BEM-VINDOS À MAÇONARIA- SIMBOLISMO MAÇÔNICO


 

Ninguém ama aquilo que não conhece bem e nem se esquece daquilo que ama. Ninguém dá o que não tem.

O símbolo é imagem, é pensamento... Ele nos faz captar, entre o mundo e nós, algumas dessas afinidades secretas e dessas leis obscuras que podem muito bem ir além do alcance da ciência, mas que nem por isso são menos certas. Todo símbolo é, nesse sentido, uma espécie de revelação.

Na Maçonaria, o símbolo é constante e latente em todas as suas partes. É preciso, portanto, penetrar pacientemente seu significado. Somente pelo estudo dos símbolos é que se pode chegar ao esoterismo. (Esoterismo opõe-se a Exoterismo; podemos traduzir livremente esses dois termos por ensino secreto e ensino público. Hoje, aliás de forma abusiva, a tendência é fazer da palavra esoterismo sinônimo de ocultismo.

 Não podemos nos gabar ou nos vangloriar de sermos um “Iniciado”, ou, em outras palavras, de ser o único a estar de posse do Conhecimento e da Verdade. “Iniciado” (de initium, começo) quer dizer simplesmente “colocado no caminho”, e o Maçom sincero sabe, mesmo quando se tornou Companheiro e Mestre, que ele continua a ser um Aprendiz.

Seu acerto é nosso, seu insucesso reparte-se conosco. Abra seu coração, coloque-nos a par das suas dificuldades, transmita-nos suas vivências, ensine-nos também a ser caminho. Você já sentiu as transformações que opera. Já sentiu seus progressos?

O estudo aprofundado dos símbolos e, sobretudo, dos símbolos maçônicos pode levar muito longe. Nesta terra, tudo é símbolo; as próprias palavras, na realidade, não passam de símbolos das ideias. Na vida corrente, são muitos os símbolos de deferência, de amizade, de alegria, de luto, etc.

o homem que saúda tirando o chapéu ou inclinando a cabeça simboliza com isso a deferência que ele quer manifestar à pessoa saudada; o aperto de mão – que se transformou numa cortesia banal – é um símbolo de afetividade, de cordialidade, de devotamento, de lealdade; sua recusa é símbolo de inimizade.

O brinde é um símbolo de amizade e de esperança em alguém ou em alguma coisa. Por que levantar a mão direita por ocasião de um juramento senão para simbolizar a sinceridade? O anel de casamento não simboliza, acaso, a aliança indefectível que deve unir os esposos? Etc. Todo mundo compreende esses símbolos simples e banalizados.

Mas existem outros símbolos menos frequentes, mais ocultos: filosofais, religiosos, iniciáticos. Durante seu tempo de aprendizado, a tarefa exclusiva do Aprendiz consiste na observação e análise de tudo o que se passa num mundo inteiramente novo para ele, devendo concentrar seus esforços por aprender, assimilar e adotar as posturas e atitudes desconhecidas no mundo profano.

As vezes, sua casca é dura de ser quebrada, mas a semente, uma vez libertada, mostra-se tanto mais deliciosa! O iniciado deve romper a casca mental, isto é, fugir do racionalismo esterilizante, para atingir a transcendência; somente depois de romper essa casca é que se torna possível o acesso á verdadeira iniciação. Todos os símbolos abrem portas, sob a condição de não nos atermos apenas – como geralmente acontece – às definições morais. A iniciação “abre portas” até então proibidas ao recipiendário.

INSTRUMENTOS DE TRABALHO DO APRENDIZ-MAÇOM São determinados instrumentos profissionais, a maioria tirada da antiga arte arquitetônica, que a Maçonaria simbólica usa como emblema de Virtudes e ensinamentos. São os seguintes os principais instrumentos e utensílios do Aprendiz – Maçons, e seus respectivos significados morais:

a) A RÉGUA DE 24 POLEGADAS (precisão na execução durante 24 horas de cada dia);

b) O MAÇO (decisão na aplicação);

c) O CINZEL (discernimento na investigação).

A Régua de 24 polegadas figura nas Lojas simbólicas da Franco Maçonaria como instrumento de trabalho e medida do tempo, no sentido de que não se deve mal gastar as horas na ociosidade e egoísmo, mas parte delas na meditação e estudo, parte no trabalho, e parte no recreio e repouso, “porém todas no serviço da humanidade”;

O Maço (MALHO) com o cinzel, é o instrumento de trabalho do Aprendiz, para alegoricamente “desbastar a pedra”, ou educar a agreste e inculta personalidade para uma vida ou obra superior. O malho simboliza a vontade, energia, decisão, o aspecto ativo da consciência, necessário para vencer e superar os obstáculos;

O Cinzel corresponde à penetração, discernimento e receptividade intelectuais, ou o aspecto passivo da consciência, indispensável para descobrir as protuberâncias ou falhas da personalidade.

OUTRAS OBSERVAÇÕES - Sois Maçom? - MM. II. C. T. M. RR. Isso porque um Aprendiz Maçom deve duvidar de si mesmo e da fragilidade de seus conhecimentos maçônicos. Ele deve, portanto, evitar de dar uma opinião sem antes recorrer às luzes da sabedoria de seus Irmãos. - De que forma vos fazeis reconhecer como Maçom? - Através dos Sinais, Palavras e Toque.

Um Maçom se reconhece pelo seu modo de agir, sempre equitativo e sincero (sinais); sua linguagem leal e sincera (palavras); enfim, pela atitude fraternal que manifesta com todos aqueles que está unido pelos laços de solidariedade. - A que horas os Maçons costumam começar e terminar seus trabalhos? - Os trabalhos começam ao Meio-dia e terminam à meia-noite.

Estas horas convencionais indicam que o homem atinge parte de sua maturidade, na metade de sua vida, antes de poder ser útil a seus semelhantes; mas que, deste instante, até a sua hora final, deve trabalhar sem descanso para o bem-estar comum!

AMOR FRATERNAL- O grande mistério maçônico está na simplicidade que se configura na palavra amor. O amor e respeito a tudo e a todos.

Agora como Maçom tem por missão eliminar de dentro de si o egoísmo, daí a necessidade de cultivar seu espírito de coletividade através do Amor Fraternal. E não é por acaso que em Loja de Aprendiz, o Livro Sagrado é aberto sobre o altar no Salmo 133 (A excelência da União Fraternal – Cântico de Romagem de Davi): Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os Irmãos, - traduz a satisfação e a alegria do Amor Fraternal.

Valdemar Sansão E-mail: vsansao@uol.com.br Fone: (011) 3857-3402 Fontes consultadas: - “A Simbólica Maçônica” – Jules Boucher; - Instruções Complementares Para Maçons 1º Grau – GOP); - “O DESPERTAR PARA A VIDA MAÇÔNICA” Da Primeira à Sétima Instrução – Grau I Valdemar Sansão (aguardando publicação) A Maçonaria nos dá a oportunidade do autoconhecimento. É a realização do “conhece-te a ti mesmo”.

O homem precisa conhecer-se para entender-se. Quem nunca repudiou um ato seu, após analisar sua conduta? Há uma inata necessidade de dominar-se o microcosmo. A Maçonaria nos dá caminhos para esta realização; cabe-nos aprender a trilhá-los.

ORIGEM DO TEMPLO MAÇÔNICO

O templo maçônico, como é hoje conhecido, é relativamente recente.

Na realidade, o primeiro templo maçônico, que foi o da Grande Loja de Londres, teve lançada a sua pedra fundamental no dia 1º de Maio de 1775, sendo inaugurado e consagrado a 23 de Maio de 1776.

Antes disso, as lojas maçónicas reuniam-se em tabernas, ou nos adros das igrejas, numa prática herdada de lojas de maçons de ofício, ou operativos. As tabernas europeias, nos séculos XVII e XVIII, possuíam uma função social muito importante e tinham uma fama bem diferente das cervejarias e bares das épocas posteriores; elas serviam para descontraídas reuniões de entidades associativas e de intelectuais, que possuíam, assim, centros de reunião para a troca de ideias e para aperfeiçoamento, numa atividade social e cultural muito semelhante à desenvolvida, nas primeiras décadas do século XX, nos “cafés”, que chegaram, devido a isso, a ser chamados de “cafés literários” e que tanto incrementaram o desenvolvimento da. literatura, pelas trocas de experiências e de ideias entre os literatos e entre o público leitor.

A primeira Obediência maçônica do mundo, a Grande Loja de Londres, criada a 24 de Junho de 1717, foi formada, inicialmente, por quatro lojas, que tomavam, como título distintivo, os nomes das tabernas em que se reuniam: “The Goose and Gridiron” (O Ganso e a Grelha), “The Apple Tree” ( A Macieira), “The Crown” (A Coroa) e “The Rummer and Grapes” (O Copo e as Uvas).

A Loja da taberna O Ganso e a Grelha era, também, chamada de Loja São Paulo, porque celebrava as suas reuniões no pátio da igreja de São Paulo. Esta Loja, que, posteriormente, adotaria o título de “Antiquity”, teria sido fundada em 1691 e, já a partir dos primeiros anos do século XVIII, começava a promover modificações estruturais, que iriam redundar na moderna forma da Maçonaria, ou seja, a dos maçons aceitos, ou “especulativos”. Formada, inicialmente, apenas por maçons de ofício, ou operativos, ela começaria, a partir de 1702, a admitir homens não ligados à arte de construir.

Esta Loja viria a ter fundamental importância para a criação da Grande Loja de Londres, pois foi por intermédio do reverendo Desaguliers, iniciado em 1709, no pátio da igreja de São Paulo, que se conseguiu, em fevereiro de 1717, a reunião, na taberna “The Apple Tree”, das quatro Lojas citadas, da qual surgiria a convocação de todos os membros das Lojas, para o dia 24 de junho, quando seria, então, fundada a primeira Obediência do mundo. Graças a isso, como também, à proeminência dos seus membros (Payne, Anderson, Desaguliers, Calvert, Elliot, Luniden etc.) e ao grande número de maçons aceitos, a Loja da taberna O Ganso e a Grelha, ou de São Paulo, ir-se-ia colocar à testa do movimento de transformação da Maçonaria.

A recém fundada Obediência – que não contou, inicialmente, com o apoio dos demais maçons ingleses – continuou a realizar as suas reuniões nos pátios das igrejas ou nas tabernas das quais as Lojas fundadoras tomavam os nomes, até a inauguração do Templo, em 1776; os símbolos maçónicos, então, eram traçados no chão, ou sobre um painel.

A 1º de Maio de 1775, na presença de numerosos grupos de maçons, era lançada a pedra fundamental do “Freemasons’ Hall“, a qual continha uma placa, com a seguinte inscrição:

“ANNO REGNI GEORGII TERTII QUINDECIMO, SALUTIS HUMANAE, MDCCLXXV, MENSIS MAU DIE PRIMO, HUNC PRIMUM LAPIDEM, AULAE LATOMORUM (ANGLICE, FREE AND ACCEPTED MASONS) POSUERIT HONORATISSIMUS ROB. EDV. DOM. PETRE, BARO PETRE, DE WRITTLE, SUMMUS LATOMORUM ANGLIAE MAGISTER; ASSIDENTIBUS VIRO ORNATISSIMO ROWLANDO HOLT, ARMIGERO, SUMMI MAGISTRI DEPUTATO; VIRIS ORNATISSIMIS JOH. HATCH ET HEN. DAGGE, SUMMIS GUBERNATORIBUS; PLENOOUE CORAM FRATRUM CONCURSU; QUO ETIAM TEMPORE REGUM, PRINCIPIUMQUE VIRORUM FAVORE, STUDIOQUE SUSTENTATUM MÁXIMOS PER EUROPAM HONORES OCCUPAVERAT NOMEM LATOMORUM, CUI INSUPER NOMINI SUMMUM ANGLIAE CONVENTUM PRAEESSE FECERAT UNIVERSA FRATRUM PER ORBEM MULTITUDO E COELO DESCENDIT”.

Após a cerimônia de lançamento, a companhia seguiu, em carruagens, até ao “Leatherfellers’ Hall”, onde houve uma festiva recepção, ocasião em que foi instituído o cargo de Grande Capelão (Grand Chaplain).

A construção do edifício foi bastante rápida e ele foi concluído em pouco mais de um ano. A 23 de Maio de 1776, ele foi inaugurado e dedicado à Maçonaria, à Virtude, à Caridade Universal e à Benevolência, na presença de uma brilhante assembleia de maçons.

Uma Ode, escrita por um membro da “Alfred Lodge”, de Oxford, e musicada por um Maçom conhecido como Dr. Fisher, foi executada, na ocasião, perante muitas senhoras, que, nesse dia, honraram a Sociedade com a sua companhia.

Uma instrutiva explicação sobre a instituição maçônica foi transmitida pelo Grande Secretário, seguindo-se uma magnífica oração desenvolvida pelo Grande Capelão. Em comemoração ao evento, tão importante e feliz para a Ordem, ficou acertado que o aniversário da cerimônia deveria ser sempre comemorado.

No prédio da Great Queen-Street passaram a ser realizadas as assembleias anuais e as comunicações trimestrais da fraternidade; e, para o aperfeiçoamento de quaisquer Lojas, assim como de maçons, individualmente, ele foi liberalmente franqueado.

Os Irmãos da “St. John’s Lodge”, de Newcastle, animados pelo exemplo dado pela metrópole, abriram uma subscrição entre eles, com o propósito de construir, na cidade, um templo para os seus trabalhos; e, a 23 de setembro de 1776, foi lançada, por Francis Peacock, então Venerável Mestre da Loja, a pedra fundamental da construção. Daí em diante, aquele primeiro exemplo foi frutificando.

É claro que o templo maçônico, como é hoje conhecido, não surgiu de uma só vez. Serviu-lhe, inicialmente, de modelo arquitetônico, o templo de Jerusalém, que já servira de modelo para as igrejas; isso não é, na realidade, de se estranhar, pois tendo, a Maçonaria de Ofício, ou operativa, crescido e frutificado à sombra da Igreja, reunindo-se nos adros das igrejas, ou nelas próprias, era natural que, ao construir o seu templo, embora já na fase dos maçons aceitos, a Maçonaria procurasse o modelo que lhe era mais conhecido.

O conceito de que havia, aí, uma influência da Ordem dos Templários, cujos estatutos consideravam o templo de Jerusalém como o símbolo das obras perfeitas dedicadas a Deus, é posterior; esses estatutos foram redigidos pelo abade Clairvaux (São Bernardo), quando a ordem templária foi fundada, em 1118, o que mostra, mais uma vez, que, em qualquer caso, a Maçonaria baseou-se na Igreja, ou em conceitos eclesiásticos, para concretizar o seu templo.

A orientação e a divisão dos templos maçônicos, assim como das igrejas, têm, indisfarçavelmente, a sua origem no templo de Jerusalém, da mesma maneira que alguns objetos da decoração e as duas colunas vestibulares.

Existem, entretanto, outras influências, não só das antigas civilizações, mas, também do misticismo medieval e de costumes originários da Inglaterra, que, aos poucos, motivaram a complementação da decoração dos templos. Não é, entretanto, apenas nos templos que essas influências são palpáveis, mas, também, na doutrina, na ritualística, na filosofia e no misticismo da Maçonaria.

No tocante ao templo, as maiores contribuições foram:

1 – Das antigas civilizações, que, a partir do quinto milênio a.C., começaram a se sedentarizar e a se aglomerar em centros urbanos, entre os rios Tigre e Eufrates (a Mesopotâmia, “terra entre rios”), em torno deles, às margens do rio Nilo e em torno dos mares Mediterrâneo e Adriático, atingindo, portanto, a Asia Menor, o norte da África e a Europa Oriental. Nessas regiões, encontravam-se sumerianos, acadianos, babilônios, persas, hebreus, egípcios e gregos.

A maior contribuição, neste terreno, é, evidentemente, a hebraica, já que é o templo hebraico de Jerusalém o modelo do templo maçônico, embora não seja, este, uma cópia exata daquele, como pretendem alguns.

Além da orientação, da divisão e das colunas vestibulares Booz e Jachin, encontram-se, num templo maçônico, dependendo do grau e do rito em que a Loja funciona, outros elementos do templo hebraico, como: Altar dos Perfumes, Mesa dos Pães Propiciais (ou Altar dos Pães da Proposição), Candelabro de Sete Braços (o menorá hebraico), Estrela de Seis Pontas (a Magsen David, do judaísmo e a Blazing Star, do Rito de York), Mar de Bronze, Ouro, Cedro do Líbano, Pedra, além do Altar, com o Trono, que fica no Oriente e corresponde ao Altar-mor das igrejas e ao Santo dos Santos do templo de Jerusalém.

A contribuição grega está presente nas três colunas, dórica, jônica e coríntia, que, simbolicamente, sustentam a Loja de Aprendiz e na Estrela de Cinco Pontas, ou Estrela Pentagonal (ou Pentáculo, ou Pentagrama), que é a estrela hominal das escolas pitagóricas (e que foi introduzida na decoração do templo maçônico pelo barão de Tschoudy, no século XVIII).

A contribuição egípcia é encontrada na decoração estelar do teto do templo; os antigos templos egípcios eram a representação da Terra, de onde brotavam as colunas, como gigantescos papiros, em direção ao firmamento estrelado. Além disso, todavia, há outra contribuição importante: embora as colunas do pórtico, ou vestibulares, tenham a sua origem no templo de Jerusalém, elas não são, no templo maçônico, iguais às hebraicas; são, sim, egípcias (com influências babilônicas), simbolizando folhas de papiro e flores de lótus, que eram as duas plantas sagradas do antigo Egito (muitos templos maçônicos possuem colunas vestibulares da ordem coríntia, o que é um grave erro).

A contribuição sumeriana está presente no Pavimento Mosaico, que, entretanto, nem todos os ritos possuem; o pavimento, que tem origem sumeriana, era, para os sumerianos, terreno sagrado, mas para os gregos e cretenses era um simples elemento decorativo.

2 – Dos agrupamentos e seitas místicas medievais, como os rosa-cruzes, os alquimistas e os ligados à astrologia (embora a astrologia fosse muito antiga, existindo desde a época dos sumerianos, foi na Idade Média que, graças aos árabes, ela se expandiu e se consolidou).

A contribuição da Astrologia está presente nas Colunas Zodiacais (que não estão presentes em todos os ritos), meias colunas jônicas encimadas pelos Pentáculos, que simbolizam o planeta e o elemento correspondente a cada signo do zodíaco; como cada signo representa uma passagem iniciática, desde a entrada do candidato na Câmara de Reflexão até ao acme da exaltação ao grau de Mestre Maçom, todo o zodíaco mostra a escalada iniciática, associada às cíclicas mortes e ressurreições da natureza.

A contribuição da Alquimia é encontrada em muitos símbolos, principalmente os alusivos aos quatro elementos da antiguidade (ar, água, fogo e terra), mas a sua presença é mais importante num anexo do templo, a Câmara de Reflexão, onde, em muitos ritos, estão presentes os três elementos alquímicos, sal, enxofre e mercúrio, necessários à concretização da Grande Obra, ou Obra do Sol, ou Arte Real – a transmutação dos metais inferiores em ouro – da alquimia.

A contribuição do rosacrucianismo encontra-se mais na decoração dos Altos Graus, através de vários símbolos, dos quais o máximo é a rosa na intersecção dos braços da cruz.

3 – Da igreja medieval e da do início da era moderna. A contribuição, aí é patente, pois, como já foi salientado, a Maçonaria cresceu à sombra da Igreja e dela copiou os templos, os quais, por sua vez, têm base no templo de Jerusalém. As antigas igrejas, inclusive, possuíam as duas colunas na entrada e um triângulo equilátero (Delta) na fachada; isso, modernamente, tem sido abandonado, mas a divisão e a orientação continuam tendo o templo hebraico como arquétipo.

4 – Do Parlamento inglês, existente desde 1296. Os lugares dos maçons, no templo, imitam a disposição existente no parlamento britânico; neste, o presidente tem assento na Great Chair (um cadeirão de encosto alto), sendo ladeado pelos líderes do governo e da oposição, um a cada lado, enquanto os demais parlamentares sentam-se frente a frente, situação de um lado e oposição do outro, em bancadas de vários níveis.

Esta mesma disposição existe no templo maçônico, com o Venerável no Trono e os maçons das Colunas do Norte e do Sul sentados frente a frente; e isso não é de se estranhar, pois sendo, o primeiro templo, originário da Inglaterra, tomou os modelos mais próximos: o Parlamento e as igrejas. Também a Sala dos Passos Perdidos, que é um anexo do Parlamento inglês, foi colocada como anexo do templo maçônico.

Os templos maçônicos não são exatamente iguais em todos os ritos, pois existem aqueles que são mais simples e aqueles que são mais complexos, dependendo do rito em que a Loja trabalha; existem, todavia, entre todos eles, mais pontos em comum do que divergências, pois existe um arquétipo do templo, do qual nenhum rito pode fugir.

Assim, independentemente de ritos, qualquer Maçom, em qualquer parte do mundo, reconhece um templo maçônico pelas colunas do pórtico, pela orientação, pela divisão e pelos símbolos presentes na decoração.

José Castellani

 

 

 

ORIENTE


 

É do Oriente que nasce toda luz, nos vários aspectos astronômicos, esotéricos ou espirituais. O Sol surge do Oriente para dissipar a noite e se põe no Ocidente para, em sua aparente trajetória, iluminar o outro hemisfério; essa passagem de luminosidade marca a fração de Tempo denominada dia. O Sol não surge, exatamente, na mesma hora; de conformidade com as estações do ano, esse surgimento difere de segundos e minutos.

Oriente é o local onde se situa o Venerável Mestre com o seu trono, de onde comanda a Loja. Oriente significa orientação, cada ser humano possui o seu Oriente específico e individual, dentro de si mesmo ou na Natureza onde vive fisicamente, dela fazendo parte intrínseca.

A cidade onde está localizada uma Loja maçônica denomina-se Oriente. Para os cristãos, o salvador surgiu do Oriente, assim como o Sol “nasce” diariamente, a salvação surge diariamente, dando permanente oportunidade ao ser humano de harmonizar-se com o seu Criador.

A Maçonaria aceita que o maçom, após sua morte física, adentra em um Oriente Eterno, local místico, situado em outro plano, totalmente desconhecido.

No momento da “desencarnação”, havendo lucidez, o maçom deve aguardar com ansiedade essa “passagem” de um estado de consciência para outro, mais real e sublime. 

Breviário Maçônico / Rizzardo da Camino, - 6. Ed. – São Paulo. Madras, 2014,

A LENDA DE HIRAM NÃO É A JORNADA DO HERÓI

Em 1949, Joseph Campbell publicou a sua obra seminal Hero with a Thousand Faces, na qual descreve um motivo que observou em muitos mitos relativos a heróis e missões heroicas.

 Este motivo da viagem do herói tornou-se tão prolífico e disseminado tão extensivamente que agora se apresenta como um arquétipo próprio irrelevante para o texto de Campbell, de tal forma que há um número surpreendente de pessoas que ignoram totalmente que a viagem do herói foi inventada em meados do Século XX por um professor do Sarah Lawrence College.

Hero with a Thousand Faces é de fato uma obra brilhante, que eu recomendaria a qualquer pessoa, embora tenha as minhas divergências com Campbell. O texto é um guia passo-a-passo através do motivo dos heróis e das suas missões por método comparativo.

Mas, em vez de iterar uma série de mitos na íntegra e depois apontar onde certos elementos do motivo se alinham, Campbell conduz o leitor através do motivo, elemento a elemento, e depois escolhe e retira cenas de uma grande variedade de mitos para demonstrar o motivo. À medida que o leitor avança no texto, Campbell constrói cada vez mais ideias e ideologias complexas, para que o leitor sinta que partiu numa demanda e que regressou fortalecido por ela.

No entanto, uma crítica que tenho a fazer a Campbell radica na sua abordagem junguiana da mitologia, nomeadamente ao levar o método comparativo um pouco longe demais para uma conclusão imprópria. Frequentemente, quando Campbell vê semelhanças entre duas coisas em termos de conteúdo, ignora o contexto e conclui que estão enraizadas no mesmo arquétipo inconsciente.

A professora Elizabeth Vandiver faz uma crítica semelhante a Campbell. Por exemplo, Vandiver salienta que, quando a Mulher Maravilha é uma mulher amazônica, Campbell acredita que as amazonas do Universo DC são mitologicamente iguais às amazonas dos antigos mitos gregos. Isto ignora completamente o contexto em que as duas amazonas estão a ser apresentadas.

Os gregos apresentam as amazonas como uma natureza feminina selvagem, indomável e indisciplinada que precisa de casamento e de homens para as acalmar e domesticar; as amazonas da DC são apenas mulheres fortes e poderosas de herança antiga. Não são a mesma coisa no contexto.

A Lenda Hirâmica é semelhante. À primeira vista, parece muito semelhante ao motivo da jornada do herói, mas há alguns elementos críticos que afastam Hiram Abiff de qualquer tipo de herói. Em primeiro lugar, e provavelmente a diferença mais notável, é o fato de Hiram morrer.

Simplesmente não é assim que a jornada do herói funciona. O herói deve regressar, e não apenas regressar vivo, mas deve trazer de volta uma dádiva ao mundo. Essa dádiva pode ser um objeto físico, como Prometeu que traz o fogo aos homens, ou pode ser mais uma compreensão e sabedoria para benefício dos outros, como Frodo e os seus três companheiros hobbits que regressam para salvar o Condado de Saruman. Hiram Abiff não faz nenhuma destas coisas. Ele simplesmente morre e apodrece.

Campbell apresenta uma série de acontecimentos que o herói irá realizar durante a sua aventura. Nem todos os mitos têm estes elementos. A viagem do herói não é realmente um verdadeiro motivo mitológico, mas sim um “monomito”, uma espécie de modelo em vários mitos e lendas, e por isso tem um certo grau de flexibilidade.

Campbell delineia dezessete elementos que são centrais à viagem do herói. Ora, se a Lenda Hirâmica preenchesse a maioria destes elementos, então poderíamos ter motivos razoáveis para dizer que é ou quase é uma viagem do herói, mas, segundo a minha avaliação, não preenche quase nenhum destes elementos, se é que preenche algum.

Em primeiro lugar, há o “apelo à aventura”, seguido de uma “recusa do apelo”. Hiram não faz nenhuma destas coisas. Hiram não faz nem uma coisa nem outra. É abordado e assediado para entregar os segredos de um Mestre Maçom, mas recusa.

No entanto, isto não é a mesma coisa que um chamamento e uma recusa à aventura. Isto significaria que o apelo à aventura é divulgar ilicitamente os segredos de um Mestre Maçom, o que não é muito virtuoso e, de fato, anularia todo o objetivo da lenda: a virtude de manter os segredos da nossa fraternidade.

De seguida, o herói recebe um ajudante. Odisseu tem a ajuda de Atena, Luke Skywalker tem Han Solo e C3PO e outros (a Guerra das Estrelas foi diretamente influenciada pelo trabalho de Campbell), o Rei Artur tem os seus cavaleiros, etc. Mas o pobre Hiram está sozinho. Depois, há “a travessia do limiar”, seguida de um ponto de não retorno, ou o que Campbell chama de “a barriga da baleia”. 

Sim… Hiram simplesmente morre e é desenterrado mais tarde e recebe um enterro adequado. Alguns argumentaram que a morte de Hiram e a ressurreição do seu corpo morto da sepultura é como Jesus ressuscitando dos mortos, ou Osíris sendo revivido (brevemente) e feito rei dos mortos, e outros deuses da morte e ressurreição, mas Hiram não se encaixa nesse motivo (o que é chamado de “deus vegetal”). Hiram não é ressuscitado. Apenas morre e o seu corpo é exumado. Não é a mesma coisa.

Eu poderia continuar, mas não vale a pena, porque vamos lidar repetidamente com elementos da jornada do herói que não se encaixam na Lenda Hirâmica (por exemplo, a “mulher tentadora”) e, em última análise, devemos concluir que Hiram não é um herói de forma alguma concebível. É simplesmente uma personagem trágica.

Dito isto, só porque a lenda não é uma jornada do herói, o Drama Hirâmico fornece o aparato para o candidato experimentar a jornada do herói. Isto é pedante, mas há uma diferença entre a Lenda Hirâmica e o Drama Hirâmico. É, antes de mais, um drama, e mais tarde é uma lenda. Como drama, é uma experiência para o candidato.

Como lenda, expõe valores esotéricos e interpretações à posteriori. Para o candidato, o drama é uma viagem. Sabe que não queria sentar-se no Sul. Sabia que algo se passava quando foi chamado para o Oriente. Que viagem, e sai-se do outro lado retificado. Para mim, senti-me verdadeiramente um homem novo depois de tudo isto e, ao contrário da pobre Hiram, não estava morto.

E tu, como Mestre Maçom recém elevado, és uma bênção para o Ofício, porque te tornaste outra pedra viva para espalhar a luz maçônica e o crescimento da fraternidade.

É pedante, mas é importante distinguir entre a Lenda Hirâmica e o Drama. Pessoalmente, sinto que a cena da morte de Hiram Abiff é muito mais poderosa como drama, porque é um aparelho transformador para cada Mestre Maçom recém-criado. Como lenda, torna-se apenas um ponto de partida para esotéricas e elaborações (ou confabulações) e para a proliferação de novos graus. Mas, como drama, permanece como um programa experimental. O drama pode ser modificado, e tem mudado ao longo das décadas, mas a essência do drama permanece: uma jornada heroica de transformação para os maçons.

Patrick M. Dey

Patrick M. Dey é um antigo Venerável Mestre da Loja Nevada nº 4, Nevadaville, Colorado, e serve atualmente como seu Secretário; é também um antigo Venerável Mestre da Loja Research do Colorado. É antigo Sumo Sacerdote do Capítulo Keystone nº 8, antigo Mestre Ilustre do Conselho Hiram nº 7, antigo Comandante da Comenda Flatirons nº 7. Atualmente, é o Exponente (Sufragante) do Colorado College, SRICF, do qual é Grau VIII (Magister).

É o Editor da revista Rocky Mountain Mason, faz parte do Conselho de Administração da Associação de Bibliotecas e Museus da Grande Loja do Colorado e é o Vice Grande Barman da Grande Loja do Colorado (um cargo ad hoc, de brincadeira, que tem muito orgulho em ocupar). Tem um mestrado em Arquitetura pela Universidade do Colorado, Denver, e trabalha na área da arquitetura em Denver, onde reside com a mulher e o filho.

Tradução de António Jorge, M M

Fonte

Blog Midnight Freemasons

 

 

 

 

 

O RITO BRASILEIRO EM FACE DA SOCIEDADE BRASILEIRA


Alguns estudiosos falam da instalação do Rito Brasileiro em 1864, no Estado de Pernambuco, com o nome de Maçonaria Especial do Rito Brasileiro, foi o primeiro movimento maçônico brasileiro, que se tem notícias, surgido de um apelo de um irmão Lusitano dirigido aos Orientes Portugueses e Brasil, no sentido de que fosse criado um Rito novo e independente, de acordo com a tradição maçônica comum a todos os ritos e, os demais, altos graus, fossem diferenciados com características nacionais. Em 1878, em Recife surgiu a Constituição da Maçonaria do Especial Rito Brasileiro, para as Casas do Círculo do Grande Oriente de Pernambuco. O Rito não prosperou, ficou adormecido.

Oficialmente tem-se a data de 23 de dezembro de 1914, como de criação do Rito Brasileiro, através do Decreto nº 500 do Soberano Grão-Mestre Lauro Sodré, que deu caráter de regular, legítimo e legal, acatando os Landmarks e os demais princípios tradicionais da Maçonaria Universal, pai do Grande Primaz de Honra Almirante Benjamim Sodré, um dos personagens muito importante do Escotismo brasileiro, sendo um dos oficiais da Marinha Brasileira que trouxe o escotismo para o Brasil, que mais tarde seria conhecido pelos Escoteiros como “O Velho Lobo”, e Álvaro Palmeira, que consolidou o rito na busca do Rito Brasileiro contribuir para com a Humanidade.

O Rito Brasileiro surgiu de Irmãos brasileiros vendo a variedade de ritos maçônicos existentes, como o Inglês, Alemão, francês, chamados Ritos Nacionalistas, entenderam ser natural que os maçons brasileiros também se preocupassem com essa nova mentalidade de caráter nacionalista na sua forma de pensar a Maçonaria que é universal, sem alterar os traços universalizantes, da mesma forma que procurou também se pensar o Brasil de uma maneira brasileira.

Com a criação do Rito Brasileiro procuraram-se a construção de uma identidade nacional no Brasil, com uma Maçonaria no Brasil com características brasileiras, o Rito Brasileiro, e o processo de construção de maçons com identidade nacional, preocupados com as grandes questões nacionais.

Constituindo os altos objetivos do Rito Brasileiro o incentivo e a prática do civismo.

Lembrando que o Rito Brasileiro tem como preceito básico o incentivo e a prática do civismo, através de discussões e atos dos problemas nacionais, tais como: a saúde, educação, pesquisa, distribuição de riqueza, indústria, comercio, mercado de trabalho, desemprego, direitos humanos e sociais, assistência social, preservação do meio ambiente, qualidade de vida, violência e tantas outras.

O Rito Brasileiro conclama a Maçonaria dedicada à Fraternidade, a maçonaria social, capaz de assumir as imensas responsabilidades da dedicação, a partir do presente, mas pensando no futuro. Começando a analisar as questões nacionais, onde os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais miseráveis, mostrando que o desenvolvimento econômico implantado é uma ficção, sem Fraternidade e sem Justiça Social.

A criação do Rito Brasileiro teve como escopo a expansão da Maçonaria Social ou Fraterna, que deve cumprir o legado da Fraternidade, que lhe foi atribuída pela Constituição de 21 de julho de 1976, pelo Estatuto do Supremo Conclave e pelo Regimento Especial, indicando: a filantropia, como atenção especial à criança e idoso; o estudo dos problemas nacionais e internacionais; o incentivo a pratica do civismo; o estudo da Filosofia, da Liturgia, da Simbologia, da legislação e da História maçônicas; a Fraternidade expressa no humanismo maçônico.

O Rito Brasileiro tem por função o questionamento e a reflexão sobre a participação da Maçonaria e de seus Obreiros nas questões nacionais, em relação à estrutura em que a sociedade humana está sendo moldada. A crise atual da sociedade, a falta de emprego, a violência, um verdadeiro estado de guerra civil existentes em alguns estados da federação, as drogas, etc.

Bem com a situação atual, com a presença do processo de globalização, bastante acentuado nas transformações da humanidade, ocasionando mudanças na ordem política, econômica, cultural, religiosa, grupos e classes sociais, envolvendo nações e nacionalidades. A globalização vem atuando para facilitar as transações comerciais entre países, contudo vem desafiando práticas e ideais, começando a expandir o mercado global, desafia, rompe, subordina, mutila, destrói ou recria outras formas sociais de vida, o crescimento do desemprego nas classes menos favorecidas, onde pessoas com baixa instrução terão dificuldades tanto de serem remanejadas, como também de conseguirem emprego.

Mais do nunca, a injustiça social desafia os sentimentos e princípios maçônicos de liberdade, igualdade e fraternidade.

A criação do Rito Brasileiro foi uma resposta nacional a estas questões, formando maçons do Rito Brasileiro em busca de soluções para os problemas nacionais, oferecendo à maçonaria Brasileira opções de caminhada, em defesa dos Direitos Humanos e da Justiça Social. A partir da constatação de que a miséria gera desgraça, fome, violência, morte, etc.

Sendo o Homem o centro da ordem social, principalmente, os Maçons que ao mesmo tempo são protagonistas e expectadores dos pequeninos fatos do cotidiano e dos grandes dramas universais. Dando seu singular papel no universo das questões humanas, os Obreiros do Rito Brasileiro não poderiam se furtar a dar a sua contribuição.

O Grande Oriente do Brasil, ao reimplantar o Rito Brasileiro, dedica especial atenção aos Direitos Humanos, inclusive a Constituição Brasileira de 1988, onde reconhece o Brasil como Estado Democrático de Direito, fundado na soberania, na cidadania, na dignidade da pessoa humana, nos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e no pluralismo político.

Entre os objetivos do Estado Brasileiro estão: construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização; reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação, inclusive consagrados os Direitos Sociais como direitos fundamentais do homem, caracterizando–se como verdadeiras liberdades positivas, de observância obrigatória em um Estado Social de Direito, tendo por finalidade a melhoria de condições de vida aos hipossuficientes, visando à concretização da igualdade social, e consagrados como fundamentos do Estado democrático, pelo art. 1º, IV, da Constituição Federal.

A fim de consolidar a democracia que implica na participação dos cidadãos, não apenas nos negócios públicos, mas na realização de todos os direitos e garantias consagrados na Constituição e nos diversos segmentos do ordenamento jurídico global.

Tendo os Obreiros do Rito Brasileiro uma elevada importância para consolidação dos princípios constitucionais sociais, consagrados na Constituição de 1988, por meio de efetivas ações típicas, que concretizam, que tornam possível a cidadania, em seus diversos aspectos.

O Rito Brasileiro deve debater os problemas da humanidade, tendo em vista que um dos seus fins é a formação da cultura político-social dos Irmãos, propondo em colocar o Maçom a serviço da Humanidade, mediante clara renovação de comportamento.

Não apenas na constatação de que os recursos naturais são finitos; a exploração desordenada de tais recursos implica na destruição do Planeta. Mas sim, refletir sobre os problemas nacionais, a fim proporcionar soluções objetivando uma Nação, mais fraterna, justa e sem injustiça social.

O Rito Brasileiro ao se preocupar com as questões sociais, apenas segue a orientação do Grande Oriente do Brasil, que reconhece que os Obreiros do Rito devem: ter formação político-social; manter a formação iniciática, moral e filosófica; estudar os problemas da civilização contemporânea, e neles intervir superlativamente.

Encerramos o trabalho com a mensagem deixada pelo nosso Irmão Moacyr Salles – Grão-Mestre Geral Adjunto Honorário do GOB.

“O Rito Brasileiro dá autenticidade ao exame e à interpretação dos problemas sócio-políticos da Pátria e da Humanidade. Sempre houve no Brasil, desde Tiradentes (e em geral, no mundo latino) uma atuação político-social maçônica, sob o comando pessoal dos líderes, carismáticos ou não, mas sempre à revelia dos Ritos, que disso não trataram ou, melhor, que isso repudiavam ou proibiam. Atuação decerto benemérita, mas inautêntica, maçônicamente herética, por não ter nenhum respaldo doutrinário, até a fundação do Rito Brasileiro.”

Carlos Augusto Ferreira de Viveiros
Loja Maçônica 7 de Setembro, 2126
Goiânia - GO – Brasil

Bibliografia:

Constituição Federal de 1988
Direito Constitucional – Moraes
Estudo de Problemas Brasileiro – Hilário Torloni, Livraria Pioneira Editora
Estudo de Problemas Brasileiros – Enjolras J. de Castro Camargo, Ed. Atlas
Teoria Geral da Cidadania – José Alfredo de Oliveira Baracho, Ed. Saraiva
O Rito Brasileiro – Carlos Simões, Ed. “A Gazeta Maçônica”
Alma Maçônica – José Ebram, Ed. Madras
Reflexos da Senda Maçônica – Robson Rodrigues da Silva, Ed. Madras
Rituais do Rito Brasileiro
Internet – Portal maçônico – Prancha “O que é um Rito?”
 

 

 


 

A MAÇONARIA NA CHINA


 

Acabo de ler um estudo feito por um instituto de pesquisas econômicas, informando que próximos cincos anos o PIB (Produto Interno Bruto) da China deverá ultrapassar o dos Estados Unidos.

Isto quer dizer que a China, hoje a segunda potência econômica do mundo, logo será a primeira, se é que já não é. E dentro de vinte anos os americanos vão ficar para trás em relação aos chineses, também em termos de PNB (Produto Nacional Bruto).

Bem, abstraindo-nos do fato de que PIB ou PNB não significa necessariamente riqueza, nem qualidade de vida, pois a China tem uma população cinco vezes maior que a dos Estados Unidos, o exemplo chinês leva-nos a fazer algumas reflexões. Talvez seja o momento de reler um pouco da filosofia chinesa, expressa principalmente no Tao Te King, de Lao Tse, nos Anacletos de Confúcio e a Arte da Guerra, de Sun Tzu.

Alguém poderá perguntar o que isto tem a ver com a Maçonaria. Eu tenho resposta para isso, mas levaria tempo e gastaria muito espaço para transcrevê-la aqui, porque implica no desenvolvimento de uma tese que envolve filosofia, história e noções de sociologia que certamente cansaria o leitor deste artigo e não vem ao caso para o objetivo para o qual ele foi escrito.

Apenas gostaria de lembrar aqueles que conhecem a Maçonaria, que as figuras de Lao Tse e Confúcio fazem parte do simbolismo da Cripta dos Filósofos e compõem as Oito Colunas da Sabedoria, estudadas num dos últimos graus do Rito Escocês Antigo e Aceito. Então, se os autores do REAA colocaram como matéria de estudo a filosofia desses sábios chineses, algum motivo há de haver [1].

O meu enteado, um jovem engenheiro recém-formado, aceitou um convite para ir trabalhar na montagem de uma fábrica de papel na China. Quando lá chegou mandou as suas primeiras impressões que resumo no seguinte:

Foram os chineses que inventaram o papel; mas agora estão chamando brasileiros e alemães para montar fábricas para eles. Esperam tornar-se o primeiro produtor mundial de papel nos próximos dez anos.

Os chineses estão acostumados com furacões, tufões, terremotos e outros cataclismos do gênero. Faz parte do dia a dia deles.

Falam uma dúzia de dialetos, alguns deles tão diferentes uns dos outros, quanto o português e o guarani. Mas todos se entendem de alguma forma.

A maioria dos chineses nunca ouviu falar de Jesus Cristo. Não sabem que “sobre a terra, a nenhum outro foi dado poder para salvar os homens”, como disse o Apóstolo Paulo.

A China parece ser outro planeta. Ele surpreendeu-se com o fato de os chineses serem tão dinâmicos quanto disciplinados. O que quer dizer: são esquentados por fora e tremendamente frios por dentro. A China parece um imenso caldeirão fervilhante pelo lado de fora, alimentado por um fogo frio pelo lado de dentro.

No homem ocidental é fácil ver quando ele está feliz ou infeliz; quando está alegre ou triste; nervoso ou tranquilo, sossegado ou com raiva. Transparece na fisionomia dele. As pessoas, no ocidente, têm uma linguagem não verbal extremamente explícita.

O que nós não verbalizamos, mostramos na nossa postura corporal. O chinês não. Parece uma estátua de pedra. O seu rosto é uma esfinge. E impossível ler na sua linguagem corporal qualquer mensagem neurolinguística.

Compreendo a perplexidade de um ocidental quando é posto frente a frente com a cultura tradicional do chinês. Afinal, um povo que conseguiu conciliar taoísmo com confucionismo e marxismo é realmente um fenômeno que merece uma boa reflexão.

O Taoísmo é a filosofia fundada por Lao Tse, um sujeito que viveu no século V antes de Cristo. E uma doutrina profundamente naturalista que procura seguir a linha do chamado não agir. Não agir significa não deixar que tudo aconteça naturalmente.

E, antes de tudo, acompanhar o curso da natureza, integrar-se com ela, não como um organismo que luta contra ela, para mudá-la, mas para se adaptar a ela, na melhor forma possível. O Tao, diz Lao-Tse, é como o rio. Ele segue naturalmente o seu curso. Se encontra obstáculo no seu caminho, ele não luta contra ele, contorna-o.

Toda ação provoca uma reação em sentido contrário. Deste movimento de ação e reação o universo tira o seu equilíbrio. Por isso o mundo se equilibra entre duas forças potencialmente iguais e contrárias: Yin e Yang, o positivo e o negativo. O equilíbrio natural está no meio. Quando se alcança este equilíbrio encontramos o Caminho Perfeito. Eliminar as tensões é o grande segredo do sucesso em qualquer empreendimento. Por maior agitação que se encontre aqui fora, é preciso manter a calma interior. Esta é a sabedoria do Taoísmo.

Como é possível ao chinês praticar uma filosofia dessas? Bom, diz Confúcio: através da disciplina, do respeito à autoridade constituída, honrando os ancestrais e trabalhando duro. Ou seja, respeitando a tradição, aprendendo com o passado e aceitando as coisas naturalmente. A tendência é sempre o mundo buscar um ponto de equilíbrio. E ele encontra-se sempre na absoluta imobilidade.

Confúcio também viveu no século V a.C. Lao Tse e Confúcio são os nomes mais proeminentes da filosofia chinesa. A maioria dos chineses de hoje talvez nem os conheça, mas ainda vivem segundo os seus ensinamentos.

Quer dizer: viveram mais dois milênios exclusivamente de acordo com eles. Até que no século XX o alemão Karl Marx (que já tinha morrido há mais de um século) chegou à China com a doutrina de que o trabalho é o único elemento que agrega valor. E o único capital que merece ser remunerado.

Todo o resto é acumulação indevida. Esta ideia caiu como uma luva para os líderes de um bilhão de pessoas que trabalhavam com disciplina, respeito à autoridade e honra ao passado. Um bilhão de operários e camponeses cujo único capital era justamente a sua capacidade de trabalho. Era o que eles precisavam para montar o comunismo chinês, que é igual aos demais regimes totalitários na teoria, mas é diferente na intenção e na execução.

Ainda tem mais. O filósofo mais lido da atualidade (não só na China, mas no ocidente também), é Sun Tzu, um general chinês do século VI d C., que ensina que o segredo do sucesso em qualquer empreendimento é a estratégia, a dissimulação e a surpresa.

Juntando tudo isso, o guerrilheiro Mao Tsé-Tung criou uma doutrina, venceu o regime imperial, expulsou os estrangeiros colonizadores e implantou o regime comunista na China. Tendo como matriz essas doutrinas ele montou o comunismo chinês com uma combinação bem bizarra: o naturalismo dos taoistas, o conservadorismo dos confucionistas e o materialismo pragmático dos marxistas.

Mas hoje Mao Tsé-Tung é apenas um personagem da história chinesa. Ninguém fez dele um deus, nem sequer um herói, como os russos de antes da queda do regime comunista fizeram com Marx e Lenin. Na União Soviética, depois que o comunismo foi extinto como regime de estado, as estátuas desses “deuses” dos proletários também foram derrubadas a golpes de martelos e picaretas. Os mesmos instrumentos com os quais eles demoliram os “os deuses” do capitalismo. É mania dos povos ocidentais fabricarem deuses e depois se livrarem deles. Somos deístas e iconoclastas por natureza.

Mao não virou um deus. Há quem goste dele, há quem não goste. Mas não há uma igreja Maoísta, nem altares consagrados a ele. Afinal de contas, a China não tem um Deus. Aliás, há muito que a China já abandonou o Maoísmo a favor de uma espécie de nacional socialismo que combina capitalismo de estado para fins de produção e socialismo marxista para fins de organização do estado e distribuição de renda.

Fato espantoso —, disse um amigo meu que passou um tempo na China — a religião dos chineses não tem um Deus. Pelos menos não da forma como nós o entendemos. Embora existam entre eles cristãos, budistas, muçulmanos, e outras crenças levadas para a China pelos colonizadores, a grande maioria dos chineses ainda se mantém aferrada às suas tradições shenistas [2].

Isto explica, penso eu, por que Mao é hoje apenas um personagem histórico. Para os chineses homens não são deuses. Podem tornar-se shens bons ou ruins em virtude das suas atuações na vida. Os homens fazem coisas boas e ruins. As coisas são boas quando trazem felicidade para o povo, são ruins quando não trazem. O resto é história.

Afinal, o que é a história e o que ela nos reserva? Devemos acreditar nos historiadores? Os marxistas sustentavam que o capitalismo iria fazer desmoronar os regimes do ocidente porque traziam no seu seio o próprio germe da destruição, que era a alienação do trabalhador do resultado do seu trabalho.

Os historiadores liberais afirmavam que o comunismo era um regime antinatural porque eliminava o principal móvel da atividade humana: a sua ambição. O liberalismo imperou na China no tempo da colonização inglesa. Depois que o regime imperial acabou e os comunistas tomaram o poder, o marxismo foi a doutrina imperante. Hoje, ninguém fala mais em Marx nem em Adam Smith na China.

Afinal, certo é o que dá resultado. O resto é só filosofia. O crescimento da China é hoje um fenômeno que espanta o mundo. Crescimento econômico com liberdade vigiada. Um regime socialista criando uma sociedade de consumo? Paradoxal em termos de lógica clássica, mas perfeitamente aceitável em termos de psicologia social.

Há quem critique e há quem exalte o modelo chinês. Isto é normal. Não existe regime perfeito, nem ideal. O que hoje parece bom amanhã também o será? E o que hoje parece ruim, amanhã quem o pode saber? Afinal segundo a moderna ciência atômica, só de uma coisa neste mundo nós podemos ter certeza: que existe um princípio de incerteza a reger o desenvolvimento da vida do nosso universo. Tudo pode ser e não ser ao mesmo tempo. Tudo depende da posição de quem observa o fenômeno. Ou de quem o está vivendo.

Tudo isto é muito interessante e leva-nos a algumas reflexões. O Tao Te King tem um verso que diz; “Não será o espaço entre o céu e a terra um gigantesco fole? Esvazia-se sem se exaurir. Inesgotável. Quanto mais trabalha, mais alento produz. Muitas palavras esgotam-se sem cessar e conduzem ao silêncio. Aferrando-se ao vazio protegemos o nosso ser interior e o mantemos livre?’

Era mais ou menos o que dizia Sartre: tudo que fazemos destina-se a preencher um espaço, que sem as nossas ações seria apenas um imenso vazio.

Afinal, no fundo todos os sistemas de pensamento convergem para um único objetivo: encontrar o sentido da vida e criar modelos para que ela se torne cada vez mais prazerosa. O resto resume-se em tentativas que os homens fazem para pôr em prática esses modelos.

Voltando à Maçonaria, podemos dizer: O importante é ser livre para aprender. Livre para confrontar todas as ideias e acontecimentos sem crucificar nem endeusar absolutamente nada nem ninguém. Para receber todas as experiências como aprendizagem, sem precisar transformá-las em culto. Isto é o que ensina a Maçonaria.

Bom é o que útil, certo é o que dá resultado. Disposição para estudar e tolerância para agasalhar todas as tendências e visão para enxergar as diferenças. E, principalmente, sabedoria para escolher o que mais nos serve. Se quisermos acreditar nos Mestres que organizaram o Ritual dos graus superiores do REAA, nessa filosofia está inserta a boa Maçonaria.

O Taoísmo e o Confucionismo são bons momentos de sabedoria que o bom povo chinês legou à humanidade.

O Marxismo, que na origem hospedou uma romântica concepção libertária e igualitária, tornou-se, na prática, um regime totalitário e castrador. O ideal de liberdade, igualdade e fraternidade que inspirou os seus idealizadores foi sufocado pela ambição daqueles que assumiram o poder em nome do grupo vencedor.

A propósito, a Maçonaria já foi bastante forte na China, durante o período colonial. Mas depois que o comunismo foi implantado ela praticamente desapareceu do território chinês. O que ainda resta da Arte Real entre os chineses sobrevive na ilha de Taiwan. Isto é próprio dos regimes totalitários, que abomina toda e qualquer organização de defende a liberdade de pensamento. Aqui fica a pergunta que tem sido feita desde que os primeiros grupos humanos começaram a se organizar: existirá uma ordem social perfeita? Será que algum dia liberdade, igualdade e fraternidade conseguirão coexistir num mesmo sistema?

João Anatalino Rodrigues

Notas

[1] Particularmente o grau 32, no qual a Cripta dos Filósofos é estudada. A esse respeito, veja-se a nossa obra “Mestres do Universo”, publicada pela Ed. Biblioteca 24×7

[2] A tradição religiosa chinesa pode ser definida como uma espécie de panteísmo naturalista que cultua um tipo de divindade conhecida como “os shens”. Estes podem ser espíritos da natureza, heróis nacionais, semideuses e até animais mitológicos como dragões e tigres. É uma tradição religiosa bastante sincrética, que integra elementos de taoísmo, confucionismo e budismo, reunidas sobre o título popular de shenismo.

Bibliografia

A Arte da Guerra- Sun Tzu- Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2008

Tao Te Ching- Lao Tse -Ed Pensamento, São Paulo, 1978 – Os Analectos- Confúcio- Ed. Cultrix- São Paulo, 1995.

 

A ENTRADA NO TEMPLO MAÇÔNICO


 

De acordo com Lavagnini (2008), a palavra templo se origina do latim tenebrae, que significa trevas. O mesmo autor nos diz que tal nome alude ao antigo costume de se fazer os templos em grutas ou criptas – lugares escuros e ocultos – ao amparo da indiscrição profana. E que assim, todos os templos deveriam ser, antes de tudo, ambientes de recolhimento e silêncio, distinguidos por uma penumbra favorecedora da concentração e elevação mental.

Oliveira Filho (2022) ressalta que “uma vez consagrado, um Templo Maçônico passa a ser um recinto santo, exigindo-se respeito e veneração.” Assim, ninguém poderá ingressar nesse ambiente, qualquer que seja o pretexto, antes do início da Sessão, excetuando-se os Obreiros que tiverem que prepará-lo.

Há regras para a organização do cortejo e para a entrada e saída do recinto. Não somente, todo obreiro retardatário deverá ingressar no espaço ritualisticamente, e os Irmãos só poderão retirar seus paramentos e insígnias quando estiverem novamente no átrio.

Sobre os espaços contíguos ao Templo Maçônico, Da Camino (2014) nos instrui que

“na sala dos passos perdidos, permanece o efeito do profano, uma vez que o maçom ingressa no edifício onde está instalado o templo e mantém diálogos profanos, cumprimentos, assuntos interrompidos da semana passada, enfim, o dia a dia comum. Lentamente, prepara-se o ingresso no átrio, que é o subconsciente; tudo o que é profano permanece na sala dos passos perdidos.”

Em contraste com o exposto, é relativamente comum que as práticas maçônicas para realizar as reuniões não sejam totalmente seguidas, ou que, tomados pelas preocupações cotidianas que a todos alcança, tenhamos dificuldade para nos concentrar nas reuniões.

Indo um pouco mais além, sabemos pela experiência que, individualmente, possui alta volatilidade os sentidos que os símbolos nos evocam, como interpretamos os momentos vividos e como apreendemos as informações que nos chegam.

O significado que daremos para cada um dos eventos que experimentamos é dependente sobretudo do nosso estado emocional no instante do ocorrido. Por exemplo, um trecho das Sagradas Escrituras pode ser entendido de certa maneira em um momento, enquanto a releitura, mais adiante, provavelmente evocará no leitor sentido diverso.

Outro fato relacionado com a percepção humana é o de que se ouvirmos uma nota contínua emitida no limite da audibilidade, o som parecerá interromper-se a intervalos regulares para começar de novo. Esse fenômeno é causado por oscilações da nossa atenção e não por qualquer modificação na nota (Jung, 2002). Esses eventos revelam sutilezas da natureza humana, e evidenciam o quão difícil é manter a concentração nas diversas situações que vivemos.

Evidentemente, há estratégias para minimizar nossas limitações físicas e psíquicas, e, visto sob esse prisma, fica mais fácil compreender a necessidade de se melhorar a aderência ao ritualismo maçônico. Consequentemente, não será difícil perceber a relevância do que ocorre nos momentos que precedem cada reunião, para que essa seja mais proveitosa.  

Assim, não por acaso, a adoção de rituais é procedimento farto ao longo das eras. Nesse sentido, caracterizam os espaços ritualísticos desde tempos imemoriais, a presença de etiquetas e símbolos, combinados com o bom uso da sonoridade e do refinamento da plasticidade do ambiente. Juntos, esses recursos possuem o poder de despertar, integrar e harmonizar os sentidos dos presentes, criando sutilmente, condições para o exercício da atenção, da reflexão e da acomodação do espírito.

No caso da Maçonaria, são formalidades diligentemente aperfeiçoadas no decurso de milênios, e representam a sabedoria acumulada pelas gerações. Temos assim à nossa disposição, os frutos, embora eternamente inacabados, de inumeráveis experimentações, lutas e sacrifícios, nos exigindo apenas zelo e disciplina a favor do cumprimento do que foi estabelecido para a realização das cerimônias.

E a entrada no templo, relevante parte desse contexto, quando sistematicamente executada de acordo com as tradições, nos remeterá imediatamente às expectativas e preparação psicológica relativas à reunião da qual estamos prestes a participar.  

Ademais, é muito provável que a adoção rotineira da entrada ritualística proporcione vários outros desdobramentos benéficos aos trabalhos da Loja. A pontualidade para o início da reunião a ela se interliga. O uso da Sala dos Passos Perdidos fortalece a interação entre os Irmãos, condicionando a qualidade da formação da Egrégora Maçônica quando no Templo.

A previsibilidade e repetição própria dos ritos favorece a integração psíquica do participante. Esses aspectos colaboram também para a otimização do tempo da reunião. Se curto, não cria meios para suavizar a inquietude. Se longo, atribula os sentimentos. No tempo perfeito, os procedimentos seguem com fluidez, como uma brisa suave que toca a face e modula a alma de cada Obreiro. E, como resultado, desperta o vibrante desejo que a próxima reunião logo chegue.

Autor: Mauro José de Oliveira

Mauro é Mestre da Loja Maçônica Novos Tempos Nº 288 – GLMMG, Oriente de Belo Horizonte

Nota

Aprendiz Maçom Gr 1 – REAA, 2012 

Referências

DA CAMINO, Rizzardo. Breviário Maçônico, 6ª. ed., São Paulo: Madras, 2014

Ritual de Companheiro Maçom Gr 2 – REAA, 2017

D’ELIA JÚNIOR, Raymundo. Maçonaria: 100 instruções de aprendiz, São Paulo: Madras, 2012

JUNG, C. G. O Homem e seus símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002

LAVAGNINI, Aldo. Manual do Aprendiz Maçom – A Maçonaria Revelada, Porto Velho, 2008

OLIVEIRA FILHO, Denizart Silveira de. A Lenda de Hiram Nos Graus Inefáveis do REAA – O Templo de Salomão. São Paulo: Madras, 2022

Ritual Aprendiz Maçom Gr 1 – REAA, 2012

 

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