O FOGO SEGUNDO A DOUTRINA SECRETA


O fogo não é um elemento, e, sim, um princípio divino. A chama física é o veículo objetivo do espírito supremo.

Os elementais do fogo são os de maior categoria. Todas as coisas desse mundo têm a sua aura e o seu espírito. O granito não arde porque sua aura é ígnea.

Os elementais do Fogo carecem de consciência física, porque são muito elevados e refletem a natureza humana. O éter é fogo. A parte ínfima do éter é a chama que fere nossa vista.

O fogo é a presença subjetiva da Divindade no universo. O fogo universal, em diferentes condições, converte-se em água, ar e terra. É o “Kriyashakti” de todas as formas de vida. Dá calor, luz, vida e morte. É o próprio sangue em todas as suas diversas manifestações, é o fogo essencialmente uno.

No fogo, sintetizam-se os Sete Cosmocratores. Na mais grosseira modalidade de sua essência, o fogo é a primeira forma e reflete as formas inferiores dos primeiros seres objetivos do universo. Os elementais do fogo são os primeiros pensamentos caóticos divinos.

Na terra, eles tomam a forma de salamandras ou elementais inferiores do fogo, que revoluteiam nas chamas. No ar, existem milhões de seres vivos e conscientes, que se apoderam de nossos emitidos pensamentos, também, ali existentes.

Os elementais do fogo estão relacionados com o sentido da vista e absorvem os elementais dos demais sentidos. Assim, só com o sentido da vista, podemos ouvir cheirar e saborear, posto que todos os sentidos sintetizam-se no da vista. Segundo Simão, o Mago, toda a criação culmina no fogo. Este era para Ele, como para nós, o princípio universal, a infinita potência emanada da oculta Potencialidade.

O fogo era a primitiva causa do manifestado mundo da existência e tinha duplo aspecto: manifesto e secreto. O aspecto secreto do fogo está oculto em seu aspecto objetivo, que, do primeiro, dimana. Para Simão, era inteligência tudo quanto se podia pensar e tudo aquilo sobre que se podia atuar. O fogo continha o todo. E como todas as partes do fogo eram dotadas de inteligência e de razão, eram suscetíveis de desenvolvimento por emanação e extensão.

Essa é, precisamente, a nossa doutrina do Logos manifestado, e as partes, primordialmente, emanadas são os nossos “Dhyan Chohans”, os “Filhos da Chama e do Fogo” ou os Eões Superiores. Esse fogo é o símbolo do ativo e vivente aspecto da Natureza Divina. Nele, subjaz a “infinita potencialidade na Potencialidade”, que Simão chamava “o que existiu, existe e existirá”, ou a estabilidade permanente e a imutabilidade personificada.

Da Potência Mental, a Divina Ideação se tornava concreta em ação. Donde as séries de emanações primordiais do pensamento engendram o ato, cuja mãe é o aspecto objetivo do fogo, e cujo pai é o aspecto oculto. Simão denominava “sicigias” (unidades pares) tais emanações, porque emanavam de duas em duas, uma como Adão ativo e outra como Adão passivo. Assim, emanaram três pares (seis Eões no total, que, com o Fogo, eram sete), aos quais Ele nominou: “Mente e Pensamento; Voz e Nome; Razão e Reflexão”, sendo o primeiro de cada par masculino, e o segundo feminino.

O direto resultado desse poder é produzir emanações, possuir o Dom de “Kriyashakti”, cujo efeito depende de nossa própria ação. Portanto, esse poder é inerente ao homem, como o é aos Eões Primordiais e, também, às secundárias emanações, posto que, tanto eles como o homem, procedem do único e primordial princípio da Potência infinita.

No “Philosophumena”, Simão compara os Eôes com a Árvore da Vida. E, na “Revelação”, disse: “Escreveu-se que há duas ramificações dos Eões universais que não têm princípio nem fim, como diamantes ambas da mesma raiz, a Invisível e Incompreensível Potencialidade, cujo nome é Sigê (o Silêncio). Uma dessas séries de Eões procede de cima.

É a Grande Potência, a Mente Universal (Ideação Divina ou “Mahat” dos hindus). É masculina e regula todas as coisas. A outra procede de baixo. É o grande Pensamento Manifestado, o Eão Feminino, gerador de todas as coisas.

“Ambas se correspondem mutuamente, acoplam-se e se manifestam à meia distância (a esfera ou plano intermediário) no Ar Incoercível, que não tem princípio nem fim”.

Este Ar Feminino é o nosso éter, é a luz astral dos cabalistas; portanto, corresponde ao Segundo Mundo de Simão, nascido do Fogo, ou o princípio de todas as coisas.

Nós o chamamos de Vida Una a Onipresente, a Infinita, a Inteligente e Divina Chama.


Hernani M. Portela

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