Nos Templos Maçônicos, onde a
humildade deveria ser a um dos pilares da jornada iniciática, um inimigo sutil
e silencioso insiste em aparecer: o orgulho. Essa força, muitas vezes
invisível, pode corroer a essência da Fraternidade, transformando um espaço de
luz em palco de vaidades e disputas veladas.
Falar sobre orgulho dentro de uma
Loja Maçônica pode parecer estranho, mas é necessário. O orgulho é como uma
miragem: sedutor, ilusório e perigoso. Ele se alimenta do medo de não ser
visto, de não ser reconhecido, de não se sentir especial. Mas a verdadeira
iniciação ensina justamente o contrário: o valor do silêncio, da escuta, da
transformação interior. O maçom não precisa provar nada a ninguém — ele apenas
precisa ser fiel a si mesmo e à sua jornada.
O orgulho, muitas vezes, se
disfarça. Pode vir camuflado de falsa modéstia, de excesso de conhecimento, ou
até de um certo "espiritualismo performático", onde títulos e rituais
viram exibição de ego. Quando isso acontece, a Loja deixa de ser um templo de
construção interior e vira um teatro de competição.
Mas há uma saída. A própria tradição
maçônica nos ensina o caminho da transmutação. Assim como o alquimista
transforma o chumbo em ouro, podemos transformar o orgulho em humildade. Não se
trata de eliminar o ego, mas de colocá-lo a serviço da obra. O orgulho pode ser
matéria-prima — desde que a alma saiba lapidá-lo.
O orgulho alheio só nos fere porque
toca o nosso próprio. Por isso, cada vez que ele nos incomodar, é sinal de que
ainda temos trabalho a fazer dentro de nós. E esse é o verdadeiro chamado do
maçom: voltar-se para dentro, sem comparações, sem máscaras, sem buscar
aplausos. A pedra bruta só se torna cúbica com esforço, dor e verdade.
Neste novo ciclo que se inicia nas
Lojas, que cada um de nós possa refletir sobre isso. Que o fio de prumo nos
alinhe com o essencial, e que a humildade seja a luz que guie nossos passos.
Afinal, como bem disse um autor anônimo:
“Os maçons se dividem entre os
vaidosos, os orgulhosos... e os outros. Mas ainda não conheci os outros.”.
Inspirado nas crônicas de Pierre
d'Allergida: In: https://450.fm/