SIC TRANSIT GLORIA MUNDI?


Há algumas frases e mesmo simples palavras que aparecem nos rituais maçônicos e passam despercebidos por todos nós. Acreditamos que estão ali apenas para compor um contexto maior ou mais significativo.

Na verdade estas frases são as verdadeiras instruções e as simples palavras, “sementes de mostarda”.

É preciso à leitura crítica e o espírito especulativo para realmente entender o que é o Grau.

Alguém em sã consciência pode acreditar que podemos transmitir toda filosofia, toda ética, toda moral e todas as instruções do Grau de Aprendiz em um livro de menos de 100 páginas? O que recebemos de nossas Potências (rituais) é apenas um “Fio de Ariadne”.

Retornando ao tema, precisamos primeiro traduzir literalmente e corretamente a frase: “Sic transit gloria mundi” = “Assim passa a glória DO mundo”.

Destaquei o “DO” para que os Irmãos verifiquem no seu ritual se consta “DO” ou “NO”, se estiver impresso “NO”, por favor, sem constrangimento corrijam. Certamente foi um erro de digitação. É preciso a correção para não se perder toda a essência da instrução. Observem bem: 

Assim passa a glória no Mundo! Fica-se para trás (passa) a glória NO mundo profano, levamos ela (a glória) para o outro mundo? 

Assim passa a glória do Mundo! Podemos compreender que as glórias (títulos, medalhas, diplomas, honrarias), passam, ficam aqui! É preciso algo mais, do que ser simplesmente INICIADO (ter um início). 

Lembre-se em que momento é usado esta frase e trancem paralelos com outra muito interessante: “Se és apegado às distinções humanas, retira-te, pois nós aqui não as conhecemos.”

Eu particularmente creio que a frase mais correta seria: “O quam cito transito gloria mundi” (o quão rapidamente passa a glória do mundo). Esta frase consta no livro Imitação de Cristo, escrito por volta do ano de 1418 pelo Monge Tomás de Kempes. 

Então foi desse livro que a Maçonaria pegou a frase? Não! Por mais incrível que possa parecer, copiamos a frase e o momento, de uma das mais importantes liturgias da Igreja Católicas. Somente os Irmãos que nascem antes da década de 60 é que podem se lembrar de como eram as coroações papais até Paulo VI. 

O Papa recém escolhido, após uma missa, sentava em trono finamente trabalhado que tinham do lado rente aos pés dois travessões. Depois de acomodado, era erguido por 12 homens (seis de cada lado) e partia em promissão pela Praça de São Pedro.

Durante suas “viagens”, por três vezes, o Mestre de Cerimônias se punha a sua frente e segurando pedacinhos de panos em brasa (que soltavam fumaça) dizia em voz alta e enérgica: “- Sancte Pater, sic transit gloria mundi!” (Santo Padre, assim passa a glória do mundo!). 

E a cada parada o Mestre de Cerimônias dizia três vezes, ou seja, três vezes três. Este trono móvel tem o nome de Sedia Gestatória, hoje usam o tal do “Papamóvel” (blindado). Realmente não há como mantermos as tradições, afinal o mundo está em constante transformação.

Podemos e devemos adequar os nossos labores a realidade profana, mas jamais permitir o sacrilégio dos nossos princípios, da moral, da ética e das instruções maçônicas.

Mesmos nos mais escabrosos caminhos, a retidão de nossos passos devem deixar pegadas de homens justos e de bons costumes, afinal sabemos da transitoriedade da matéria e de tudo que a cerca. “Só levamos da vida, a vida que a gente leva.”


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