Sinopse: Educação maçônica na construção de homens.
Especula-se que: o universo é resultado de projeto
inteligente com finalidade definida; não é o resultado de ocasionais
ocorrências aleatórias; que a vida tem propósito significativo; que é lógico
pensar na vida com intenção de preencher finalidade determinada, planejada.
Na contramão disso, o homem percebe que muitas de
suas atividades são dispersivas e alienantes no uso da vida. Para a maioria a
vida não tem sentido, principalmente na forma correta de usufruir o que
realmente a natureza intenciona no viver bem.
Na atividade do homem não se concebe que faça o que
é certo em um aspecto da vida, enquanto comete erros em outros. Como fará em
sua caminhada para não perder a visão de sua vida em sentido lato? Como deve
agir para usufruí-la como um conjunto indivisível?
O homem que se iniciou nos mistérios da Maçonaria
descobre na vida a existência de maravilhas a serem exploradas, questionadas e
aplicadas para usufruir de sua existência da maneira mais equilibrada possível
com o propósito do Criador. Pela educação maçônica o homem deixa de ser um
morto-vivo de comprometida visão da vida.
A Maçonaria e seus mistérios oferecem ferramentas e
instruções que removem barreiras e possibilita o usufruto da vida em sua
plenitude. O senso do mistério alimenta emoções residentes na psique e que são
trabalhados nas atividades maçônicas.
A ciência em forma de arte traduz a emoção
fundamental para o progresso pessoal. São mistérios que não inspiram medos, o
maçom faz o bem porque isso é parte de sua nova vida e não porque tem medo de
algum castigo ou almeje hipotético prêmio depois de morto.
Se aplicada passo-a-passo, de forma simples, a
essência da vida é aprendida e, se for da vontade do adepto, liberta-o da
escravidão, do servilismo ao sistema desumano de vida, que o espreme e suga
toda a sua força ativa até sobrar apenas bagaço. Ao sujeitar a ambição ao
controle racional, liberta-se do pior tipo de servilismo, pior até que a
própria fome e pobreza.
Ao inspirar coragem e decisão no adepto, a
filosofia da Maçonaria conduz àquele que passa a confiar em si mesmo e conduz
seus próprios passos ao prazer de conquistar a vitória sobre si mesmo. Ao
sentir que é capaz de conduzir a si mesmo torna-se apto a conduzir aos que
ainda não despertaram.
As noções filosóficas da Maçonaria auxiliam na
absorção do conhecimento que livra do obscurantismo e da alienação ao trabalho.
São aplicadas apenas umas poucas horas semanais em treinamento e convivência
que eliminam anos de frustrantes tentativas de acertos e erros até obter a
visão necessária para dar sentido à vida.
Não se trata de entendimento intelectual, político
ou crença, mas de um sentido misterioso, ainda inexplicável, de intuição individual
que dá sentido à vida. Cada adepto usa da Maçonaria para dar o seu próprio
sentido para a vida sem ficar batendo cabeça em tentativas inúteis e
fantasiosas.
O sucesso pessoal não é devido exclusivamente à
força ou ao conhecimento, mas diz respeito à vontade férrea, de coragem para
agir. O entendimento de como caminhar por conta própria advém do conhecimento
esotérico que conduz ao sucesso pessoal, familiar, social e profissional.
A convivência maçônica inspira o conhecimento
intuitivo e o fortalecimento do caráter que conduzem o maçom, que inicia a si
mesmo, a uma consciência superior. Não um super-homem, mas um homem renascido
de sua própria decisão de fazer de si mesmo uma criatura em permanente
evolução.
Ao trabalhar em si mesmo, na pedra, o adepto
participa na construção de um templo social onde ele é incentivado a ocupar
cada vez mais cargos, públicos ou privados, de modo a conduzir a sociedade por
bons pastos.
Não se trata de conduzir gado de corte por fértil
campo de engorda e deste ao matadouro da exploração, mas de propiciar
oportunidades razoáveis de vida sem eliminar as diferenças e os desníveis que
são característica de civilizações saudáveis. É a sabedoria salomônica aplicada
no dia-a-dia do cidadão.
O homem sábio é muito mais forte que o bruto, pois
o conhecimento aplicado com sabedoria é muito mais forte. O conhecimento provê
a base sólida da construção pessoal que se afasta da alienação do sistema de
coisas humano pela aplicação do pensamento sábio.
Maçonaria é arte. É uma ciência que permite
construir o intelecto cuja compreensão possibilita o despertar, o abraçar da
iluminação que vem da racionalidade conduzida por balanceada espiritualidade –
diferente de religiosidade.
A luz que o maçom busca é o aperfeiçoamento pessoal
em seu dia-a-dia.
A Maçonaria faz deste entendimento o ponto
essencial a ser alcançado. É mero coadjuvante o esforço das atividades
maçônicas restantes ao objeto central que é a evolução do homem. O estado de
iluminação inspirado pela Maçonaria destrói a mascara da ilusão do sistema de
coisas humano que manipula separações e quebra de relações que conduzem a
alienação da vida para objetivos fúteis e inúteis.
No instante em que o maçom abre os olhos e vê a luz
do que é certo e errado torna-se sensato. Desaparece a ilusão e ele deixa de
experimentar o que está errado na tentativa de acertar, torna-se mais objetivo
e acerta no primeiro ensaio muito mais vezes.
Some o ilusionismo com seus truques que submetem o
homem a um servilismo voluntário em virtude da perda de noção da realidade.
Surge nova consciência quando a iluminação
esclarece a diferença entre religiosidade e espiritualidade. Fica claro o
entendimento de que a crença em verdades absolutas ditadas pelos sistemas
religiosos não torna seus adeptos pessoas espiritualizadas.
Também não é espiritualizado o maçom que não
iniciou a si mesmo, que insiste em aprisionar-se na execução de rituais sem
penetrar em seus significados.
A intenção da educação maçônica é criar a
identidade própria do indivíduo afastado de influência ditatorial externa e aproximá-lo
da dimensão espiritual que já reside dentro dele. Esta dimensão existe em
todos.
Basta que acorde. Não está contida no pensamento,
mas numa dimensão diferente e inspirada na intuição. Por isso a filosofia
maçônica incentiva à diversidade de pensamentos.
Procura-se provocar no homem a obtenção de matéria
prima para construir pontes evolutivas que progridem aos saltos sobre os
precipícios da ignorância. Não se admitem limitações ao pensamento como é
objetivo dos sistemas alienantes de crenças.
O fato de a espiritualidade surgir em larga escala
fora do sistema de crenças é novo para a sociedade em geral, mas é usado faz
séculos pelos maçons que iniciaram a si mesmos nos mistérios da arte da
Maçonaria.
A iluminação, o andar com as próprias pernas
inspirado pela Maçonaria desperta a compaixão que se traduz num homem dotado de
menos cobiça; torna-o mais alegre porque a sabedoria o afasta do sofrimento;
alimenta a igualdade onde se produzem mais amigos unidos pelo poderoso laço do amor;
inspira a ternura que remove a discriminação que produz tantos inimigos.
Afasta ignorância, falsas imaginações, desejos
viciantes e estultícia, todas nascidas na própria mente, manifestadas pelas
ilusões e manipuladas pelo ego.
A mudança estimulada pela educação maçônica repele
os desejos da mente e afastam os sofrimentos, lutas inúteis alimentadas pela
cobiça, estultícia e ira.
Maçom que se iniciou é homem armado com espada – a
sua língua, a sua oratória —, e escudo, – o conhecimento de seu cérebro. Pela
iluminação, – Kant, Aufklãrung – anda com os próprios pés.
Está sempre pronto para o bom combate com mente
treinada para alcançar o objetivo de construir uma sociedade humana dentro dos
desígnios estabelecidos pelo Grande Arquiteto do Universo.
Charles Evaldo Boller
Bibliografia:
1. ANATALINO, João, Conhecendo a Arte
Real, A Maçonaria e Suas Influências Históricas e Filosóficas, ISBN
978-85-370-0158-5, primeira edição, Madras Editora limitada., 320 páginas, São
Paulo, 2007;
2. SILVA, Georges da, Budismo, Psicologia
do Autoconhecimento, 222 páginas, Editora Pensamento Limitada, São Paulo;
3. TOLLE, Eckhart, Um Mundo Novo, o
Despertar de uma Nova Consciência, tradução: Henrique Monteiro, ISBN
978-85-7542-313-4, primeira edição, Editora Sextante Limitada, 266 páginas, Rio
de Janeiro, 2005.
Área de Estudo: Educação, Espiritualidade, Filosofia, Liberdade,
Maçonaria