A MISSÃO DA MAÇONARIA NO MUNDO DE HOJE


 

A Maçonaria desde a sua existência passa por diversos processos de transformações e provas, mas, resistirá heroicamente a todos os golpes dos seus próprios filhos e sairá fortalecida sempre, pois tem uma missão a cumprir, e a cumprirá a despeito de todos quantos forem aqueles que se voltem contra ela.

A sua força está em saber esperar e em saber resistir, sobretudo em ter a Razão contra tudo que seja escravidão, fanatismo, ignorância e aviltamento, pois o GADU exercerá a Sua Força, eternamente derrotando estes inimigos.

No caminho estreito do mundo há uma árvore de mau agouro e frondosa: a Crueldade que, produziu durante a história, ditadores, traidores, corruptos e sem princípios que abusam da confiança do povo, em todas as épocas e de todos os tamanhos.

Estes elementos eram e são cheios de vaidades e ambições, duros de corações, carentes de escrúpulos, inimigos da liberdade de ação e expressão, e inimigos principalmente da Maçonaria que, tem a Verdade e a Justiça como pilares básicos do seu Templo Imortal.

A Maçonaria tem como grande missão redimir, elevar, impulsionar e iluminar a Humanidade, dando a entender que não estamos isolados no mundo.

O trânsito em que a Humanidade se conduz, pode ser considerado como a raiz de uma árvore que um dia luzirá como copa frondosa, sustentada por tronco rijo e idoso, do qual somos a primeira célula.

Pode-se afirmar que o progresso da Maçonaria é o resultado de uma cadeia de homens decididos e virtuosos, e mesmo assim, os passos que são dados na vereda do progresso, são tão curtos como minguado é o tempo que leva a Família Humana na face da Terra, comparado com os astros de sistema solar.

Dizer sim como o Sol que ilumina os bons e os maus dá calor a todos sem exceção ou distinção a todos os seres da Terra, assim deve a Maçonaria estender o seu amor e a sua benevolência a todas quantas a rodeiam, sem distinção, sem discriminação e muito menos sem rancores, porque tanto como o Amor é fértil, o Ódio é estéril e destrói o ser humano.

É preciso que a Maçonaria dê exemplos à sociedade, para que não se reconheçam mais títulos e nem vantagens e que não desvirtue o estreito acatamento à Moral e ao exercício da Virtude. É preciso sim que se reconheça o quanto é amoroso, honrado e excessivamente virtuoso, pois a Virtude é para a Maçonaria a força de fazer o bem no seu amplo sentido, é o cumprimento dos nossos deveres para com a sociedade e para com a nossa família, sem interesse pessoal.

Em resumo, a Virtude não retrocede, nem ante ao sacrifício e nem mesmo ante a morte, quando se trata do cumprimento do dever.

A Maçonaria pode ser considerada neste mundo como a mãe da sabedoria humana, e esta cumpre árdua missão, incansavelmente, com ousadia, perseverança e valor, sendo a sua doutrina principal o Amor, revelando ao homem os ensinamentos principais como o de cumprir a sua missão, custe o que custar.

A Maçonaria pode, com certeza, afirmar que não há ser no mundo que não melhore em algo a sua alma, enquanto ama outro ser, ainda quando se trate de um processo de um pequenino e insignificante amor. E os que não deixam de amar seguem amando, senão porque é a mais divina e ao mesmo tempo a mais profunda virtude humana.

O caminho para o próprio convencimento do homem que queira seguir, não importa para a Maçonaria, para isso ela o deixa com a sua liberdade de consciência e por isso não toma em defesa nenhuma religião, e convida os seus obreiros ao estudo e à meditação sobre o único livro que o homem tem estudado profundamente, e de onde tem tirado todo o seu conhecimento. Esse livro é o que chamamos de Livro da Lei.

No fundo da humilde vida do justo, só são inalteráveis e imóveis a Justiça, a Confiança, a Benevolência e a Generosidade. A nossa missão como maçons neste mundo é espalhar os ensinamentos do Amor. Na realidade ela não tem donos, não é um negócio, não é uma profissão, muito menos privilegia monetariamente ou mesmo materialmente aos que na Ordem adentram.

O que nos enaltece e nos privilegia são os nossos ensinamentos, tendo como princípio base o amor que nos abre os olhos para muitas verdades pacíficas e doces, e nos dá a oportunidade de conhecer, num objeto único, o que não tínhamos tido nem ideia, concebido em mil objetos diversos. E com isto se alargou o nosso horizonte e mais se estende o alcance dos nossos corações entre os Irmãos.

Não chegaremos a ser verdadeiramente justos, senão no dia em que deveremos ser humildes ao buscar em nós mesmos o modelo da Justiça que, com certeza, se esconde no fundo de cada um de nós.

A Maçonaria é para poucos, mas, estes poucos muito se esforçam para fazer o bem pela Humanidade.

Sejamos então muitos em prol deste mesmo bem.

Weverson Mauricio Matias

 

A HISTÓRIA DO BODE NA MAÇONARIA


 

“E não me chamem de bode, pois eu prezo por um bom banho” Dentro da maçonaria, muitos desconhecem o nosso apelido de bode. 

Muitos dos maçons desconhecem totalmente sobre “O Bode”, pelo contrário, quando ingressam na maçonaria, descobre que não há bode nenhum. Daí, muitos não se interessam em saber a origem dessa crendice.

Então de onde vem está historia de bode?

Os maçons por brincadeira alimentam essa fantasia, ou por diversão, ou para manter longes pessoas indesejadas e muitas vezes até mesmo para testar se o candidato a maçonaria se deixa levar por essas brincadeiras.

Também é comum, entre os próprios maçons, se referem a outros maçons como bode.

Exemplo:

– “Essa festa está cheirando a bode!” – quer dizer – “Essa festa está cheia de maçons”

– “Fui ao hospital, e o médico era bode.” – quer dizer – “Fui ao hospital, e o médico era maçon.”

Outra brincadeira comum é uma expressão dita ao candidato que está prestes a ingressar na ordem.

-”Estás preparado para sentar no bode?”

Realmente, parece assustador de primeira mão. Mas essa expressão é usada para testar se o candidato se deixa levar pelas crendices.

Na verdade quer dizer:
 “Estas preparado para ingressar na maçonaria?”

Assim como em palavras o bode virou mania entre os maçons. Adesivos de carro, chaveiros, camisas, bonés, bonecos e até estatuetas são vistas entre o meio maçônico. Hoje, o bode, virou uma brincadeira

Sendo que, o povo ainda acredita nessa tolice. Então se não fores maçom pensa bem no que acabara de ler, e não deixe que fundamentalistas fanáticos induzam a sua visão contra a Maçonaria.

Então de onde vem está história de bode?

Alguns dizem que os maçons são também conhecidos como bode devido aos ternos que os mesmo usam e como há tempos atrás não existia o “ar condicionado” eles voltavam para suas casas com um cheiro ruim devido ao suor que acumulavam em suas vestes, logo amigos e familiares, brincando diziam:
 “Que cheiro de bode que você está hein!”

Outros já dizem que o termo “Bode” se deu devido a visitas de irmãos ingleses as lojas no Brasil e por se dirigirem a os irmãos como “Broher” o brasileiro acabou “Aportuguesando” a palavra surgindo então o famoso “Bode”.

Porem a história mais aceita foi descrita pelo nosso mais célebre e saudoso escritor Maçônico Brasileiro Ir.’. José Castellani (In Memoriam) que escreveu:

A origem desta denominação data do ano de 1808. Porém, para saber do seu significado temos necessidade de voltarmos no tempo. Por volta do III ano d.C. vários Apóstolos saíram para o mundo a fim de divulgar o cristianismo. Alguns foram para o lado judaico da Palestina. E lá, curiosamente, notaram que era comum ver um judeu falando ao ouvido de um bode, animal muito comum naquela região.

Procurando saber o porquê daquele monólogo foi difícil obter resposta.

Ninguém dava informação, com isso aumentava ainda mais a curiosidade dos representantes cristãos, em relação àquele fato. Até que Paulo, o Apóstolo, conversando com um Rabino de uma aldeia, foi informado, de que aquele ritual era usado para expiação dos erros.

Fazia parte da cultura daquele povo contar a alguém da sua confiança, quando cometia, mesmo escondido, as suas faltas; ficaria mais aliviado junto à sua consciência, pois estaria dividindo o sentimento ou problema.

Mas por que bode? – Quis saber Paulo. É porque o bode é seu confidente. Como o bode não fala o confesso fica ainda mais seguro de que seus segredos serão mantidos, respondeu-lhe o Rabino. 

A Igreja, trinta e seis anos mais tarde, introduziu, no seu ritual, o confessionário, juntamente com o voto de silêncio por parte do padre confessor – nesse ponto a história não conta se foi o Apóstolo que levou a ideia aos seus superiores da Igreja; o certo é que ela faz bem à humanidade, aliado ao voto de silêncio. O povo passou a contar as suas faltas.

Voltemos a 1808, na França de Bonaparte, que após o golpe dos 18 Brumários, se apresentava como novo líder político daquele país. A Igreja, sempre oportunista, uniu-se a ele e começou a perseguir todas as instituições que não governo ou a Igreja.

Assim a Maçonaria, que era um fator pensante, teve seus direitos suspensos e seus Templos fechados; proibida de se reunir. Porém, irmãos de fibra na clandestinidade, se reuniram, tentando modificar a situação do país.

Neste período, vários Maçons foram presos pela Igreja e submetidos a terríveis inquisições.

Porém, ela nunca encontrou um covarde ou delator entre os Maçons. Chegando a ponto de um dos inquisidores dizer a seguinte frase a seu superior:

– “Senhor este pessoal (Maçons) parece “BODE”, por mais que eu flagele não consigo arrancar-lhes nenhuma palavra”.

Assim, a partir desta frase, todos os Maçons tinham, para os inquisidores, esta denominação: “BODE” – aquele que não fala o que sabe guardar segredo.


Hudson Josino

 

TRANSCENDÊNCIA MAÇÔNICA – A JORNADA MITOLÓGICA PARA ALÉM DO ORIENTE


1 – INTRODUÇÃO

Nossa sagrada Ordem utiliza um complexo universo simbólico para transmitir seus mistérios aos iniciados. Tais elementos funcionam como um sistema de chaves e códigos que possibilita, quando adequadamente elaborado, a ocorrência de uma fuga do mundo trivial, da vida efêmera ou profana, rumo ao universo do sagrado.

Este poderoso processo psíquico, conhecido como “transcendência maçônica”, é, sem dúvida, a justificativa principal para que tão elaborados rituais, por nós desenvolvidos, persistam quase incólumes ao longo das eras.

Neste breve trabalho sugerimos uma forma de interpretar, por meio da análise da estrutura básica de um templo maçônico, como se apresenta a nós esta intrigante e poderosa jornada mágica que se repete a cada sessão ritualística.

Tal qual faríamos em uma prancheta de arquiteto, vamos traçar a linha mestra que encadeia este fenômeno que transpassa os quatro planos de nossa realidade, partindo do macro para o microcosmo, do todo para o individual, da justificação final para a origem do universo, apenas entendendo o sentido de alguns reparos estruturais de nossas oficinas.

Esta singela reflexão, permeando através do simbolismo essencial em loja, nos mostra como esta transcendência justa e perfeita nos conduz com força e vigor pelos mais profundos mistérios de nossas almas.

2 – AS TRANSCENDÊNCIAS
A interpretação mais antiga dada a este conceito deriva da relação dos homens com a idéia de divindade, em um sentido teológico. Assim, se considera o divino como inacessível às coisas terrenas, pois seriam esferas totalmente distintas, manifestando uma relação dialética permanente.

Outro sentido se refere aos conceitos aristotélicos, difundidos na idade média por São Tomás de Aquino (1.225-1.274), que definiam como transcendente tudo que se enquadra nas categorias de unidade, verdade e bondade. Para Hume (1.711-1.776) e Kant (1.724-1.804), transcendental é tudo aquilo que nossa mente constitui a priori, antes mesmo de qualquer experimentação, havendo assim uma complexa interconexão entre a capacidade de estar consciente de certo conceito e a habilidade de experimentar-se o universo das coisas.

O transcendente estaria fora de nós, mas acessível pela capacidade intelectual em captar sua essência. Hegel (1.770-1.831) combateu, em parte, este conceito kantiano, pois argumentava que é preciso ultrapassar a fronteira entre o conceitual e o experimental para sabermos ao certo onde este limite se encontra, e assim, logicamente, já se constitui uma transcendência o fato de deter o conhecimento, independentemente de qualquer ação posterior.

No caso específico de nossos trabalhos, saindo deste academicismo ortodoxo, falamos em transcendência quando nos referimos às experiências vivenciadas por todos, em determinados momentos, que representam o ir além de um determinado plano da existência.

Tal fenômeno é motivado pela estimulação psíquica que certos fatores determinam e que nos permitem sentir que nosso ser trafega por diferentes patamares ou estruturas da realidade. Estes estímulos são de inúmeras naturezas, manifestando-se tanto em nosso cotidiano quanto em situações de meditação.

Desde a simples contemplação de uma singela obra de arte até os mais profundos momentos de reflexão advindos de práticas ritualísticas elaboradas, somos submetidos constantemente a estas possibilidades.

3 – OS QUATRO PLANOS DA EXISTÊNCIA
Os planos que delimitam nosso ser foram classificados por diversos pensadores, ao longo das eras, de maneira didática. Vamos considerar, visando conciliar estes estratos de nossa psique com a jornada mitológica do maçom executada no ciclo de loja simbólica, quatro universos contínuos e interdependentes.

3.1 – Plano do macrocosmo ou do universal (átrio)
No caso de nossas Sessões, o obreiro aguardando no átrio o início dos trabalhos experimenta os últimos lampejos de sua experiência no plano do mundo exterior. Ali ele deixa todas as preocupações, tensões e pensamentos voltados às suas relações com as outras pessoas e as coisas, ou seja, a totalidade do universo exterior que interage ininterruptamente com ele.

Este primeiro plano, chamado de macrocosmo, representa nossa mais elementar perspectiva da realidade. Circunscreve tudo que se percebe como exterior ao ser, tanto em relação ao seu corpo quanto em relação à sua consciência. Falamos do mundo natural ou das coisas, que abrange desde os entes físicos até a própria organização social, política e econômica. Esta área conflituosa é o que chamamos, esotericamente, do profano, em suas múltiplas manifestações.

3.2 – Plano do microcosmo ou de si-mesmo (ocidente)
Com o cair das trevas, seja devido à chegada da noite ou das estações da escassez (outono e inverno), surgia uma nova forma de entender a realidade. Agora, um novo universo se impõe, com a perda da noção da tridimensionalidade. Nestes momentos as mentes se voltam mais para si próprias, pela relativa inacessibilidade do mundo externo ou macrocosmo.

Ultrapassando o mundo das coisas, dos elementos extrínsecos, nossa percepção se foca a nós mesmo – é a chamada reflexão, no sentido de que nossos pensamentos se voltam para o mais profundo de nossa alma. Adentramos ao mundo do sagrado, de percepção de si-mesmo. Os gregos chamavam esta forma de assimilação da existência como o domínio do plano da psique, da alma ou da personalidade. Nesta fase, apesar da mente estar ativa e consciente, os sentidos físicos já não operam na plenitude. Assim, são as percepções interagindo que dominam as ações.

Não nos interessam mais as relações que temos com o mundo fora de nós, e sim as reverberações internas que elaboramos, enquanto seres que possuem esta capacidade de abstração. Em loja adentramos a este campo do microcosmo quando chegamos ao ocidente, com suas doze colunas como as constelações do firmamento, a abóboda celeste acima e a perspectiva de seguir em frente em nossa jornada, já no campo do sagrado.

3.3 – Plano do mundo dos mistérios (oriente)
Em determinados momentos, quando os homens são vencidos pelo sono e adentram assim ao mundo dos sonhos, ou quando experimentam transes xamânicos, mais um portal se abre. O inconsciente se impõe. Uma viagem a um universo estranho, a uma realidade paralela, a um plano mágico, se inicia.

Nesta condição, os bravos atingem um mundo pictórico, delirante e intrigante, onde estranha e absurdamente se deparam com seus antepassados – que há muito habitam o oriente eterno. O que estaria se passando nas mentes nestes momentos? Os animais imaginários, além de bizarras figuras antropozoomórficas, interagem com os homens, em relações ora amistosas, ora de combate.

Os idosos adquirem a higidez dos jovens, e os doentes se curam. Os fortes, nesta nova realidade, manifestam poderes extraordinários, voando, mergulhando, se jogando de abismos, enfrentando feras com as mãos nuas. Estamos, logicamente, em um universo místico. As dimensões se contorcem, o tempo não existe – ali tudo é possível. Como temos nossos amigos e parentes falecidos de volta à vida, seria o mundo dos mortos? A esta pergunta, os magos ancestrais respondiam que sim.

Sem entender racionalmente este fenômeno, tão complexo, inexplicável e inexpugnável e complexo, batizaram este universo como sendo o mundo dos mistérios, dos enigmas, dos mortos. Este estágio da personalidade humana é representado, em nossos templos simbólicos, pelo plano do oriente – onde os grandes mistérios da gnose e da sabedoria primordial começam a se revelar aos verdadeiros iniciados.

3.4 – Plano do Absoluto (além-do-oriente)
Em algum momento do passado, um sábio, certamente dotado de carisma – aquela qualidade que não sabemos definir, mas que se traduz por fornecer um tremendo poder de influência a quem a possui – propôs uma nova interpretação a estas experiências transcendentais que vivenciamos, em loja ou na vida profana.

 A justificativa é que deve haver um projeto por trás destas realidades, algum elemento gerador, alguma origem-causa-sentido nesta situação toda. Alguém ou algo deve ter arquitetado esta realidade multidimensional, e a nós, simples mortais, não é possível definir exatamente o que isto é ou representa. Apenas temos contato com esta entidade ou ser originário nos momentos de sonhos, de transes ou no post mortem.

Nesta condição tateamos este eterno, esta universalidade ou absoluto, pelas inúmeras formas com que tal estrutura se revela aos poucos escolhidos – os chamados profetas. Estes teriam, na visão esotérica, atingido a luz ou conquistado a verdadeira sabedoria gnóstica. Seja como for, se estabelece assim o quarto plano de nossa jornada. Vamos além do oriente, buscando algum ponto virtual, uno e indefinível, que pode ser no centro do olho, ou no delta, no Sol ou na Lua, ou em qualquer outra figura simbólica ali posicionada.

4 – CONCLUSÃO
Antes de chegarmos à loja, estamos vivendo exclusivamente no universo do macrocosmo, da realidade física ou natural, e dos elementos que norteiam nossa vida profana e banal. Este plano deve, obrigatoriamente, ser exercido e vivenciado desta forma, ou seja, fora das colunas, barrado de maneira absoluta no limiar do átrio.

Quando nos paramentamos e a hora de início dos trabalhos se aproxima, nossos espíritos se preparam para uma transformação. Vamos passar para a hora da noite, onde nossas consciências serão se voltarão para os labirintos de nossa mente. Exatamente ao meio dia começa o Sol seu longo e derradeiro declínio – a noite começa. Ao se abrir o pórtico, saímos do mundo profano e caímos na seara do sagrado, abandonando o universo da tridimensionalidade para chegar ao mundo da reflexão, da meditação e da sensibilidade exacerbada, do intangível e da espiritualidade. Este campo pertence, simbolicamente, ao ocidente. A janela de nossa alma se volta para os desígnios de nosso autoconhecimento, do gnothi saulton socrático.

Ainda estamos conscientes, mas já nos preparamos para os grandes mistérios que se apresentarão. A luz é fraca, como aquela vinda dos astros, da lua e das fogueiras ancestrais. Estamos envoltos pelas trevas físicas, concentrados e reflexivos, unidos na mais sólida fraternidade e com os sentidos operando no limite.

A balaustrada posicionada entre o ocidente e o oriente divide a loja e nossa mente em dois compartimentos. Transpondo este adereço, saímos do mundo do si-mesmo e conquistamos o terreno dos sonhos, do inconsciente, da espiritualidade, dos mistérios e da magia. Este só é atingido após a subida dos 4 degraus, que representam o domínio sobre as 4 ciências elementares, de acordo com Pitágoras – Aritmética, Geometria, Astrologia e Harmonia. O oriente simboliza exatamente o universo do subconsciente, onde imperam os mistérios mais ocultos.

Só após vencer estas três etapas preliminares, o iniciado pode acessar a verdadeira sabedoria. O último portal se apresenta. Experimentando, finalmente, um sutil contato com a universalidade, com o todo eterno e absoluto, com algo superior ou princípio gerador, chamada também de geometria elementar que projetou e governa todos os mundos, o poderoso desbravador dos limiares da existência tem seu ciclo místico fechado.

Esta, sem dúvida, pode ser considerada uma síntese da jornada simbólica mais justa e perfeita jamais empreendida por qualquer ser humano, em busca da verdade.

Carlos Alberto Carvalho Pires, M:.M :.
A:.R:.L:.S:. Acácia de Jaú – 308 Or:. de Jaú – SP, Brasil

REFERÊNCIAS:
1 – Boni, Luis A, “Finitude e Transcendência” 1ª Edição, Editora Vozes, 1.999;
2 – Genette, Gerard, “Obra de Arte – Imanência e Transcendência”,1ª Edição, Editora Litera Mundi, 2001;
3 – GLESP – “Ritual do Simbolismo do Aprendiz Maçom”, 2.001;
4 – Jaguaribe, Hélio “Transcendência e Mundo na Virada do Século”, 1ª Edição,
5 – MacDowell, John, “Saber Filosófico, História e Transcendência”, Editora Loyola, 2.002;

QUEM SOU? (REFLEXÕES)


 

Não Creiais em coisa alguma pelo fato de vos mostrarem o testemunho de algum sábio antigo; Não Creiais em coisa alguma com base na autoridade de mestres e sacerdotes; Aquilo, Porém, que se enquadrar na vossa razão, e depois de minucioso estudo for confirmado pela vossa experiência, conduzindo ao vosso próprio bem e ao de todas as outras coisa vivas: A Isso, aceitai como verdade; Por Isso, pautai vossa conduta! Çakia Muni (Bhuda) 

Sou um maçom repleto de grandes dúvidas existenciais. Em relação às religiões, filosofia, história e à própria doutrina maçônica, o meu pensamento é livre de quaisquer dogmas ou tendências. 

Mas mesmo assim procuro... Procuro e nem sempre acho as explicações que necessito. Sempre me imponho inúmeras objeções, produzo muitas perguntas tentando provar o contrário, até exaurir todas as possibilidades, reviro uma teoria ao avesso, não aceitando o que não passar pelo meu cuidadoso crivo intelectual, e pela experiência vivida. 

Prefiro as várias verdades, misturando-se as doutrinas e usufruir exaurindo tudo o que interessa já que a Ordem permite pelo ecletismo que isto aconteça, me detendo especialmente nas incongruências, nos paradoxos, nas contradições e na relatividade geral de tudo que me cerca. Sou muito mais documental que místico. 

Como vivo num mundo complexo e estranho, não aceito explicações simples, a não ser que realmente sejam simples quando sabemos que na maioria das vezes, as explicações são de fachada para se explicar algo que não se tenha explicação transparente e coerente. 

Não sou fanático por coisa alguma. Tenho mais perguntas a fazer que respostas a dar. 

Moro num país de contradições, no qual a República foi proclamada por um marechal, maçom e monarquista, e que estava doente, onde até hoje existem muitas mentiras e muitas meias verdades. 

Sobram poucas verdades puras. E esta República até a presente data não se assumiu como tal, pois ainda existe o privilégio de cor, raça, sexo, latifúndio e o poder sempre está nas mãos de uns poucos onde grassa a corrupção a violência e outros males que tanto intimidam os bons cidadãos. 

Isto não se enquadra na "republica" idealizada por Cícero e tão sonhada pelo grupo de idealistas republicanos de 1870. 

Adepto da democracia, da igualdade total dos cidadãos em deveres e direitos. Assim também atuo na Ordem. Por isso, não aceito a acusasse que como sabemos são decisões contaminadas por absolutismo intolerante, por sinal muito usado pelos chefes das Potências em função da "síndrome do poder" que, infelizmente costuma contaminar a maioria dos mandatários da Maçonaria brasileira. 

No passado do meu presente, tenho saudades de um tempo que não vivi, aquele do "maçom livre em loja livre" onde era eleito venerável o homem melhor, mais sábio, e o mais competente do grêmio. Que pena que acabou esta linda fase da Maçonaria. Naquele tempo os maçons eram mais felizes. 

Sou um teísta que crê na imortalidade da alma, e que às vezes tem uma compulsão para ser um deísta, tendo repentes de pensamento num Deus mais racionalista, porém, acabo sempre me socorrendo no meu Deus pessoal, mas, paro por aí. Prefiro acertar minhas dúvidas e súplicas espirituais diretamente com o Grande Arquiteto do Universo, sem necessariamente apelar a ele através dos intermediários, criados pela mente humana através das religiões, já que estas iludem o homem com promessas impossíveis, atendendo-os de forma enganosa e manipulada, justamente usando o seu desamparo e medo da eternidade. 

Aceito os chamados Livros Sagrados religiosos como códigos de moral de um povo monoteísta ou politeísta e não como sendo atribuídos às Divindades, ditados aos homens conforme as religiões fazem com que a maior parte da humanidade acredite. E esta minha postura é tranqüila e está voltada também com todo o respeito e consideração aos que pensam diferente de mim. Afinal, porque se fala tanto no número dois, número dos opostos, o número da Dialética? 

Gosto de lutar contra falsos mitos. Sofro muito na Ordem por causa desta tendência. 

Muito embora acredite que este seja o meu perfil mental e intelectual, ainda que suspeito por tentar fazer uma auto-análise, confesso que sou um sonhador. Sonho com o futuro projeto-me no porvir, imaginando como será a Maçonaria, quando cairão por terra, muitas bobagens que atualmente somos todos obrigados a fingir que as estamos aceitando.

Acredito no Homem bom, acredito no futuro da Humanidade. Isto significa que acredito nos maçons bons e eles sempre existirão para compensar as nulidades que ora existem na Ordem.  

Tenho um ideal superior, o qual foi forjado por mim como uma busca incansável do meu aprimoramento e autoconhecimento. 

Enquanto eu peregrino lentamente por esta vida em direção a esta meta estão se apresentando inúmeras situações, todas elas importantes nas quais eu posso fazer descobertas maravilhosas. 

Entendi que não posso desprezar uma partícula por menor que seja, um detalhe mínimo sequer para eu conseguir o que me proponho. Estou escapando aos poucos do cartesianismo e me envolvendo placidamente na aplicação humana, não subatômica, da Teoria dos quanta e da Relatividade. 

Se eu tomar a Maçonaria como um todo, ela é complexa demais. Existem todas as matizes de idéias, de pensamento, de situações, enfim, uma parafernália total. É fácil um maçom se confundir neste marasmo intelectual, e se perder na sua busca interior. 

Entendi que a Ordem não passa de uma escola, uma imensa sala de aula de vida, onde eu terei que extrair para mim mesmo, a essência de todos estes ensinamentos. Tenho que separar com muito cuidado o que há de bom. O longo caminho que estou percorrendo tem nuanças interessantes.

Algumas vezes os passos que terei que dar serão fáceis e rápidos, outras vezes serão difíceis e espinhosos. As experiências vividas, ou a lições recebidas serão os degraus da minha Escada de Jacó. É uma escada de uma subida infinita. São milhões, o número de degraus a serem escalados. 

Aprendemos mais nos nossos erros que nos acertos. 

Não posso me deixar trair por sofismas, por falsas verdades por falsos ídolos. É um caminho de humildade interior a ser seguido. 

Não sei exprimi-lo com palavras. Tudo tem que ser enquadrado meticulosamente. Há uma necessidade frontal de auto superação. 

Sempre terei que estabelecer um desafio, mesmo quando tenha conseguido superar o último de maneira vitoriosa. 

Não posso ser presunçoso, porque serei um fracassado. O caminho do auto-conhecimento não tem fim. 

Uma das características do cérebro humano é que ele funciona através de padrões de comportamento. Como na Maçonaria eu poderei estabelecer relação com um paradigma? Se cada adepto tem uma concepção, uma verdade, uma interpretação. Poucos falam a mesma linguagem. Será que existem tais padrões?

Acho que a Ordem quer, é isso mesmo. Que cada um descubra o seu próprio modelo e dentro do respeito à forma de pensar e agir de seu Irmão, e estabeleça o seu jeito próprio de ser maçom, ou seja, terei que ser o protótipo de mim mesmo. É uma luta muito árida e árdua. Eu não devo basear-me em ninguém. Somente eu e o mundo. Eu e o infinito.

Poderão ocorrer identidades ou coincidências de idéias e pensamentos ou forma de raciocinar com alguns poucos Irmãos. Serão meras semelhanças paralelas, mas de qualquer forma serão os nossos quase iguais. Por esta razão a Maçonaria, quando sentida, quando vivificada, ela fala muito perto por dentro de cada um. Cada qual fará a sua própria Maçonaria. 

Entretanto não posso esquecer que o homem é um ser vulnerável e vicissitudinário. Ele é fraco e muda muito porque sempre está em crise, mas se mudar que o faça sempre para melhor, nunca para pior. Esta é a grande dúvida, saber, sentir e conhecer a diferença, eis a superação. Esta é a grande diferença. 

Sei que sou imperfeito, grito no escuro querendo me conhecer mais, mas o eco não responde. Onde está o meu duplo Eu? Onde está a minha dupla consciência? Quem sou realmente? 

Sei que não sei. Porém o que aprendo é o meu legado o qual eu posso dividir sempre com o meu Irmão, se ele assim o quiser. 

A Maçonaria é individualista? Claro que é. Os maçons não são iguais. Não existe ninguém igual a alguém. Todos são completamente diferentes. Então qual seria o ponto de aproximação? 

A Iniciação? Nem ela mesma torna os Irmãos iguais. Ela terá a ritualística igual para todos, mas a psique, de cada um terá uma maneira diferente de receber as mensagens iniciáticas, de acordo com o seu universo simbólico e sua sensibilidade. Então porque ainda subsiste a Ordem? Não sei. Seria porque ela é mágica? Até hoje não sei o que é Magia. Aos que acreditarem em destino, poderia se argumentar que o Grande Arquiteto assim o determinou e estaria explicado. Mas, não para mim. É uma explicação muito simplista, não convence. 

Será que os símbolos, cujos poderes imensos os maçons nem sabem avaliá-los, os responsáveis pela perpetuação da Ordem? 

Seria a falsa ilusão dos graus superiores? Seria o status de ser maçom?  

Há um mistério e um segredo, que não sei revelá-los não sei decifrá-los, porem a Ordem continua de pé. Talvez, o desafio desta busca incessante, seja a chama que me mantém perguntando, pesquisando e estudando. Mas quem me responderá? Algum Mestre Superior? Não, ninguém responderá. A resposta está dentro de mim mesmo. Eu terei que procurá-la. Sei que o esforço será muito grande, mas as respostas sempre estarão dentro de cada um. 

E sempre repleto de dúvidas continuarei gritando no espaço, mesmo que ninguém ouça: Quero Ser um Livre pensador.

Ir Hercule  Spoladore

Hercule Spoladore, escritor, historiador e maçom brasileiro. Loja de Pesquisas Maçônicas Brasil e Membro Correspondente da Loja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas, de São Paulo (fonte: Samaúma). 

Fonte: JBNews - Informativo Nr. 0167 - 10/02/2011

 

À VOSSA DIREITA E ABAIXO DO SÓLIO


Saudações estimados Irmãos!

O Venerável assenta-se no Trono ou no Sólio?

Se você respondeu no Trono, acertou; no Sólio, também acertou. Mas se respondeu no Trono que está no Sólio cometeu uma enorme redundância; o mesmo que, subir para cima e descer para baixo.

Certamente foi lhe instruído que, o Primeiro Diácono fica abaixo do Sólio, e o Sólio é onde fica a cadeira do Venerável, do ex-Venerável e da maior autoridade maçônica presente.

Devo abrir um parêntese para explicar que esta informação é passada principalmente no Rito Escocês, mas há alguns ritos que não fazem menção do Sólio e às vezes, nem dos diáconos e da divisão entre ocidente e oriente.

O uso da palavra sólio, como mobiliário de uma Loja Maçônica é corretíssimo, pois quer dizer “assento do Rei”, “Trono” se levarmos em consideração que fazemos analogia entre a Loja Maçônica e o Templo de Salomão, nada mais plausível que chamemos a cadeira do Venerável Mestre de Trono de Salomão ou, se preferirem, Sólio de Salomão.

Eu, particularmente, prefiro a palavra sólio; trono dá-nos ideia de Realeza, Poder Temporal, Luxo, já, sólio está mais ligado aos aspectos espirituais. Palavra de origem latina que designa assento elevado, por metonímia: poder ou autoridade real.

O mais famoso dos Sólios é o Sólio estelífero que enfeita o teto de nossas Lojas e talvez o mais poderoso seja o Sólio Pontifício que é a Cadeira de São Pedro (não se usa o termo Trono de São Pedro). Tendo a oportunidade de ir ao Vaticano, visite a Igreja de São Pedro. Conte os degraus que elevam o Sólio Pontifício, de onde o Papa celebra as missas, irá encontrar sete degraus.

Não são quatro mais três, são sete degraus diretos, mesmo assim lembram alguma coisa! Fico a pensar, em quanta Força é necessária para um homem alcançar o Sólio, não força bruta, mas, Força de Vontade, Determinação.

É possível que use a Força do Bom Propósito. Dotado dessa força, cabe então o Trabalho. Um trabalho social e moral, onde o enquadramento do indivíduo resultará num ganho para a sociedade, para o tanto ele deverá recorrer a Ciência para transpor um nível e favorecer a disposição da alma para a prática do Bem, que é realmente a Virtude. Virtuoso alcançará um grau de Pureza, pois somente os puros, podem ser um foco de Luz, e fazer prevalecer a Verdade em nossa Sublime Ordem.

Apenas como curiosidade, o Trono de Salomão era grande, todo em marfim finamente trabalhado e coberto de ouro puríssimo, o espaldar do trono ao alto era redondo; de ambos os lados tinha braços junto ao assento, e dois leões junto aos braços. Também havia doze leões um em cada extremidade lateral dos degraus. Nunca houve um trono tão bonito em nenhum outro reino.

O Trono ficava sobre um estrado de seis degraus (Liv. dos Reis). O objetivo deste pequeno artigo é aguçar a curiosidade dos Irmãos, aos estudos. Qual a sua resposta para essa pergunta: – Se o Sólio de Salomão ficava no alto de seis degraus, por que o do Venerável fica no alto de sete degraus? Faça uma pesquisa e quando ela estiver pronta, leve para sua Loja enriquecendo seu Quarto de Hora de Estudos.

Autor: Cesar Augusto Valduga
ARLS Fraternidade das Termas 68 – REAA – GLSC
Oriente de Palmitos – SC

Fonte: Revista Universo Maçônico

 


O PODER DA PALAVRA E AS PALAVRAS SAGRADAS NA MAÇONARIA


 

“Disse Deus: Faça-se a Luz, e a Luz se fez”

Ao abordar, ainda que timidamente, o tema do poder da palavra, deparo-me com a história da Criação, com os muitos mistérios contidos nos símbolos, passo pela abordagem ocultista dos campos de vibração e simultaneamente com a eficácia dos rituais, meto-me na tradição do longínquo Oriente e suas formas manifestas através dos mantras, vindo pouco a pouco a entender um pouco mais das palavras sagradas na Maçonaria Cósmica.

Talvez seja impossível, para nós Ocidentais, iniciar um pequeno estudo que seja sobre o poder da palavra sem nos remetermos imediatamente ao “Fiat Lux” contido no Gênesis. E começo pelo Fiat Lux, porém não posso parar por aí. Para aqueles, fiéis ou estudiosos do Antigo Testamento, o Gêneses, do início ao fim, trata de um diálogo, conversa, entre o Deus Manifesto (GADU) e os seus agentes.

A Obra da Criação, de forma alguma é realizada no silêncio absoluto, senão que este silêncio primordial, é o pano de fundo que possibilita ouvir a Voz do Criador, do Geômetra. Note que, a única Voz é a de Deus sendo que Ele manifesta a criação através de algo (Elohim) além dele próprio, senão que sentido haveria em dizer: Faça-se a Luz, Ele simplesmente pensaria a criação e ela estaria criada. E não haveria ruído algum…

Posso tentar entender isto da seguinte forma:

O pensamento (vibração potencial) necessita ser Verbalizado (vibração dinâmica) caso contrário não existe a Manifestação.

A verbalização, para que possa ser entendida, necessita de quem A Escute. A Primeira atitude do Criado, portanto, é Escutar.

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Nesta passagem retrata-se a possibilidade, o potencial, porém, efetivamente nada tinha sido realizado. O Verbo só pode manifestar-se no momento da Diferenciação Divina, onde o Um torna-se Dois e neste instante materializa-se. Concluo que, a verbalização é o ato de Criar e nele, neste processo, existe um Emissor e um Receptor. Sem os Dois, o Um não Verbaliza e, portanto nada Cria.

Seguindo pelos campos da Vibração, rememoro o poder contido nos símbolos sagrados.

Os antigos, sabedores que eram do imenso poder contido na Palavra e, a fim de, por um lado, levar aos profanos a Sabedoria Divina e, por outro, velar as palavras para que não pudessem ser utilizadas de maneira leviana, criaram os símbolos.

Em linhas gerais, os símbolos são representações (vibração) de grandes verdades e possuem um poder oculto (vibração) que é manifestado pelo Iniciado através do uso de palavras adequadas. Todo e qualquer Rito, utiliza-se dos símbolos, formas brandas do verdadeiro conhecimento e mais, se mantiveram mais ou menos intactos o porquê deste uso dos símbolos, utilizam-se das palavras e tons adequados gerando grande energia e Poder.

Muito comum, por exemplo, o uso do tom “Fá” nas Orações e Preces.

Os rituais, símbolos e signos que são do Poder do Mais Alto, têm a sua eficácia garantida quando, através de postura adequada, palavras certas e tom apropriado revivem à luz do dia. Aliás, talvez existam poucos exemplos mais belos e antigos do que os mantras do hinduísmo ou bramanismo. Estes se constituem em verdadeira chave de poder, induzindo à um estado de consciência em particular e desenvolvendo características no estudante ou devoto.

Os Mantras, fórmulas repetitivas, justamente unem em si 3 elementos formidáveis: a vibração, a repetição da vibração e a atitude mental. Com eles, pode o ser humano retrabalhar inclusive traços do que considera “o seu jeito de ser” e que na verdade se trata apenas da sua personalidade corrente.

Atualmente, os mantras são utilizados largamente em muitas escolas e/ou religiões, com outras palavras diferentes. Não obstante, o uso de palavras antigas terem uma eficácia fantástica, podemos utilizar, por exemplo, uma curta oração que atinja o nosso coração e enleve a nossa alma e repeti-la, bem baixinho, na nota “Fá” durante algum tempo. O efeito ao longo do tempo será sem dúvida maravilhoso.

A Maçonaria, talvez mais do que qualquer outra Ordem, possui na sua essência e formação a Palavra e a Divina Vibração oriunda dela.

Na História que conta a morte do Mestre Hiram, os assassinos, os profanadores, tentaram tomar-lhe, à todo custo, a Palavra. Mestre Hiram morreu ao que parece sem revelá-la. Notemos aqui o Poder de quem detém a Palavra e, a angústia daqueles que fracos de caráter, nunca poderão obtê-la. E não podendo obtê-la (pois na verdade não sabem onde procurá-la) desejam matar quem a detém. Morre porem o detentor da Palavra, mas nunca a Palavra!

Nesta história, o Mestre de Todos os Maçons, cioso do poder da Palavra, deu-a como Perdida e recria o Mito de posse de outras palavras, mais humanas, mais comuns. Lembremos que, a nossa mística missão é recuperar a Palavra Perdida e dá-la, neste novo ciclo que ora inicia-se à verdadeira Humanidade.

Outro exemplo da cerimônia que encerra a Palavra na real Ordem é o Ritual de Instalação da Loja que antecede todas as nossas sessões. Do Venerável, guardião do Delta Luminoso, emana a Palavra que, de Irmão em Irmão, por ele designado, chega até o Segundo Vigilante que retorna aclamando: “Tudo esta Justo e Perfeito”. Só após isto é que o Venerável invoca o Grande Arquiteto do Universo, pois a Palavra criou “o pano de fundo” apropriado à um trabalho de Ordem Superior.

O uso dos malhetes e a sua peculiar vibração também é exemplo de Palavra e Poder. Desta feita, a palavra não é dita com os lábios, mas sim, vibradas nos ritmos apropriados do “bater dos martelos”.

A Palavra de Passe do Grau 2, por outro lado, cumpre 2 funções, sendo a primeira e mais importante, a de criar, sonoramente, certa predisposição mental no Irmão que a profere e, em segundo lugar pela sua peculiar forma de ser pronunciada remete-nos ao Livro dos Juízes, no Velho Testamento, na Batalha entre os Efraimitas e os Galeaditas.

Inúmeros são os exemplos que aqui poderíamos colocar, porém exigem outro espaço noutro momento.

O importante e fundamental é termos claro que a vibração tornada palavra torna o Mundo que conhecemos tal qual ele é. Vejam só a nossa imensa responsabilidade. Sem dúvida, por isto mesmo, é que a primeira Lei Oculta seja: Calar e Escutar.

Marcelo Marsiglia Sidoti

 

BOOZ OU BOAZ? A RESPOSTA DEFINITIVA


 Introdução

Boaz ou Booz: Qual o verdadeiro nome da coluna do Templo de Salomão, que é objeto também de boa parte das tradições maçônicas?

Este estudo tem por objetivo dar uma resposta definitiva à questão, analisando a palavra nas formas hebraica e grega.

A origem do nome

O nome Boaz deriva da seguinte passagem bíblica, que foi originalmente escrita no hebraico:

“Depois levantou as colunas no pórtico do templo; e levantando a coluna direita, pôs-lhe o nome de Jaquim; e levantando a coluna esquerda, pôs-lhe o nome de Boaz.” (1 Reis 7:21)

Há ainda uma passagem muito semelhante em 2 Crônicas 3:17. O termo também aparece associado ao nome próprio de pessoas, nos livros de 1 Crônicas e Ruth.

Análise do Hebraico

No total, Boaz, na forma original hebraica, aparece no texto bíblico 24 vezes. Elas subdividem-se em duas grafias básicas:

Bho`az (בֹעַז) – aparece 8 vezes

Bo`az (בֹּעַז) – aparece 16 vezes

(Esta pequena variação na letra inicial, que pode ser lida de forma aspirada ou não, é comum no hebraico e não será objeto deste estudo, pois em nada impacta a questão da vogal.)

Em ambos os casos, a vogal que aparece é chamada Pata’h (também grafada Patach), que é representada por um traço horizontal ( – ) abaixo da consoante.

Entre dialetos e sistemas escritos, o hebraico tem hoje treze dialetos. A saber: Ashkenazi, Babilônio, Bíblico (Massorético), Medieval, Mishnaico, Moderno, Palestino, Samaritano e Sefardita.

Entre eles, existem muitas diferenças fonéticas. Porém, naquilo que diz respeito ao Pata’h, acontece algo curioso: TODOS os sistemas que usam sinais massoréticos pronunciam-no da mesma maneira: /a/

O único sistema que não utiliza os sinais massoréticos e derivativos, o samaritano, também costuma pronunciar /a/ para palavras sílabas onde o pata’h é utilizado!

Ou seja, não se conhece no hebraico nenhuma outra tradição fonética que não seja pronunciar a segunda vogal do nome Boaz como /a/, isto é, de forma semelhante à letra A com acento agudo no português.

A versão Grega

Existem essencialmente duas fontes para o texto que os cristãos conhecem como Antigo Testamento: O Texto Massorético, dos judeus, e a Septuaginta, da Igreja Católica, que deriva de outra família, hoje perdida, de manuscritos hebraicos.

Olhando para o grego, da Septuaginta, que poderia ser outra fonte fonética a considerar, mesmo que com ressalvas, encontramos no texto de 1 Reis 7:21 a grafia Βόαζ, que também seria pronunciada Boaz!

É na narrativa do livro de Ruth, encontramos finalmente a grafia Βοόζ, Boóz, que predomina na Septuaginta em todo o livro. Todavia, a conexão para com a Maçonaria estabelece-se a partir de 1 Rs. 7:21 e não diretamente com o personagem do livro de Ruth!

Além disto, estas duas não são as únicas grafias existentes no grego. Nos manuscritos da Bíblia cristã, no Novo Testamento, aparece ainda, por duas vezes, a grafia Βοὲς, que seria pronunciada Boéz, em Mateus 1:5.

Grafias de outros nomes também mostram fenômenos semelhantes, indicando que o grego não é muito confiável para descobrir a pronúncia original das palavras hebraicas. E, ainda assim, no grego, o nome da coluna do Templo é Boaz e não Boóz!

A fonte do problema

O problema ocorre porque a versão da Vulgata Latina, influenciada provavelmente pela grafia predominante Boóz na Septuaginta do livro de Ruth, utilizou Boóz para 1 Reis 7:21. O que  é um erro, por dois motivos: Primeiro, porque não reflete a pronúncia correta do hebraico. E segundo, porque o mesmo a Septuaginta traz Boaz ao se referir à coluna do Templo!

Como durante muito tempo as traduções católicas tiveram por base Vulgata Latina, a forma Boóz, equivocada, popularizou-se. Isto é compreensível, dado que as gerações anteriores à Era da Informação nem sempre tinham como verificar determinadas informações.

Todavia, considerando que atualmente temos acesso aos manuscritos mais antigos e a toda esta gama de informações, é injustificável persistir no erro simplesmente por apego ao mesmo.

Conclusão

Resumindo, temos o seguinte:

O nome Boaz aparece 24 vezes no hebraico, sempre com a mesma vogal (pata’h).

A vogal pata’h tem pronúncia /a/ em todos os dialetos conhecidos do hebraico.

Não há outra tradição fonética para o nome Boaz no hebraico.

O grego da Septuaginta também traz Boaz como nome para a coluna do Templo.

Existem ainda, no grego, as pronúncias Boóz e Boéz, para o mesmo nome, noutros trechos da Bíblia, mostrando que o grego não é muito confiável como fonte de pronúncia.

A Vulgata Latina optou por padronizar o nome como Booz. A partir daí, muitas bíblias ocidentais passaram a adotar esta grafia/pronúncia equivocada.

É compreensível que, no passado, não se tivesse acesso a tais informações. No presente, contudo, isso seria injustificável.

Luis Felipe Moura

Bibliografia

BROWN, Francis; DRIVER, S. R.; BRIGGS, Charles A.; A Hebrew and English Lexicon of the Old Testament. Oxford: Clarendon Press, 1906.

KHAN, Geoffrey. Encyclopedia of the Hebrew Language and Linguistics – Volume 1. Boston: Leiden, 2013.

THAYER, Joseph H. Thayer’s Greek Lexicon. Biblesoft: 2011.

STRONG, James. Strong’s Exhaustive Concordance of the Bible. Peabody: Hendrickson Publishers, 2007.

Interlinear Greek English Septuagint Old Testament (LXX). Disponível em: <https://archive.org/details/InterlinearGreekEnglishSeptuagintOldTestamentPrint/page/n5>. Acesso em: <19/08/2019>

The Clementine Vulgata. Disponível em: <http://www.catholicbible.online>. Acesso em: <19/08/2019>

 

Postagem em destaque

AS ORIGENS DAS SOCIEDADES SECRETAS: MAÇONARIA E INFLUÊNCIAS ANTIGAS

O documento “As Origens das Ordens Secretas” explora o surgimento e a evolução das sociedades secretas, com foco especial na Maçonaria e na ...