Examinando as páginas do Grande
Dicionário Enciclopédico da Maçonaria de Nicola Aslan, vamos encontrar a
seguinte descrição sobre o Pelicano: "símbolo maçônico representado pelo
pelicano derramando sangue pelos seus filhotes a que foi adotado pela maçonaria,
na antiga arte cristã, o Pelicano era considerado emblema do salvador". Este simbolismo tem por base
uma antiga superstição, cuja falsidade foi demonstrada, mas, enquanto se
acreditava nela, o Pelicano foi adotado como símbolo do Cristo, derramando o
seu sangue pela Igreja e pela Humanidade. A esta interpretação teológica,
os místicos aplicaram, porém, outro significado, considerando o Pelicano como
símbolo do próprio sacrifício, indicando que na medida em que damos, nossas
posses, as nossas aquisições intelectuais, as nossas habilidades, alimentamos
a nossa vida, desenvolvemos o nosso caráter e a nossa personalidade, sendo
que, à medida que os anos passam, o nosso sacrifício se reflete em boas ações
que perduram além da nossa vida, como que lembrando os sacrifícios que
fizemos. Entre os alquimistas, o
Pelicano foi um utensílio que utilizaram para suas operações, e um símbolo. Tratava-se de um alambique de
vidro circular, de uma só peça, com o bojo encimado por um capitel tubulado,
do qual partiam dois tubos opostos e encurvados, formando asa. Estes tubos voltavam a entrar
lateralmente no bojo, de modo que o líquido destilado recaía constantemente
dentro dele. Não se sabe bem se o nome de Pelicano foi aplicado pelos
alquimistas ao aparelho por causa de sua forma que se parecia com esta ave,
ou pela função do aparelho, destinado a alimentar constantemente e manter a
vida, com o produto de suas entranhas, o "franguinho" do
alquimista, ou seja, a "obra" que ele procurava realizar. Nas várias fases por que
passava a grande "obra", a matéria tomava diferentes cores,
tornando-se sucessivamente preta, branca, verde, amarela, arco-íris etc.,
simples transições entre as cores principais. Estas tinham os seus símbolos:
o preto simbolizava um cadáver, um esqueleto, um corvo etc. o branco
geralmente por um cisne; o vermelho, a rubificação, como o chamavam, por uma
fênix, um Pelicano ou um jovem rei coroado encerrado no Ovo Filosófico. O Pelicano é sempre
representado quando se abre as suas entranhas para alimentar seus filhotes,
sempre em números considerados sagrados: 3-5-7. A Maçonaria vê no Pelicano o
DEUS alimentando o seu Cosmos com a própria substância. Por isso na Joia dos Cavaleiros
"Rosa-Cruzes" o Pelicano é visto embaixo da rosa-cruz e do
compasso, que apoia as suas pontas sobre o quarto círculo que sustenta o seu
ninho. No simbolismo maçônico, o
Pelicano é o emblema mais característico da caridade. É como tirar de suas entranhas
o alimento de seus filhotes. Muitos veem no Pelicano o mais lindo símbolo do
amor materno. Entre os antigos Egípcios, o
Pelicano era tido como ave sagrada, era um emissário do Espírito Santo,
porque apresentava certas qualidades que faziam com que os nativos de então
se surpreendessem pelos esplendores da ave. O Espírito Santo bafejava sobre
o povo, assim como a pomba nos evangelhos representa o Espírito Santo, tal
como naquela passagem quando Cristo foi batizado nas águas do Rio Jordão.
Saindo das águas, o céu se abriu e desceu o Espírito Santo na forma de uma
pomba.
E isso porque o pássaro era o
símbolo da maternidade mais augusta, da maternidade elevada ao seu grau
máximo. Então, o Pelicano possui uma
espécie de bolsa, logo depois do bico, descendo para o papo. E, na forma de
regurgitação, deposita ali os alimentos para os filhos. Quando necessitando
desse trabalho, enfiava o bico pela bolsa e retirava o alimento que ali estava,
servindo assim seus próprios filhos. A ave procedia dessa forma para
a manutenção dos filhotes, mas acreditavam piamente, os daquela época, que o
Pelicano arrancava parte do próprio corpo para alimentar a prole, ou
extraísse o próprio sangue que alimentava os rebentos. O Pelicano não serve de sua
carne, não serve de seu sangue para alimentar os filhotes, pelo processo que
era vedado aos primitivos notarem, devido à distância em que ficavam. E a
semelhança ficou, o símbolo permaneceu. E o Pelicano é para nós,
realmente o emblema mais extraordinário de nossa própria Ordem, quando a mãe
comum realiza todos os sacrifícios para amparar os filhos, para alimentar
seus rebentos para propagar a própria espécie. Não estranha, pois, que a
Maçonaria dos Altos Graus, tenha adotado este símbolo do Pelicano para o Grau
de Cavaleiro Rosa Cruz, 18, grau alquímico por excelência e eminentemente
cristão, fazendo-o, outrossim, o símbolo do amor paterno e materno. |
CARLOS ARMANDO MOLINARI – 33º
Presidente do Conselho de Kadosh 66
Piracicaba/São Paulo