segunda-feira, 16 de junho de 2025

GOB - HÁ 203 ANOS CONTRIBUINDO PARA O BEM-ESTAR E PROGRESSO DA SOCIEDADE


 

Ao longo da história da humanidade, poucas são as instituições públicas e privadas que ultrapassaram os séculos desenvolvendo suas atividades ininterruptamente com os mesmos princípios, valores e práticas desde a sua fundação.

Nós, Maçons do Grande Oriente do Brasil, sentimo-nos honrados e orgulhosos pela trajetória dos nossos antepassados, nestes 203 anos de fundação, dedicados ao trabalho em prol da sociedade brasileira e mundial.

Em nossa rica trajetória, passamos por grandes marcos na história como a Independência do Brasil, a Proclamação da República, as revoluções internas, as guerras nacionais e mundiais, a Abolição da Escravatura, os Movimentos Sociais e Democráticos das Diretas e tantos outros, assim como pelas grandes crises econômicas, político-sociais e sanitárias, como a pandemia do Covid-19.

O ideal de desenvolvimento humano pelas melhores práticas, ligado aos nossos princípios, filosofia e ensinamentos ritualísticos e culturais, por meio das ferramentas simbólicas, desde costumes antigos dos nossos ancestrais fundadores, no desbastar do nosso ser, vem contribuindo para a criação de grandes expoentes e líderes Maçons por todo o Brasil, desde 17 de junho de 1822, com a criação do Grande Oriente do Brasil, por José Bonifácio de Andrada e Silva e Joaquim Gonçalves Ledo, dois dos nossos maiores representantes.

Iniciamos nossa história buscando a liberdade de um povo e de uma nação, contribuímos para a formação de uma nação, traçamos metas e objetivos para uma sociedade mais justa e organizada, libertamos e lutamos contra a tirania da escravidão e democratizamos a nação através da República, dentre outros grandes feitos. Somos, na atualidade, a maior entidade social filantrópica do Brasil, quando reunimos todos os nossos esforços das Lojas Federadas e das entidades ligadas a estas e ao Grande Oriente do Brasil, sem contar nas atividades filantrópicas e beneficentes das Fraternidades Femininas e demais Entidades Paramaçônicas.

Do nosso seio, temos orgulho de dizer que saíram outras valorosas potências reconhecidas que, assim como o Grande Oriente do Brasil, contribuem grandemente para o desenvolvimento do Brasil, como as Lojas confederadas à CMSB e à COMAB.

Temos muito ainda a contribuir para a sociedade e hoje nossas lutas e conquistas são outras. Estamos vivendo momentos únicos na sociedade e como tal, juntos trabalhemos para construir uma sociedade justa e igualitária, de acordo com as necessidades atuais e os enfrentamentos da sociedade moderna.

Por tudo isso, o Grande Oriente do Brasil, com suas milhares de Lojas por todo o território nacional, estará sempre alerta e com propósito progressista, preparado para construir novas possibilidades, a fim de manter vivos nossos princípios e valores na sociedade, nas famílias brasileiras e junto às pessoas da nossa Pátria.

Viva o Grande Oriente do Brasil e seus 203 anos de Fundação!

Fraternalmente,

Ademir Cândido da Silva

Grão-Mestre Geral

Grande Oriente do Brasil

 

sábado, 14 de junho de 2025

O LÍDER MAÇÔNICO

TREINAMENTO PARA LIDERANÇA
A qualificação mais importante que um homem pode ter como líder maçônico e estar trabalhando bem com os outros. Não existe um caminho mais seguro para ter um tempo miserável como Venerável Mestre que você, e os irmãos que você deveria estar liderando, simplesmente não se estão dando bem juntos. Não há maneira rápida de aprender a trabalhar bem com o resto de sua loja ... é a parte mais difícil do trabalho (mas pode ser o mais divertido).

No entanto, existem passos que você deve tomar para ajudar a tornar o seu mandato como Venerável Mestre mais agradável.

A REGRA DE OURO...
A primeira regra é simples: tratar os outros como você gostaria de ser tratado. Chame-a Regra de Ouro. Chame-lhe o senso comum. Chame-lhe o que quiser, mas pelo amor de Deus, faze-o.

É um fato triste, que muitas vezes esta regra básica de conviver com os outros é observada na teoria, e não na prática.

É mais fácil falar sobre um irmão do que para falar com ele. É mais fácil pedir algo para ser feito do que fazer. E é apenas a natureza humana não nos preocupar com o que os outros estão precisando ... e se preocupar mais com o que queremos.

É preciso uma grande dose de trabalho, a cada passo do caminho. É a chave para ter outros ajudando-o, e não lutando contra você. Mesmo quando você tem um desentendimento com os outros, lembre-se as opiniões deles são importantes.

Seu ponto de vista não deve ser necessariamente o vencedor, pois eles merecem o mesmo tipo de respeito e tratamento que dão a você.

ETIQUETA OU EDUCAÇÃO COM O QUADRO DA LOJA...
O Loja ajuda você a viver com esta regra... ele fornece uma forma básica de etiqueta ou educação que ajuda a suavizar as manchas ásperas.
É a etiqueta do chão quadriculado, onde todos se reunirão em nível de igualdade, e no prumo de retidão e lealdade negocial, e na praça das ações morais entre nós e com o mundo exterior da loja.

As ferramentas de trabalho são mais do que meros pedaços de metal brilhante. Eles são as regras pelas quais viver, e pelos quais vai operar a sua Loja.

Esta etiqueta dita que, embora o Venerável Mestre possa ter a responsabilidade de ver a Loja funcionar bem, ele está trabalhando para os irmãos. Deram-lhe o cargo e esperam que ele se lembre deles quando ele toma as decisões.

O segredo é este: o Venerável Mestre só pode fazer o que, no final, o resto dos membros quer que ele faça, nada mais e nada menos.

Esta etiqueta dita que cada pessoa deve ser chamada de "Irmão". Use isso com frequência. . . ele tem um propósito e não usar este título torna a nossa fraternidade algo menos do que aquilo que é.

Etiqueta exige que cada irmão seja tratado com cordialidade e respeito, embora às vezes isso seja difícil.

A etiqueta é uma outra palavra para educação. Não falar durante as sessões de trabalho. Não fumar (e essa é a lei) durante a parte de grau da reunião. E com títulos próprios, (irmão, Venerável Irmão etc.)

Isso significa começar a reunião no horário, e como Venerável Mestre, mantendo se atento. . . e isso às vezes significa "desligar" a distração.

A etiqueta da Loja deve dar a cada Irmão seu devido respeito, automaticamente. Parece fundamental, mas poucas Lojas conseguem realmente seguir os ditames de etiqueta e até mesmo alguns Mestre tem dificuldade nisso.

Trabalhando bem com os outros significa que, como Venerável Mestre, você deve ser capaz de motivar os outros. . . se não a seus desejos pessoais, pelo menos sobre o que é melhor para a Loja.

Autor/Postado por: Fonte: Educação Maçônica para o Século 21. Texto original em inglês: The Masonic Leader

 

quarta-feira, 11 de junho de 2025

SOIS MAÇOM?


 

Como se sabe, existem na maçonaria algumas formas de identificação e de reconhecimento que às vezes, apenas servem para tais finalidades, quando, no seu sentido abrangente, poderiam representar muito mais.

Quando um maçom quer saber se outro indivíduo também o é, ao invés do sinal ou do toque convencionais, usa a seguinte pergunta na segunda pessoa do plural: S.´.M.`.?

Como aquele que é assim interpelado já tenha passado pelas provas de uma iniciação maçônica e, tenha realmente visto a luz, sua resposta invariavelmente será: M..I..C..T..M.`.R..´.

Aqui é que surge a nossa grande dúvida, porque estamos querendo saber não somente se os irmãos o reconhecem.´. e sim, se ele é realmente um verdadeiro maçom. Uma coisa é o irmão reconhecê-lo como maçom de direito; outra coisa é reconhecê-lo de fato e de direito.`.

O que seria um maçom de direito ou um maçom de fato e de direito? No primeiro caso, basta que seja iniciado e mantenha atualizadas suas obrigações legais para com a sua Loja. No segundo caso, além de também estar de acordo com as exigências anteriores, ele terá que congregar inúmeros outros requisitos.

No nosso modesto entendimento, não basta ser maçom para os outros, como uma vitrine, ser visto na sociedade e por ela como mais um membro da Maçonaria e sim, ser possuidor de todos aqueles requisitos morais e espirituais, relegando até a planos inferiores, as necessidades materiais.

O maçom tem uma enorme responsabilidade quando responde M..I..C..T..M.. R.. Será que os irmãos o reconhecem realmente ou será que somente fazem uso de uma resposta óbvia utilizada no meio maçom? Será que muitos daqueles irmãos que você diz reconhecerem-no como tal, não gostariam de corrigir as suas respostas e dizerem: “seus irmãos sentem-se envergonhados por assim reconhecê-lo”.

Muitas vezes eles não o fazem por questões outras e isso, a nosso ver é prejudicial à Maçonaria, porque é nela e por meio dela que procuramos a verdade no seu mais amplo sentido ético e filosófico.

Poderiam nos perguntar... o que é ser um verdadeiro maçom? 

Apesar de não se ter uma receita para isto e, serem certos valores discutíveis, poderíamos responder a tal pergunta com algumas outras, como por exemplo. Sois bom filho? Sois bom pai e bom chefe de família? Sois um bom esposo? Respeitais os vossos filhos e vossa esposa como gostaríeis de serdes respeitado? Ajudais aos outros de forma desinteressada e procurais os vossos irmãos maçons no infortúnio? Alguma vez, fizestes alguma coisa para minimizar o sofrimento de uma viúva ou de um órfão? Procurais realmente, cavar masmorras ao vício?

Será que diante de uma linda mulher ou mesmo pelo fato de terdes uma oportunidade para uma aventura, ainda que discreta aos olhos dos outros, seríeis um verdadeiro maçom ou faríeis como aquele que certa vez nos disse? “Aqui eu não engano a minha esposa, este lugar é muito pequeno e todos poderiam ficar sabendo. Eu levo a outra para Belo Horizonte, para Juiz de Fora ou para o Rio de Janeiro”.

Será que este pseudo-maçom teria a capacidade de ir a Belo Horizonte ou a qualquer outro lugar, satisfazer o seu e o desejo da outra e lá também deixar a sua consciência? Achamos impossível pois, ainda que isto para muitos não tenha sentido, a consciência é um duro e muitas vezes implacável juiz de nós mesmos; ela em alguns casos chega a doer uma dor tão profunda que nenhum remédio poderá a medicina jamais oferecer para minorá-la.

Assim, meus caríssimos irmãos, fizemos este apanhado de palavras que poderão ou não vos atingir. Porém, ainda que não tenhais sido atingidos, reflitais sobre vossos atos. Não estamos aqui querendo julgar irmãos. O que na verdade gostaríamos de ouvir quando perguntarmos a alguém se S.. M.. é que nos respondesse: M..I..C..T..M..R.. porque sou um verdadeiro maçom e não apenas como tal...

Meus estimados irmãos, a Maçonaria em quase tudo, nas suas frases, nos seus emblemas, símbolos e alegorias sempre estará nos conclamando à reflexão. Reflitamos e sejamos um símbolo vivo dessa Ordem que nos dá força para enfrentar um mundo às vezes, confuso e conturbado, onde os verdadeiros valores estão sendo a todo momento questionados e colocados em dúvida.

Se quisermos uma força atuante, uma Maçonaria vibrante em todos os sentidos, que procuremos ser, encontrar e conviver com verdadeiros maçons.

Adalberto Rigueira Viana

Ir.´. Adalberto Rigueira Viana, Membro correspondente da Loja Fraternidade Brazileira

segunda-feira, 2 de junho de 2025

DEIXE A MAÇONARIA ENTRAR NO SEU CORAÇÃO

Estamos e vivemos em constante observação, observando e sendo observado, todos que aqui estão hoje, foram observados por olhos de algum irmão que em algum momento os escolheu, isso tudo antes de iniciar qualquer processo, buscam enxergar no profano um perfil que faça sentido para sublime ordem, são lidos pregões, sindicâncias, até o ingresso ser enfim feito.

Ouvimos com uma frequência grande em loja, DEIXE A MAÇONARIA ENTRAR EM VOCÊ MEU IRMÃO, a Maçonaria fazer o processo de entrar no irmão, pode se manifestar de diversas formas, desde doses homeopáticas, a doses mais generosas.

Mas deixar a Maçonaria entrar é fácil?

É só tomar a decisão de deixar entrar e deu?

Diria que a Maçonaria escolhe qual porta bater para entrar, que não é só abrir a porta pra ela, a casa tem que estar limpa, perfumada, com as coisas no seu devido lugar, nossa casa precisa ser uma casa com moral, com bons costumes, com ética, com os valores da família e com condições de receber a Maçonaria, que nos traz os ensinamentos de como percorrer os caminhos até ao nosso ingresso no Oriente Eterno.

Deixar a Maçonaria entrar é muito mais que a presença no templo, muito mais que fazer e apresentar trabalhos, que ocupar cargos e colocar a mão vazia no tronco.

É viver a caminhada, vivenciar as coisas entendendo o motivo real delas acontecerem, fazendo essa caminhada com fraternidade, humildade e muita caridade.

Batem à porta da Maçonaria irmãos de todos os credos, e todos livres e de bons costumes são aceitos, a Maçonaria abre a porta pra esses irmãos, os recebe acreditando que os seus ensinamentos farão com o que o iniciado tenha o seu desbaste em medidas justas e perfeitas.

Mas ser livre é de bons costumes nos dias de hoje é o suficiente?

A sociedade cada vez mais nos impõe barreiras, onde a todo o momento o Maçom deve estar atento, pois os desvios de moral, ética e verdade estão presentes todos os dias e são propostos por essa sociedade cada vez mais hipócrita e que os bons costumes já não se valorizam.

Jamais devemos confundir livre de liberdade, que é p grau de independência legítimo de um cidadão, com livre de libertinagem que é a indisciplina. Bons costumes, da moral, ética e família, com bons costumes da visão da sociedade, que prega o status, luxúria e ganância.

Para aqueles que estão somente de corpo presente na ordem, que não levam os trabalhos na sessão com seriedade, não honram o local onde lhes é a parte principal do desenvolvimento como ser humano, já não é suficiente ser só livre e de bons costumes, a cartilha deveria ser outra.

Mas o texto se chama DEIXE A MAÇONARIA ENTRAR EM VOCÊ, remetendo a isso, qual a possibilidade do irmão, depois de ter adentrado a porta da ordem, adquirir a suficiente sabedoria que a Maçonaria pode propiciar?

Acredito veementemente que a Maçonaria escolhe a porta do irmão que está preparado para receber ela, ela não bate e nem entra em qualquer um, diria que ela é tão perfeita que nem bate à porta, pois o templo interior, limpo, adornado com amor, está sempre pronto para receber o que de melhor ela tem para transmitir, a Maçonaria é seleta, a Maçonaria é sublime, a Maçonaria não admite que irmãos de alma vazia, sejam agraciados com o perfume que ela emana, com a sabor que ela tem e com as frases que soam como música para trazer sabedoria.

Pergunto, a Maçonaria entrou em você meu irmão?

Temos feito o quê, para isso acontecer?

O nosso templo interior como está? Limpo e pronto, ou sujo e vergonhoso?!

Mateus Hautt Nörenberg, C:. M:., CIM 26414 – Loja Hiram Abiff 535, GORGS, POA, REAA

 

 

quinta-feira, 29 de maio de 2025

A EXALTAÇÃO DO COMPANHEIRO AO GRAU DE MESTRE MAÇOM E A INFLUÊNCIA DA CABALA NA MAÇONARIA


 

Na Maçonaria, o rito de passagem do grau de Companheiro ao de Mestre representa um dos momentos mais significativos na trajetória do iniciado. Este avanço não é apenas uma elevação simbólica, mas uma verdadeira transformação espiritual e intelectual, marcada por ritos e ensinamentos que remontam a tradições ancestrais.

O Companheiro, ao ser exalçado a Mestre Maçom, é convidado a meditar sobre o mistério da vida, da morte e da imortalidade. O ritual da exaltação destaca-se pelo simbolismo do desaparecimento do Mestre Hiram Abiff, um arquétipo do sacrifício, da virtude e da transmissão do saber.

O neófito, ao vivenciar esta cerimônia, compreende que a verdadeira mestria está na contínua busca pelo aperfeiçoamento interior, na superação das paixões e na dedicação ao serviço da humanidade.

No grau de Mestre, os símbolos e alegorias tornam-se mais complexos, exigindo do iniciado maior capacidade de interpretação e introspecção. Este grau é considerado um ponto de maturidade espiritual, onde se inicia o entendimento mais profundo dos Mistérios Maiores da Maçonaria.

A Cabala e a Maçonaria

Dentro deste percurso iniciático, a Cabala — tradição mística judaica — exerce uma influência relevante. A Maçonaria, especialmente nos seus graus filosóficos e esotéricos, adotou diversos elementos da Cabala como instrumentos de reflexão e interpretação simbólica.

A Árvore da Vida, com suas dez sefirot (esferas), é um dos principais símbolos cabalísticos incorporados à Maçonaria. Ela representa a estrutura do universo, o caminho da criação e, também, o percurso espiritual que cada maçom deve trilhar para alcançar a iluminação.

Assim como na Cabala, na Maçonaria há uma progressão gradual de graus e conhecimentos, que correspondem a etapas do desenvolvimento espiritual do ser humano.

Outro elemento cabalístico presente na Maçonaria é o uso das letras hebraicas, dos números e da geometria sagrada. A tradição cabalística ensina que cada letra possui um valor místico e um significado oculto, que, quando bem compreendido, revela verdades profundas sobre a criação e o destino humano. Na Maçonaria, estas chaves interpretativas são aplicadas aos símbolos e rituais, enriquecendo ainda mais a experiência iniciática.

Por fim, a Cabala oferece à Maçonaria uma visão do cosmos como uma unidade ordenada, onde o homem é convidado a colaborar com a obra do Grande Arquiteto do Universo, aperfeiçoando-se moral e espiritualmente para contribuir com a harmonia universal.

Autor Ir. Verdiomar

 

 

quarta-feira, 21 de maio de 2025

A PALAVRA NA MAÇONARIA


 

“A palavra é de prata e o silêncio é de ouro” (Provérbio chinês)

Muito se tem questionado sobre o uso da palavra na Maçonaria, principalmente em relação aos Aprendizes. Algumas Lojas têm por norma não conceder a palavra ao Aprendiz, por constar nas nossas lições que “simbolicamente” ele deve permanecer em absoluto silêncio, cabendo-lhe somente ouvir e observar.

Recorrendo ao ilustre Irmão José Castellani, em seu livro “Consultório Maçônico” – Volume VIII – Editora A Trolha, ele afirma textualmente, que:

“…essa proibição não é constitucional nem regimental. Tradicionalmente, sabe-se que as sociedades iniciáticas, geralmente de cunho religioso, os Neófitos limitavam-se durante certo tempo, a ouvir e aprender.” 

“Era o caso do Mitraísmo persa – culto do deus Mitra, o Sol – que era composto de sete etapas; na primeira o neófito era o Corvo, porque o corvo, no Mitraísmo, era o servo do Sol e porque ele pode imitar a fala, mas não criar ideias próprias, sendo assim, mais um ouvinte, do que um participante ativo. Idem para as Escolas Pitagóricas, onde existiam três etapas: Ouvintes, Matemáticos e Físicos.”

“…em Maçonaria, todavia, não existe essa tradição, mas, sim, o Simbolismo. Ou seja, simbolicamente, o Aprendiz é uma criança, que não sabe falar, mas só soletrar. Isto é simbólico e não pode ser levado ao pé da letra. O Aprendiz pode e deve falar em assuntos inerentes ao seu Grau, ou nos que interessem a comunidade, de maneira geral.”

Entendamos, de uma vez, que o Aprendiz Maçom não usa da palavra em Loja, por lhe faltar capacidade da oratória, mas, sim para observar o cumprimento de um período de silêncio, que é de fundamental importância para o seu aperfeiçoamento. É no silêncio que o Aprendiz vai se livrando das asperezas da Pedra Bruta que é ele próprio. O silêncio é o primeiro salário que a Loja lhe concede, é uma ferramenta que, sabendo utilizá-la, muito contribuirá para o seu aprimoramento.

Para os que já estão na senda, desde longas datas, recomenda a razão que o Maçom, seja qual for o grau que ostente, deve refletir e ouvir a voz da consciência, antes de fazer um pronunciamento.

Em todos os momentos moldamos nosso destino de conformidade com a nossa consciência, sendo o pensamento o principal alicerce de toda a criação.

Quando externamos o pensamento através da palavra, automaticamente lançamos uma centelha energética que viabilizará o processo criativo. Através da fala criamos uma vibração que faculta uma melhor aceitação daquilo que estamos pensando. Precisamos, pois, ter ciência da importância da palavra proferida. Se assim não procedermos, poderemos estar criando situações embaraçosas e alimentando acontecimentos indesejados.

Sejamos mais objetivos em nossos pronunciamentos; que nossas palavras sejam alentadoras, que expressem o nosso zelo e amor, ao contrário dos que, infelizmente, carregam acirradas críticas, inconformismo, insatisfação, sem contribuir para o crescimento da Loja e da nossa Ordem.

Mudemos nossa postura como tribuno. Falemos de coisas boas, mesmo que sejam apenas perspectivas, ou então voltemos à condição de Aprendiz, permanecendo em silêncio, demonstrando sabedoria.

Autor: José Airton de Carvalho

Zé Airton é Mestre Instalado da ARLS Águia das Alterosas Nº 197 (GLMMG) – Belo Horizonte/MG; Membro da Academia Mineira Maçônica de Letras (Belo Horizonte/MG), Membro Fundador e Ex-Venerável da Loja Maçônica de Pesquisas “Quatuor Coronati” Pedro Campos de Miranda (GLMMG); Fundador e Ex-Presidente da Escola Maçônica “Mestre Antônio Augusto Alves D’Almeida” (GLMMG); Membro Correspondente Fundador da ARLS Virtual Luz e Conhecimento Nº 103 (GLEPA); Membro Correspondente da ARLS Virtual Lux in Tenebris Nº 47 (GLOMARON); Membro Correspondente da Academia Maçônica Fluminense de Letras (RJ); Membro Correspondente da Academia Maçônica de Letras de Piracicaba (SP); Membro Correspondente da Loja de Estudos e Pesquisas Luz e Saber Nº 187 (GLMERJ). e um grande incentivador do blog.

 

quarta-feira, 7 de maio de 2025

A SALA DOS PASSOS PERDIDOS


 

Nas nossas deliberações, especificamente nas instruções que são ministradas no Grau de Aprendiz Maçom, vemos toda a simbologia e significado do nosso Templo. Porém existe muito mais. É por isto que é preciso pesquisar para interpretarmos a simbólica da Maçonaria. É nisto que reina o Espírito investigativo que o Maçom deve ter.

Neste caminho chegaremos ao Esoterismo Maçônico, que muitas das vezes é tão ausente nos nossos dias, nas nossas interpretações.

Comecemos pela Sala dos Passos Perdidos, a antessala onde os Irmãos são recepcionados, se cumprimentam, confraternizam e aguardam o momento de entrarem no Templo. Esta Sala também possui um significado simbólico, pois é em essência a nossa presença fora do Templo, preparando-nos junto ao Átrio – onde fica o assento do Irmão Cobridor – para iniciarmos os nossos trabalhos maçônicos.

Como bem sabemos, a Maçonaria é universal e o universo é uma imensa oficina, logo o nosso Templo Maçônico é a representação do universo, do cosmos. Neste sentido, quando estamos trabalhando maçônicamente falando, estamos reunidos num ideal Justo e Perfeito. Estamos por assim dizer dentro de um espaço sagrado, numa Oficina de Aperfeiçoamento Iniciático.

Quando estamos fora do Templo, na nossa vida quotidiana, ou seja, na nossa vida “extrassensorial”, estamos vagando pelo cosmos de forma ampla, onde o Maçom pode encontrar da boa ou da má sorte, onde pode experimentar da taça doce ou da taça amarga. Neste obstante, a Sala dos Passos Perdidos simboliza que o Maçom fora do Templo, pode se perder…

Ao analisarmos a expressão: “Sala dos Passos Perdidos”, logo se percebe em primeira vista a estranheza da expressão – que parece ser um local onde se caminha sem chegar a lugar algum. Contudo, esta expressão, em maior aprofundamento simbólico, significa o espaço perdido do cosmos, a que comumente chamamos de mundo profano.

Além disto, devemos estar cada vez mais conscientes de que A Sala dos Passos Perdidos é um recinto também de reflexão, onde devemos – no mínimo – pensar sobre o seu Real Objetivo: o de representar o mundo lá fora, com os seus eventuais perigos e infortúnios. Para combater estes perigos e mazelas, o Maçom deve sempre armar-se de espada, e estar pronto para guerra: para lutar contra a ignorância, os preconceitos e erros! lutar em prol do Direito, da Justiça e da Verdade, a bem da Pátria e da Humanidade!

Este comum objetivo da Arte Maçônica pode parecer coisa utópica para muitos, mas nunca será para o Maçom verdadeiramente iniciado, pois neste reinará à chama da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade; neste viverá a vontade e a motivação de se tornar um homem melhor, de se aperfeiçoar sempre e de ser um bom exemplo de valores tão nobres e ao mesmo tempo tão ausentes mundo afora.

Ademais, a Sala dos Passos Perdidos é essencialmente a concentração de um exército marchando para o treino – pois como sabemos, a nossa ritualística e doutrina treina-nos, mas é lá fora – no mundo dos passos perdidos – é que realmente “testaremos” a nossa capacidade de colocarmos em prática tudo quanto aprendemos enquanto maçons.

Esta Sala simbólica é, portanto, um ambiente altamente maçônico, digna de ser estudada e mais bem compreendida, pois o seu significado pode encontrar raízes esotéricas profundas, alimentando assim o nosso espírito com grandes conhecimentos.

Não é por acaso que nenhum Templo Maçônico pode ser consagrado sem que esteja presente a antessala simbólica, ou seja, a sala dos passos perdidos! Se esta sala existe é porque tem razão se ser, e o seu significado não pode ficar a esmo.

Entretanto, ao transpormos o Portal do Templo, aí sim, não se têm mais passos perdidos; daí aparecem os verdadeiros objetivos da Arte Real Maçônica os quais conhecemos entre colunas. No Templo a atmosfera deve ser de Amor, de União, da Verdade e da Justiça formada por corações ávidos das mesmas esperanças, sequiosos de idênticas aspirações, porque sem esse raciocínio de ação, sem essa elevação, sem essa energia, poderá existir quando muito em “grupos de homens” e nunca, porém, na Maçonaria.

Meditemos sobre isso, meus Irmãos!

Por Danilo da Silva Gomes, M M

 

quarta-feira, 30 de abril de 2025

A ALMA E A SUA EXISTÊNCIA


 

A busca da verdade passa pela questão da existência da alma. A resposta a esta questão colocou em campos opostos filósofos do quilate de Hume, Hamilton, Stuart Mill, Taine, que admitiam que a alma se reduzisse a um grupo de sensações, de ideias, de emoções, etc. Como dizia Broussais, “o homem racional não pode admitir a existência de uma coisa que não seja percebida por algum dos sentidos”. Dizia ainda Broussais que o cérebro é a causa e o princípio do pensamento e, por conseguinte, o espírito é uma hipótese inútil.

Mas, sendo o cérebro composto de células, que se renovam a todo o instante como, aliás, em todo o corpo, se no homem existem apenas fenômenos sucessivos, sem um laço que ligue o passado ao presente, como então se explicam o hábito, a associação de ideias e a memória?

Deste modo, é forçoso admitir que existe em nós uma realidade que independe do cérebro, que é a sede das nossas mudanças psicológicas, e que é também a causa dos atos que praticamos. A esta realidade, chamamos de alma.  Se existe a alma, qual será a sua natureza? Será espírito, ou será matéria? O espiritualismo defende a distinção da alma do corpo; o materialismo, só admite a existência do corpo e da matéria. No homem, ocorrem fenômenos quantitativos, como a digestão, a circulação etc. e fenômenos qualitativos, só percebidos pela consciência, como a alegria, o pensamento, ou o remorso.

Assim sendo, existe no homem uma substância extensa, divisível e palpável, que é o corpo, e uma outra substância simples, perceptível somente pela consciência, a alma.

A alma é una, e o homem, por ter só uma alma, comprova a sua unicidade. Ela não é única só numericamente, mas é una também por ser simples e indivisível. Enquanto todas as células do corpo se renovam em um curto período de tempo, isto é, o corpo muda em substância, a alma permanece sempre idêntica a si mesma, não havendo mudanças no nosso Eu ao longo do tempo, que permanece o mesmo, tanto no passado quanto no presente. É esta imutabilidade da alma que confere a identidade ao homem.

A ESPIRITUALIDADE DA ALMA
O ser espiritual é aquele que existe independente da matéria e das suas condições de ser e de operar.

É fato que a alma está unida ao corpo, e que exige o concurso dos órgãos dele, para realizar as suas operações sensitivas. Apesar disso, também é fato que a alma é independente do corpo nas suas funções intelectuais. Deste modo, a alma pensa e quer sem o auxílio destes órgãos. Podemos assim concluir que a alma não está completamente imersa no corpo, que é independente dele sob diversos aspectos, e que, por conseguinte, é um ser espiritual.

Dizia Aristóteles que um ser se conhece por suas operações. Ora, a nossa alma forma ideias, e a ideia é imaterial. Em consequência, a inteligência, a faculdade do pensamento, também é imaterial. Deste modo, a alma, que opera pela inteligência, é imaterial pela mesma razão. Enquanto a matéria é indiferente à inércia ou ao movimento, isto é, ao determinismo, a alma, ao contrário, é livre para operar ou não, para resistir ou ceder aos impulsos da sensibilidade, isto é, a alma goza do livre arbítrio.

Conclui-se assim que a alma é simples, é idêntica a si mesmo, e é espiritual, necessariamente distinta do corpo, que é composto, mutável e material.

A ALMA, O FÍSICO E A MORAL
A simplicidade e a espiritualidade que caracterizam os fenômenos da inteligência impedem que afirmemos que o cérebro – substância material e em constante mutação – seja a verdadeira causa do pensamento. Por outro lado, a inteligência necessita para se expressar, para o seu funcionamento normal, de um cérebro saudável.

Deste modo, o cérebro nada mais é do que o instrumento material de que se vale o espírito, imaterial, para expressar os seus pensamentos. Aristóteles notou que pensamos sem órgãos, que o entendimento não está ligado a nenhum órgão corporal, e que pode trabalhar e existir separado do corpo.

Ocorre que, em nosso estado atual, nunca pensamos sem imagens, e a imaginação depende diretamente do sistema nervoso. Daí que o pensamento e a inteligência dependem indiretamente do corpo, e em particular do cérebro. Assim se explica a desordem na inteligência proveniente de uma lesão cerebral; não porque o entendimento tivesse sido atingido, mas porque essa lesão determina uma perturbação na imaginação, e as imagens extravagantes chamam ideias discordantes e incoerentes.

Se um louco pudesse ter transplantado o cérebro lesado por um outro que fosse são, com certeza pensaria de modo correto. Isto porque a desordem e a deterioração dos órgãos não lesam a inteligência em si mesma, mas somente a privam das condições e meios requeridos para o seu funcionamento normal. Pode-se dizer que o cérebro é a interface entre o espírito e o mundo material.

A UNIÃO DA ALMA E DO CORPO
Aristóteles, S. Tomás e a maior parte dos espiritualistas não admitem no homem dois princípios de vida. Afirmam que além da sua atividade consciente e psicológica, a alma inteligente possui também a faculdade de presidir às funções fisiológicas. Desta maneira, a alma seria o único princípio de toda a atividade vital do homem, da sua vida vegetativa e sensitiva, e de sua vida propriamente espiritual.

Já vimos que a correlação íntima que existe entre as diversas operações da alma pensante (sensibilidade, inteligência e vontade), prova a unidade substancial do princípio de onde elas se originam. Esta mesma correlação se verifica entre as operações psicológicas e as funções orgânicas.

Uma comoção violenta da alma faz parar a circulação do sangue, o medo paralisa, e a confiança sustenta as forças físicas; o trabalho intelectual intenso retarda a digestão, etc.; poder-se-ia citar numerosos fatos que provam a influência do físico no moral, e reciprocamente. Demonstrada a união da alma e do corpo, como se faz esta união? O corpo não existe antes da sua união com a alma. Da alma, o corpo recebe a sua unidade, a organização, a vida e atividades próprias, numa palavra, tudo o que faz dele o ser humano.

Assim, o corpo apenas se separa da alma pela morte, quando perde todos estes caracteres, todas as suas determinações específicas, dissolvendo-se nos elementos químicos de que foi formado. Quanto à alma, sem dúvida que existirá separadamente do corpo, vivendo a sua vida espiritual, mas, sem o corpo, não mais poderá exercer as faculdades que exigem o concurso dos órgãos corporais, como a sensibilidade, a percepção externa e a imaginação.

Deste modo se conclui, com Aristóteles, que o corpo é a matéria, e a alma é a forma, e que a união do corpo com a matéria forma um todo verdadeiro e substancial. É esta união no ser que faz da alma e do corpo um só princípio de ação, que faz com que não haja ação humana na qual o corpo não faça a sua parte, nem tão humilde e material que não repercuta na alma. É este o princípio que coloca em xeque o racionalismo de Descartes, expresso na frase: Penso, Logo, Existo.

A IMORTALIDADE DA ALMA
Com a morte, o corpo se dissolve. Acontecerá o mesmo com a alma e morreremos inteiramente? O que é a imortalidade?

A imortalidade consiste na sobrevivência substancial e pessoal do eu, na identidade permanente da alma, que conserva as suas faculdades de conhecer e amar, sem as quais não há felicidade humana. Após a morte, a alma mantém a consciência da sua identidade, com as lembranças e responsabilidades do seu passado, sem as quais não poderia haver nem recompensa nem castigo – em uma palavra – não existiria o princípio da justiça divina. A metafísica demonstra que a alma é imortal por sua natureza incorruptível. A razão para a sua sobrevivência após a morte do corpo é demonstrada pelo argumento moral. Que esta sobrevivência é indefinida e ilimitada, prova-o o argumento psicológico.

O corpo se desagrega e se dissolve logo que se separa do seu princípio de unidade, da sua forma substancial que é a alma. Pelo contrário a alma, sendo como é, metafisicamente simples e espiritual, não pode decompor-se nem se desagregar. Não morre, pois, com o corpo. Este é o argumento metafísico da imortalidade da alma.

Se há Deus e lei moral, a justiça exige absolutamente que o crime seja punido e a virtude seja recompensada. Neste mundo, nem a natureza, nem a sociedade, nem a própria consciência dispõem de sanções suficientes para recompensar plenamente a virtude ou punir adequadamente o vício; é necessário, portanto, que haja outra vida onde a justiça seja plenamente satisfeita, e a ordem seja restabelecida. Este é o argumento moral, que demonstra a sobrevivência da alma, mas não prova que esta existência seja ilimitada na sua duração.

O argumento psicológico, que prova a perseverança indefinida da existência da alma humana depois da morte, assenta sobre o princípio de que Deus não pode, sem se contradizer a si próprio, dar um fim a um ser, sem lhe dar os meios de o atingir. Tudo na natureza do homem prova que ele é criado para atingir a felicidade perfeita; mas é evidente que não a pode alcançar neste mundo, e que deve haver uma outra vida onde a possa obter. E como por outra parte não existe felicidade completa sem duração ilimitada, segue-se que essa vida futura não pode e não deve ter limites.

O ser humano aspira a um objeto infinito, a uma verdade, beleza e bondade absolutas, cuja posse nos deve fazer felizes. Nossas faculdades superiores possuem capacidade ilimitada, que não se pode satisfazer completamente fora deste bem infinito, que não é outro senão o próprio Deus.

Fizestes-nos para Vós, Senhor, e o nosso coração está inquieto até que descanse em Vós (Santo Agostinho)

Mas, o que encontramos neste mundo que apague esta sede de felicidade do homem, que preencha o vazio deste coração criado para o infinito? A natureza é tão limitada e o mundo tão pequeno; esta vida é tão curta e a realidade tão imperfeita! Queremos amar, queremos viver o mais possível, e por toda a parte só encontramos obscuridade, decepção, sofrimento e morte. Assim, é evidente a total desproporção entre os nossos meios e as nossas necessidades.

Logo, se há um Deus sábio e justo, esta contradição não pode ser definitiva; deve haver outra vida onde se restabeleça o equilíbrio entre o que desejamos e o que podemos, uma vida em que sejamos perfeitamente felizes. A duração ilimitada da imortalidade é evidente que constitui o elemento essencial da felicidade completa; não se pode gozar plenamente um bem quando receamos perdê-lo. A incerteza dói tanto mais quanto maior é o bem possuído. Como diria Marco Túlio Cícero:

Si amitti vita beata potest, beata esse non potest
(Se se pode perder a vida feliz, já não se pode ser feliz)

Logo, a vida futura da alma, a imortalidade, não tem fim, é infinita e ilimitada, e a sua tendência natural é a prática da virtude, em conformidade com os desígnios do seu criador, Deus.

Bibliografia
Aristóteles
J.J.Rousseau
S. Tomás de Aquino
Espinosa
Jonh Stuart Mill
S. Agostinho
Bergson

ANTÓNIO ROCHA FADISTA
M.’.I.’., Loja Cayrú 762 GOERJ / GOB – Brasil


quinta-feira, 24 de abril de 2025

A ELIMINAÇÃO DE UM MAÇOM

 

A eliminação é um ato de banimento definitivo da Ordem Maçônica, após um julgamento previsto pelos códigos e constituição maçônicos.

Antes da eliminação geral e definitiva, o maçom deverá ser excluído do quadro de sua Loja; após o Grão-Mestre homologará o ato e fará a comunicação ao “mundo maçônico” sobre aquela eliminação.

Esotericamente, porém, nenhum maçom poderá ser eliminado, porque a Iniciação é ato in aeternum; sendo a Iniciação um “novo nascimento”, é obvio que ninguém poderá ter esse nascimento eliminado!

O maçom que incorre em falta, grave ou não, deve ser julgado, mas a sentença jamais chegará à eliminação, que simboliza a “morte maçônica”, o que é ato impossível.

O maçom, como Iniciado, passa a ser “parte” espiritual dos outros maçons. Como eliminar, então, parte de si mesmo por que essa parte pecou?

O bom pastor deixa as 99 ovelhas em segurança no aprisco e sai em noite tempestuosa enfrentando riscos em busca da centésima ovelha perdida; encontra-a e carinhosamente a leva ao aprisco, onde as outras 99, aflitas, rejubilam-se pelo retorno daquela que acreditavam morta.

Jamais devemos, levianamente, julgar um irmão; é preciso que a falta tenha sido na realidade grave; nesse caso é de se recomendar a auto eliminação, quando então o maçom faltoso adormecerá para algum dia, retornar ao aprisco.

 

Breviário Maçônico / Rizzardo da Camino, - 6. Ed. – São Paulo. Madras, 2014, p. 133.

 

quarta-feira, 23 de abril de 2025

SOMOS TODOS IRMÃOS


 

Somos todos irmãos perante Deus esta é a única certeza que devemos ter, independente de que posição ocupamos na Terra e qual é a cor muito menos qual é a crença o Deus é um só, aquele que ampara, consola e ama indistintamente cada um de seus filhos.

Sejamos gratos pela oportunidade de estamos reunidos para juntos nos ajudarmos uns aos outros e assim buscarmos o crescimento do espírito.

Somos todos irmãos e por isso devemos ter sempre em mente que cada um tem um jeito de ser e por tantas diferenças é que devemos trabalhar em nós a compreensão, tolerância, paciência e principalmente o amor, sim o amor aquele que tudo supera e tudo vence.

Ser compreensivo com aquele que passa por momentos difíceis é prova de que estamos no aprendizado desta grande família Universal que a cada dia nos ensina que sem o amor e a caridade nada pode ser feito.

Todos sem exceção precisamos uns dos outros não atingiremos a evolução sozinhos, por isso a união de forças é extremamente importante para vivermos em harmonia uns com os outros.

Acolha seu irmão mais necessitado e verá o quanto pode fazer para melhorar tudo a sua volta, não se deixe levar pelo egoísmo distribua gentileza por onde passar, as maiores mudanças acontecem pelo exemplo.

Jamais despreze aquele que lhe pede ajuda este é a sua aula de crescimento e amadurecimento espiritual.

Lembre-se somos todos irmãos e nessa comunhão de amor e caridade para com o outro é que vamos buscar a verdadeira evolução das virtudes como a humildade, a caridade e o amor incondicional.

 

quinta-feira, 17 de abril de 2025

PÁSCOA – O QUE UM MAÇOM DEVERIA SABER


 

Introdução

Dentro da estrutura doutrinária oriunda dos Ritos e Trabalhos maçônicos da Moderna Maçonaria, indubitavelmente, além de todo o corolário simbólico, tanto autêntico como especulativo, existem outras características ligadas diretamente à proposta de aperfeiçoamento haurida das manifestações do pensamento humano em geral dado ao fundamento eclético que identifica a Sublime Instituição.

Nesse sentido, dentre outros, as datas e períodos solsticiais e equinociais sempre estiveram ligados aos procedimentos maçônicos, sejam eles de conduta operativa, sejam eles de conduta especulativa. Assim eles permaneceriam mais tarde também na decoração dos espaços de trabalhos maçônicos – Templos, Lojas, ou Salas das Lojas – de acordo com os diversos sistemas praticados, seja como um símbolo específico, seja como uma alegoria iniciática.

Essas relações geralmente buscam explicar na escola maçônica, os fundamentos oriundos dos cultos solares da antiguidade que seriam a base da imensa maioria das religiões conhecidas.

Nesse particular, não existe aqui qualquer afirmativa que a Maçonaria seja uma religião, entretanto é inegável essa influência sobre os Canteiros Medievais que dariam origem à Franco-Maçonaria e posteriormente à Moderna Maçonaria, esta então imbuída no aprimoramento do Homem como elemento principal da sua matéria-prima. Enfim tudo na Maçonaria foi sabiamente constituído para que o Maçom siga à vontade os mandamentos da própria crença, sem ferir a consciência de qualquer de seus Irmãos.

Por assim ser, segue sob essa óptica e em formato de um breve ensaio uma sequência de assuntos pertinentes que a nosso ver são inquestionavelmente apropriados para a melhor compreensão da “arte de construir especulativa”.

Dando início à jornada, ainda que de modo sintético, serão aqui abordados apenas aspectos relacionados às festividades pascalinas e o seu elo com o equinócio de primavera no Hemisfério Norte – a Ressurreição da Vida (Natureza).

A Páscoa

PÁSCOA (do hebraico pesach pelo grego Páscha, pelo latim clássico Pascha) – Substantivo feminino. 1. Na época pré-mosaica, festa da primavera de pastores nômades. 2. Festa anual dos hebreus, transformada em memorial de sua saída do Egito. 3. Festa anual dos cristãos, que comemora a ressurreição de Cristo e é celebrada no primeiro domingo depois da lua cheia do equinócio de março.

Os judeus a celebram do 14º dia do primeiro mês Nissan ao seu 21º dia, quando todo varão israelita deveria peregrinar até Jerusalém para celebrar a “passagem”, ou a Páscoa. O título de “passagem” designa para os israelitas à data instituída em comemoração à libertação desse povo do jugo egípcio, quando o Anjo da Morte feriu de morte os primogênitos do Egito. Momento oportuno em que Moisés conduziu o seu povo em direção à Terra Prometida – a “passagem” da escravidão para a liberdade; da escravatura no Egito para a liberdade na Terra prometida; a travessia do Mar Vermelho seguindo o sinal indicado pela coluna de fumaça e de fogo (Êxodo) – segundo livro do Antigo Testamento; da Torá, ou da Lei mosaica; Pentateuco).

Assim toda família judia se reunia na tarde do 14º dia do primeiro mês Nissan para o ritual do Cordeiro Pascal, consumindo pães ázimos (sem fermento) acompanhado na refeição de ervas amargas, cujo intuito era o de relembrar o amargor dos dias de cativeiro no Egito.

A Páscoa, também conhecida como a Festa dos Pães Ázimos (Da Proposição) perdurava oito dias e o primeiro e o último eram santificados com o Shabbath.

No simbolismo Cristão a data se apresenta como a morte de “Jesus Cristo” e a sua ressurreição ocorrida durante a celebração da Páscoa. Assim a data coincide com a Páscoa judaica, já que “Cristo” fora crucificado na véspera dessa mesma páscoa, sendo que desde os mais remotos tempos da cristandade esta também é tida como a maior festa dos cristãos.

Em linhas gerais a “Ressurreição de Jesus”, ou o triunfo do Espírito ressuscitado destaca a imortalidade espiritual. Não é por acaso que a festa pascal obedecendo à tradição dos cultos solares da antiguidade ocorre no primeiro mês (Nissan) do ano religioso hebraico que coincide com o período equinocial ou a “passagem do Sol” do hemisfério Sul para o Norte (primavera – ressurreição da vida – a Natureza revive após o inverno – a passagem do inverno para a primavera). Assim a festa cristã é celebrada no primeiro domingo após o plenilúnio (lua cheia) ocorrido após o dia 21 de março (data do equinócio [5] de primavera no hemisfério boreal). Dentro desse limite a data pascal ocorrerá sempre entre 22 de março e 25 de abril.

Sem qualquer proselitismo religioso, porém para esclarecimento e introspecção, cita-se aqui a Epístola de São Paulo aos Hebreus quando aventa que a imolação do cordeiro é referência à imagem da realidade que se verificou e que o “Cordeiro de Deus” seria o próprio “Cristo”.

A preparação para a Páscoa cristã realmente começa na quaresma (quarenta – número penitencial) – quarenta dias de penitência, cujo auge é alcançado no Domingo de Ramos e simboliza a entrada triunfal de “Jesus” em Jerusalém, uma semana antes da Páscoa, aplaudido pela mesma multidão que “O” veria morto e crucificado no final da semana.

Esse teatro alegórico importa ao Maçom e à Maçonaria quando sugere a lição do aperfeiçoamento natural. A Páscoa se associa à comemoração da morte do inverno (trevas) e a recuperação da vida – atmosfera simbolicamente ligada à ressurreição da vida (os cultos solares da antiguidade). É sob esse prisma que surge a máxima maçônica de relação iniciática – morrer para renascer.

Essa similitude com os cultos solares implica no tema com a prevalência da Luz sobre as trevas, como é o caso do Sábado de Aleluia cristão e a ressurreição no domingo seguinte (Páscoa). A mesma relação também se encontra na Páscoa judaica, ou a passagem do povo hebreu do jugo tenebroso da escravidão para o alvorecer da liberdade e a busca da terra prometida.

A ressurreição de “Jesus”, despida de prosélitos religiosos demonstra um profundo sentido para reflexão do Homem – das trevas do sepulcro da morte (inverno) para a Luz Celestial, o que em linhas gerais significa o ato da redenção.

Indubitavelmente essa alegoria destaca-se simbolicamente na passagem aparente do Sol do Sul para o Norte, findando o inverno dos dias curtos e das noites longas e o desabrochar da primavera – a ressurreição da Natureza dando cumprimento ao início de mais um ciclo natural – a mãe Terra começa a ser aquecida pelos raios vivificantes do Sol espalhando a vida em um renascer contínuo pelo efeito da “Luz”. Mensagem dita nos Canteiros da Maçonaria como a maior Glória do Arquiteto Criador.

Conclusão

Para a Maçonaria saliente-se que essa abordagem não envolve dogmas religiosos, senão uma comparação que visa o aprimoramento do Homem sugerido pela escalada iniciática e sem qualquer intuito de desrespeitar as crenças individuais.

Ressalte-se ainda a importância das influências culturais e mesmo religiosas no seio da Moderna Maçonaria. Nessa proporção estão os seus Ritos e Trabalhos com os seus costumes culturais das diversas latitudes terrenas. Dentre outras, a missão do Maçom é também a da investigação da Verdade através dos métodos imparciais da pesquisa e da história, bem como se despir das concepções anacrônicas.

Para o Maçom sobreleve-se nesse breve ensaio a importância dos termos relacionados à: “vida, morte, ressurreição, passagem, aperfeiçoamento, ciclos, Luz e trevas”.

Se bem compreendida a Arte, o Maçom poderá perceber que para toda manifestação humana, seja ela cultural, ou religiosa, haverá sempre uma explicação coerente e verdadeira. Seria então oportuno salientar que a ignorância e a superstição são os verdadeiros flagelos da Humanidade, portanto, também inimigos da Maçonaria.

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Autor: Pedro Juk

Fonte: Blog do Pedro Juk

 

 

terça-feira, 15 de abril de 2025

VENERÁVEL MESTRE

O Guarda do Templo, foi dito que, durante nossos trabalhos, dois Irmãos estão sempre prontos a nos defender, e à sua disposição há uma espada. A espada do Guarda do Templo é de metal e a do Venerável Mestre é flamejante.

Contudo, o que é flamejante? No sentido figurado/simbólico, é uma espada que tem esplendor, uma vivacidade impactante. No sentido alegórico, é uma espada que flameja, que expele flamas (chamas). Ela arde, ou seja, é de fogo.

Do mesmo modo, argumentou-se que, sem dúvidas, esse elemento simbólico correlaciona-se com a passagem em que Adão e Eva são expulsos do paraíso e um anjo ficou responsável pela proteção do Éden, portando uma Espada Flamejante.

Mas que anjo foi esse? Esse anjo é Uriel!

Sendo assim, apresento algumas provocações filosóficas e simbólicas que envolvem esse anjo com o Venerável Mestre.

Seu nome, em hebraico tiberiano, traduz-se como “Chama de Deus”. Em vários escritos apócrifos, fez-se intercessor da humanidade perante Deus, recebendo até a alcunha de “os olhos de Deus” – aquele que tudo vê.

Há várias representações artísticas do anjo Uriel. Em algumas, ele segura o Sol, pois era encarregado pelo seu giro ao redor da Terra. Como a Loja é um microcosmo, o Venerável Mestre representa um pequeno sol a nos tirar das trevas da ignorância, iluminando-nos com as luzes de sua sabedoria.

Falando em sabedoria, Uriel também é representado segurando um longo papiro, símbolo de sua sabedoria. O interessante é que sua forma material se manifesta conforme aquele que se apresenta à sua frente.

Pessoas justas e de bons costumes o veem com um pássaro; aos injustos e impuros, ele se apresenta com a espada flamejante. Apesar de ser um “anjo”, nos estudos da angelologia, descobrimos que ele é “tão desprovido de piedade quanto qualquer demônio”. No Primeiro Livro de Enoque, é ele quem preside a tempestade e o terror.

Em contrapartida, é o anjo patrono das artes e descrito como o “espírito de visão mais arguta de todo o Céu”, e é esse ponto que devemos focar quanto à missão do Venerável Mestre e sua Espada Flamejante.

O VENERÁVEL DEVE SER BOM, MAS NÃO BOBO.
PODE ATÉ SER UM "ANJO", MAS NÃO PODE RENUNCIAR à ESPADA.
A SABEDORIA NÃO ESTÁ EM SABER DAS COISAS, MAS PERCEBER A SUTILEZA DAS SITUAÇÕES.

Ter uma visão arguta significa ter a capacidade para perceber com facilidade as tenuidades das conjunturas, avaliando rapidamente as circunstâncias e, de forma eletiva e profunda, aplicar o esquadro. Logo, colocar tudo em retidão, sem dó nem piedade.

Um grande erro dos que se assentam no Trono de Salomão é acreditar que devem agradar a todos e evitar problemas. O Trono está sobre a Verdade, que pode ser bela ou dolorosa, mas que continuará a ser íntegra e reta, cumprindo sua missão, indiferentemente da forma como se apresenta, uma vez que a mesma luz que ilumina pode cegar.

Neste 19º ano de compartilhamento dos artigos dominicais, reafirmo o desejo de independente de graus, cargos ou títulos, continuar servindo os Irmãos com propostas para o Quarto-de-Hora-de-Estudo. Uma lauda para leitura em 5 minutos e 10 minutos para as devidas complementações e salutares questionamentos.

O exíguo tempo é um exercício de objetividade e pragmatismo que visa otimizar os trabalhos e cumprir integralmente o ritual.

Convosco na Fé - Robur et Furor

Fraternalmente

Sérgio Quirino
Minas Gerais Shriner Club

TFA,

 

 

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