HISTÓRIA SINTÉTICA DO RITO BRASILEIRO

Existem relatos de que o Rito Brasileiro teria tido uma origem aparentemente romântica em Pernambuco, quando o comerciante e Maçom José Firmo Xavier pertencente à Grande Loja Provincial de Pernambuco, do Grande Oriente do Passeio, no século XVIII.

Segundo alguns autores em 1878, segundo outros, em data muito anterior, ou seja, mais ou menos em 1848, o qual com um contingente além dele, mais 837 Maçons, elaboraram uma Constituição Especial do Rito Brasileiro, colocando o mesmo sob a tutela de D. Pedro II e do Papa.

Existem documentos depositados na Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro, dois documentos que pertenceram a D. Pedro II que nos dão informações sobre esta entidade, mas não há registros da sua efetivação.

O Rito Brasileiro passou por várias tentativas de implantação no decorrer dos anos, mas por problemas as vezes políticos e de interferências externas, não prosperou. Em 1914 o então Grão-Mestre Irmão Lauro Nina Sodré através do Decerto n° 500, determinou a sua criação, mas não foi adiante por não ter os Rituais, Constituição e uma Oficina Chefe.

A sua vitoriosa e efetiva reimplantação ocorreu em 1968 pelo Irmão Professor Álvaro Palmeira, quando formatou todos os Rituais dos Graus Simbólicos e Superiores (exceto o Grau 33), Constituição, Regulamentos, separando os Graus Simbólicos dos Graus Superiores criando a Oficina Chefe do Rito, dando ao Rito Brasileiro a característica Universal.

O Rito Brasileiro é produto da doutrina, da inteligência e da sabedoria de todos os Ritos que se acomodam no seio na Maçonaria no nosso Território. Assim, Álvaro Palmeira, na condição de Grão-Mestre Geral deixou, nas considerações, do Decreto n° 2080, de 19.03.1968:

“Considerando que a Maçonaria, sem perder este caráter principal, intrínseco e característico de Instituição Iniciática de formação moral e filosófica, deve, entretanto, está presente ao estudo dos problemas da civilização contemporânea e neles intervir superlativamente, para que a Humanidade possa encaminhar-se, sobre o suporte da Fraternidade, a um mundo de Justiça, Liberdade e Paz, porque não há antagonismo entre a Verdade e a Vida”.

O Rito Brasileiro está inserido nos pressupostos da Ordem, referente à regularidade, à legalidade e à legitimidade. Acata os Landmarks e demais postulados tradicionais da Maçonaria, com os usos e costumes antigos.


Proclama a Glória do Deus Criador o qual denominamos o Supremo Arquiteto do Universo e a Fraternidade dos homens. Estabelece a presença, nas suas Sessões, das Três Grandes Luzes: o Livro da Lei, o Esquadro e o Compasso e emprega os símbolos da construção universal. Pode, desta forma, ser praticado em qualquer País. Tem, como base ritualística, a da Maçonaria Simbólica (Graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre) sobre a qual se eleva a hierarquia filosófica de 30 Altos Graus (Graus 4 a 33).

O Rito Brasileiro é evolução, é futuro, é o nosso “Jeitão”, sem interferências internacionais. Na sua Oficina Chefe há normas precisas de uma Potência Soberana, Legítima e Legal destinada a cumprir as exigências de Regularidade Internacional; permitir às suas Oficinas o exercício pleno da defesa dos direitos da pessoa humana, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer formas de discriminação; condenar a exploração do homem, a ignorância, a superstição e a tirania; proclamar que o direito ao trabalho, à tolerância, à livre manifestação do pensamento e de expressão constituem apanágios da Franco-Maçonaria, cujo fim é a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade, tendo a Justiça como valor inexcedível da sociedade humana fundada na harmonia social e comprometida com a solução pacífica das controvérsias. Isto implica justiça social e, antes de tudo, solução de problemas como fome, subnutrição, doença e habitação; império da Razão que, no contexto do mercado livre, pode ser ferramenta para a divisão harmoniosa dos recursos e das riquezas.

O Rito Brasileiro concilia a Evolução com a Tradição, para que assim, a Maçonaria não se torne uma força esgotada.

Especializa-se no cultivo da Filosofia, Liturgia, Simbologia, História e Legislação Maçônicas e estuda todos os grandes problemas nacionais e universais com implicações ou consequências no futuro da Pátria e da Humanidade. Realiza a indispensável cultura doutrinária maçônica e, também a cultura político-social dos Obreiros. Concilia a Razão com a Fé.

Impõe a prática do Civismo em cada Pátria, porque a Maçonaria é supranacional, mas não pode ser desnacionalizante. Álvaro Palmeira quando da reimplantação vitoriosa em 1968 declarou; “A Maçonaria não tem Pátria, mas, os Maçons a tem”.

O Rito Brasileiro conviverá fraternalmente com todos os Ritos

Regulares, através das Inter visitações e da multiplicidade de filiação como forma de divulgação dos seus ideais. O Rito exige dos Obreiros a Vida Reta e o Espírito Fraterno e as suas legendas são:

  • URBI ET ORBI e HOMO HOMINIS FRATER.

 

Por ser um Rito Teísta, o que significa: afirmação da existência de Deus, da possibilidade de Deus se revelar (Revelação Divina), de Deus interferir nas nossas vidas (Providência Divina) e a sua concepção de Deus é que ele seja o Supremo Arquiteto do Universo, e não Grande Arquiteto do Universo, pois “grande” não define bem e com profundidade a ideia de Deus, uma vez que “grande” é uma qualificação muito usada frequentemente para definir coisas imensas.

Porém, se respeita as concepções de outros Ritos sem quaisquer restrições. O Rito Brasileiro é hoje uma realidade, e, apesar de todos os seus percalços, ele está aí, ele existe e sempre existirá, e vai continuar crescendo dentro do seu espaço, sem molestar ou interferir na prática dos outros Ritos, os quais respeita sem contestá-los.

O Rito Brasileiro está inserido e adotado nas três Vertentes da Maçonaria Regular Brasileira, com mais de 500 Lojas Simbólicas e vários Altos Corpos Filosóficos espalhados em todo Território Nacional. Já rompeu fronteiras com sua Doutrina e Ortodoxia sendo praticado no nosso País vizinho, o Paraguai.

O Rito Brasileiro é o segundo Rito mais praticado no Brasil, crescendo harmonicamente devido à sua identificação com a Cultura Nacional.

Gilmar Bellotti

 

Fontes:

  • Constituição e Regulamento do Rito Brasileiro
  • Rituais do Rito Brasileiro
  • Fernando de Faria – Trechos do seu livro “Rito Brasileiro uma Doutrina para o Século”

 

 

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