Existem diferentes rituais, praticados por diferentes ritos maçônicos.
Logo desde início, desde a transição da Maçonaria Operativa para a
Especulativa, isso se verificou.
As Lojas que se agruparam na primeira Grande Loja de Londres, que vieram a
serem designados por Modernos e influenciadas pelos intelectuais que tinham
sido aceitos nas Lojas operativas (os Maçons Aceitos) e os que se lhes
seguiram, praticavam um ritual deísta, em que a referência ao Grande Arquiteto
do Universo é formulada de tal forma que qualquer crente, independentemente da
religião que professe, se pode rever no conceito.
A breve trecho se verificou existir em Inglaterra uma outra corrente,
baseada nos maçons operativos e na zona de York, os Antigos, que praticavam um
ritual teísta, mais influenciado pela tradição religiosa cristã. Essas duas
correntes vieram mais tarde a fundir-se na atual Grande Loja Unida de
Inglaterra, na sequência de negociações mediadas e dirigidas pelo Duque de
Sussex, dessa fusão resultando um novo ritual, em que prevaleceu a tendência
deísta.
Partindo dos primitivos rituais ingleses, ao longo do tempo e do espaço,
novos rituais foram criados. A base é sempre a mesma: os princípios
fundamentais maçónicos e a inclusão de alegorias e referências simbólicas, como
base para o trabalho individual de cada maçom.
A tensão inicial também, curiosamente, persiste: uns rituais são
claramente deístas e inclusivos de elementos de todas as religiões e até sem
religião definida, desde que crentes num Criador; outros sofrem manifestamente
de visíveis influências crísticas, sendo claramente mais confortáveis para os
praticantes da tradição religiosa cristã.
Referir os ritos e rituais existentes levará seguramente a pecar por
defeito, por esquecimento ou ignorância de rituais extintos, localizados ou
raros. Mas, mesmo com caráter exemplificativo e recorrendo apenas à memória, é
possível indicar vários: o Rito de York, o Rito de Webb (variante americana do
Rito de York), o Rito Escocês Antigo e Aceito, o Rito Escocês Retificado (rito
muito praticado na Suíça, na Grande Loja Suíça Alpina, e com características
crísticas marcadas), o Rito Francês ou Moderno, o Rito Sueco e as suas
variantes nos países nórdicos, etc.
Em cada Grande Loja pode praticar-se um ou mais ritos. Por exemplo, nas
Grandes Lojas dos Estados Unidos, pratica-se, nos três graus da Maçonaria Azul
– Aprendiz, Companheiro e Mestre, exclusivamente um rito, a variante americana
do Rito de York, também conhecida por Rito de Webb. Existe apenas uma exceção:
na Grande Loja da Luisiana persistem, desde os tempos das Lojas existentes
quando a Louisiana era francesa, algumas poucas Lojas, menos de uma dúzia, que
praticam nos três primeiros graus o Rito Escocês Antigo e Aceito.
Nos Estados Unidos designam essas Lojas por Maçonaria Vermelha, em alusão
à cor dos aventais própria do rito. Só nos Altos Graus se verifica existirem
dois sistemas principais, os Altos Graus do Rito de York, referidos por York
Rite, e os Altos Graus do Rito Escocês Antigo e Aceito, referidos por Scottish
Rite.
Em Portugal, na GLLP/GLRP, praticam-se os Ritos Escocês Antigo e Aceite, o
Rito Escocês Retificado e o Rito de York.
Não obstante a forte presença do Rito de York e suas variantes no mundo
anglo-saxônico, pode dizer-se, sem receio de erro, que o rito maçônico mais
popular e mais espalhado pelo Globo, particularmente nos países latinos e
latino-americanos, é o Rito Escocês Antigo e Aceito.
Trata-se de um rito elaborado mais tarde que os ritos originais ingleses,
já na fase de expansão geográfica da Maçonaria e com algumas influências do
Romantismo. É um rito com um ritual particularmente impressivo e desenvolvido,
algo extenso, que dá prazer executar bem e que, quando bem executado,
impressiona quem a ele assiste e participa, quer pelo seu texto, quer pela sua
forma de execução.
A Loja Mestre Affonso Domingues pratica e sempre praticou o Rito Escocês
Antigo e Aceito.
In Blog “A Partir Pedra” – texto
de Rui Bandeira (24.07.2008)