidade, na metade de sua vida, antes de poder ser útil a seus semelhantes; mas que, deste instante, até a sua hora final, deve trabalhar sem descanso para o bem-estar comum!

AMOR FRATERNAL- O grande mistério maçônico está na simplicidade que se configura na palavra amor. O amor e respeito a tudo e a todos.

Agora como Maçom tem por missão eliminar de dentro de si o egoísmo, daí a necessidade de cultivar seu espírito de coletividade através do Amor Fraternal. E não é por acaso que em Loja de Aprendiz, o Livro Sagrado é aberto sobre o altar no Salmo 133 (A excelência da União Fraternal – Cântico de Romagem de Davi): Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os Irmãos, - traduz a satisfação e a alegria do Amor Fraternal.

Valdemar Sansão E-mail: vsansao@uol.com.br Fone: (011) 3857-3402 Fontes consultadas: - “A Simbólica Maçônica” – Jules Boucher; - Instruções Complementares Para Maçons 1º Grau – GOP); - “O DESPERTAR PARA A VIDA MAÇÔNICA” Da Primeira à Sétima Instrução – Grau I Valdemar Sansão (aguardando publicação) A Maçonaria nos dá a oportunidade do autoconhecimento. É a realização do “conhece-te a ti mesmo”.

O homem precisa conhecer-se para entender-se. Quem nunca repudiou um ato seu, após analisar sua conduta? Há uma inata necessidade de dominar-se o microcosmo. A Maçonaria nos dá caminhos para esta realização; cabe-nos aprender a trilhá-los.

ORIGEM DO TEMPLO MAÇÔNICO

O templo maçônico, como é hoje conhecido, é relativamente recente.

Na realidade, o primeiro templo maçônico, que foi o da Grande Loja de Londres, teve lançada a sua pedra fundamental no dia 1º de Maio de 1775, sendo inaugurado e consagrado a 23 de Maio de 1776.

Antes disso, as lojas maçónicas reuniam-se em tabernas, ou nos adros das igrejas, numa prática herdada de lojas de maçons de ofício, ou operativos. As tabernas europeias, nos séculos XVII e XVIII, possuíam uma função social muito importante e tinham uma fama bem diferente das cervejarias e bares das épocas posteriores; elas serviam para descontraídas reuniões de entidades associativas e de intelectuais, que possuíam, assim, centros de reunião para a troca de ideias e para aperfeiçoamento, numa atividade social e cultural muito semelhante à desenvolvida, nas primeiras décadas do século XX, nos “cafés”, que chegaram, devido a isso, a ser chamados de “cafés literários” e que tanto incrementaram o desenvolvimento da. literatura, pelas trocas de experiências e de ideias entre os literatos e entre o público leitor.

A primeira Obediência maçônica do mundo, a Grande Loja de Londres, criada a 24 de Junho de 1717, foi formada, inicialmente, por quatro lojas, que tomavam, como título distintivo, os nomes das tabernas em que se reuniam: “The Goose and Gridiron” (O Ganso e a Grelha), “The Apple Tree” ( A Macieira), “The Crown” (A Coroa) e “The Rummer and Grapes” (O Copo e as Uvas).

A Loja da taberna O Ganso e a Grelha era, também, chamada de Loja São Paulo, porque celebrava as suas reuniões no pátio da igreja de São Paulo. Esta Loja, que, posteriormente, adotaria o título de “Antiquity”, teria sido fundada em 1691 e, já a partir dos primeiros anos do século XVIII, começava a promover modificações estruturais, que iriam redundar na moderna forma da Maçonaria, ou seja, a dos maçons aceitos, ou “especulativos”. Formada, inicialmente, apenas por maçons de ofício, ou operativos, ela começaria, a partir de 1702, a admitir homens não ligados à arte de construir.

Esta Loja viria a ter fundamental importância para a criação da Grande Loja de Londres, pois foi por intermédio do reverendo Desaguliers, iniciado em 1709, no pátio da igreja de São Paulo, que se conseguiu, em fevereiro de 1717, a reunião, na taberna “The Apple Tree”, das quatro Lojas citadas, da qual surgiria a convocação de todos os membros das Lojas, para o dia 24 de junho, quando seria, então, fundada a primeira Obediência do mundo. Graças a isso, como também, à proeminência dos seus membros (Payne, Anderson, Desaguliers, Calvert, Elliot, Luniden etc.) e ao grande número de maçons aceitos, a Loja da taberna O Ganso e a Grelha, ou de São Paulo, ir-se-ia colocar à testa do movimento de transformação da Maçonaria.

A recém fundada Obediência – que não contou, inicialmente, com o apoio dos demais maçons ingleses – continuou a realizar as suas reuniões nos pátios das igrejas ou nas tabernas das quais as Lojas fundadoras tomavam os nomes, até a inauguração do Templo, em 1776; os símbolos maçónicos, então, eram traçados no chão, ou sobre um painel.

A 1º de Maio de 1775, na presença de numerosos grupos de maçons, era lançada a pedra fundamental do “Freemasons’ Hall“, a qual continha uma placa, com a seguinte inscrição:

“ANNO REGNI GEORGII TERTII QUINDECIMO, SALUTIS HUMANAE, MDCCLXXV, MENSIS MAU DIE PRIMO, HUNC PRIMUM LAPIDEM, AULAE LATOMORUM (ANGLICE, FREE AND ACCEPTED MASONS) POSUERIT HONORATISSIMUS ROB. EDV. DOM. PETRE, BARO PETRE, DE WRITTLE, SUMMUS LATOMORUM ANGLIAE MAGISTER; ASSIDENTIBUS VIRO ORNATISSIMO ROWLANDO HOLT, ARMIGERO, SUMMI MAGISTRI DEPUTATO; VIRIS ORNATISSIMIS JOH. HATCH ET HEN. DAGGE, SUMMIS GUBERNATORIBUS; PLENOOUE CORAM FRATRUM CONCURSU; QUO ETIAM TEMPORE REGUM, PRINCIPIUMQUE VIRORUM FAVORE, STUDIOQUE SUSTENTATUM MÁXIMOS PER EUROPAM HONORES OCCUPAVERAT NOMEM LATOMORUM, CUI INSUPER NOMINI SUMMUM ANGLIAE CONVENTUM PRAEESSE FECERAT UNIVERSA FRATRUM PER ORBEM MULTITUDO E COELO DESCENDIT”.

Após a cerimônia de lançamento, a companhia seguiu, em carruagens, até ao “Leatherfellers’ Hall”, onde houve uma festiva recepção, ocasião em que foi instituído o cargo de Grande Capelão (Grand Chaplain).

A construção do edifício foi bastante rápida e ele foi concluído em pouco mais de um ano. A 23 de Maio de 1776, ele foi inaugurado e dedicado à Maçonaria, à Virtude, à Caridade Universal e à Benevolência, na presença de uma brilhante assembleia de maçons.

Uma Ode, escrita por um membro da “Alfred Lodge”, de Oxford, e musicada por um Maçom conhecido como Dr. Fisher, foi executada, na ocasião, perante muitas senhoras, que, nesse dia, honraram a Sociedade com a sua companhia.

Uma instrutiva explicação sobre a instituição maçônica foi transmitida pelo Grande Secretário, seguindo-se uma magnífica oração desenvolvida pelo Grande Capelão. Em comemoração ao evento, tão importante e feliz para a Ordem, ficou acertado que o aniversário da cerimônia deveria ser sempre comemorado.

No prédio da Great Queen-Street passaram a ser realizadas as assembleias anuais e as comunicações trimestrais da fraternidade; e, para o aperfeiçoamento de quaisquer Lojas, assim como de maçons, individualmente, ele foi liberalmente franqueado.

Os Irmãos da “St. John’s Lodge”, de Newcastle, animados pelo exemplo dado pela metrópole, abriram uma subscrição entre eles, com o propósito de construir, na cidade, um templo para os seus trabalhos; e, a 23 de setembro de 1776, foi lançada, por Francis Peacock, então Venerável Mestre da Loja, a pedra fundamental da construção. Daí em diante, aquele primeiro exemplo foi frutificando.

É claro que o templo maçônico, como é hoje conhecido, não surgiu de uma só vez. Serviu-lhe, inicialmente, de modelo arquitetônico, o templo de Jerusalém, que já servira de modelo para as igrejas; isso não é, na realidade, de se estranhar, pois tendo, a Maçonaria de Ofício, ou operativa, crescido e frutificado à sombra da Igreja, reunindo-se nos adros das igrejas, ou nelas próprias, era natural que, ao construir o seu templo, embora já na fase dos maçons aceitos, a Maçonaria procurasse o modelo que lhe era mais conhecido.

O conceito de que havia, aí, uma influência da Ordem dos Templários, cujos estatutos consideravam o templo de Jerusalém como o símbolo das obras perfeitas dedicadas a Deus, é posterior; esses estatutos foram redigidos pelo abade Clairvaux (São Bernardo), quando a ordem templária foi fundada, em 1118, o que mostra, mais uma vez, que, em qualquer caso, a Maçonaria baseou-se na Igreja, ou em conceitos eclesiásticos, para concretizar o seu templo.

A orientação e a divisão dos templos maçônicos, assim como das igrejas, têm, indisfarçavelmente, a sua origem no templo de Jerusalém, da mesma maneira que alguns objetos da decoração e as duas colunas vestibulares.

Existem, entretanto, outras influências, não só das antigas civilizações, mas, também do misticismo medieval e de costumes originários da Inglaterra, que, aos poucos, motivaram a complementação da decoração dos templos. Não é, entretanto, apenas nos templos que essas influências são palpáveis, mas, também, na doutrina, na ritualística, na filosofia e no misticismo da Maçonaria.

No tocante ao templo, as maiores contribuições foram:

1 – Das antigas civilizações, que, a partir do quinto milênio a.C., começaram a se sedentarizar e a se aglomerar em centros urbanos, entre os rios Tigre e Eufrates (a Mesopotâmia, “terra entre rios”), em torno deles, às margens do rio Nilo e em torno dos mares Mediterrâneo e Adriático, atingindo, portanto, a Asia Menor, o norte da África e a Europa Oriental. Nessas regiões, encontravam-se sumerianos, acadianos, babilônios, persas, hebreus, egípcios e gregos.

A maior contribuição, neste terreno, é, evidentemente, a hebraica, já que é o templo hebraico de Jerusalém o modelo do templo maçônico, embora não seja, este, uma cópia exata daquele, como pretendem alguns.

Além da orientação, da divisão e das colunas vestibulares Booz e Jachin, encontram-se, num templo maçônico, dependendo do grau e do rito em que a Loja funciona, outros elementos do templo hebraico, como: Altar dos Perfumes, Mesa dos Pães Propiciais (ou Altar dos Pães da Proposição), Candelabro de Sete Braços (o menorá hebraico), Estrela de Seis Pontas (a Magsen David, do judaísmo e a Blazing Star, do Rito de York), Mar de Bronze, Ouro, Cedro do Líbano, Pedra, além do Altar, com o Trono, que fica no Oriente e corresponde ao Altar-mor das igrejas e ao Santo dos Santos do templo de Jerusalém.

A contribuição grega está presente nas três colunas, dórica, jônica e coríntia, que, simbolicamente, sustentam a Loja de Aprendiz e na Estrela de Cinco Pontas, ou Estrela Pentagonal (ou Pentáculo, ou Pentagrama), que é a estrela hominal das escolas pitagóricas (e que foi introduzida na decoração do templo maçônico pelo barão de Tschoudy, no século XVIII).

A contribuição egípcia é encontrada na decoração estelar do teto do templo; os antigos templos egípcios eram a representação da Terra, de onde brotavam as colunas, como gigantescos papiros, em direção ao firmamento estrelado. Além disso, todavia, há outra contribuição importante: embora as colunas do pórtico, ou vestibulares, tenham a sua origem no templo de Jerusalém, elas não são, no templo maçônico, iguais às hebraicas; são, sim, egípcias (com influências babilônicas), simbolizando folhas de papiro e flores de lótus, que eram as duas plantas sagradas do antigo Egito (muitos templos maçônicos possuem colunas vestibulares da ordem coríntia, o que é um grave erro).

A contribuição sumeriana está presente no Pavimento Mosaico, que, entretanto, nem todos os ritos possuem; o pavimento, que tem origem sumeriana, era, para os sumerianos, terreno sagrado, mas para os gregos e cretenses era um simples elemento decorativo.

2 – Dos agrupamentos e seitas místicas medievais, como os rosa-cruzes, os alquimistas e os ligados à astrologia (embora a astrologia fosse muito antiga, existindo desde a época dos sumerianos, foi na Idade Média que, graças aos árabes, ela se expandiu e se consolidou).

A contribuição da Astrologia está presente nas Colunas Zodiacais (que não estão presentes em todos os ritos), meias colunas jônicas encimadas pelos Pentáculos, que simbolizam o planeta e o elemento correspondente a cada signo do zodíaco; como cada signo representa uma passagem iniciática, desde a entrada do candidato na Câmara de Reflexão até ao acme da exaltação ao grau de Mestre Maçom, todo o zodíaco mostra a escalada iniciática, associada às cíclicas mortes e ressurreições da natureza.

A contribuição da Alquimia é encontrada em muitos símbolos, principalmente os alusivos aos quatro elementos da antiguidade (ar, água, fogo e terra), mas a sua presença é mais importante num anexo do templo, a Câmara de Reflexão, onde, em muitos ritos, estão presentes os três elementos alquímicos, sal, enxofre e mercúrio, necessários à concretização da Grande Obra, ou Obra do Sol, ou Arte Real – a transmutação dos metais inferiores em ouro – da alquimia.

A contribuição do rosacrucianismo encontra-se mais na decoração dos Altos Graus, através de vários símbolos, dos quais o máximo é a rosa na intersecção dos braços da cruz.

3 – Da igreja medieval e da do início da era moderna. A contribuição, aí é patente, pois, como já foi salientado, a Maçonaria cresceu à sombra da Igreja e dela copiou os templos, os quais, por sua vez, têm base no templo de Jerusalém. As antigas igrejas, inclusive, possuíam as duas colunas na entrada e um triângulo equilátero (Delta) na fachada; isso, modernamente, tem sido abandonado, mas a divisão e a orientação continuam tendo o templo hebraico como arquétipo.

4 – Do Parlamento inglês, existente desde 1296. Os lugares dos maçons, no templo, imitam a disposição existente no parlamento britânico; neste, o presidente tem assento na Great Chair (um cadeirão de encosto alto), sendo ladeado pelos líderes do governo e da oposição, um a cada lado, enquanto os demais parlamentares sentam-se frente a frente, situação de um lado e oposição do outro, em bancadas de vários níveis.

Esta mesma disposição existe no templo maçônico, com o Venerável no Trono e os maçons das Colunas do Norte e do Sul sentados frente a frente; e isso não é de se estranhar, pois sendo, o primeiro templo, originário da Inglaterra, tomou os modelos mais próximos: o Parlamento e as igrejas. Também a Sala dos Passos Perdidos, que é um anexo do Parlamento inglês, foi colocada como anexo do templo maçônico.

Os templos maçônicos não são exatamente iguais em todos os ritos, pois existem aqueles que são mais simples e aqueles que são mais complexos, dependendo do rito em que a Loja trabalha; existem, todavia, entre todos eles, mais pontos em comum do que divergências, pois existe um arquétipo do templo, do qual nenhum rito pode fugir.

Assim, independentemente de ritos, qualquer Maçom, em qualquer parte do mundo, reconhece um templo maçônico pelas colunas do pórtico, pela orientação, pela divisão e pelos símbolos presentes na decoração.

José Castellani

 

 

 

ORIENTE


 

É do Oriente que nasce toda luz, nos vários aspectos astronômicos, esotéricos ou espirituais. O Sol surge do Oriente para dissipar a noite e se põe no Ocidente para, em sua aparente trajetória, iluminar o outro hemisfério; essa passagem de luminosidade marca a fração de Tempo denominada dia. O Sol não surge, exatamente, na mesma hora; de conformidade com as estações do ano, esse surgimento difere de segundos e minutos.

Oriente é o local onde se situa o Venerável Mestre com o seu trono, de onde comanda a Loja. Oriente significa orientação, cada ser humano possui o seu Oriente específico e individual, dentro de si mesmo ou na Natureza onde vive fisicamente, dela fazendo parte intrínseca.

A cidade onde está localizada uma Loja maçônica denomina-se Oriente. Para os cristãos, o salvador surgiu do Oriente, assim como o Sol “nasce” diariamente, a salvação surge diariamente, dando permanente oportunidade ao ser humano de harmonizar-se com o seu Criador.

A Maçonaria aceita que o maçom, após sua morte física, adentra em um Oriente Eterno, local místico, situado em outro plano, totalmente desconhecido.

No momento da “desencarnação”, havendo lucidez, o maçom deve aguardar com ansiedade essa “passagem” de um estado de consciência para outro, mais real e sublime. 

Breviário Maçônico / Rizzardo da Camino, - 6. Ed. – São Paulo. Madras, 2014,

A LENDA DE HIRAM NÃO É A JORNADA DO HERÓI

Em 1949, Joseph Campbell publicou a sua obra seminal Hero with a Thousand Faces, na qual descreve um motivo que observou em muitos mitos relativos a heróis e missões heroicas.

 Este motivo da viagem do herói tornou-se tão prolífico e disseminado tão extensivamente que agora se apresenta como um arquétipo próprio irrelevante para o texto de Campbell, de tal forma que há um número surpreendente de pessoas que ignoram totalmente que a viagem do herói foi inventada em meados do Século XX por um professor do Sarah Lawrence College.

Hero with a Thousand Faces é de fato uma obra brilhante, que eu recomendaria a qualquer pessoa, embora tenha as minhas divergências com Campbell. O texto é um guia passo-a-passo através do motivo dos heróis e das suas missões por método comparativo.

Mas, em vez de iterar uma série de mitos na íntegra e depois apontar onde certos elementos do motivo se alinham, Campbell conduz o leitor através do motivo, elemento a elemento, e depois escolhe e retira cenas de uma grande variedade de mitos para demonstrar o motivo. À medida que o leitor avança no texto, Campbell constrói cada vez mais ideias e ideologias complexas, para que o leitor sinta que partiu numa demanda e que regressou fortalecido por ela.

No entanto, uma crítica que tenho a fazer a Campbell radica na sua abordagem junguiana da mitologia, nomeadamente ao levar o método comparativo um pouco longe demais para uma conclusão imprópria. Frequentemente, quando Campbell vê semelhanças entre duas coisas em termos de conteúdo, ignora o contexto e conclui que estão enraizadas no mesmo arquétipo inconsciente.

A professora Elizabeth Vandiver faz uma crítica semelhante a Campbell. Por exemplo, Vandiver salienta que, quando a Mulher Maravilha é uma mulher amazônica, Campbell acredita que as amazonas do Universo DC são mitologicamente iguais às amazonas dos antigos mitos gregos. Isto ignora completamente o contexto em que as duas amazonas estão a ser apresentadas.

Os gregos apresentam as amazonas como uma natureza feminina selvagem, indomável e indisciplinada que precisa de casamento e de homens para as acalmar e domesticar; as amazonas da DC são apenas mulheres fortes e poderosas de herança antiga. Não são a mesma coisa no contexto.

A Lenda Hirâmica é semelhante. À primeira vista, parece muito semelhante ao motivo da jornada do herói, mas há alguns elementos críticos que afastam Hiram Abiff de qualquer tipo de herói. Em primeiro lugar, e provavelmente a diferença mais notável, é o fato de Hiram morrer.

Simplesmente não é assim que a jornada do herói funciona. O herói deve regressar, e não apenas regressar vivo, mas deve trazer de volta uma dádiva ao mundo. Essa dádiva pode ser um objeto físico, como Prometeu que traz o fogo aos homens, ou pode ser mais uma compreensão e sabedoria para benefício dos outros, como Frodo e os seus três companheiros hobbits que regressam para salvar o Condado de Saruman. Hiram Abiff não faz nenhuma destas coisas. Ele simplesmente morre e apodrece.

Campbell apresenta uma série de acontecimentos que o herói irá realizar durante a sua aventura. Nem todos os mitos têm estes elementos. A viagem do herói não é realmente um verdadeiro motivo mitológico, mas sim um “monomito”, uma espécie de modelo em vários mitos e lendas, e por isso tem um certo grau de flexibilidade.

Campbell delineia dezessete elementos que são centrais à viagem do herói. Ora, se a Lenda Hirâmica preenchesse a maioria destes elementos, então poderíamos ter motivos razoáveis para dizer que é ou quase é uma viagem do herói, mas, segundo a minha avaliação, não preenche quase nenhum destes elementos, se é que preenche algum.

Em primeiro lugar, há o “apelo à aventura”, seguido de uma “recusa do apelo”. Hiram não faz nenhuma destas coisas. Hiram não faz nem uma coisa nem outra. É abordado e assediado para entregar os segredos de um Mestre Maçom, mas recusa.

No entanto, isto não é a mesma coisa que um chamamento e uma recusa à aventura. Isto significaria que o apelo à aventura é divulgar ilicitamente os segredos de um Mestre Maçom, o que não é muito virtuoso e, de fato, anularia todo o objetivo da lenda: a virtude de manter os segredos da nossa fraternidade.

De seguida, o herói recebe um ajudante. Odisseu tem a ajuda de Atena, Luke Skywalker tem Han Solo e C3PO e outros (a Guerra das Estrelas foi diretamente influenciada pelo trabalho de Campbell), o Rei Artur tem os seus cavaleiros, etc. Mas o pobre Hiram está sozinho. Depois, há “a travessia do limiar”, seguida de um ponto de não retorno, ou o que Campbell chama de “a barriga da baleia”. 

Sim… Hiram simplesmente morre e é desenterrado mais tarde e recebe um enterro adequado. Alguns argumentaram que a morte de Hiram e a ressurreição do seu corpo morto da sepultura é como Jesus ressuscitando dos mortos, ou Osíris sendo revivido (brevemente) e feito rei dos mortos, e outros deuses da morte e ressurreição, mas Hiram não se encaixa nesse motivo (o que é chamado de “deus vegetal”). Hiram não é ressuscitado. Apenas morre e o seu corpo é exumado. Não é a mesma coisa.

Eu poderia continuar, mas não vale a pena, porque vamos lidar repetidamente com elementos da jornada do herói que não se encaixam na Lenda Hirâmica (por exemplo, a “mulher tentadora”) e, em última análise, devemos concluir que Hiram não é um herói de forma alguma concebível. É simplesmente uma personagem trágica.

Dito isto, só porque a lenda não é uma jornada do herói, o Drama Hirâmico fornece o aparato para o candidato experimentar a jornada do herói. Isto é pedante, mas há uma diferença entre a Lenda Hirâmica e o Drama Hirâmico. É, antes de mais, um drama, e mais tarde é uma lenda. Como drama, é uma experiência para o candidato.

Como lenda, expõe valores esotéricos e interpretações à posteriori. Para o candidato, o drama é uma viagem. Sabe que não queria sentar-se no Sul. Sabia que algo se passava quando foi chamado para o Oriente. Que viagem, e sai-se do outro lado retificado. Para mim, senti-me verdadeiramente um homem novo depois de tudo isto e, ao contrário da pobre Hiram, não estava morto.

E tu, como Mestre Maçom recém elevado, és uma bênção para o Ofício, porque te tornaste outra pedra viva para espalhar a luz maçônica e o crescimento da fraternidade.

É pedante, mas é importante distinguir entre a Lenda Hirâmica e o Drama. Pessoalmente, sinto que a cena da morte de Hiram Abiff é muito mais poderosa como drama, porque é um aparelho transformador para cada Mestre Maçom recém-criado. Como lenda, torna-se apenas um ponto de partida para esotéricas e elaborações (ou confabulações) e para a proliferação de novos graus. Mas, como drama, permanece como um programa experimental. O drama pode ser modificado, e tem mudado ao longo das décadas, mas a essência do drama permanece: uma jornada heroica de transformação para os maçons.

Patrick M. Dey

Patrick M. Dey é um antigo Venerável Mestre da Loja Nevada nº 4, Nevadaville, Colorado, e serve atualmente como seu Secretário; é também um antigo Venerável Mestre da Loja Research do Colorado. É antigo Sumo Sacerdote do Capítulo Keystone nº 8, antigo Mestre Ilustre do Conselho Hiram nº 7, antigo Comandante da Comenda Flatirons nº 7. Atualmente, é o Exponente (Sufragante) do Colorado College, SRICF, do qual é Grau VIII (Magister).

É o Editor da revista Rocky Mountain Mason, faz parte do Conselho de Administração da Associação de Bibliotecas e Museus da Grande Loja do Colorado e é o Vice Grande Barman da Grande Loja do Colorado (um cargo ad hoc, de brincadeira, que tem muito orgulho em ocupar). Tem um mestrado em Arquitetura pela Universidade do Colorado, Denver, e trabalha na área da arquitetura em Denver, onde reside com a mulher e o filho.

Tradução de António Jorge, M M

Fonte

Blog Midnight Freemasons

 

 

 

 

 

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