Quando os trabalhos são declarados abertos, há
referência a São João, dito nosso padroeiro. Porém, qual o São João? São
muitos, na Igreja Católico-Cristã, os santos com o nome de São João “disso e
daquilo, etc.” Os regulamentos maçônicos recomendam se festejar a dois, a São
João, “o Batista”, e a São João, “o Evangelista”.
O BATISTA
João Batista nasceu no
dia 24 de junho, algum ano antes de seu primo Jesus Cristo, e morreu em 29 de
agosto do ano 31 d.C., na Palestina. São João ocupa papel de destaque nas
festas, pois, dentre os santos de junho, foi ele que deu ao mês o seu nome e é
em sua homenagem que se chamam “joaninas” as festas realizadas no decurso dos
seus trinta dias São João Batista, também dito “o Precursor”, era
filho de Isabel, prima da Virgem Maria e, por conseguinte, também parente de
Jesus.
Ele ganhou o epíteto de “batista” porque, no rio Jordão, “batizava” as
pessoas, derramando-lhes água sobre as cabeças, assim limpando-os
espiritualmente (batismo significa banho).
Era também conhecido por viver no deserto,
alimentando-se de mel e gafanhotos, vestindo apenas com uma pele de carneiro,
andando assim meio nu, meio vestido. Seguramente, pertencia, entre os judeus,
ao grupo dos essênios, que vivia em Quram, perto do mar Morto.
Local onde, em 1947, foram encontrados alguns
documentos de sua época. Tinha vários seguidores, mas se dizia Precursor de
Alguém Maior que ele, e de quem não era digno sequer de Lhe desatar as
sandálias. Vituperava a Herodes Antipas o rei imposto pelos romanos aos judeus,
porque Antipas mandara matar a seu meio-irmão para ficar com a sua esposa.
Antipas mandou decapitar a João Batista, atendendo ao pedido de Salomé, sua enteada,
filha de seu meio-irmão, acima referido.
O dia 24 de junho foi estipulado pela Igreja
Católica como o de sua comemoração.
O EVANGELISTA
O outro São João, o Evangelista, era apóstolo de Jesus. Chamam-no de
Evangelista porque, além de pregar os ensinamentos do Mestre, foi o autor do
4° Evangelho, de três epístolas e do famoso Apocalipse. Essa palavra quer
dizer “revelação”. Nele, João relata as revelações que teria tido sobre o fim
dos tempos e dos caminhos para a salvação. Por falar nos fins dos tempos,
catástrofes, guerras, pestes, castigos, a palavra “apocalipse” ganhou a
conotação de “algo ruim, apavorante, cataclismático, terrificante”. A linguagem
é extremamente simbólica, de difícil compreensão.
É comemorado a 27 de dezembro.
MAÇONARIA OPERATIVA
Na verdade, porém, como vem registrados no item
XXII, dos Regulamentos Gerais das Constituições de Anderson, de 1723, e com
elas publicados, o dia que os maçons operativos do passado tinham escolhido
para a reunião anual era o de São João Batista, em 24 de junho, ou,
opcionalmente, no dia de São João Evangelista, em 27 de dezembro. Mas, com
ênfase ao primeiro. Aliás, notar que a fundação da Grande Loja de Londres, em
1717, ocorreu precisamente nesse dia, 24 de junho.
Veja-se como vem redigido esse cânone dos
Regulamentos Gerais, aprovados, pela segunda vez, no dia de São João, 24 de
junho de 1721, por ocasião da eleição do Príncipe João, duque de Montagu, para
Grão-Mestre:
“XXII. Os Irmãos de todas as Lojas de Londres e
Westminster e das imediações se reunirão em uma COMUNICAÇÃO ANUAL e Festa, em
algum Lugar apropriado, no Dia de São João Batista, ou então no Dia de São João
Evangelista, como a Grande Loja pensa fixar por um novo Regulamento, pois essa
reunião ocorreu nos Anos passados no Dia de São João Batista: Provido (…)”
RAZÕES ESOTÉRICAS
Só por uma segunda opção a reunião e festa
ocorreriam, portanto, no dia 27 de dezembro, na festa do outro São João. Mas,
por quê? O porquê dessa alternativa tem uma explicação esotérica, que remonta
às prováveis origens da Maçonaria, aos Colegiatti Fabrorum dos romanos.
A esses colégios de artesãos, de diferentes
ofícios, pertenciam também os da construção. Eles acompanhavam as tropas
romanas, para o trabalho de reconstrução e instalação da administração
imperial, nas terras conquistadas e colonizadas.
E com eles ia a sua religião ou religiões, para ser
mais exato, ainda que entre os romanos a predominante fosse à da adoração à
Mitra, que era representado por uma figura humana. No lugar da cabeça, um Sol.
Havia muitos outros deuses, notadamente, o de Jano, uma figura de duas cabeças
coladas e opostas, cada uma olhando em sentido contrário a da outra, e que
simbolizavam: uma, o solstício da entrada do verão (24 de junho, hemisfério
norte); a outra, o solstício da entrada do inverno (27 de dezembro, hemisfério
norte).
Esses solstícios estão sempre presentes, nas festas
pagãs, porque vinculadas à Natureza. É aí que encontramos uma provável
explicação histórica para os festejos juninos e os natalinos, a que a nova
religião romano-cristã, não podendo desenraizar dos costumes populares, o
mínimo que conseguiu foi à substituição.
Todavia, no seio da maçonaria operativa, mesmo sob
tal disfarce, ambas as datas sobreviveram, em face do conteúdo esotérico de
seus significados.
Não esquecer que os colégios, principalmente, os
dos construtores, seriam depositários dos conhecimentos e mistérios de
antiguíssimas sociedades iniciáticas, todas praticantes de ritos solares.
Fonte; Loja Virtual
Ir. Silva Pinto
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