O SIGNIFICADO DA PASCOA



A Páscoa, como a maioria das pessoas imagina, não é uma festa somente cristã.

A palavra Páscoa, vem do hebraico Passach, que significa passagem. Ela foi instituída pelos judeus, quando ainda estavam no cativeiro no Egito. O significado de palavra refere-se não a passagem do povo judeu do Egito para a terra prometida, mas sim que Deus iria “passar” pela terra do Egito, e ferir os primogênitos, sejam de homens ou animais. 

Ela deve ser comemorada no dia 14 do mês de Nissan, que é o primeiro mês do calendário judaico.

De acordo com as tradições judaicas, ela foi comemorada pela primeira vez há 3.500 anos, quando Deus enviou ao Egito as dez pragas, conforme relatado no livro de Exodus. 

Ao contrário dos cristãos, que se abstém de carne na sexta feira, os judeus comem carne de carneiro com pão ázimo.

Enquanto os judeus comemoram a Páscoa indicando a passagem de Deus pelas terras do Egito, os cristãos celebram a ressurreição de Cristo, ocorrido três dias após sua crucificação, sendo considerado um dos dias mais importantes do cristianismo.

O cristianismo adotou muito dos ritos judaicos, sendo a Páscoa uma delas. Mas a igreja, para distinguir da Páscoa judaica, decidiu que a data cristã seria comemorada no primeiro domingo após a Páscoa dos judeus, ou seja, após a primeira lua cheia da primavera que ocorre no hemisfério norte. Dai a Páscoa sempre ocorrer entre o dia 22 de março e 25 de abril.

 Muitos dos costumes ligados ao período pascal originam-se dos festivais dos povos pré-cristãos da primavera.

Na Europa, esses povos homenageavam a deusa Ostera ou Ostara ou ainda Esther, sendo que na língua inglesa Easter que dizer Páscoa.

Ostara era a deusa da Primavera, que era representada segurando um ovo em sua mão e observando um coelho, que era considerado símbolo da fertilidade. Tanto ovo como o coelho, são símbolos da chegada de uma nova vida. A celebração era realizada no Equinócio de primavera no hemisfério norte. 

Representa também o renascimento da terra após o inverno, a chegada da luz. Assim como muitos deuses antigos, Ostara foi cristianizada, bem como os seus símbolos, o ovo e o coelho.

Na Maçonaria essa data é celebrada, nos graus filosóficos, por uma sessão especial, a da Quinta-feira de Endoenças. Essa tradição pertence ao Grau de Cavaleiro Rosa Cruz, praticado no Brasil pelo Grau 18 do Rito Escocês Antigo e Aceito. 

Independentemente de ter origem pré-cristã, o significado da Páscoa hoje é reforçar no coração de todos, que devemos ter um novo recomeço, perdoando nossos desafetos, sendo também um momento de começar uma nova jornada abandonando velhos vícios e hábitos.

DERMIVALDO COLLINETT

M.M. DA ARLS RUI BARBOSA OR.'. DE SÃO LOURENÇO
Bibliografia
- A diferença entra as Páscoa Judaica e Cristã e sua influência na Maçonaria – College Adonhiramita.
- A origem da Páscoa – Autor desconhecido
- Pessach e Páscoa - A diferença entre as festas judaicas e cristãs e suas influências na Maçonaria. Luis Genaro L. Fígoli (M.´.I.´.)*


AS TRADIÇÕES MAÇÔNICAS ESQUECIDAS



Nos Rituais, Manuais e Catecismos Maçônicos pululam em todas as páginas, personalidades, símbolos, tradições, mitos e lendas plenos de mistérios, mas que se completam de forma autônoma, ao longo dos Graus, enriquecendo, não só a Literatura Maçônica, mas o aprendizado e a Cultura da Arte Real. Alguns desses personagens, símbolos e tradições, lendas e mitos estão por completos ou parcialmente esquecidos. A ideia é caminhar em sua direção com o objetivo de promover resgates.

O Rito Escocês Antigo e Aceito, formatado em 33 Graus, apresenta-se como um conjunto harmônico, entrementes, cada Grau possui sua própria ritualística, personagens, simbolismo, lendas, tradições e mistérios que se de desvelam aos iniciados em cada um dos Graus respectivos, e no momento preciso, como num jogo de juntar peças. 

O mesmo se pode afirmar com relação aos demais Ritos que tiveram origens no Velho Continente, notadamente Inglaterra, Escócia, França e Alemanha.

No nosso modesto e humilde entender, as tradições, em especial, as lendas, os personagens, os fatos e acontecimentos que serviram (e ainda servem) de repositório de conhecimentos e/ou informações acumuladas pela Ordem na sua longa marcha civilizatória, estão perdidas e/ou se perdendo em face das alterações desfigurativas dos Rituais; da ausência de métodos instrucionais eficazes na transmissão dos saberes; e da falta de interesse dos maçons em se aprofundarem no conhecimento das tradições maçônicas.

A meu entender, não há força capaz de sustentar uma instituição como a nosso sem o apoio do conhecimento, sem a transmissão da tradição, dos usos e costumes, e do simbolismo subjacente, que passam a representar, essencialmente, a pedra angular, a argamassa, o elemento de coesão da Maçonaria e dos Maçons. 

Neles se exprimiram todos os sábios antigos e neles deixaram os seus rastros luminosos de saberes que chegaram até nós. A manutenção da Tradição de nossa Ordem faz com que a pratiquemos, no século XXI, a ritualista estabelecida nos séculos XVII e XVIII. Se assim não fosse a nossa Ordem já teria se pulverizado.

Então, diante deste cenário, parece-nos excessivamente oportuno escrever sobre este assunto – as tradições esquecidas – na tardia esperança de reacender o fogo do interesse pelas “coisas” da Ordem, ainda que, para isto, tenhamos que inscrever no preâmbulo intelectual de cada maçom, marcas que expressem o sentimento de que precisamos reencontrar nas tradições maçônicas, a chave que serve para abrir e/ou fechar o cofre do tesouro do conhecimento dessas coisas que a Maçonaria conserva.

Focando na questão da tradição maçônica, vamos, inicialmente, perquirir os dicionários para averiguar o que eles dizem. No meu velho e bom “Aurélio”, por exemplo, encontro: Tradição é o ato de transmitir ou entregar (algo ou alguma coisa a outrem); transmissão oral de lendas, fatos, etc., de idade em idade, geração em geração; transmissão de valores espirituais através de gerações; conhecimento ou prática resultante de transmissão oral ou de hábitos inveterados; e, por fim, recordação, memória. 

Poderia me contentar, apenas, com as duas últimas palavras: recordação e memória. Mas, precisamos evoluir, então, recorremos ao meio mais moderno de consulta da atualidade, o Google, e lá encontramos: Tradição (do latim: traditio, tradere = entregar; em grego, na acepção religiosa do termo, a expressão é paradosis παραδοσις) é a transmissão de práticas ou de valores espirituais de geração em geração, o conjunto das crenças de um povo, algo que é seguido conservadoramente e com respeito através das gerações.

Procurando refúgio e apoio nas obras maçônicas, recorro a Nicola Aslan e ao seu Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria Simbólica, que a partir do verbete especifico transcrevo:

“Tradição – Palavra de origem latina usada, em Direito, para indicar a ação de entrega e particularmente de uma propriedade. Por extensão esta palavra aplica-se à transmissão de fatos puramente histórico, de doutrinas religiosas, de acontecimentos de qualquer ordem, de idade em idade, e que sem qualquer prova autentica se tem conservado de boca em boca, constituindo, porém, uma das bases da história e da religião” 

E prossegue aquele autor:
“É por meio da tradição que os grupos humanos transmitem suas crenças, suas ideias, seus costumes, além de todas as conquistas artísticas, técnicas e cientificas. Desta forma, a tradição é um fator de progresso, pois transmite uma herança de cultura, que se renova através das gerações (...)“.

Observa-se, contudo, nas consultas efetivadas, que a ideia central perpassada é a mesma, a tradição é uma forma de perenizar conceitos, experiências e práticas entre as gerações, é a transmissão do conhecimento; é a conservação dos costumes, dos hábitos, de tudo o que no passado era observado. Os aspectos específicos da tradição devem ser vistos em seus contextos próprios, enquanto forma de perenizar conceitos, experiências e práticas entre as gerações. A tradição toma feições peculiares em cada crença e grupamentos humanos. 

Fica registrado, então, que é por meio da Tradição que os grupos humanos mantêm seus costumes seus hábitos, suas conquistas morais e sociais. A cultura maçônica adquirida é assim mantida. A manutenção dos parâmetros estabelecidos em nossos “Rituais”, “Landmarks” e “Antigos Deveres” é o que permite que a Maçonaria seja secular. Em resumo, o termo Tradição significa Transmissão.

As crenças, as lendas e os mitos, gostem ou não gostem alguns historiadores da Ordem, são formas de transmissões orais, cujas personagens podem mudar segundo a geografia, padrão social e a cultura de época, mas a componente moral permanecem e transmite-se na consciência das gerações. Permito-me, nesse parágrafo complementar, sem pretender me contradizer ou confundir o leitor, asseverar que a tradição não é só regras, constituições, estatutos, rituais, e normas da Ordem, mas os usos e costumes e simbolismo que neles se inserem e que regulam a vida dos maçons e suas condutas atuais e futuras.

Trazendo esses conceitos e argumentos para o interior da Ordem, podemos entender que a tradição maçônica, não só diz respeito como se imagina, aos Landmarks, Constituições de Anderson e aos antigos usos e costumes da Maçonaria Universal, mas as Constituições em geral, regulamentos, regimentos, rituais, leis, decretos e normas que se relacionam, principalmente, com matérias ritualísticas. Também, se afigura como tradição, o farto simbolismo que permeia em nossas Lojas, seus adornos e objetos de uso interno, e jóias e paramentos que ilustram os maçons. 

Neste particular, o símbolo, a lenda e o mito permanecem como uma necessidade viva, por cujo instrumento se poderiam tornar acessíveis as representações intelectuais do enunciado deste parágrafo e texto.

Daqui partindo, professa Manoel Arão, que a maçonaria quis manter na sua simbologia, o essencial da sua tradição e as regras gerais que são a base de seu ensino filosófico e moral. Porque Ela sabe bem que, ao lado das coisas que evoluem que mudam constantemente de direção, qual ampliam e se modificam, obedecendo a critérios dos intérpretes e às correntes mentais que criam as doutrinas e as escolas, há o princípio fixo e imutável que pode ser conhecido amanhã em outros detalhes, ora ignorados, mas cuja base constituem a própria essência inalterável e eterna que o homem consegue apreender e fixar. Estas razões justificam o símbolo que resume e fixa e que já é inseparável da transmissão dos conhecimentos e princípios maçônicos (Arão, História da Maçonaria no Brasil: desde os tempos coloniais até nossos dias, Recife, 1926, p. 35).

As diversas Escolas do Pensamento Maçônico (Autêntica, Antropológica, Mística e Ocultista) não se omitiram no estudo das antigas tradições, lendas e mitos da Maçonaria, pelo contrário, as tradições maçônicas foram dissecadas, reviradas, examinadas minuciosamente analisados em face de registros documentais, e do muito, pouco foi afastado pelos historiadores, estudiosos e defensores e propagandistas de cada Escola. Em resumo, não puderam refutar documentos conhecidos como as “Old Charges”, ou “Antigos Deveres” ou “Antigas Constituições” e nem outros documentos e relatos, na defesa da busca de autenticidade.

Neste diapasão, resta indicar, na conformidade do título, quais tradições maçônicas estão ou foram esquecidas, ou para ser menos dramático, quais tradições estão ido para o esquecimento pela própria descura maçônica. Impossível relacionar todas as tradições maçônicas a que podemos nos referir neste espaço de leitura, mas uma análise atenta dos documentos antigos e atuais da Ordem permitem que iniciemos apresentando um elenco dos principais princípios (sem comentários) tradicionais da Maçonaria Universal:

- Reconhecer o Grande Arquiteto do Universo, como Força Superior, Princípio Criador, Causa Primeira de Todas as Coisas;

- Admitir a Moral Universal e a Lei Natural, ditadas pela razão e definidas pela Ciência que obriga o Maçom a ser bom, sincero, modesto, honrado, generoso e caridoso;

- Admitir a prevalência do Espírito sobre a Matéria;

- Ser Tolerante, não combater ninguém por sua crença religiosa, reconhecer direito e liberdade iguais a todas as religiões e cultos;

- Não discutir sobre questões religiosas no recinto das Lojas;

- Não impor limites à livre e constante investigação da verdade;

- Proclamar o sagrado e inviolável direito de todo o indivíduo de pensar livremente e Ser livre pensador; 

- Reconhecer que os homens – maçons e não-maçons – deve dirigir seus atos e sua vida exclusivamente de acordo com a sua própria razão; 

- Reconhecer que todos os homens são livres, iguais entre si e irmãos;

- Combater e aniquilar o obscurantismo, a hipocrisia, o fanatismo, a superstição e os preconceitos;

- Praticar as virtudes domesticas e cívicas, na família, na sociedade;

- Respeitar as leis do País;

- Ser absolutamente fiel aos juramentos, deveres e princípios maçônicos; 

- Reconhecer o trabalho manual e intelectual como um deve essencial do homem;

- Proscrever sistemática e terminantemente o recurso à força e à violência;

- Tornar feliz a humanidade pelo aperfeiçoamento dos costumes.

Esses princípios podem ser interpretados e escritos de várias formas, gerando controvérsias de reconhecimento, mas são clausulas tidas como pétreas, portanto, não passiveis de discussão. Alterá-los significaria romper a sintonia maçônica mundial. Neste diapasão, a Tolerância, a Crença no Grande Arquiteto do Universo, a ideia maçônica da perfectibilidade individual e social, e o trabalho pelo aperfeiçoamento dos costumes são algumas das principais regras da maçonaria que estão sendo relegadas a segundo ou terceiro planos.

No simbolismo, por seu turno, há muitos termos, relatos, lendas e costumes, que muitos maçons desconhecem, embora finja conhecer, e no caso, para não me alongar, destaco e listo apenas doze (sem comentários), a saber: Arca da Aliança; Mar de Bronze; Sanctum Sanctorum; o Silêncio Maçônico; os Banquetes Solsticiais e Ritualísticos; a Taça Sagrada; a Cadeia de União; o Simbolismo das Velas; a palavra Xibolete e os fundamentos históricos do grau de Companheiro; a simbologia do pavimento de mosaico; do Delta Luminoso; e da corda de 81 nós. Mas bem que poderia dizer da Abelha, artes liberais, crânio, cruz, hexagrama, menorah, quadrado dentro de um círculo, quatro coroados, e etc e tal.  

É aos maçons mais antigos, aos maçons mais sábios, através de processos que assegurem a continuidade de uma cadeia ininterrupta, a quem compete transmitir o conhecimento, a sabedoria, a cultura, as lendas, os mistérios e impedir que as tradições maçônicas se percam ou caiam no esquecimento, e para que a memória das novas levas de maçons retenha o essencial a fim de que possa ser transmitido, como uma herança. 

A Maçonaria refere-se aos “Antigos Deveres” e aos “Landmarks“ da Fraternidade, especialmente quanto ao absoluto respeito das tradições específicas da Ordem, essenciais à regularidade das Lojas e Maçons de cada Jurisdição.

Na abertura dos trabalhos do Rito Brasileiro desenvolve-se o seguinte diálogo entre o Venerável Mestre é o Primeiro Diácono (Derly Halfeld Alves, Revelações maçônicas, Trolha, 2011, p. 79):

- Por que usa a Maçonaria de Símbolos, 1º Diácono?

- Porque se origina dos antigos mistérios, onde os Símbolos e as Alegorias eram a chave da ciência. Conserva-os por tradição e para auxiliar a memória a reter os seus ensinamentos pela impressão que causam ao espírito e aos sentidos. 

A guisa de conclusão, a nota triste e final é que leio em Wellington B. de Oliveira (Um conceito de Maçonaria, Trolha, 1994, p. 24), a afirmativa de “que os Mestres... já não merecem assim ser chamados, perderam o amor pela escola, já não ensinam, não sabem o que ensinar. Não transmite confiança ou motivação, pois, a apatia tomou conta de seus ânimos”. 

Para os Mestres, Companheiros e Aprendizes, este é um desafio que precisa ser superado, vencido, derrotado, afastado das mentes dos maçons, para ceder lugar ao entendimento de que, efetivamente, “Os Mestres merecem assim ser chamados e reverenciados, por seu amor e dedicação pela escola e pelo conhecimento, pelo ensino e por tudo que ensinam, por transmitirem confiança e motivação, pois, a alegria da expansão do saber tomou conta de seus ânimos”. 

Fica lançado o desafio: aprender para ensinar e ensinar para aprender. 

Postagem: www.unidosporbrasília.com.br – 23/06/2014 - LGR


REFLEXÕES SOBRE FILOSOFIA E VIRTUDES MAÇÔNICAS




 É difícil definir filosofia, existem várias definições, uma delas diz que filosofia é o estudo das questões gerais e fundamentais relacionadas com a natureza da existência humana; do conhecimento; da verdade; dos valores morais e estéticos; da mente; da linguagem, bem como do universo em sua totalidade.

Diz-se que o termo foi cunhado por Pitágoras. Filosofia não tem regra de bolso para estudar, serve para cada um de forma individual, com a própria visão. Tomás de Aquino disse certa vez que: “O que quer que seja recebido é recebido ao modo do recipiente”. Perante os mesmo símbolos, as mesmas alegorias, as mesmas situações têm percepções diferentes e interpretamos conforme nossos próprios conceitos e agimos conforme nossa própria moral.

Segundo Joaquim Figueiredo (2006) o simbolismo maçônico pode ser dividido em emblemático (transmite por analogia um sentido moral) ou esquemático (tem um significado mais intelectual, filosófico ou científico). Alegoria é aquilo que representa uma coisa para dar a ideia de outra por meio de uma ilação moral. É uma quase imediata compreensão, (exemplo régua = retidão).

Já o símbolo tem várias interpretações. Tem uma interpretação moral. É vago, não é de fácil compreensão e aparentemente pode querer dizer uma coisa, mas na verdade, quer dizer outra. Cumpre ao contemplador (ao Irmão) compreender o significado. É um processo privado, único, individual, como é a caminhada maçônica.

Ao ouvirmos uma instrução é salutar que expressamos como entendemos esse processo, assim vamos assimilando os símbolos. O ato de somente repetir não nos faz passar pelo processo simbólico ocorre somente à acomodação. Os dois caminhos para o processo simbólico são o intelectual e o emotivo: no intelectual você acrescenta, através do estudo, conexões mentais. No emotivo, é a experiência de vida que nos acrescenta conhecimento. Por isso é que nossa interpretação é importante sobre os assuntos, especialmente os maçônicos, não devemos somente repetir aquilo que nos foi dito e sim incorporar nossas percepções sobre o assunto.

A frase “conhece-te a ti mesmo e conhecerá o Universo e os deuses”, oriunda do período de apogeu da cultura Grega no mundo ocidental, leva àquele que a incita a pensar sobre sua existência, suas próprias características, seus erros e também o que o motiva a seguir o caminho.

Desde os primórdios o homem se pergunta qual a finalidade da vida humana, qual o objetivo da vida, de onde vem e para onde vai. Nesse ínterim que temos entre nosso nascimento terreno e morte é o período que nossa alma possuiu esse corpo, e é o tempo que aqui estamos para evoluir, sendo as sociedades iniciáticas, em especial a maçonaria, auxiliar no desenvolvimento do homem de forma individual e da humanidade como um todo.

VITRIOL é talvez o mais famoso axioma hermético, síntese dos conhecimentos aplicados à maçonaria especulativa. Visita interiore terrae rectificando invenies occultum lapidem. Pode ser traduzida do latim como: Visite o interior da terra, retificando-se, encontrarás a Pedra Oculta. É a porta que nos conduz a um novo estado moral ou espiritual a partir do qual se inicia uma nova maneira de ser e de viver.

É através da auto-observação que o homem consegue saber o que lhe faz feliz. Quem quer que se empenhe na dura obra do seu aperfeiçoamento moral e espiritual deve penetrar no âmago do seu ser, com o propósito sincero de encontrar e eliminar todas as imperfeições por ventura encontradas. E elas certamente não serão poucas.

Viver a maçonaria diariamente é um eterno processo de retificação. Este caminho a percorrer haverá de levá-lo à descoberta da Pedra Filosofal ou Pedra Polida; que é o princípio, a Centelha Divina que repousa viva dentro de cada um de nós. Que nada mais é que o maçom polido.

Uma das virtudes da alma é o conhecimento. Se a Virtude da alma é o Conhecimento e se a Fraternidade Maçônica só se sustenta pela Virtude, então Conhecimento e Fraternidade são equivalentes e necessitam-se.

Assim, ignorância e fraternidade são excludentes. O Conhecimento exige a fraternidade, portanto, o equilíbrio da Fraternidade Maçônica exige do Maçom conhecimento, em especial autoconhecimento, exatamente o que preconizava Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”. É necessária uma predisposição perene do maçom na constante busca do conhecimento e da virtude. Como diz nosso manual “levantando templos à virtude”.

A maçonaria, desde o primeiro grau de Aprendiz, vai nos revelando sua filosofia, esse segredo que vamos entendendo pouco a pouco. Os segredos íntimos da Maçonaria são fundamentais para o desenvolvimento harmônico da humanidade.

Na iniciação é perguntado ao neófito o significado de “virtude”. Para Aristóteles a virtude não é apenas a disposição da alma para a realização de ações nobres, mas requer a constância, a repetição. É um hábito constante que leva o homem para o bem. Para Tomás de Aquino “as virtudes humanas são hábitos”. No latim vem do virtus, significa viril, em especial ao gênero masculino. Hoje, virtude é mais um atributo moral e positivo. As virtudes cardeais são a prudência, fortaleza, temperança e justiça. Já as virtudes Teologais são a fé, esperança e caridade.

Prudência: É a virtude que permite ao entendimento refletir sobre os meios que levam a um fim racional. É uma virtude intelectual. Para atingir um fim devemos pensar nos meios. Fortaleza: capacidade de enfrentar os perigos, males e a morte. 

Uma vitória sobre o medo. Temperança: optar e conter o prazer sensitivo, dentro dos limites estabelecidos pela sã razão. Justiça: Consiste na consideração equitativa do e no respeito ao direito e ao valor devidos ao outro ou a alguma coisa.

O domínio da justiça permite o equilíbrio da temperança, da fortaleza e da prudência. Virtudes teologais: Fé: Segundo São Paulo, “a fé é a substância das coisas esperadas e o argumento das que não aparecem”. É a certeza íntima numa Verdade que não aparece. Esperança é a expectação de algo superior e perfeito. Caridade é a bondade suprema para consigo mesmo, para com os outros e para com o Ser Infinito, no sentido do amor Universal. A fé é da natureza do espírito, a semente da fé é dada no momento de sua criação. É uma dádiva de Deus.

Virtudes cardeais passam ideia de horizontalidade, exercê-mo-las nas nossas relações com os outros seres no mundo. Já nas virtudes teologais a ideia é de verticalidade. Relação do homem com a divindade.

Na fé temos a certeza íntima da existência do Criador, para além da razão.
Se tivermos fé em Deus e reconhecemos a imortalidade da alma, é racional que tenhamos a esperança da felicidade futura. É, portanto, uma emoção relativa ao homem e a Deus. É inata justamente porque sem fé não pode haver esperança. Na caridade temos o aspecto vertical, pois é o amor universal que nos leva a caridade, mas tem algo a mais, pois tem também a horizontalidade. É a maior das virtudes.

Você tem o amor universal, mas você exerce esse amor no mundo com os irmãos. Benemerência é diferente de caridade. Na benemerência, também importante, diga-se de passagem, você doa uma cesta básica. Na caridade você doa a cesta básica e vai ao lugar entregar, ver como o necessitado está. Sem ostentação nem propaganda. Não é dar o que sobra, é retirar um pouco do muito que temos para distribuir a felicidade para os nossos semelhantes.

E qual a recompensa de todo esse esforço? O que ganhamos com isso? Qual a vantagem? Tirar um peso da consciência pode ser a resposta para alguns. Sentir-se feliz com a felicidade do outro pode ser para outros. Ter um “aumento de salário maçônico”? Para alguns talvez seja somente cumprir uma obrigação. Nem todas as perguntas têm respostas que servem para todos. Não somos iguais. Mas não estamos aqui por nossas diferenças, são nossas virtudes e desejos de bem estar comum que nos unem.

A maçonaria, segundo nosso manual, é uma associação de homens escolhidos, cuja doutrina tem por base o GADU. Tem como regra a Lei Natural; por causa a Verdade, a Liberdade e a Lei Moral; por princípio a Igualdade, a Fraternidade e a Caridade; por frutos a Virtude, a Sociabilidade e o Progresso; por fim, a Felicidade dos Povos que, incessantemente, ela procura reunir sob a bandeira da Paz. Assim, a Maçonaria nunca deixará de existir, enquanto houver a espécie humana.

Bibliografia:
Manual do Ap REAA GORGS
Reflexões pessoais e da Cadeira Filosofia Maçônica: valores, virtudes e verdades. Do curso de Maçonologia: História e Filosofia da UNINTER do Paraná.
Ensaios sobre Filosofia e cultura maçônica – Walter Celso de Lima editora Madras

Autor Irmão M M André Weizenmann
ARLS Venâncio Aires/RS 2020

O QUE É UMA LOJA AZUL?



Luz na Grande Loja da Maçonaria da Flórida

Este discurso é projetado para lhe dar uma breve introdução à Arte e ao esteio da Maçonaria, da Loja Azul ou da Loja simbólica, como é mais bem conhecido. A jornada de todo homem para a Maçonaria começa em uma Loja simbólica, onde ele recebe os primeiros três graus na Maçonaria.

Estes são conhecidos, respectivamente, como os Graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom. Alguns se referem a eles como o primeiro, segundo e terceiro graus. Somente o ritual e o simbolismo mais profundos caracterizam nossos graus, destinados a abrir os olhos e a mente para um ideal superior.

A Maçonaria é uma sociedade fechada, não aberta ao público em geral, mas sim a pessoas de persuasões e ideais semelhantes. Embora não haja duas pessoas iguais, elas podem compartilhar uma crença comum na Irmandade do homem e em UMA pessoa a quem nós, na Maçonaria, nos referimos como o Arquiteto Supremo do Universo.

Os princípios da Maçonaria são Fraternidade, Alívio e Verdade. Nós defendemos que todos os homens sejam iguais, independentemente de sua riqueza ou posição mundana, e tentem aliviar as aflições e tribulações de nossos semelhantes, novamente independentemente de pertencermos à Fraternidade.

Também praticamos a virtude da verdade. Isso pode ser o mais difícil de tudo, porque muitas vezes é mais fácil contar uma mentirinha branca do que confrontar alguém com a verdade.

As Lojas Maçônicas, também conhecidas como Lojas Azuis, são onde os maçons se reúnem para reuniões. Estas Lojas Azuis Maçônicas estão em muitas cidades do mundo inteiro. Você pode identificar facilmente onde os maçons se encontram com o emblema Quadrado e Bússola exibido no prédio, seja montado em uma parede ou sinal.

Alojamentos azuis locais são organizados sob uma Grande Loja. Cada estado tem uma Grande Loja, que preside a operação de todas as Lojas Azuis dentro desse estado. Juntar-se a uma Loja Azul geralmente é feito encontrando um Irmão da Loja que você está interessado em se unir.

Este Irmão será seu guia para ajudá-lo a navegar no processo de associação e iniciação de sua Loja. Nenhum homem pode se tornar um maçom sem primeiro ser recomendado por dois Irmãos e depois ter sido considerado de boa reputação pelo Comitê de Investigação da Loja.

O ritual praticado pela loja simbólica é chamado York Rite, e segue para o Capítulo do Arco Real, daí para o Comando. Do outro lado da moeda está o Rito Escocês, que abre outra porta da Maçonaria.

Fonte: http://www.masonicworld.com/education/files/mar05/blue_lodge_masonry.htm
Fonte: http://www.beashrinernow.com


MORALIDADE E CIVILIDADE


O gosto só pode ser educado pela contemplação não do que é razoavelmente bom, mas daquilo que é puramente excelente. Só revisando apenas os melhores trabalhos que já fiz é que posso estabelecer um padrão para o futuro.
Johann Goethe

O Maçom por excelência é um Construtor Social, responsável pelo advento de uma sociedade justa e esclarecida.

Este advento para ser verdadeiro, tem que ter por princípio o respeito, o direito de opinião e a liberdade de cada Irmão, ter o inalienável e consagrado objetivo da Ordem, que é a Livre Expressão.

Assusta-nos, testemunhar nas redes sociais, Irmãos digladiando-se, por partido A ou B, por político C ou D, chegando, infelizmente à profusão de impropérios.

Não somos uma facção, somos Maçons!

Ao nos ser concedida à Luz, nos compromissamos para com a Ordem e seus estatutos e procedimentos, nos comprometemos, em serem Construtores Sociais.

Não é razoável, vivermos neste "pé-de-guerra", o que vão pensar àqueles que estão fora do Templo?

Que julgamento farão de nós?

Infelizmente o advento das redes sociais, vieram com tamanha velocidade, que de certa forma, foi impossível às Potências se prepararem para esta Maçonaria do Terceiro Milênio, empobrecida de Cultura, mas regalada de brilhos, que premia a vaidade e castiga o livre pensamento.

Aonde não existe reflexão e questionamento, esquecendo-se do tempo de estudos, do bom debate, sobre o que somos, onde estamos e para aonde iremos, proliferam este tipo de conduta e comportamento, na qual Irmãos não reconhecem Irmãos.

O que sempre distinguiu nossa Ordem foi a sua ecumenicidade, seja ela por crenças, idéias, perspectivas ou por visões de mundo distintas.

Criamos uma instituição, sem discursos sindicalistas e sim, através de emblemas e alegorias da construção, que nos permitiam sonhar, por um mundo livre das amarras da ignorância, edificando assim, templos à virtude.

Somos poucos, mas possuímos através da União, a fonte multiplicadora do exemplo.

Sejamos referência para a sociedade, de civilidade, moralidade e civismo.
Somos Maçons de todas as cores, de todas as nacionalidades, a Maçonaria é Universal.

Reflitamos sobre o que é excelente!

E comecemos a escrever uma nova história, para o futuro.

O destino está em nossas mãos!
CAM

Jaylton Reis
A Bigorna de Tubalcaim


O QUE É "ESTUDAR MAÇONARIA"?



Desde que fui iniciado, percebo uma espécie de arrepio entre os maçons quando se fala em “estudar maçonaria”.

A princípio, estranhei muito isso −, pois os que me indicaram para participar da Ordem e os que fizeram minha sindicância garantiam que a Maçonaria era uma escola de filosofia moral, social e espiritual estruturada num sistema consciente, uma união de homens sábios e inteligentes, ligados pelo dever de esclarecer e preparar a humanidade para a emancipação e progresso.

Quem não se entusiasmaria com uma “propagada” dessa? E quem, nos tempos tumultuosos que vivemos não se entusiasma diante de uma “pregação” dessa magnitude?

Por que então – eu sempre me perguntava, e ainda me pergunto – esse ar de admiração, esse estremecimento de espanto e calafrio quando falamos em “estudar maçonaria”? Por que a estupefação que desanda em deboche e pilhéria quando nos referimos à História, à Filosofia, à Psicologia e à literatura especializadas?

Nenhuma dessas coisas ou aspectos são mais espetaculosas do que a avalanche de fotografias, medalhas, títulos, diplomas e condecorações de que vivem alguns setores da Ordem − condecorações, títulos e medalhas diplomas que só se justificam pelo mérito (sendo mérito o conjunto de fatos e provas que norteiam uma decisão).

Pois bem: “estudar maçonaria” é fato e prova de relevância na formação do Mérito Maçônico, ou seja: o adquirir habilidades e conhecimentos próprios da “escola essencial” à existência e sobrevivência da Maçonaria, como organização e instituição.

Se o que eu disse até aqui, nessas 240 palavras, pareceu obscuro, recomendo uma releitura atenta (à moda das “análises e interpretações de texto” dos cursos pré-universitários). Tive o cuidado de – eliminando, por substituição, quaisquer palavras ou indícios referentes à Maçonaria − mostrar esse texto de 240 palavras a quatro jovens escolares na faixa entre 14 e 19 anos; e eles entenderam perfeitamente o sentido do texto, apenas me questionando sobre os significados das palavras “sindicância”, “emancipação”, “magnitude” e “estupefação”.

Um acerto interpretativo, portanto, de 98,3% do que eu escrevera!

O que pretendo demonstrar com isso? Se quatro jovens em idade escolar pré-universitária abarcaram, pelo entendimento, 98,3% desse texto, significa que qualquer maçom – independentemente do nível de estudo formal – tem potencial para ler, entender e colocar em prática a seguinte Síntese de Conhecimentos ou de habilidades próprias da Maçonaria:

a) os textos ritualísticos;
b) as instruções dos Graus;
c) a legislação maçônica básica (que reúne os seguintes documentos: A Constituição da Potência; o Regulamento Geral da Potência; a Legislação Penal Maçônica; o Regimento Interno da Loja Simbólica.

É esse “LER, ENTENDER E COLOCAR EM PRÁTICA” acima citada que constitui “ESTUDAR MAÇONARIA”. Por que, então, a persistência nos mesmos erros?

Ninguém vai exigir do maçom que ele se especialize em história egípcia, filosofia grega, cânones medievais, estética renascentista, matemática superior, geometria descritiva de Gaspard Monge, geometria analítica, música ou resistência dos materiais – pelo contrário: às vezes muita informação acaba criando confusão, visto que não somos uma Universidade, e sim uma UNIVERSALIDADE.

Chegará o momento em que o maçom investigativo, ávido por conhecimento, definirá suas prioridades na aplicação do escopo (intenção, objetivo) geral da Maçonaria. Ele poderá optar por uma “especialidade” e, paralelamente a um dos saberes Universitários, desenvolver esta ou aquela PESQUISA, por sua própria iniciativa e no âmbito da Maçonaria. Pode acontecer (e de fato SEMPRE acontece) que outro ou aquele outro definam suas prioridades como conquistar o cargo de Venerável Mestre... ou alonguem seus anseios em alcançar o Primeiro Malhete de sua Potência.

Então, esses desprendidos servidores de seus Irmãos se empenharão mais ainda em PESQUISAS mais enraizadas e entranhadas nos textos originais dos “Landmarks” e das “Constituições de Anderson”, além de esmerada proficiência no que tange à Justiça Maçônica e à técnica legislativa Maçônica.

(No parágrafo anterior, coloquei a palavra PESQUISA em destaque como indicativo de relevância ao objetivo das Lojas de Pesquisas que vêm sendo criadas a exemplo daquela que foi a primeira do mundo – a “Quatuor Coronati Lodge Nº 2076” da Grande Loja Unida da Inglaterra) (1)

CONCLUSÃO: Isto, meus caríssimos Irmãos, significa – em síntese − “estudar maçonaria”; nada além do cumprimento do dever de iniciados e, principalmente, galardão daqueles que ostentam o avental de Mestre Maçom.

 (1) A “Quatuor Coronati Lodge Nº 2076”, primeira Loja de Pesquisas do mundo, assim define seus objetivos (The Aims of the Lodge):

- Proporcionar centro e vínculo de união aos que estudam a Maçonaria e a história maçônica;

- Atrair maçons para reuniões, a fim de incentivar uma visão crítica (apreciação) da pesquisa maçônica; - Submeter às descobertas ou conclusões dos pesquisadores ao julgamento e críticas de seus pares por meio de artigos lidos em Loja; - Submeter e comunicar as discussões (debates, exames minuciosos) que surjam ao corpo geral do Simbolismo publicando os anais da Loja;

- Reimprimir trabalhos escassos e valiosos sobre a Maçonaria;

- Permitir que a língua pátria se familiarize com o progresso dos estudos maçônicos em outros lugares por traduções (e vice-versa);

- Organizar, de maneira concisa, as relações da Loja e seu progresso com as Oficinas congêneres no país e no exterior;

- Formar uma biblioteca e museu maçônicos em instalações permanentes.

(tradução livre e adaptada do Site da “Quatuor Coronati Lodge Nº 2076”
Por José Maurício Guimarães

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