INTRODUÇÃO
Preliminarmente: “Este trabalho foi
elaborado do ponto de vista dos aprendizes maçons. São posições, aqui
manifestadas, levando-se em conta o pequeno quinhão de instrução recebido no
nosso humilde grau, que até o presente momento, ainda refletem os anseios do
conhecimento maçônico no nosso crescimento individual, pois os sentimentos
primários ainda persistem no nosso eu, diante da penumbra do desconhecido
da ordem. Entretanto, tais sentimentos são divergentes entre nós e a exposição
deles, livremente levada a efeito por cada um, haverá de levar-nos à
aprendizagem contínua. Assim, animados tão-somente pelo espírito de construir,
colocamos as nossas impressões e sentimentos, compartilhando-os com todos os
presentes, a fim de gerar as mais abalizadas opiniões, por meio das quais
possamos coletar novas e valiosas informações, capazes de contribuir para o
enriquecimento deste trabalho.”
1 – A EXPECTATIVA DO
APRENDIZ EM RELAÇÃO À ORDEM
Entrar para a
Maçonaria! Quanta expectativa. Primeiro, a fase burocrática do processo.
Preencher Formulário-Proposta, tirar retratos e certidões, ter a sua vida
minuciosamente vasculhada.
Tudo isto representa
uma primeira etapa a vencer; uma vez aprovado, vem à iniciação. Uma vez
neófito, vislumbra-se um mundo novo, onde a observação e a curiosidade
associadas à leitura reflexiva são pilares básicos para o início do desbastar
da PEDRA BRUTA da massa informe que somos.
Todos os iniciados, ao
ingressarem na Maçonaria, têm uma visão diferente do que vão encontrar e de
como a sua vida será afetada por isso. Mas, certamente, o que traz o homem
profano para a Maçonaria é a “curiosidade”, muito embora, isto jamais seja
admitido pelos neófitos, mesmo porque encontramos sérias advertências sobre
isso. Porém, o folclore popular criado em torno da Ordem, com o seu lado
místico gerado pelos Mistérios dos Segredos Maçônicos é, na verdade, o grande
responsável pelo ingresso do profano.
A visão de uma
instituição de homens de bom conceito que se reúnem e trabalham em prol do
crescimento pessoal e da humanidade é conscientizada após as participações nos
trabalhos em Loja. De maneira geral, isto pode ser encontrado, salvo pela falta
de uma posição mais forte da ordem maçônica junto da comunidade em geral. É
interessante observar que as mudanças que ocorrem dentro da ordem são
observadas de forma lenta e o crescimento dá-se de forma progressiva, sem a
ocorrência de mudanças drásticas.
Porém, uma vez
iniciados, ainda é notória a falta de compreensão do que representa a Ordem Maçônica.
A curiosidade, ainda está presente, gera expectativas do agora aprendiz,
notadamente quanto ao que está para vir. Confusos, como uma criança nos seus
primeiros anos, recebemos apenas “os deveres do aprendiz maçom”, o que é
natural, já que, de acordo com a Doutrina e as Legislações Maçônicas, nós
Aprendizes, temos vários deveres a cumprir. Dentre eles, podemos destacar:
Sigilo: promessa feita
por juramento, que deve ser guardado de forma inviolável, principalmente na
presença de profanos. Refere-se a tudo o que tenha sido confiado ao Irmão sob a
fé e a confiança maçônica.
Vencer as paixões
ignóbeis que aviltam e desonram, o que só se consegue estudando, dominando os
seus instintos e aperfeiçoando-se.
Como aprendiz,
entendemos que somos como uma criança ainda na ordem, que vem ao mundo maçônico
e começa a sua aprendizagem, com o balbuciar das primeiras palavras e passos,
“na intensa observação e imitação do comportamento dos seus pais e dos que
estão à sua volta”.
Tudo é novo e,
portanto, as atenções estão afloradas. Como comportar-se? Quais os ensinamentos
que receberemos? O que devo fazer? Comparativamente, podemos inferir que o
aprendiz tem como mãe, a sua “LOJA” e como pai, os seus “MESTRES”. Começa,
então, uma longa jornada onde, a cada dia, paulatinamente, lições de vida e
fagulhas filosóficas nos são lançadas, durante a abertura, transcorrer e
fechamento dos trabalhos.
Passam-se os primeiros
meses e nós, aprendizes, começamos a criar “calo nas mãos” no sentido de que o
desbastar da pedra bruta é bastante incômodo, e que é necessário muito esforço
físico e mental para este trabalho.
Neste momento,
necessitamos da intervenção e ajuda dos mestres, para evitar que o desânimo e a
descrença se instalem; ensinando-nos desde “a posição correta do corpo” até “o
modo mais eficaz de usar o cinzel e o maço”. Caso contrário, isto poderá
estabelecer a dúvida e a contestação para nós aprendizes, causado muita vezes
pela falta de postura maçônica de alguns membros da Loja, quer na ritualística,
quer na própria aplicação pessoal.
Nós, aprendizes, antes
de tudo, somos observadores e copiamos as atitudes, virtudes e até defeitos dos
nossos mestres, pois são os nossos modelos. Imaginamos que eles estejam
ultra-polidos e já transpuseram os mais altos degraus do conhecimento maçônico,
navegando em águas profundas dos oceanos filosóficos.
Atentos a tudo, nós,
aprendizes de fato, escutamos as orientações que nos são dadas, não só nos momentos
de trabalho em Loja, mas também na confraternização entre os Irmãos, após o
encerramento dos trabalhos.
Sabemos que a
maçonaria é uma instituição milenar que tem as suas origens na névoa dos
tempos. E através dos seus membros tem preservado todo o manancial de sabedoria
de anos, aos quais, nós, ainda não tivemos acesso. Com toda a certeza, podemos
dizer que O G∴A∴D∴U∴ encarregou-se de atribuir esta
tarefa somente a alguns que suportaram o glorioso estandarte da maçonaria e
contribuíram para a perpetuação da ARTE REAL.
Começamos então a
perceber, que a Maçonaria é uma associação íntima de homens escolhidos, cuja
doutrina tem:
Por base, o Grande Arquiteto
do Universo, que é Deus;
Como regra, a Lei
Natural. Abrindo parêntesis, sabemos que a Lei Natural está gravada na nossa
consciência e, certamente, a Lei Humana nem sempre está conforme a justiça
definida pela Lei Natural e pelas demais leis que envolvem apenas algumas das
relações sociais;
Por causa, a Verdade,
a Liberdade e a Lei Moral;
Por princípio, a
Igualdade, a Fraternidade e a Caridade material (filantropia), bem como a
caridade moral;
Por frutos, a Virtude,
a Sociabilidade e o Progresso;
Por finalidade, a
felicidade de todos os povos, procurando, incessantemente, a união sob a sua
bandeira de paz, abrindo os nossos os olhos para todo o Bem que se pode fazer e
não se faz.
Assim, um iniciado que
possua um coração frio e uma inteligência limitada, que não conheça ou não
queira conhecer com a sua ciência vã e superficial, não será jamais capaz de
compreender o culto que a Maçonaria rende à Verdade, à Natureza e ao seu
Sublime autor. Desertará da Sociedade Maçônica para precipitar-se, por fim, nos
lúgubres abismos das paixões humanas.
2 – E O QUE ENTENDE
QUE A ORDEM ESPERA DELE
Por que realmente nos
reunimos? Por que nos aceitaram estar entre eles? É um trabalho contínuo de
reflexão em que as dúvidas vão sendo esclarecidas homeopaticamente, a despeito
das nossas ansiedades.
E somente depois de
certo tempo, já participando dos trabalhos em loja, e as atenções mais
reflexivas nos nossos rituais, acompanhando, escutando e interpretando, é que
verificamos algumas respostas, e que recebemos continuamente estas orientações
básicas, para o ato de “lascar a nossa pedra bruta.” Enfáticas são as
instruções, dadas a cada trabalho. Dentre elas,
“despojar-se da
ignorância, renegar a tirania que cega, a discriminação sem sentido, que nos
leva ao engano e às falhas de julgamento, e para isto, devemos buscar sempre a
verdade para instaurar a justiça, firmando a Ordem na mais alta escala
virtuosa, condenando de vez os maus hábitos e defeitos da humanidade, e assim,
promovermos o bem estar entre os homens, buscando o aperfeiçoamento da própria
humanidade”.
Recebemos a informação
de termos sido pinçados da sociedade, por primarmos da virtude de sermos homens
livres e de bons costumes, mas por que disto? Tal indagação está constante nas
nossas expectativas, verificando então junto dos nossos Mestres, de quem recebemos
as orientações, passadas de forma paulatina e em doses, e isto nos permitiu
compreendermos, que para as pessoas e organizações, que acreditam que outro
mundo é possível, a Ordem Maçônica lhes oferece um espaço para que se
reconheçam mutuamente, troquem experiências, se articulem para ampliar e
desenvolverem as suas ações, e lancem novas iniciativas, para efetivamente
melhorar o mundo.
Seria muito utópico,
pensarmos que uma Instituição tão antiga, tradicional e sábia, não houvesse
preparado um ensino adequado para os seus Aprendizes, num processo de evolução,
independente da sua cultura, mas com certeza por aquilo que são e não pelo
conceito exagerado de si mesmos, e de forma segura tratam de destruir as causas
que produzem o mal, terminando com a ignorância e eliminando as diferenças
gritantes, geradoras da miséria material e moral de milhões de indivíduos, e
formulando proposta para promover os direitos humanos, a justiça social, a
democracia participativa, a paz e o desenvolvimento sustentável, criando para a
humanidade um caminho de luz e de esperança, enfeitado nas flores da
fraternidade.
Ainda, pelo nosso
pouco e humilde entendimento em formação, como aprendizes que somos,
verificamos que a Maçonaria deseja e espera que acreditemos na força
transformadora das ações que visam construir uma sociedade mundial igualitária,
pacífica e justa. Que a entendamos como um modelo a seguir na solução dos
problemas, e pelo fortalecimento da convicção de que aquilo que parece destino
pode ser mudado, passo a passo e ponto por ponto. Para tudo existe conserto,
sim. É só juntar CLAREZA, CORAGEM E AÇÃO.
Hoje, vivemos das
histórias da maçonaria, da sua influência em todo o curso da humanidade e dos
feitos heróicos dos seus membros. Porém, isto é passado e, amargurados,
verificamos que atualmente encontramos poucos relatos de ações dos membros da atual
maçonaria. E, aflitos, assistimos à instalação da crise geral em todos os
meios, e de forma mundial, na política, na sociedade, com as suas
discriminações, as suas divergências étnicas e os seus conflitos
governamentais, onde a corrupção já está agregada aos meios sociais. Corrupção
que nos envergonha e que corrompe. Isso, sem contar o mau maior representado
pelas “drogas”, que se lastra sem fronteira, numa autêntica guerra que não
sabemos como combater nem estamos preparados para isso.
Precisamos mudar! Urge
mudar! Missão difícil, não acham?
E agora? O que faremos
nós, maçons modernos, para tentar perpetuar este trabalho milenar? Sabendo que
faltam homens da estirpe de Pitágoras, Platão, Jacques De Molay; de Gonçalves
Ledo, José Bonifácio, Joaquim José da Silva Xavier, Deodoro da Fonseca e de
tantos outros que a história generosamente registra, temos o dever de conduzir
os nossos trabalhos à semelhança desses vultos, desses maçons-maçons,
estabelecendo como meta, “Melhorar a Humanidade”.
As expectativas do aprendiz em relação à ordem e o que entende que a ordem
espera dele?
Afinal, somos os
maçons de hoje, que geraremos a história do amanhã.
“Para isto acontecer,
basta somente que cada um de nós seja maçom em toda a plenitude da palavra,
praticando em Loja e principalmente no mundo profano, a verdadeira maçonaria
explícita nos nossos rituais”.
Assim, devemos
manter-nos fiéis ao que somos, porém, fortalecer e tornar representativa a
participação da Ordem Maçônica na vida da comunidade em geral. Fortalecidos
internamente, estaremos aptos a participar e fortalecer os diversos movimentos
e atividades voltadas para o engrandecimento da sociedade em que vivemos.
Esperamos,
sinceramente, que a Ordem Maçônica possa continuar o seu trabalho milenar com
harmonia, união, plantando sementes de fraternidade, acolhendo a todos os seus
membros fraternalmente, de forma que possamos juntos, trabalhar em prol de uma
sociedade equilibrada e justa. “Este é o sonho de todos nós e a nossa
expectativa de aprendizes maçons”.
CONCLUSÃO
Encontramos na
maçonaria uma escola de virtudes, e verificamos que dentro dela os nossos
trabalhos de aprendizes são importantes e têm um bom cunho filosófico. O
próprio futuro da maçonaria está diretamente ligado a estes aprendizados e aos
trabalhos dos aprendizes. É de grande importância que os grupos com mais
vivência na Loja orientem e incentivem o surgimento de novos líderes. A
maçonaria deve ser vista como uma instituição honesta e fiscalizadora.
Há que se repetir: a
Maçonaria é realmente uma escola de conhecimento e, desde que independamos os
princípios desta Ordem, certamente ocorrerão mudanças nas nossas vidas,
tornando-nos cada vez mais tolerantes, éticos nas nossas ações e justos,
valorizando cada um de nós. Estes fatores podem fazer a diferença entre o ser e
o não ser, o estar e o não estar na Instituição. Queremos dizer com isto, que
não basta ingressar na maçonaria; é preciso querer acertar e deixar que os seus
ensinamentos possam influir no nosso comportamento.
Entendemos, portanto,
que a ordem não pode ter senão um objetivo: a Liberdade do Homem, e, também,
como corolário moral, o respeito da sua dignidade, o que exclui toda pressão
exterior a este respeito, A Maçonaria, nos seus princípios, só pode estar em
conflito com aqueles que a negam ou que restringem esta liberdade de
consciência e de pensamento, que para todo ser humano, é fundamental e
absoluta. Por ser de ordem metafísica, a Maçonaria pugna, como postulado, pela
procura do conhecimento e da verdade.
Assim, devemos
acreditar no Homem, mesmo que ele não seja um ser perfeito. Mas que devidamente
preparado e doutrinado para a interpretação correta dos ensinamentos recebidos,
e pela prática das virtudes, o Iniciado trilhará o caminho certo e contribuirá
para transformar o Homem e o Mundo. É só juntar CLAREZA, CORAGEM E AÇÃO.
E concluímos,
finalmente, que a maçonaria busca o desenvolvimento contínuo do indivíduo e que
sendo esta, uma verdadeira oficina de caráter do cidadão, formará os LIVRES
PENSADORES, para que estes possam buscar sempre A VERDADE, atingindo A PLENA
FELICIDADE.
Sê humilde se queres
adquirir sabedoria; Sê mais humilde ainda, quando a tiveres adquirido (Helena
Petrovna Blavatsky)
Adaptado de prancha
escrita conjuntamente por:
Augusto Prochnow
Junior Apr∴
Luis Fernando Cerri
Apr∴
Edson Roberto Ceccato
Comp∴
Fábio Fiorim Comp∴
Henrique Souza
Guimarães Apr∴
Márcio Adão Pereira
Comp∴
RELATOR: Edson Roberto
Ceccato Comp∴
A∴R∴G∴B∴L∴S∴ “ESTRELA DO RIO
CLARO” nº 496
Referências
bibliográficas
MARCOS H. DE A.
SANTIAGO – Cadernos de Estudos Maçónicos – A Formação do Maçom na Loja
Simbólica.
RIZZARDO DA CAMINO, – Introdução
à Maçonaria, v.3, 2ª Ed., Aurora, Rio de Janeiro, RJ.
ZILMAR DE PAULA BARROS
– Maçonaria para Profanos e Neófitos, Ed., Mandarino LTDA, 2ª ed, Rio de
Janeiro, RJ.
JORGE ADOUM – Grau de
Aprendiz e Seus Mistérios, Editora Pensamento S.A., São Paulo, São Paulo;
O QUE UM APRENDIZ
ESPERA DE SEUS MESTRES – Oriente de Fortaleza, Prancha em trabalho de
Diógenes José Tavares Linhares – M∴M∴