DIÁLOGO NÃO MAÇÔNICO


 

Numa tarde primaveril, dois amigos sentaram-se num banco, no largo de Bangu e puseram-se a conversar.

FULANO: Cara, tenho uma para te contar: ontem passei por uma rua em Bangu que tinha lá aquele símbolo da Maçonaria no portão!

CICRANO: Sério? Deve ser a casa de alguém que as vezes nem sabe o que é isso, cara, não existe Maçonaria no subúrbio, né...

FULANO: Pode ser, cara, mas tipo, as grades do portão eram azuis e o símbolo lá era em branco. Sei lá, achei destacado.

CICRANO: Essa galera que sai metendo símbolo do que não conhece... Daqui a pouco vai pro inferno e nem sabe por que...

FULANO: É... chato isso, né? Mas fiquei curioso, tu me conheces... estou até pensando em bater lá pra perguntar.

CICRANO: Para que, cara? Deixa essa galera! Para a gente burra, ignorante, a gente não dá "ibope", não. E mais, é capaz de que, se alguém te atender, vir cheio de papinho e coisa e tal... Essa parada é coisa do Diabo, e se o cara tem o símbolo estampado no portão da casa ele, que se lasque!

FULANO: É... você pode ter razão. Não conheço nada dessa parada de Maçonaria, então é bom não mexer.

CICRANO: É bom mesmo, meu amigo. Esse sem noção que tem um símbolo desses no portão de casa, boa coisa não deve ser mesmo!

FULANO: Pois é... tranquilo. Mas será que não seria esse lugar tipo uma igreja maçônica, algo assim?

CICRANO: Nada, cara! Os maçônicos são ricos e se reúnem em segredo, tu achas que eles iam se reunir em Bangu?! Nem deve haver maçônicos em Bangu, cara. Essa parada não é coisa de suburbano, não. É para uma galera bem mais elitizada e tal. Eles que controlam, por baixo dos panos, o que acontece no país porque o país é deles, saca? Eu vi na internet umas paradas cabulosas sobre isso. Essa parada está aí desde a época do Dom Pedro. Tu achas que tem Maçonaria em Bangu? Pô, pelo amor de Deus, né...

FULANO: Mas cara, eles fazem o que, já que você já pesquisou e tal.

CICRANO: Exatamente eu não sei, é tudo muito secreto, mas já vazou que fazem pacto com o diabo para ficarem ricos, e eles se ajudam porque eles têm que ser leais uns com os outros por força do pacto, senão o diabo leva, entendeu?

FULANO: Entendi...

CICRANO: E eles só escolhem para ir para lá galera da alta sociedade, pra que o diabo tenha acesso a tudo através deles. É brabo o negócio. Fiquei sabendo até que pra tu ser o Grão-Mestre (que é o cara que manda na parada), tu tem que sacrificar o primeiro filho pro Diabo te dar o poder.

FULANO: Caramba...

CICRANO: Pois é, cara, é brabo... Essa galera vai toda pro inferno... Por isso te falei pra não mexer nessa parada aí, que não vale a pena.

FULANO: Valeu, vou passar direto então...

CICRANO: Essa parada! Bora tomar um sorvete, que tá um calor do cão?

FULANO: Bora!

Saíram então os dois amigos em direção à sorveteria.

Num outro banco, mais afastado, um senhor observou toda a conversa, e após os amigos se dispersarem saiu também, e desceu a rua. Foi andando até chegar ao portão comentado por FULANO. Abriu o cadeado, agradeceu ao G.A.D.U. e sumiu-se dentro do prédio para arrumar o templo para a reunião da noite.

Era dia de LOJA!

Abeid.

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