A ABERTURA DO LIVRO DA LEI NOS GRAUS SIMBÓLICOS


 

Em razão da grande maioria dos Maçons brasileiros praticarem o Rito Escocês Antigo e Aceito, muitos imaginam que todos os Ritos usam os mesmos textos bíblicos. Enganam-se!

Em alguns Ritos não há abertura nem leitura de trechos do Livro da Lei:

Ritos Moderno e Schröder, além do próprio REAA praticado no Brasil desde a sua introdução no país pelo Grande Oriente do Brasil, que assim procedeu até o final da década de 1950.

Em outros, abre-se aleatoriamente, sem leitura: Ritos de York e de Emulação (York-GOB).

*GRAU DE APRENDIZ*
A abertura mais conhecida é a do Salmo 133, usada pelo REAA e introduzida pelas Grandes Lojas estaduais, que importou tal prática de algumas Grandes Lojas americanas. Atualmente, com algumas exceções, é utilizada pela maioria das Potências Nacionais e também pelo Rito Brasileiro.

Dois outros Ritos fazem a abertura no Evangelho de João 1:6-9: O Rito Adonhiramita e o Escocês Retificado, além do próprio REAA de algumas Potências, como assim o é em alguns países, como na Espanha e Portugal, por exemplo.

*GRAU DE COMPANHEIRO*
No Grau de Companheiro, temos pelo menos três diferentes aberturas do Livro da Lei:
- Amós 7:7-8 para o Rito Escocês Antigo e Aceito.
- Atos dos Apóstolos 20:34 para o Rito Brasileiro;
- III Reis 3:7-12 (na tradução católica, correspondente a I Reis na protestante) para o Rito Adonhiramita.

*GRAU DE MESTRE*
Segundo o Ritual do R.’.E.’.A.’.A.’. adotado pelo Grande Oriente do Brasil, “O Grau de Mestre, terceiro Grau do Simbolismo, em sua significação superior, consagra o princípio de que a vida nasce da morte”.

No Grau 3, o Livro da Lei é aberto em Eclesiastes, recitando-se os versículos 1, 7 e 8 do capítulo 12 (Eclesiastes 12:1,7,8).

*Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento;*
*E o pó volte a terra, como o era, e o espírito volte a Deus que o deu*.
*Vaidade de vaidade, diz o pregador, tudo é vaidade*.

Na tradição judaica este livro é conhecido como Qohélet, a quem se atribui a autoria. Qohélet significa pregador.

Esse livro foi alvo de polêmica entre os rabinos durante muito tempo, havendo quem o considerasse indigno de pertencer às Sagradas Escrituras, em razão de certas passagens contradizerem a crença teológica predominante, especialmente aquelas em que o autor expressa um caráter pessimista: a nossa existência é consagrada à morte e ninguém pode liberar-se dela, desde o melhor até o pior dos homens; consequentemente a vida é “vaidade” e inclusive a sabedoria vale de pouco. E isso escrito pelo rei Salomão, que obteve de Deus sua afamada sabedoria.

O autor não apresenta um otimismo cego: existem muitos problemas sérios da vida para justificar otimismo; tampouco um otimismo cínico, pois o autor crê num Deus justo. Temos, em verdade, um profundo realismo, identificado inclusive com o tema central que se repete seguidamente: vaidade de vaidade, tudo é vaidade.

Todavia, paradoxalmente, a vida toda do homem deve ser direcionada em reverenciar e obedecer à Deus, a quem finalmente prestaremos contas.

Nos versículos recitados em Loja, é destacada a necessidade de se refletir quanto a transitoriedade da vida, lembrando-nos também que após o transporte para o Oriente Eterno, o ser material se decompõe e incorpora-se à terra, mais tarde reflorindo e, enquanto isso, o outro ser, o Espírito, retorna à eterna fonte da vida.

Do livro O que um Mestre Maçom deve saber do Irm.’. Almir Sant’Anna Cruz




A MALDIÇÃO DA SEXTA-FEIRA 13 E O FIM DOS TEMPLÁRIOS


 A história desse dia, que até hoje deixa qualquer supersticioso bem atento para que nada de mal lhe ocorra.

Alguns anos depois do fim da 1° cruzada (1096-1099), com iniciativa de um cavalheiro francês da região de Champanha, Hugues de Payens (1074-1136) foi fundada em 1119 uma milícia militar chamada “Os pobres Cavaleiros de Cristo”.

Composta por nobres, e voluntários católicos com a missão de proteger os peregrinos do ocidente, que iam ou que voltavam de Jerusalém, em visita aos locais sagrados por onde Jesus Cristo passou, e principalmente o Santo Sepulcro.

Os Templários.

A maldição da sexta-feira 13 e o fim dos Templários Hugues de Payens (1070-1136)

Graças a inúmeras vitórias de Hugues de Payens e seu exército cada vez mais numeroso, a milícia se tornou uma ordem militar e religiosa, chamada “Ordem dos Templários” ou “Ordem do Templo” ou “Cavaleiros do Templo de Salomão” ou “Cavaleiros da Santa Cidade” ou simplesmente “Templários”.

Oficializada em 1129, pelo Papa Honório II (1124-1130), no Concílio de Troyes (França), determinava que os Templários tinham total independência moral e financeira em relação aos reis do Ocidente, e que tinham como principal objetivo a expulsão total dos invasores muçulmanos das terras Santa, e a proteção da cristandade no Oriente.

Regras a seguir:

A Igreja considerava que fazer uma guerra por motivos materiais era ilícito, mas fazer a guerra para gloria e salvação de Cristo era justo e legal. Portanto foram criadas regras a serem seguidas aos soldados-monges Templários, defensores dos valores espirituais, morais e éticos da igreja católica, e de Deus.

A 1° estava baseada no conjunto de regras redigidas por São Bento (480-547) fundador da ordem dos Beneditinos, em 529, como:

Castidade, pobreza e obediência a igreja católica Romana do Ocidente e Oriente.

A 2° regra determinava que todo o homem, nobre ou não, rico ou pobre, que participasse a pelo menos uma cruzada em sua vida estaria livre de todos os pecados cometidos na terra, e puro para entrar no reino do Senhor.

A 3° regra era lutar até a morte em nome de Jesus, para encontrar as riquezas de Deus, no céu.

Derrotas e riquezas dos Templários, na terra.

Os Templários, depois de serem expulsos da palestina pelos inimigos muçulmanos 200 anos mais tarde, se estabeleceram em países da Europa, liderados por uma organização bem articulada de Mestres e Grandes-Mestres. Corromperam-se das suas ações divinas e sagradas do Oriente, para os aspectos econômicos e financeiros do Ocidente.

A Ordem dos Templários após receberam doações consideráveis da igreja, tesouros, propriedades e dinheiro de toda corte da Europa, não estavam mais preocupados e interessados em defenderem os ideais cristãos e o poder temporal da igreja, e sim em acumular o máximo de riquezas, para controlarem as autoridades reais, que os procuravam para o financiamento de guerras particulares e expansões territoriais, sem nenhuma ligação com a Igreja.

Ricos e poderosos se transformaram em uma das principais instituições financeiras do ocidente, uma espécie de banqueiros de Deus.

Emprestaram muito dinheiro a vários monarcas como aos reis; da Espanha, Jaime I de Aragão (1213-1276); da Inglaterra, Henrique III (1216-1272); e principalmente ao rei da França, Filipe IV, o belo, (1285-1314). Também conhecido como o “cruel”.

Como Papa nem tomou conhecimento, Filipe IV começou uma campanha difamatória pesada contra ele, ao ponto enviar um pequeno exército para capturá-lo, em Roma.

O rei exigia sua imediata renúncia, pois considerava que seu poder temporal que recebeu diretamente de Deus, no dia da sua coroação era superior ao poder espiritual da Igreja e seu pequeno representante na terra, o Papa.

Bonifácio VIII, que pensava exatamente o contrário, sabendo disso, fugiu de Roma.

Punição Papal.

Encontrado em Anagni (Itália) foi espancado e torturado. Somente sobreviveu graças a população local que o liberou dos seus agressores.

Mas em 1303, Bonifácio VIII, um mês depois da agressão, e ter excomungado Filipe IV e seu principal ministro, chefe da guarda real, Guilherme de Nogaret, (1260-1313) acabou morrendo devido aos ferimentos sofridos.

Novo Papa e dívidas perdoadas.

Um novo papa foi eleito, o italiano Bento XI (1303-1304), mas como também não colaborou com a política de Filipe IV, foi encontrado morto (provavelmente envenenado) oito meses depois de ter sido eleito.

Em 1305, Filipe IV, consegue finalmente indicar e forçar a eleição de um Papa francês, Clemente V (1305-1314), e mudar a residência papal, do Vaticano (Roma), para Avinhão (“Avignon”). Podendo agora controlar a igreja conforme suas intenções.

O rei ainda muto endividado e interessado em recuperar para suas próprias finalidades, as riquezas dos Templários, como: moedas, pedras preciosas, jóias, propriedades, terras, (por exemplo, a região do Marais, em Paris) buscava por todos os meios uma forma de atacá-los.

Com ajuda do Papa Clemente V tentou ser introduzido na Ordem dos Templários, pleiteando ser escolhido como Grande-Mestre, a título honorário, e na esperança de manipulá-los pelo interior. Mas foi categoricamente recusado por Jacques de Molay (1243-1314), o verdadeiro Grande-Mestre do Ocidente, que sabia das más intenções e principalmente o desejo de não pagar a enorme dívida que possuía com a Ordem.

Uma perseguição implacável.

Desde então servindo do Papa Clemente V, como uma fiel amigo, Filipe IV começa sua rede de intrigas pela França. Mandou subornar e liberar de uma prisão um renegado Templário, Esquieu de Floyran, com o intuito que ele divulgasse pela população, mentiras, heresias e falsos testemunhos a respeito da Ordem dos Templários, e seus seguidores.

Filipe IV organizou minuciosamente seu plano, após inventariar todos os bens, tesouros, propriedades, e os principais nomes franceses, envolvidos na Ordem, mandou que seu ministro, e homem de confiança, Guillaume de Nogaret prendesse a todos.

Foi a maior operação de polícia nunca antes organizada no país, milhares de Templários foram presos por todas as partes da França.
Sexta-feira 13 e o fim da Ordem dos Templários.

Este dia, 13 de outubro de 1307, sexta-feira, ficou marcado na história como um dia amaldiçoado pelos seguidores da Ordem.

Em Paris, dos 140 presos pessoalmente por Guillaume de Nogaret, 134 confessaram (sobre tortura) que renegavam Cristo, que praticavam rituais de magia negra em reuniões noturnas e secretas, que recusavam o sacramento, que praticavam idolatria, sodomia, rituais obscenos…

Muitas outras prisões se seguiram por toda França.

A maioria dos presos quando na presença das autoridades do rei confessavam crimes inventados, mas na presença dos enviados do Papa se retratavam, pois acreditavam que somente Clemente V poderiam pleitear inocência e defendê-los das acusações, já que ainda faziam parte de uma Ordem Eclesiástica protegida e financiada pelo Papa, chefe supremo deles, na terra.

Mas se enganaram, pois o Papa deixou-os abandonados em suas prisões.

O processo de Jacques de Molay.

A maldição da sexta-feira 13 e o fim dos Templários Jacques de Molay e Geoffroy de Charnay.

O processo do julgamento para a condenação do Grã-Mestre, Jacques de Molay e companheiros seguiu conforme as diretrizes ordenadas pelo rei Filipe IV, e não pelo Papa como deveria ter sido.

Todos sabiam dos interesses que o rei tinha em recuperar os tesouros deixados pela Ordem e liquidação das dívidas. Apesar de Filipe IV, até ter conseguido recuperar muitas terras e propriedades por toda França, o cruel rei, e nada belo pelo que ordenou fazer, nunca encontrou nenhum “SONHADO TESOURO”, nas sedes do Templários.

Irritado e decepcionado pela pouca das riquezas encontradas pressionou o Papa que ordenasse a abolição total da Ordem na França. Que acabou acontecendo, em 22 de março de 1312.

Em 18 de março de 1314, Jacques de Molay e seu companheiro Geoffroy de Charnay foram queimados vivos na ilha dos Judeus (l’Île aux Juifs), ligada posteriormente a atual Ilha “de La Cité”, e onde se encontra atualmente a praça “Square Vert-Galant”, junto a Ponte Neuf, Paris.

A maldição de Jacques de Molay.

Conta a legenda que Jacques de Molay um pouco antes de morrer na fogueira olhou fixamente para o Papa Clemente V, e ao rei Filipe IV dizendo a seguinte frase:

Papa Clemente! Rei Filipe! Antes de um ano, e os cito a comparecerem ao tribunal de Deus para receber seus justos castigos! Malditos! Malditos! Todos malditos até a decima-terceira geração de suas raças!

Tradução do livro “Os Reis Malditos”, de Maurice Druon.
Maldição ou não, o Papa Clemente V acabou morrendo por asfixia em abril 1314, e o rei Filipe IV, em novembro do mesmo ano, de um AVC numa caçada. Seus três filhos: Luís X (1314-1316), Filipe V (1316-1322), Carlos IV (1322-1328), e o neto João I, (1316), morreram num período de 12 anos, sem deixarem descentes ao trono.

Fim da maldição de Jacques de Molay.

Fim da dinastia Capetiana, início da dinastia Capetiana-Valois.

Cristina Migliavacca‎ - Arqueologia & História das Religiões

SER RECONHECIDO MAÇOM…


 

Para alguém ser considerado maçom, primeiramente terá de ser reconhecido por outro como tal. Depois terá de passar por um conjunto de processos após os quais será aceito (ou não) por uma Respeitável Loja e a sua consequente Iniciação.

Mas não é tão fácil como o parágrafo anterior se apresenta, mas também não será tão difícil como se poderá supor.

Nas Maçonarias tipicamente anglo-saxónicas é usual a célebre afirmação “2B1ASK1”, ou seja, “To Be One, ask One” (Para ser Um, Pergunte a Um; numa tradução literal), o que permitirá mais facilmente atrair mais gente a esta Augusta Ordem.

Mas por norma, qualquer Obediência (Potência Maçônica) tem um domicílio físico, isto é, uma porta onde se poderá bater no caso de que algum potencial candidato que se interesse ou identifique com os princípios e causas maçônicas se poderá dirigir caso não tenha nenhum conhecido que seja maçom na sua lista de contatos ou esfera de influência. Ou também, o que sucede bastantes vezes, não tenha sido reconhecido ainda por algum outro maçom.

Mas que “reconhecimento” é esse que acabei de falar?!

Nada mais nada menos que tal como os maçons afirmam, que se reconheça em alguém que seja uma pessoa “livre e de bons costumes”, com um comportamento probo e honesto; que seja alguém considerado com bom “pai de família” e um bom colega de trabalho pelos seus pares; que esteja inserido na sociedade onde viva e que tenha vontade em aprender e partilhar o que sabe com outrem; bem como ter também a vontade em auxiliar o seu semelhante.

Todavia, e aqui algo que poderá criar confusão na mente de algumas pessoas, o candidato terá de ser alguém com defeitos, ou seja, alguém que identifique e reconheça os seus defeitos pessoais e tenha a vontade e ambição de mudar o seu comportamento para melhor – “vencer os seus vícios e paixões”. – evoluindo como pessoa e ser humano que é, através de uma via espiritual e iniciática que neste caso preciso é a Maçonaria.

Em geral, na minha opinião, não é a simples pertença na Maçonaria que tornará “homens bons” em “homens melhores”, antes pelo contrário, serão os homens que poderão tornar a instituição maçônica em algo melhor; pois as suas atitudes estarão sob o escrutínio da Sociedade. Os maçons são os seus próprios “juízes e carrascos”, o resto é conversa…

A Maçonaria através das suas “ferramentas filosóficas e espirituais” é que pode auxiliar na evolução pessoal de cada um em direção a um aperfeiçoamento moral e comportamental. Por isso é que é hábito em maçonaria se afirmar que “a Ordem não procura homens perfeitos”, pois esses já trilharam o seu caminho…

À Maçonaria interessa sim, quem deseja mudar, mas mudar para melhor…

Somente atuando assim, é que alguém pode um dia esperar ser reconhecido como maçom. Mas não lhe bastará apenas ter sido reconhecido, há que continuar nesta senda de perfeição, caso contrário, as palavras, as atitudes, os comportamentos serão vãos e apenas tudo culminará numa perda de tempo para ambas as partes, tanto para a Respeitável Loja e Obediência que o acolha, quanto para o próprio, que será passível de perder um reconhecimento que por regra não é atribuído a qualquer um!

Tanto que por isso, sempre após uma possível “identificação maçónica” num profano ou após a submissão de um pedido de candidatura de adesão a uma Respeitável Loja, é desencadeado um conjunto de diligências, nomeadamente um processo de inquirição, para que se possa averiguar qual a conduta do suposto candidato a iniciar. Seja através de conversas com o próprio ou com seus familiares e/ou amigos, para que se possa aferir quais as reais intenções de quem deseja que “a porta lhe seja aberta”.

É que fortuitamente e como em qualquer instituição ou associação onde entre o bicho-homem, também por vezes a Maçonaria tem alguns erros de casting que acabam por manchar a reputação dos demais maçons e influenciar negativamente a opinião profana sobre a Maçonaria e os seus membros. E geralmente são estes casos que vêm a público, pois o bem que a Maçonaria faz, apenas fica resguardado para ela…

E, mesmo depois de ter terminado o processo de inquirição respeitante a um candidato, o mesmo ainda terá de ser sufragado pela Respeitável Loja que o irá cooptar no futuro. E somente após essa decisão da loja, será ou não iniciado.

Por isto tudo, é que afirmei no início que não seria difícil entrar na Maçonaria, mas que por sua vez também, não será tão fácil assim como se poderia supor.

Finalizando e em jeito de conclusão, tenho para mim que antes de se entrar na Maçonaria e se obter qualquer tipo de reconhecimento, já a Maçonaria “entrou dentro de nós”.

Nuno Raimundo

Publicado no Blog “A partir pedra”

 

ELEIÇÃO DE VENERÁVEL MESTRE

 

Quando da escolha do Venerável Mestre, os irmãos têm por hábito escolher o mais carismático, ou o mais assíduo, ou o mais antigo, ou etc., o que constitui um equívoco muito grande.

 Faz parte dos nossos costumes às lojas elegerem as suas respectivas administrações; nesse momento, às vezes a vaidade, a cobiça e o egoísmo de uma minoria se sobrepõem à razão, quando, por outro lado, deveríamos estar em perfeita sintonia e com um único sentimento, o do bem-estar da Loja, o nosso pequeno mundo, do qual o Venerável é o Sol.

Todos os Maçons devem conceber que, como em toda organização social, a natureza de nossa Instituição e a constituição de nossas lojas são feitas de modo que, enquanto uns governam e ensinam, os outros aprendem e obedecem voltados para a ordem, a hierarquia e o progresso, sendo a modéstia e a tolerância, para uns e outros, requisitos essenciais a boa marcha dos trabalhos. 

Assim sendo, torna-se necessário que os irmãos, periodicamente, façam uma reflexão para que melhor possam compreender a responsabilidade atribuída ao Venerável Mestre e auxiliá-lo, como Chefe de uma Loja Maçônica, eis que dele depende a honra e a reputação da oficina. 

Venerável Mestre não é simplesmente o título conferido ao Presidente de uma Loja Maçônica, como possam pensar alguns irmãos, porque, em tese, é aquele que, pela sabedoria, pode dirigir orientar e decidir, com absoluta razão aos preceitos legais e aos rituais. 

E que pela sua importância, há que ser escolhido e eleito para o cargo um irmão conhecedor da sistemática maçônica, além do preenchimento dos pressupostos explícitos de elegibilidade harmonizados na legislação competente. 

O Venerável Mestre deve ser dotado de boa oratória, sem retórica vã, e de fácil discernimento. 

O Venerável Mestre deve, pela retidão de conduta, servir de exemplo para os Obreiros da Loja. Deve ser líder; o verdadeiro líder não faz comandados, faz seguidores. Deve tratar os irmãos de forma imparcial, com delicadeza e brandura, sem precisar fazer uso da força de sua autoridade para demonstrar que ela é sagrada e inviolável. 

São todos estes e outros requisitos que podem determinar a escolha do Venerável Mestre, a qual não deve recair sobre aquele que deseja veementemente e de forma imoderada a posse do cargo, ou até mesmo pela imposição de uma suposta dinastia e sim, sobre aquele Irmão cujo nome emerge espontaneamente do seio da Loja, por vontade desinteressada e fraterna. 

O cargo de Venerável Mestre tem que ser digno de veneração, e o seu ocupante merecedor de grande consideração, respeito e acatamento. 

 (Desconheço o autor)

 

 

 

AS TRÊS GRANDES LUZES DA MAÇONARIA, A MORAL E A ÉTICA


 

As três grandes luzes da Maçonaria são o Compasso, o Esquadro e o Livro da Lei Sagrada.

Talvez o mais conhecido dos símbolos da Maçonaria seja o que é constituído por um esquadro, com as pontas viradas para cima, e um compasso, com as pontas viradas para baixo.

Como normalmente sucede, várias são as interpretações possíveis para estes símbolos.

É corrente afirmar-se que o esquadro simboliza a retidão de caráter que deve ser apanágio do maçom. Retidão porque com os corpos do esquadro se podem traçar facilmente segmentos de reta e porque reto se denomina o ângulo de 90 º que facilmente se tira com tal ferramenta.

Da retidão geométrica assim facilmente obtida se extrapola para a retidão moral, de caráter, a caraterística daqueles que não se “cosem por linhas tortas” e que, pelo contrário, pautam a sua vida e as suas ações pelas linhas direitas da Moral e da Ética.

Esta caraterística deve ser apanágio do maçom, não especialmente por o ser, mas porque só deve ser admitido maçom quem seja homem livre e de bons costumes.

É também corrente referir-se que o compasso simboliza a vida correta, pautada pelos limites da Ética e da Moral. Ou ainda o equilíbrio. Ou a também a Justiça. Porque o compasso serve para traçar circunferência, delimitando um espaço interior de tudo o que fica do exterior dela, assim se transpõe para a noção de que a vida correta é a que se processa dentro do limite fixado pela Ética e pela Moral.

Porque é imprescindível que o compasso seja manuseado com equilíbrio, a ponta de um braço bem fixada no ponto central da circunferência a traçar, mas permitindo o movimento giratório do outro braço do instrumento, o qual deve ser, porém, firmemente seguro para que não aumente ou diminua o seu ângulo em relação ao braço fixo, sob pena de transformar a pretendida circunferência numa curva de variada dimensão, torta ou oblonga, assim se transpõe para a noção de equilíbrio, equilíbrio entre apoio e movimento, entre fixação e flexibilidade, equilíbrio na adequada força a utilizar com o instrumento.

Porque o círculo contido pela circunferência traçada pelo instrumento se separa de tudo o que é exterior a ela, assim se transpõe para a Justiça, que separa o certo do errado, o aceitável do censurável, enfim, o justo do injusto.

Também é muito comum a referência de que o esquadro simboliza a Matéria e o compasso o Espírito, aquele porque, traçando linhas direitas e mostrando ângulos retos, nos coloca perante o facilmente perceptível e entendível, o plano, o que, sendo direito, traçando a linha reta, dita o percurso mais curto entre dois pontos, é mais claro, mais evidente, mais apreensível pelos nossos sentidos – portanto o que existe materialmente.

Por outro lado, o compasso traça as curvas, desde a simples circunferência ao inacabado (será?) arco de círculo, mas também compondo formas curvas complexas, como a oval ou a elipse. É, portanto, o instrumento da subtileza, da complexidade construída, do mistério em desvendamento.

Daí a sua associação ao Espírito, algo que permanece para muitos ainda misterioso, inefável, obscuro, complexo, mas simultaneamente essencial, belo, etéreo. A matéria vê-se e associa-se assim à linha direita e ao ângulo reto do esquadro. O espírito sente-se, intui-se, descobre-se e associa-se, portanto, ao instrumento mais complexo, ao que gera e marca as curvas, tantas vezes obscuras e escondendo o que está para além delas – o compasso.

Cada um pode – deve! – especular livremente sobre o significado que ele próprio vê nestes símbolos. O esquadro, que traça linhas direitas, paralelas ou secantes, ângulos retos e perpendiculares, pode por este ser associado à franqueza de tudo o que é direito e previsível e por aquele à determinação, ao caminho de linhas direitas, claro, visível, sem desvios.

O compasso, instrumento das curvas, pode por este ser associado à subtileza, ao tato, à diplomacia, que tantas vezes ligam, compõem e harmonizam pontos de vista à primeira vista inconciliáveis, nas suas linhas direitas que se afastam ou correm paralelas, oportunamente ligadas por inesperadas curvas, oportunos círculos de ligação, improváveis ovais de conciliação; enquanto aquele, é mais sensível à separação entre o círculo interior da circunferência traçada e tudo o que lhe está exterior, prefere atentar na noção de discernimento entre um e outro dos espaços.

E não há, por definição, entendimentos corretos! Cada um adota o entendimento que ele considera, naquele momento, o mais ajustado e, por definição, é esse o correto, naquele momento, para aquela pessoa. Tanto basta!

O conjunto do esquadro e do compasso simboliza a Maçonaria, ou seja, o equilíbrio e a harmonia entre a Matéria e o Espírito, entre o estudo da ciência e a atenção às vias espirituais, entre o evidente, o científico, o que está à vista, o que é reto e claro e o que está ainda oculto ou obscuro.

O esquadro é sempre figurado com os braços apontando para cima e o compasso com as pontas para baixo. Ambas as figuras se opõem, se confrontam: mas ambas as figuras oferecem à outra a maior abertura dos seus componentes e o interior do seu espaço. A oposição e o confronto não são assim um campo de batalha, mas um espaço de cooperação, de harmonização, cada um disponibilizando o seu interior à influência do outro instrumento.

Assim também cada maçom se abre à influência de seus Irmãos, enquanto que ele próprio, em simultâneo, potencia, com as suas capacidades, os seus saberes, as suas descobertas, os seus ceticismos, as suas respostas, mas também as suas perguntas (quiçá mais importantes estas do que aquelas…) a modificação, a melhoria, de todos os demais.

Quanto ao Volume da Lei Sagrada, este pode ser qualquer dos Livros de qualquer das religiões que acreditem na existência de um Criador, qualquer que seja a conceção que Dele se tenha, mais ou menos interventor no Universo ou mero Princípio Criador catalisador e definidor do Universo.

O Livro da Lei Sagrada contém em si as normas básicas da atuação e convivência humanas, referencial para a conduta do homem de bem. Em suma, simboliza o conjunto de regras que a Sociedade determina aceitáveis para que a sã convivência entre todos seja possível, ou seja, A Moral inerente à Sociedade e que todos os que a integram devem respeitar e seguir.

Nas sessões de Loja, o Compasso e o Esquadro são colocados SOBRE o Volume da Lei Sagrada. Não porque se entenda que são mais importantes aqueles do que este, mas, pelo contrário, porque o Volume da Lei Sagrada simboliza a base Moral sobre a qual assenta a Ética de cada um.

Esta, a Ética, defini-a já como o conjunto de princípios que norteiam a determinação e utilização dos meios à nossa disposição para atingirmos os fins que nos propomos (cfr. texto in ÉTICA? ÉTICA… ÉTICA!).

O Esquadro traça, sobre o pano de fundo da Moral, as linhas éticas que o Homem deve definir para a sua atuação. O Compasso define os limites que essas linhas devem respeitar.

O conjunto de ambos simboliza, assim, também a Ética que, tal como eles assentam no Volume da Lei Sagrada, assenta na Moral sobre que a esta se constrói.

Porque a ética sem Moral pode usar esse nome, mas não é verdadeiramente ética – ou então teríamos que aceitar como tal a “honra dos ladrões”, a dita “ética dos criminosos”.

A Ética tem que necessariamente ser individualmente construída respeitando e assentando na Moral da Sociedade em que nos inserimos, pois nenhum homem é uma ilha podendo arrogar-se o direito de definir o seu conjunto de princípios fora da Moral da Sociedade em que se insere.

As Três Grandes Luzes da Maçonaria são, assim, o conjunto de símbolos que deve guiar a atividade de aperfeiçoamento do maçom, homem livre de escolher e determinar os Princípios que o norteiam, mas sempre harmoniosamente integrado na Sociedade em que se insere.

Rui Bandeira

Publicado no Blog “A partir pedra”.

 

O MAL QUE NOS DESTRÓI


 

A Maçonaria foi instituída não para separar os homens, mas para uni-los, deixando a cada um a liberdade de pensamento.

O MAÇOM:

Se a Instituição Maçônica, em sua doutrina – assim como muitos sistemas religiosos e filosóficos – são perfeitos; os homens são apenas perfectíveis, ou seja, passíveis de aperfeiçoamento e é por isso que se tornam Maçons.

E aí está a grande meta, que é a beleza intrínseca da prática maçônica, aperfeiçoar o Homem, polir a sua mente, o seu intelecto, para que ele alcance a maturidade e a lucidez espiritual, que lhe permita vencer as paixões, amar o seu semelhante e fazer com que uma Lei Fundamental não se torne letra morta.

Se todos os homens fossem perfeitos, a Maçonaria perderia a sua finalidade.

A Maçonaria vem praticando essa Lei desde a sua fundação por diversos meios, sendo o principal deles a imposição de uma fraternal convivência, a começar pelo tratamento de “Irmão” entre os seus membros.

A ÉTICA MAÇÔNICA:

A lei que regula a Ética Maçônica tem sido burlada, postergada, embora esteja claro que as atitudes maçônicas são designadas para as relações dentro da fraternidade, onde os Irmãos têm de tentar todos os remédios antes de procurar o socorro das Cortes.

Com Lojas e Obediências sendo arrastadas à Justiça profana, em questões onde a caridade fraternal está ausente e onde imperam as discussões, as discórdias, os propósitos caluniosos e as maledicências.

Há inúmeros casos em que a solidariedade maçônica foi esquecida e homens que deveriam ser Irmãos tornaram-se inimigos irreconciliáveis.

A cobiça envenenou a alma dos homens, levantou as muralhas do ódio e nos tem feito andar em marcha lenta para a amargura.

Nas disputas pelo poder, os interesses particulares, muitas vezes, sobrepujam os gerais, há dano da coletividade maçônica e do princípio de fraternidade.

As vaidades pessoais, as paixões de momento, os melindres, têm cavado fossos quase instransponíveis entre homens que se deveriam amar como Irmãos.

Importante é a recomendação de não se recorrer à justiça profana, para abordar os assuntos internos da Maçonaria.

Essa recomendação, como mostra a História, tem sido largamente desrespeitada, em todos os tempos, pois, quando entram em jogo interesses pessoais e de grupos, os homens - falíveis e imperfeitos, embora a instituição seja doutrinariamente perfeita - esquecem a lei, a moral e a ética.

É papel essencial de a Maçonaria exigir esta Ética primeiro de seus membros, tanto dentro quanto fora da Ordem, e depois lutar para que a Ética se torne apanágio de todos os outros, principalmente daqueles que nos afetam com sua desonestidade e falta de lisura.

A Maçonaria nos ensina a ser ético individualmente, através dos Rituais que nos treinam para o sistema maçônico de pensamento, para que possamos, depois de agir com correção a partir de nossa própria vontade, unir vontades de muitos Irmãos numa luta maior.

OS INIMIGOS DA MAÇONARIA:

Alguns ingressam na Ordem certos de poder contar, nas suas dificuldades, com proteção e amparo material.

E, não encontrando, como de fato não poderiam, em nenhuma hipótese, favores dessa natureza, afastam-se.

E a cada afastamento, mais um inimigo da Ordem se forma.

Inimigo que nós criamos.

Inimigo de nossas ideias e de nossos propósitos.

Inimigo que nós próprios fomos buscar no mundo profano.

O grande inimigo da Maçonaria é aquele que jamais nela deveria ter ingressado.

Nossa imperfeita seleção, escolha e sindicância devem ser revistas.

Os responsáveis pela cegueira e teimosia em pactuar pela omissão ou comodidade, acarretam prejuízos incalculáveis à Instituição.

O grande inimigo da Maçonaria é aquele que se contenta com o hoje, os imediatistas, aqueles para os quais basta uma Maçonaria contemplativa, “de rótulo” ou “de fachada”, com suas “festas” e fotografias estampadas em dispendiosas revistas sem nenhum testemunho prático, sem nenhum estudo, realização ou participação, levaria, se fosse só, a Maçonaria de nossos tempos a simples sinais, batidas de malhetes, crachás, exibição de adereços, anéis, chaveiros, canetas, gravata, abotoaduras, distintivos, condecorações, sempre com o clássico conjunto de Esquadro, Compasso e letra G usados no peito ou na lapela, com fita ou com laço para alimentar vaidades.

Contudo, o grande inimigo da fraternidade é aquele que carrega a vaidade dentro de seu coração; que não conhece o seu próprio valor e o valor de seus Irmãos.

Aquele cujo espírito não admite que os outros sejam líderes porque, na mesquinhez de sua futilidade e ostentação acredita ser melhor do que os demais e único capaz de poder empunhar a bandeira da liderança.

O QUE É PRECISO MUDAR:

É lamentável constatar que, se a Independência do Brasil, a Abolição da Escravatura e a Proclamação da República dependessem, hoje, de propaganda feita à custa de cotização dos Obreiros, elas jamais seriam feitas.

Estas são constatações dolorosas, mas absolutamente verdadeiras, pois o que mais se vê, na atualidade, é inação e uma completa má vontade, com raras e honrosas exceções, que confirmam a regra.

Autor: Valdemar Sansão

 

O ESPÍRITO DA MAÇONARIA


 Pode ser aconselhável definir as duas palavras "Loja" e "Constituição", de forma a que o seu significado verdadeiro possa estar corretamente nas nossas mentes.

Uma Loja é, em primeira instância, um lugar onde os maçons se reúnem e aí desenvolvem o trabalho do Ofício, continuam com o trabalho de construção do Templo do senhor, entram, passam e erguem-se maçons. É proeminentemente um lugar para trabalho, para a assunção de responsabilidades e para as atividades conjuntas dos maçons reunidos, a trabalhar na forma devida e sob o comando correto.

Uma Loja é também um símbolo, ou forma exterior e visível, de uma realidade interior e espiritual. Isto é frequentemente esquecido pelo maçom mediano que recusa reconhecer a sua base espiritual, estando ocupado inteiramente com as suas implicações éticas.

Esta definição leva o conceito para dentro e traz-nos perante o verdadeiro trabalho da Maçonaria, apresentando-nos o seu aspecto subjetivo, ligando assim a realidade exterior e interior.

Por estas palavras é definida a maior tarefa da Maçonaria, quando avança, na Nova Era que se avizinha, para ligar "aquilo que está dentro com aquilo que está fora" e para abarcar o mundo do tangível e conhecer com isso as realidades tangíveis e intangíveis. Este é o problema com que os maçons se defrontam hoje.

Devem ver se aquilo que está por baixo e visível é verdadeiro e alinhado exatamente com o projeto que está foi colocado sobre a prancha de desenho pelo Grande Arquiteto do Universo. É por essa razão que o projeto sobre a prancha de desenho é chamado uma Loja por alguns grupos de Maçons, em seu grau específico.

A definição de uma Loja como um lugar de encontro de maçons é uma das implicações menos importantes. Predominantemente, é uma representação de uma condição, atividade ou padrão invisível; é um símbolo de algo que pode ser conhecido, mas para qual é necessário fazer alguns preparativos devidos.

Os maçons não devem ser admitidos com ligeireza aos Mistérios do Ofício. É a sua representação pictórica ou materialização dos planos de Deus para a Humanidade, revelados claramente ao Homem, assim os possa interpretar, por intermédio dos símbolos tão ricamente manifestados no Templo, nos rituais e nos planos simbólicos colocados na prancha de desenho.

Assim deve ser encarada como uma assembleia de irmãos que se encontram, na forma devida, para estudar as verdades interiores ou mistérios, que, quando compreendidas, permitirão ao Homem cooperar mais vital e utilmente com o propósito divino.

A construção de uma Loja deve assim estar conforme com estes requerimentos e estar alinhada com o propósito interior. Este fato está a surgir lentamente nas mentes dos maçons de hoje que pensam e o interesse mais novo está a mudar para um mundo interno de significado e de valores. Isto é indicado pela nova literatura maçônica.

Os homens não se satisfazem com reuniões numa sala adornada por símbolos, participações em rituais curiosos e invulgares e dedicações de tempo, pensamento e dinheiro a algo sem qualquer significado vital e que os conduza a nenhuma compreensão ou recompensa real, exceto o inculcar dessa moralidade, caridade, conhecimento, benevolência e relacionamento fraternal que permita a um homem passar, livre e aceite, para a Loja no Alto.

Estas recompensas têm o seu valor inestimável, mas não únicas, pois são também os atributos e objetivos de todos os homens bons e o caráter fundamental de todo o ensinamento religioso no mundo.

Alguma coisa mais deve ser garantida e provada sobre a Maçonaria, se pretender manter a sua direção sobre os corações e mentes dos homens por muito mais tempo.

Hoje existem cerca de cinco milhões de maçons no mundo a trabalhar sob os Ritos de Iorque ou Escocês e a sua inteligência não estará satisfeita para sempre com uma representação ritual sem significado de verdades não reconhecidas.

A sua compreensão está a atrair muita da literatura especulativa dos nossos dias, estando hoje a levar os verdadeiros maçons por outras linhas de pensamento e mais profundamente dentro do mundo das ideias e significado interior do que jamais tinha acontecido antes.

A palavra "Constituição" traz consigo duas inferências vitais. Procede de duas palavras latinas: "statuere", aquilo que está e é estabelecido, fixo ou determinado e "con", significando "juntos", o que está estabelecido, fixado e em uníssono com outros. Os maçons devem ligar este pensamento com o nome de um dos Pilares encontrados no Pórtico do Templo do Rei Salomão.

O seu significado é "Ele estabelecerá". A ideia surge de uma predeterminação na mente do Altíssimo do que deve ser estabelecido pela constituição de uma Loja; este propósito divino, ou plano, apela à cooperação (o estabelecimento com) entre o Grande Arquiteto do Universo e os Seus construtores, o Ofício reunido para trabalhar numa Loja. Apela à cooperação entre todos os membros de uma Loja para essa formação conjunta que é necessária de forma a estabelecer, fixar e materializar o plano.

Uma Loja é também uma Loja devidamente constituída quando é "levantada" corretamente, para usar a expressão corrente. Ligação com este trabalho de uma Loja, enquanto devidamente constituída e enquanto a trabalhar constantemente para uma certa ideia, pode ser útil dar aqui alguns pensamentos chave.

Estes devem lançar luz sobre todo o assunto e trazer iluminação ao maçom que está devidamente orientado para o Oriente. As afirmações antigas seguintes, dadas por ordem do seu significado, podem revelar-se de utilidade real. Todavia, não são dadas na ordem normalmente indicada.

Que o que está em baixo seja como o que está em cima;

Existe um padrão, traçado no Céu, com qual a Humanidade se deve conformar eventualmente;

Três Mestres Maçons dirigem uma Loja;

Cinco Mestres Maçons dão forma a uma Loja;

Sete Mestres Maçons constituem uma Loja de maçons;

Sete Mestres Maçons tornam-na perfeita;

Entremos na luz, passemos do irreal ao real e sejamos erguidos para a vida;

Estes são os setes aforismos mais importantes da Maçonaria. Mas, por tanto tempo que a forma exterior da Maçonaria atraiu a atenção dos irmãos, que é difícil para muitos reconhecer que tudo o que possuímos hoje é uma forma simbólica que atualmente encarna verdades espirituais interiores não reconhecidas.

O tempo deve chegar em que esse CENTRO de onde saiu a PALAVRA – essa PALAVRA que foi cometida aos três Grão-Mestres, o Rei Salomão, Hiram, Rei de Tiro, e Hiram Abiff – deva ser o Centro em que todos os Mestres Maçons ocupem a sua posição e trabalhem a partir daí. Só então poderá ser recuperada a Palavra Perdida e o trabalho da Trindade de MESTRES concretizado na Terra. Só então pode o Plano ser visto na sua pureza e só então pode a divina Prancha de Desenho ser compreendida com o "olho da visão".

Este é o "simples olho" a que se referiu o grande Carpinteiro de Nazaré, o qual, quando ativo, habilitará o seu possuidor a reconhecer que "todo o corpo está cheio de luz". O significado, considerado maçonicamente, destas palavras de Cristo é frequentemente esquecido. Podemos aqui lançar alguma luz sobre o símbolo do "OLHO" tão bem conhecido no Ofício.

Desde tempos imemoriais e em ligação com os Mistérios antigos, as palavras, "assim em cima como em baixo" foram proclamadas e indicaram o propósito de todo o trabalho maçônico. No céu, existe um Templo "eterno, não feito com mãos". A este Templo preside a Deidade Triuna. Constitui o modelo do que aparece na Terra, ou "em baixo".

Sob o domínio desta Trindade de Pessoas, existem os Construtores do templo celeste e são – simbolicamente falando – sete em número. Os "Sete, dirigidos pelo UM e os Três". É por essa razão que "três dirigem uma Loja e sete constituem uma Loja e tornam-na perfeita". Isto foi-nos narrado com beleza nas estrofes seguintes, tiradas de um escrito muito antigo, que precede em muito a Bíblia Cristã. Foi redigido na forma modernizada seguinte.

"Que o Templo do Senhor seja construído", gritou o sétimo grande anjo. Então, para os Seus lugares no Norte, no Sul, no Ocidente e no Oriente, sete grandes Filhos de Deus moveram-se com passo medido e ocuparam os Seus assentos. O trabalho de construção era começado.

As portas foram fechadas e vigiadas. As luzes brilhavam esbatidas. As paredes do Templo não podiam ser vistas. Os Sete estavam silenciosos e as Suas formas estavam veladas. O tempo não tinha chegado para a irrupção da LUZ. A PALAVRA não podia ser pronunciada. Só um silêncio reinava. Entre as sete Formas, o trabalho prosseguia. Uma chamada silenciosa partiu de cada um para o outro.

Todavia, a porta do Templo permanecia fechada... À medida que o tempo passava, fora das portas do Templo, os sons da vida eram ouvidos. A porta era aberta e a porta era fechada. Cada vez que abria, um Filho de Deus menor era admitido e o poder no interior do Templo crescia. Cada vez, a luz crescia com mais força.

Assim, um por um, os filhos dos homens entravam no Templo. Passavam de Norte para Sul, de Ocidente para Oriente e, no centro, no coração, encontraram luz, encontraram compreensão e o poder para trabalhar. Entraram pela porta. Passaram perante os Sete. Ergueram o véu do Templo e entraram na luz.

O Templo crescia em beleza. As suas linhas, as suas paredes, decorações e a sua largura, profundidade e altura emergiram lentamente à luz do dia.

Vinda do Oriente, uma palavra partiu: "Abri a porta a todos os filhos dos homens, que vêm de todos os vales obscurecidos da terra e deixai-os procurar o Templo do Senhor. Dai-lhes a luz. Desvelai o santuário interior e, pelo trabalho de todos os Obreiros do Senhor, estendei o Templo do Senhor, e assim irradiai os mundos. Fazei soar a Palavra criativa e levantai os mortos para a vida".

Assim será o Templo da Luz levado do céu para a terra. Assim serão as suas paredes erguidas sobre as planícies da Terra. Assim a luz revelará e alimentará todos os sonhos dos homens.

Então o mestre do oriente despertará todos que estão adormecidos. Então, o Vigilante do Ocidente experimentará e provará todos os verdadeiros buscadores da Luz. Então, o Vigilante do Sul instruirá e auxiliará os cegos. Então, o Portão para o Norte ficará completamente aberto, pois ai, o Mestre invisível com a mão acolhedora e coração compreensivo para conduzir o candidato para o Oriente, onde a Verdadeira Luz continua a Brilhar . . .

"Mas porque esta abertura das portas do Templo? "interrogam os maiores dos sete, os Três sentados. "Porque chegou a hora; os Obreiros estão preparados Deus criou na Luz. Os seus Filhos podem agora criar. Não existe mais nada por fazer ".

"Faça-se assim", veio a resposta dos maiores do sete, os Três sentados.

"O Trabalho pode agora começar. Que todos os Filhos da Terra comecem a Trabalhar "

Adaptado do Livro "O Espírito da Maçonaria ", de Foster Bailey

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