As fontes instituidoras
da Ordem Maçônica surgidas há vários séculos passados, vêm atravessando um
longo tempo sem deixar que a mencionada instituição perca a sua verdadeira e
primitiva identidade, conferindo-lhe uniformidade universal, preservando-a,
proporcionando-lhe consistência material e direcionando obstinadamente ao
alcance dos seus “fins supremos” caminhos luz
É dessas referidas fontes
que se extraem vastos conceitos e inúmeras interpretações do que, de fato, se
possa entender por maçonaria, na essência da própria palavra.
E mais, no meio de todo o
seu enunciado, faz-se presente um eficiente método de aperfeiçoamento que é
utilizado como instrumento indispensável e necessário à formação maçônica ideal
dos seus adeptos.
Como é notórias, as ditas
fontes, que se constituem dos princípios, preceitos, fundamentos e de todo o
ordenamento jurídico maçônico em vigor, recomendam a quem faça parte da
mencionada instituição, a incondicional observância das regras de comportamento
e de conduta fundamentadas na ética, na moral e nos bons costumes.
Vez por outra, tais
regras são lembradas de modo sucinto por meio de frases de efeito como “ser Maçom
é ter sobre os ombros um pesado fardo”; “ser Maçom é aceitar mais
responsabilidades”; ser Maçom é estar disposto a acatar mudanças em relação aos
padrões de comportamento recomendados pela maçonaria” e outras expressões
assemelhadas.
Isto ocorre com frequência nas palavras de maçons mais antigos,
que já galgaram alguns degraus de conhecimento dentro da Ordem, em ocasiões
propícias com o intuito de esclarecer aos novos iniciados, de forma objetiva,
que os empreendimentos da referida instituição são nada menos que uma obra monumental,
inacabada, sem prazo determinado para ser concluída e cujos trabalhos demandam
esforço e muita dedicação.
Sim, há uma razão de ser
para tudo isto! Não se pode deixar de reconhecer na maçonaria o seu poder, a
sua competência, o seu preparo, os seus méritos e a capacidade dos seus
membros, em cujas colunas ela se apóia mantendo-se como uma entidade de ações
perenes, de devoção às suas sublimes aspirações, e ainda ser, ao mesmo tempo,
uma espécie de banco escolar que tem por fim transformar homens bons em
célebres vultos benfeitores da humanidade.
Incontestável esta afirmativa porque
há provas materiais abundantes nos seus arquivos dando conta de que incontáveis
iniciados, ao assimilarem os preceitos e os fundamentos da Ordem, renasceram
para uma nova vida tornando-se homens imortais na história de muitos povos.
A maçonaria sempre
recomendou aos seus adeptos: Além da retidão de caráter,
que se mantenham perseverantes na luta em busca do aprimoramento moral,
intelectual e espiritual; que se curvem e se rendam perante a virtude,
morrendo, de vez, para o erro; como entidade espiritualista que é, emana sinais
de alerta aos maçons induzindo-os a praticarem constantemente a caridade, pois
o seu exercício revela o desempenho de uma das mais sublimes e essenciais aditividades
da referida ordem, sendo interpretado, quando decorrente da vontade da própria
alma, como gesto de amor que reduz a distância entre criatura e criador; por
fim, que os maçons trabalhem e se esforcem com dedicação na construção de um
mundo cada vez melhor para quem nele habita.
Neste sentido, os seus
propósitos vão desde o combate ao excesso dos prazeres mundanos, ao desvio de
conduta, na maioria das vezes, motivados pela adesão ao tráfico e ao consumo de
drogas, até a luta incessante contra a imoralidade, a ilegalidade e os
preconceitos vulgares, mediante o emprego do bom exemplo dos seus membros e a
devoção de cada um na prática constante das boas ações.
Entretanto, dentro de uma
sociedade como a de hoje, que adota padrões comportamentais (em grande parte)
eivados de vícios e erros de toda sorte, se compararmos a adoção de tais regras
como conduta ideal a ser seguida pelos iniciados da maçonaria, sem dúvida, o
resultado levar-nos-á ao convencimento de que esta difícil tarefa possa mesmo
ser entendida como pesado fardo colocado nos ombros daqueles que se dedicam e
se esforçam no cumprimento do dever maçônico.
Mas, visando o alcance
dos seus ideais supremos, a mencionada instituição proporciona a todos os seus
obreiros a possibilidade de evoluírem e adquirirem progresso em relação aos
preceitos da Ordem, utilizando-se da doutrina do aprimoramento comportamental
difundida nos seus rituais.
Esta doutrina tem, entre
as suas múltiplas finalidades, a de afastar os maçons, tanto quanto possível,
das trevas da ignorância, dando-lhes pleno conhecimento e capacitação para
poderem, à luz da razão, optar livremente pelo caminho do bem, valor humano
que a maçonaria universal recomenda seja tomado como fonte inspiradora de
todas as ações e atitudes dos seus iniciados.
Porém, como tanto se ouve
a prática do bem e o combate ao mal exigem do Maçom sérios sacrifícios. Um
deles, como dispõe um dos seus rituais, é “saber impor um freio à impetuosa
propensão ao erro para se elevar acima dos vis interesses” que atormentam
muitas mentes. É preciso também trabalhar intensamente até acostumar o espírito
a “curvar-se ante as grandes afeições e a não conceber senão ideias sólidas de
bondade.”
Deste ponto de vista
observa-se que um dos mais úteis e indispensáveis instrumentos à prática da
virtude é a fraternidade. Fraternidade é o laço que deve unir os maçons como se
estes fossem verdadeiros irmãos e amigos.
É o companheirismo e a
lealdade entre pessoas que se dispõem a trabalhar juntas, almejando o mesmo objetivo,
o mesmo alvo. No seio da maçonaria é ela (a fraternidade) a responsável pela
convivência pacífica e harmoniosa entre os maçons e essa união quando
fortalecida por sincero sentimento fraterno faz surgir o amor ao próximo.
Esta grandeza de
espírito, no entanto, não é um dom natural e para adquiri-la demanda-se um bom
tempo. À medida que avançamos no nosso aprimoramento, os defeitos e os vícios
vão dando lugar às boas qualidades até surgir em nós à disposição de ajudar o
nosso semelhante.
Se bem comparado, o ânimo
em ajudar alguém que se encontre em estado de necessidade é uma atitude
positiva que brota do nosso íntimo como divinal raio de luz com as suas
nuances e peculiaridades. É a este fenômeno que se dá a denominação de amor ao
próximo. Ele distingue-se de qualquer outro sentimento humano porque é
gratuito, afetivo, universal, sincero, desinteressado e se manifesta marcando a
sua presença em cada boa obra que realizamos.
Adicionada ao sentimento
fraterno de amor ao próximo está também à solidariedade, disposição esta que
consiste em alguém ajudar o seu semelhante, prestando-lhe um favor no sentido
de superação das dificuldades decorrentes da causa que o estiver envolvendo, de
maneira desinteressada, sem a intenção de receber recompensa alguma, o que
acontece quase sempre pela convicção de se estar praticando um ato de justiça e
nada mais.
No caminho de encontro
com a luz, que por costume chamamos de aperfeiçoamento maçônico, de igual modo
se faz presente à tolerância.
Do ponto de vista social,
ser tolerante é admitir, nos outros, modos de pensar, de agir e de sentir
diferentes dos nossos. É a capacidade que devemos ter de ouvir e aceitar os
outros, da maneira como realmente são, respeitando cada um nas suas convicções
e diversas formas de entender a vida desde que tais convicções e formas não
atentem contra direitos alheios.
A tolerância é a atitude
mais útil e mais louvável na vida social porque o tolerante é capaz de aceitar
opiniões e comportamentos diferentes daqueles estabelecidos pelo seu meio
social, eliminando, desta forma, os sentimentos preconceituosos e racistas que
comumente se manifestam no relacionamento humano.
A tolerância, às vezes,
confunde-se com a paciência porque uma faz parte da outra. A tolerância é a
virtude da paciência, segundo Santo Tomás de Aquino, visto que, dada a nossa
imperfeição comum, temos que esforçar-nos em ser tolerantes ou pacientes uns
com os outros.
Sacramentada em juramento
solene, a obediência à maçonaria consiste no respeito pelos seus ensinamentos e
no cumprimento destes, na forma como recomenda a referida instituição, o que
implica dizer que o homem Maçom, para se tornar fraterno, solidário e
tolerante, terá que admitir mudanças no seu padrão de conduta, conhecer bem os
postulados, preceitos e normas da Ordem e perseverar na sua prática.
O pleno alcance destes objetivos,
embora admitidos como tarefa dificílima, tem o seu lado compensador porque se
trata de um aprimoramento de alta relevância do qual se beneficiam ambas as
partes (Maçom e maçonaria) e quem o atinge merece a honra, a respeitosa condição
e a dignidade de ser reconhecido por toda a irmandade como obreiro “justo e
perfeito”.
Anestor Porfírio da Silva M∴ I∴ – ARLS Adelino Ferreira
Machado Or∴ de Hidrolândia – Goiás