O Rosacrucianismo, assim como a Maçonaria, é um sincretismo de
diversas correntes filosófico-religiosas: hermetismo egípcio, cabalismo
judaico, gnosticismo cristão, alquimia etc.
A primeira menção histórica da ordem data de 1614, quando surgiu
o famoso documento intitulado “Fama Fraternitatis”, onde são contadas as
viagens do alemão Rosenkreuz pela Arábia, Egito e Marrocos, locais onde teria
adquirido sua sabedoria secreta, que só seria revelada aos iniciados.
Existe ligação entre a Maçonaria e os rosacruzes e essa ligação
começou já na Idade Média. No fim do período medieval e começo da Idade
Moderna, com inicio da decadência das corporações operativas (englobadas sob
rótulo de maçonaria de Ofício ou operativa), estas começaram, paulatinamente, a
aceitar elementos estranhos à arte de construir, admitindo, inicialmente,
filósofos, hermetistas e alquimistas, cuja linguagem simbólica assemelhava-se à
dos francos-maçons.
Como a Ordem Rosacruz estava impregnada pelos alquimistas, como
já vimos Dara daí a ligação do Rosacrucianismo e da alquimia com a Maçonaria.
Leve-se em consideração, também, que durante o governo de José II, imperador da
Alemanha de 1765 a 1790, e co-regente dos domínios hereditários da Casa
d’Áustria, houve um grande incremento da Ordem Rosacruz e sua comunidade,
atingindo até a Corte e fazendo com que o imperador proibisse todas as
sociedades secretas, abrindo, apenas, exceção aos maçons o que fez com que
muitos rosacruzes procurassem as lojas.
Ambas as Ordens são medievais, se for considerado o maior
incremento da Maçonaria de Ofício durante a Idade Média e o início de sua
transformação em Maçonaria dos Aceitos (também chamada, indevidamente, de
“Especulativa”).
Se, todavia, considerarmos o início das corporações operativas,
em Roma, no século VI antes de Cristo, a maçonaria é mais antiga. Isso é claro,
levando em consideração apenas, as evidências históricas autênticos e não as
“lendas”, que fazem remontar à origem de ambas as instituições ao antigo Egito.
A maçonaria é uma ordem totalmente templária, ou seja, os
ensinamentos só ocorrem dentro das lojas.
Já a Antiga e Mística Ordem Rosacruz - AMORC dá ao estudante o
livre arbítrio de estudar em casa ou em um templo Rosacruz. O estudo em casa é
acompanhado à distância, e assim como a maçonaria, é composto de vários graus,
que vão do neófito (iniciante) ao 12º grau, conhecido como grau do ARTESÃO.
O estudo no templo, mesmo não sendo obrigatório, proporciona ao
estudante além do contato social como os demais integrantes, a possibilidade de
participar de experimentos místicos em grupo, e poder discutir com os presentes
os resultados, e por último, a reunião templária fortalece a Egrégora da
organização, o que também ocorre na maçonaria.
DA REGENERAÇÃO E IMORTALIDADE A REFORMADOR SOCIAL.
A partir da metade do século XVIII e, principalmente, depois de
José II, com a maciça entrada dos rosacruzes nas lojas maçônicas, tornava-se
difícil, de uma maneira geral, separar Maçonaria e Rosacrucianismo, tendo, a
instituição maçônica, incorporado, aos seus vários ritos, o símbolo máximo dos
rosacruzes: ao 18º grau do Rito Escocês Antigo e Aceito, ao 7º grau do Rito
Moderno, ao 12º grau do Rito Adonhiramita etc.
O Cavaleiro Rosacruz é como o próprio nome diz, um grau
cavalheiresco e se constitui no 18º Grau do Rito Escocês Antigo e Aceito. A sua
origem hermetista e a sua integração na Maçonaria, durante a Segunda metade do
século XVIII, leva a marca dos ritualistas alquímicos, que redigiram naquela
época os rituais dos Altos Graus.
O hermetismo atribuído ao Grau 18 é perceptível no símbolo do
grau, que tem uma Rosa sobreposta à Cruz, representando esta, o sacrifício e a
Rosa o segredo da imortalidade, que nada mais é do que o esoterismo cristão,
com a ressurreição de Jesus Cristo, ou seja, a tipificação da transcendência da
Grande Obra.
A Maçonaria também incorporou, em larga escala, o simbolismo dos
rosacruzes, herdeiros dos alquimistas, modificando, um pouco, o seu significado
e reduzindo-o a termos mais reais. Assim, o segredo da imortalidade da alma e
do espírito humano, enquanto é aceito o princípio da regeneração só pode ocorrer
através do aperfeiçoamento contínuo do homem e através da constante
investigação da Verdade.
O misticismo dos símbolos rosacruzes, todavia, foi mantido, pois
embora a Maçonaria não seja uma ordem mística, ela, para divulgar, a sua
mensagem de reformadora social, utiliza-se do misticismo de diversas
civilizações e de várias correntes filosóficas, ocultistas e metafísicas.
AS INICIAÇÕES.
Uma singularidade entre a AMORC e a Maçonaria, são as iniciações
nos seus respectivos graus, sendo que para ambas, a primeira é a mais marcante.
No caso da Maçonaria a iniciação é ao grau de Aprendiz, e da AMORC, a admissão
ao 1º grau de templo.
As iniciações têm o mesmo objetivo, impressionar o iniciante,
levá-lo à reflexão, para que ele decida naquele momento se deve ou não seguir
adiante, e se o fizer assumir o compromisso de manter velado todos os símbolos,
usos e costumes da instituição de que fará parte.
O SIMBOLISMO
Vários são os símbolos comuns às duas instituições, a começar
pela disposição dos mestres com cargos, lembrando os pontos cardeais, e a
passagem do Sol pela Terra, do Oriente ao Ocidente.
Cada ponto cardeal é ocupado por um membro. A figura do
venerável mestre na maçonaria, ocupando sua posição no Oriente, encontra
similar na Ordem Rosacruz, na figura de um mestre instalado, que ocupa seu
lugar no leste.
A linha imaginária que vai do altar dos juramentos ao Painel do
Grau, e a caminhada somente no sentido horário, também é similar. Em ambos os
casos o templo é pintado na cor azul celeste, e a entrada dos membros ocorre
pelo Ocidente.
O altar dos juramentos encontra semelhança no Shekinah na ordem
Rosacruz, sendo que neste último não se usa a bíblia ou outro livro, mas sim três
velas dispostas de forma triangular, que são acesas no início do ritual e
apagadas ao final deste, simbolizando a luz, a Vida e o Amor.
Outra semelhança é o uso de avental por todos os membros
iniciados ao adentrarem o templo, enquanto que os oficiais, (equivalente aos
mestres com cargo), usam paramentos especiais, cada qual simbolizando o cargo
que ocupa no ritual. O avental usado pelos membros não diferencia o grau
de estudo. Algumas das diferenças ficam por conta da condução do ritual,
onde na rosacruz tem caráter místico-filosófico.
Os iniciantes na Ordem Rosacruz recebem seus estudos em um
templo separado, anexo ao templo principal (Pronaos), enquanto os aprendizes
maçons recebem suas instruções juntamente com os demais irmãos e, finalmente, o
formato físico da loja maçônica lembra as construções greco-romanas, enquanto
que a Ordem Rosacruz (AMORC) lembra as construções egípcias.
Fonte: Blog "Nós Fraternos" - Postado em Julho/2010.