OBRIGAÇÕES DOS MAÇONS


 

"Quando Deus pretende humilhar uma pessoa (por assim o merecer), Ele lhe nega o conhecimento." (Ali Ibn Abu Talib)

1. Subir a Escada de Jacó pelas Iniciações da Vida, sem ferir os Irmãos neste percurso;

2. realizar o sonho de desbastar pelo pensamento e pelas ações as arestas dos vícios e da insensatez;

3. socorrer o Irmão nas dificuldades, chorar com ele as suas angústias e saber comemorar ao seu lado as suas vitórias;

4. reconhecer nas viúvas e nos órfãos a continuidade do Irmão que partiu para o Oriente Eterno;

5. ver a filha do Irmão a sua filha e na esposa do Irmão, uma Irmã, Mãe ou Filha;

6. combater o fanatismo e a superstição sem o açoite da guerra, mas com a insistência da palavra sã;

7. ser modelo da eterna e universal justiça para que todos possam concorrer para a felicidade comum;

8. saber conservar o bom senso e a calma quando outros o acusam e o caluniam;

9. ser capaz de apostar na sua coragem para servir aqueles que o ladeiam, mesmo que lhe falte o próprio sustento;

10. saber falar ao povo com dignidade, ou de estar com reis e presidentes em palácios suntuosos e conservar-se o mesmo;

11. ser religioso e político respeitando o direito da religião do outro e da política oposta à sua;

12. permitir e facilitar o desenvolvimento pleno das concorrências, para que todos tenham as mesmas oportunidades;

13. saber mostrar ao mundo que nossa Ordem não é uma Sociedade de Auxílios Mútuos;

14. estar dominado pelo princípio maior da Tolerância, suportando as rivalidades, sem participar de guerras;

15. abrir para si e permitir que outros vejam e o sigam, o Caminho do Conhecimento e da Iniciação;

16. conformar-se com suas posses, sem depositar inveja nos mais abastados;

17. absorver o sacerdócio do Iniciado pela fé no Criador, pela esperança no melhoramento do homem e pela caridade que abrir-se-á em cada coração;

18. sentir a realidade da vida nos Sagrados Símbolos da Instituição;

19. exaltar tudo o que une e repudiar tudo o que divide;

20. ser obreiro de paz e união, trabalhando com afinco para manter o equilíbrio exato entre a razão e o coração;

21. promover o bem e exercitar a beneficência, sem proclamar-se doador;

22. lutar pela FRATERNIDADE, praticar a TOLERÂNCIA e cultivar-se integrado numa só família, cujos membros estejam envoltos pelo AMOR;

23. procurar inteirar-se da verdade antes de arremeter-se com ferocidade contra aqueles que julga opositores

24. esquivar-se das falsidades inverossímeis, das mentiras grosseiras e das bajulações humanas;

25. ajudar, amar, proteger, defender e ensinar a todos os Irmãos que necessitem, sem procurar inteirar-se do seu Rito, da sua Obediência, da sua Religião ou do seu Partido Político;

26. ser bom, leal, generoso e feliz, amar a Deus sem temor ao castigo ou por interesse por recompensas;

27. manter-se humilde no instante da doação e grandioso quando necessitar receber;

28. aprimorar-se moralmente e aperfeiçoar o seu espírito para poder unir-se aos seus semelhantes com laços fraternais;

29. saber ser aluno de uma Escola de Virtudes, de Amor, de Lealdade, de Justiça, de Liberdade e de Tolerância;

30. buscar a Verdade onde ela se encontre e por mais dura que possa parecer;

31. permanecer livre, respeitando os limites que separam a liberdade do outro;

32. saber usar a Lei na mão esquerda, a Espada na mão direita e o Perdão à frente de ambas, e

33. procurar amar o próximo, mesmo que ele esteja distante, como se fosse a si mesmo.

Texto publicado pela Casa Real dos Pedreiros da Lusitânia.

AS QUATRO BORLAS – UM ANTIGO SÍMBOLO OPERATIVO


 

Para a Igreja Católica Apostólica Romana existem quatro virtudes cardinais ou virtudes cardeais que polarizam todas as outras virtudes humanas. Este conceito teológico destas quatro virtudes teve a sua origem inicialmente do esquema de Platão e adaptado por Santo Ambrósio de Milão, Santo Agostinho de Hipona e São Tomás de Aquino.

O conceito teológico destas quatro virtudes, segundo a Doutrina da Igreja Católica, elas são perfeições habituais e estáveis da inteligência e da vontade humana, que regulam os nossos atos, ordenam as nossas paixões e guiam a nossa conduta segundo a razão e a fé. As virtudes cardeais são quatro:

  • A prudência (originalmente “Sapientia” que em latim significa conhecimento ou sabedoria), dispõe a razão para discernir em todas as circunstâncias o verdadeiro bem e a escolher os justos meios para atingi-lo. Ela conduz a outras virtudes, indicando-lhes a regra e a medida, sendo por isso considerada a virtude-mãe humana.
  • A justiça, que é uma constante e firme vontade de dar aos outros os que lhes é devido;
  • A fortaleza (ou Força) que assegura a firmeza nas dificuldades e a constância na procura do bem;
  • E a temperança (ou Moderação) que modera a atração dos prazeres, assegura o domínio da vontade sobre os instintos e proporciona o equilíbrio no uso dos bens criados, sendo por isso descrita como sendo a prudência aplicada aos prazeres. “Pendente nos cantos da Loja estão quatro borlas, destinadas a nos lembrar das quatro virtudes cardeais, a saber: Prudência, Justiça, Fortaleza e a Temperança, a totalidade das quais, nos informa a tradição, era constantemente praticada pela maioria de nossos antigos irmãos”.

Esta provavelmente seja a referência mais conhecida sobre as quatro borlas, mencionada nos principais rituais Ingleses, Escoceses e Irlandeses, de onde derivam a maioria dos rituais do mundo. As virtudes cardinais como esculpidas na tumba do Papa Clemente II na Catedral de Bamberg.

As Quatro Borlas pendentes dos quatro cantos da Loja que são mencionados nas instruções sobre o painel do Primeiro Grau, estão diretamente relacionadas com os métodos utilizados pelos mestres pedreiros operativos ao definir os quatro cantos do prédio e ao implantar os cantos em um canteiro de obra. Mesmo hoje em dia, um mestre de obra, ao construir os cantos das linhas de um prédio irá suspender prumos a partir de suportes de madeira, adjacente aos cantos, para garantir que os cantos fossem perpendiculares, bem como corretamente localizados com relação aos demais pontos de canto estabelecidos.

Estas linhas eram também esticadas entre as linhas de prumo relevantes nos cantos, para garantir que as paredes seguiriam as linhas corretas e assegurar que os cantos estavam no esquadro e perpendiculares. As Quatro Borlas também aludem às linhas de prumo, que foram colocadas nos cantos do prédio durante a construção.

Em tempos operativos as Quatro Borlas que eram suspensas nos quatro cantos do alojamento representavam guias, que foram destinados a ajudar um maçom para manter uma vida justa e correta, de onde derivou a referência para as quatro virtudes cardeais que, tradicionalmente, são prudência, justiça, fortaleza e a temperança.

Em lojas modernas especulativas essas Quatro Borlas, representando respectivamente a prudência, justiça, fortaleza e a temperança, nesta sequência, deve começar no canto sudeste, que está ao lado esquerdo do Venerável Mestre, em seguida, avançar no sentido horário em torno do recinto da loja. Hoje em dia borlas não é uma característica comum em templos maçônicos, mas geralmente são representados apenas pelo nome de uma das quatro virtudes cardinais em cada canto. Em linguagem atual temperança sugere moderação ou mesmo abstinência; fortaleza implica coragem no sofrimento; prudência transmite uma impressão de cautela e justiça implica em reconhecer o que é certo.

A prática da temperança ou moderação deve estar estreitamente aliada à fortaleza ou força, o que implica coragem moral, bem como ser forte e destemido. Mesmo assim, a busca do curso de ação correto deve ser sempre temperada ou moderada com prudência, que envolve o uso do bom senso e da boa aplicação da razão e da lógica. No senso comum a justiça implica na interpretação estrita da lei, mas no seu sentido mais amplo, deve refletir o maior bem para a comunidade como um todo. É por isso que, em muitas versões da instrução sobre o painel do primeiro grau, a referência às quatro virtudes cardeais é seguida imediatamente por uma declaração semelhante à seguinte passagem citada do Ritual de Emulação Inglês:

As características distintivas de um bom maçom são virtude, honra, e misericórdia, e que elas possam sempre ser encontradas no peito de um maçom.” Neste contexto, misericórdia implica que a justiça por si só é insuficiente, mas que ela deve ser temperada pela misericórdia se for para alcançar um resultado equitativo. A virtude e a honra são corolários importantes da misericórdia. Virtude significa bondade, moralidade e probidade, e também significa muitos atributos de honra, que por sua vez significa honestidade, integridade, retidão e justiça.

Na época operativa, todas as estruturas religiosas significativas e outros edifícios imponentes foram criados a partir do centro, quando a localização do centro de uma estrutura tinha sido decidida, o primeiro dever do mestre pedreiro era estabelecer o ponto central da estrutura no terreno. Chamava-se a isso de bater o centro. Ele, então, iria determinar a necessária orientação do edifício por um método apropriado e configurá-la no chão. Nós maçons especulativos deveríamos estar cientes de que, simbolicamente, eles têm por objetivo encontrar as respostas para suas perguntas no centro, que é o ponto dentro de um círculo a partir do qual todas as partes da circunferência são igualmente distantes.

O Círculo entre Paralelas Tangenciais e Verticais é também importante símbolo maçônico e, como essas paralelas representam os trópicos de Câncer e de Capricórnio, ou seja, os dois São João, o Batista e o Evangelista, a figura mostra que o Sol não transpõe os trópicos e recorda, ao maçom, que as concepções metafísicas e a consciência religiosa de cada obreiro são de foro íntimo e, portanto, invioláveis.

O ponto dentro de um círculo é um hieróglifo antigo e sagrado que se refere à divindade. O mundo maçônico é um mundo geométrico por excelência, portanto podemos definir o quadrado como a matéria, o círculo como o espírito e o ponto é a origem de tudo, o criador. É um símbolo de importância suficiente para merecer uma contemplação profunda, mas bastará agora dizer que as respostas encontradas no centro são aquelas estabelecidas de acordo com os decretos da divindade.

Edifícios sagrados geralmente eram obrigados a facear ou o leste ou o nascer do sol no solstício de verão. Caso se necessitasse que a orientação fosse de leste a oeste, o primeiro passo seria determinar a verdadeira linha Norte-Sul com precisão, por meio de uma linha passando pelo ponto central, a partir da qual a verdadeira linha Leste-Oeste poderia ser estabelecida.

Quando as quatro marcas de canto tinham sido estabelecidas, estacas perpendiculares distintamente marcadas eram criadas perto delas, com cordões ou fitas coloridas suspensas distinguiam as estacas marcadas, da mesma forma como hoje são usadas estacas pintadas ou estacas com bandeiras coloridas, chamando a atenção para a sua localização e protegendo-as contra danos acidentais.

Como as lojas operativas eram orientadas na mesma direção do templo de Salomão em Jerusalém, que é o inverso de lojas especulativas modernas, a entrada para o alojamento era no leste e o mestre sentava no oeste. Para evitar possíveis confusões, na discussão a seguir será feita referência à posição dos oficiais na loja, e não aos pontos cardeais. Lojas Operativas tinham um Mestre, um Primeiro Vigilante e um Segundo Vigilante que tinham uma localização relativa entre eles.

Em lojas operativas havia também um quarto oficial, o Superintendente de Trabalho, cuja localização era do lado oposto ao do Segundo Vigilante. Nesta explicação sobre a localização e o simbolismo das Quatro Borlas pendentes dos cantos do alojamento, assume-se que todos esses quatro oficiais ficam sentados de frente para o centro do alojamento.

A borla no canto do lado direito do Mestre deve representar justiça e a do seu lado esquerdo deve representar temperança. A razão para isso é que, quando governa seu alojamento e administra sua força de trabalho, o Mestre deve fazê-lo com justiça que, no entanto, deve ser temperada com misericórdia, de modo a garantir que não só o cliente obterá o serviço que está pagando, mas também que os seus trabalhadores vão receber os devidos pagamentos.

A borla no canto do lado direito do Superintendente do Trabalho deve representar prudência e a do seu lado esquerdo deve representar justiça. Tal como o seu Mestre, a quem ele representa, o Superintendente do Trabalho deve ser prudente na utilização de sua força de trabalho e dos materiais, para que o Mestre esteja devidamente servido; mas ele também deve garantir que os homens sejam tratados com justiça, para que eles recebam os proventos a que têm direito.

Os dois Vigilantes são os oficiais que exercem controle direto sobre os trabalhadores, sob a supervisão imediata do Superintendente do Trabalho. A borla no canto do lado direito do Administrador Sênior, o Primeiro Vigilante, deve representar fortaleza e a do seu lado esquerdo deve representar prudência.

A razão para isso é que, como o oficial que exerce o controle direto sobre os trabalhadores enquanto estão no trabalho, ele é responsável por superar as muitas dificuldades que inevitavelmente afligem o trabalho, o que exigirá a máxima firmeza de sua parte. Ao mesmo tempo, deve exercer o seu controle sobre o emprego dos homens e do uso de materiais com a máxima prudência, para proteger o bem-estar dos homens e, ao mesmo tempo garantir que a execução da obra não seja penalizada.

O Segundo Vigilante, cujo dever é ajudar o Administrador Sênior, é o oficial principal responsável pelo bem-estar dos homens, especialmente quando eles estão em repouso e descanso. A borla no canto do lado direito do Segundo Vigilante deve representar temperança, em alusão à forma pela qual o descanso deve ser sempre conduzido. A borla do lado esquerdo do Segundo Vigilante deve representar fortaleza, porque ele deve personificar Hiram Abif cuja fortaleza deve ser sempre imitada por todos os maçons.

Para o nosso pleno desenvolvimento como Maçom e como ser humano, devemos não só praticar as quatro virtudes cardiais, prudência, justiça, fortaleza e a temperança, bem como as três virtudes teologais, a fé, a esperança e a caridade, as quais nós deveremos usar com muita sabedoria e inteligência.


Eduardo Bandeira Lecey, M.’.M.’. e M.’.I.’.
ARLS Guardiões da Arca 4348 (Rito Brasileiro)
Porto Alegre, Grande Oriente do Brasil


BIBLIOGRAFIA
1. https://leonardoboff.wordpress.com/2011/07/19/face-a-crise-quatro-principios-e-quatro-virtudes/
2. LEWIS, C.S. Cristianismo Puro e Simples, Livro III, cap. 2. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
3. https://bibliot3ca.wordpress.com/as-quatro-borlas/
4. https://focoartereal.blogspot.com.br/2015/06/as-borlas-e-corda-de-81-nos.html
5. http://bodeadormecido.blogspot.com.br/2016/01/as-quatro-borlas-na-maconaria.html
6. Ritual no Grau de Mestre Maçom do G.’.O.’.B.’. dos seguintes ritos, Brasileiro, R.’.E.’.A.’.A.’., Adonhiramita e York.

 

O PELICANO


 

Examinando as páginas do Grande Dicionário Enciclopédico da Maçonaria de Nicola Aslan, vamos encontrar a seguinte descrição sobre o Pelicano: "símbolo maçônico representado pelo pelicano derramando sangue pelos seus filhotes a que foi adotado pela maçonaria, na antiga arte cristã, o Pelicano era considerado emblema do salvador".

Este simbolismo tem por base uma antiga superstição, cuja falsidade foi demonstrada, mas, enquanto se acreditava nela, o Pelicano foi adotado como símbolo do Cristo, derramando o seu sangue pela Igreja e pela Humanidade.

A esta interpretação teológica, os místicos aplicaram, porém, outro significado, considerando o Pelicano como símbolo do próprio sacrifício, indicando que na medida em que damos, nossas posses, as nossas aquisições intelectuais, as nossas habilidades, alimentamos a nossa vida, desenvolvemos o nosso caráter e a nossa personalidade, sendo que, à medida que os anos passam, o nosso sacrifício se reflete em boas ações que perduram além da nossa vida, como que lembrando os sacrifícios que fizemos.

Entre os alquimistas, o Pelicano foi um utensílio que utilizaram para suas operações, e um símbolo.

Tratava-se de um alambique de vidro circular, de uma só peça, com o bojo encimado por um capitel tubulado, do qual partiam dois tubos opostos e encurvados, formando asa.

Estes tubos voltavam a entrar lateralmente no bojo, de modo que o líquido destilado recaía constantemente dentro dele. Não se sabe bem se o nome de Pelicano foi aplicado pelos alquimistas ao aparelho por causa de sua forma que se parecia com esta ave, ou pela função do aparelho, destinado a alimentar constantemente e manter a vida, com o produto de suas entranhas, o "franguinho" do alquimista, ou seja, a "obra" que ele procurava realizar.

Nas várias fases por que passava a grande "obra", a matéria tomava diferentes cores, tornando-se sucessivamente preta, branca, verde, amarela, arco-íris etc., simples transições entre as cores principais. Estas tinham os seus símbolos: o preto simbolizava um cadáver, um esqueleto, um corvo etc. o branco geralmente por um cisne; o vermelho, a rubificação, como o chamavam, por uma fênix, um Pelicano ou um jovem rei coroado encerrado no Ovo Filosófico.

O Pelicano é sempre representado quando se abre as suas entranhas para alimentar seus filhotes, sempre em números considerados sagrados: 3-5-7. A Maçonaria vê no Pelicano o DEUS alimentando o seu Cosmos com a própria substância.

Por isso na Joia dos Cavaleiros "Rosa-Cruzes" o Pelicano é visto embaixo da rosa-cruz e do compasso, que apoia as suas pontas sobre o quarto círculo que sustenta o seu ninho.

No simbolismo maçônico, o Pelicano é o emblema mais característico da caridade.

É como tirar de suas entranhas o alimento de seus filhotes. Muitos veem no Pelicano o mais lindo símbolo do amor materno.

Entre os antigos Egípcios, o Pelicano era tido como ave sagrada, era um emissário do Espírito Santo, porque apresentava certas qualidades que faziam com que os nativos de então se surpreendessem pelos esplendores da ave.

O Espírito Santo bafejava sobre o povo, assim como a pomba nos evangelhos representa o Espírito Santo, tal como naquela passagem quando Cristo foi batizado nas águas do Rio Jordão. Saindo das águas, o céu se abriu e desceu o Espírito Santo na forma de uma pomba.

Seria Lenda?

Superstição?

Seria Verdade?

Não podemos questionar. 

E isso porque o pássaro era o símbolo da maternidade mais augusta, da maternidade elevada ao seu grau máximo.

Então, o Pelicano possui uma espécie de bolsa, logo depois do bico, descendo para o papo. E, na forma de regurgitação, deposita ali os alimentos para os filhos. Quando necessitando desse trabalho, enfiava o bico pela bolsa e retirava o alimento que ali estava, servindo assim seus próprios filhos.

A ave procedia dessa forma para a manutenção dos filhotes, mas acreditavam piamente, os daquela época, que o Pelicano arrancava parte do próprio corpo para alimentar a prole, ou extraísse o próprio sangue que alimentava os rebentos.

O Pelicano não serve de sua carne, não serve de seu sangue para alimentar os filhotes, pelo processo que era vedado aos primitivos notarem, devido à distância em que ficavam. E a semelhança ficou, o símbolo permaneceu.

E o Pelicano é para nós, realmente o emblema mais extraordinário de nossa própria Ordem, quando a mãe comum realiza todos os sacrifícios para amparar os filhos, para alimentar seus rebentos para propagar a própria espécie.

Não estranha, pois, que a Maçonaria dos Altos Graus, tenha adotado este símbolo do Pelicano para o Grau de Cavaleiro Rosa Cruz, 18, grau alquímico por excelência e eminentemente cristão, fazendo-o, outrossim, o símbolo do amor paterno e materno.

CARLOS ARMANDO MOLINARI – 33º
Presidente do Conselho de Kadosh 66
Piracicaba/São Paulo

 

MAÇONARIA: PAZ, HARMONIA E CONCÓRDIA


 

O que viemos aqui fazer?

A competição humana desenfreada (justificada ou não) em busca de poder, ganhos pessoais e riqueza (sem limites), é a desfaçatez insensata e desmedida que com a passagem do tempo, está comprometendo a Humanidade. A ambição excessiva arruína nações, países, culturas, famílias e os seres individualmente, provocando desarmonias e desestabilizando instituições ou grupos. O direito “sagrado” de estar neste planeta é responsabilidade de todos, somos seres em busca de nosso lugar no Universo.

A evolução é pessoal e coletiva enquanto grupos e nações. Estamos em processo evolucionário e somos responsáveis (direta ou indiretamente) pela evolução de nossos semelhantes, quer disso tenhamos consciência ou não, nos agrade ou não. Nossa Ordem enquanto seletiva propõe que “morremos” para a vida profana, uma morte para os desejos, paixões, vaidades, orgulho, arrogância, prepotência, que sem consciência são alimentados ao longo do tempo.

Não “brincamos” de querer parecer homens retos e de bons costumes, procuramos e temos oportunidade de sermos livres e trilhar um a caráter evolutivo. Se refletirmos sobre:

  • a dinâmica de nosso trabalho: que é em sua base sistema e ordem;
  • o ritual: um processo que procura reproduzir o trabalho da Natureza cíclica;
  • o avental: advertindo e lembrando o trabalho ininterrupto do maçom;
  • os toques: um reconhecimento de pessoas com as mesmas motivações;
  • a marcha: um caminhar com determinação;
  • a bateria: que mostra entusiasmo para um trabalho;
  • a aclamação: uma expressão de vigor e estímulo;
  • as ferramentas: simbolicamente mostradas como utensílios úteis com significado de uso universal;
  • os cargos: que mostram uma escala hierárquica necessária para manter o sistema e a ordem;
  • os graus: que determinam a necessidade do esforço pessoal para atingir um estágio em que a Instituição se mantém na confiança que depositou no Irmão;

começamos a perceber o início do processo maçônico unificador para um mundo melhor e mais evoluído, justo e perfeito, procurando harmonizar os contrários.

Não estamos unidos por mero acaso, fomos direcionados para a Maçonaria por termos sido considerados limpos e puros, não escolhemos entrar para a Ordem, fomos escolhidos, convidados e recebidos. Isso é resultado de um comportamento social que culminou em um convite e ingresso.

O que viemos aqui fazer?

A resposta é clara e sem evasivas, vencer minhas paixões e submeter minha vontade. A dificuldade em controlar nossas paixões e não querer prevalecer nossa vontade é difícil e extenuante parecendo ser uma batalha hostil e sem fim.

Todo começo é difícil e trabalhoso, e diariamente estamos sempre começando; por mais conhecimento e habilidade na execução de qualquer atividade, estamos sempre acumulando conhecimento e experiência, não há fim. O perigo é desistirmos e estacionarmos achando que a sabedoria já está instalada e estarmos de posse da verdade. Não há fim, apenas começo.

Nossa personalidade formada durante a infância e adolescência submetida a cultura familiar e escolar, da tecnologia que avança transformando e que nos aproxima das facilidades oferecidas, pode dificultar uma reflexão mais profunda sobre nosso papel como seres humanos em processo evolutivo.

Estamos empenhados na investigação da verdade (o que é verdade?), em entender a moral (o que significa moral?) e praticar a virtude (como praticar sem favorecer interesses pessoais, familiares, corporativos?). Podemos conciliar? Nossos deveres como Maçons é assim resumido: “Respeito a Deus, amor ao próximo e dedicação à família.”

Somos tolerantes, primamos pela liberdade de consciência, não somos submissos nem reproduzimos opiniões sem reflexão interior ou vergada por interesses pessoais, que podem culminar em desagregação da Instituição. Temos que nos vigiar constantemente, pois, o egoísmo, a inveja e o próprio interesse separam os homens, que acabam isolando-se dos restantes, e essa separação pode conduzir a um desequilíbrio maior em qualquer estrutura.

Nossos princípios sempre foram Liberdade, Igualdade, Fraternidade, ligados ao Grande Arquiteto do Universo (ou Princípio Único, o Criador) que nos impulsiona e nos mantém homens livres e de bons costumes, irmanados no bem universal.

Deixamos aqui para reflexão um texto que pode auxiliar nosso caminho na Ordem:

Vossas conquistas passadas nada representam diante do futuro que vos espera. De que valem as pedras que pavimentam o caminho que abandonastes? Servirão, sim, para os que vos seguem, e por isso é importante avançar. Como o espírito constrói sua senda no invisível, o caminhante dá seus passos sobre o vazio. O inédito não pode ser percebido até que chegue o momento da sua manifestação.

José Trigueirinho Netto

O que vindes aqui fazer?

Ir.’. José Eduardo Stamato – MI
ARLS Horus nº 3811 – REAA
Santo André – SP
Jurisdicionada ao Grande Oriente do Brasil – São Paulo, Brasil


AS 3 GRANDES COLUNAS DA LOJA


 

Sustentam nossa Loj.’. três CCol.’., denominadas Col.’. Jônica, Col.’. Dórica e Col.’. Coríntia, representando respectivamente a tríade SABEDORIA, FORÇA e BELEZA.

Baseadas nas edificações do Templ.’. do Rei Salomão, um dos primeiros locais de Culto Divino que se tem conhecimento, erguido sob os auspícios do próprio Rei Salomão ou V.’.M.’. , cuja Sabedoria a todos os seus súditos encantava, Hiram Rei de Tiro espelhando o 1º Vig.’., cujo Poder e Força possibilitaram a Salomão a construção do Templo. E HIRAM-ABIF representado pelo 2º Vig.’., cuja habilidade em transformar o bruto em belo a todos maravilhava. Exímios escultores e hábeis arquitetos.

Templ.’. fundado com base no Tabernáculo, erguido por Moisés, para receber a Arca da Aliança e as Tábuas da Lei.

ORIGEM DO SIMBOLISMO: Simbolistas afirmam que, nos tempos da Maçonaria Operativa, antes dos trabalhos maçônicos, geralmente em locais improvisados, os símbolos necessários à sessão eram desenhados precariamente no piso do local e, ao término dela, eram então, apagados. O painel da Loja teria surgido para evitar essa operação.

Era comum o uso de velas acesas sobre candelabros nos locais que representavam as três janelas, ou seja: uma a Leste (Oriente), outra a oeste (Ocidente) e a terceira ao sul (Meio-dia).

Em diversos trabalhos afirmam que “elas representavam as três portas do Templo de Salomão…” Pequenos pilares situados ao lado dos altares dos três principais oficiais, com o tempo os oficiais passaram a substituir esses candelabros.

Segundo os principais simbolistas, coube à Maçonaria miniaturizar os pilares laterais e posicioná-los sobre os altares do Venerável Mestre e dos Vigilantes. Destaquemos o significado de coluna: uma coluna é dividida em três partes principais, a base parte de contato com o solo, o fuste, parte que compõe o corpo do pilar, e o capitel, parte de sustentação da trave.

A Sabedoria “Jônica”: Associada ao V.’. M.’.. Deve nos orientar no caminho da vida, estamos sempre em busca de mais conhecimentos, através de livros e ensinamentos, e aberto para indicar e passar aos irmãos o que sabemos, embora sejamos eternos aprendizes.

Esta coluna é igual a nove vezes ao seu diâmetro. O fuste é assentado sobre o pedestal, contornando ele possui vinte e quatro estrias, separadas por filetes. Em seu capitel apresentam-se duas volutas, dando ao pilar a elegância e a esbelteza de uma bela mulher.

A lenda fala que Íon, chefe grego, foi mandado à Ásia, onde construiu templos em Éfeso, dedicados a deuses gregos. Íon observou que as folhas de cortiça, colocadas sobre os pilares para evitar infiltração de água e amortecer o peso das traves, com o tempo, cedendo à pressão, contorciam-se em forma de volutas, imitando madeixas de mulher, peculiaridade essa que é a principal característica da Ordem Jônica.

A Força “Dórica”: Associada ao 1º Vig.’.. Animar-nos e sustenta em todas as dificuldades, lembrando sempre que não estamos sozinhos, temos em mãos nossas ferramentas, maço cinzel e alavanca.

A altura do pilar dórico corresponde a oito vezes ao seu diâmetro. Ele não tem base e o seu fuste é assentado diretamente ao solo sem pedestal. Seu contorno é circundado por 2O canelura, e seu capitel é formado de molduras, imitando uma taça.

A lenda conta que Doros, filho de Heleno, mediu o pé de um homem de estatura mediana, na época, e constatou ser essa medida correspondente a oito vezes a sua altura. Guiando-se por essa relação, ideou o pilar, dórico, robusto, forte e nobre.

A Beleza “Corintia”: Associada ao 2º Vig.’.. Adorna todas as nossas ações, nosso caráter e nosso espírito, dentro da loja, ela se faz presente nos paramentos, joias, mimos e chaveiros.

Abriga formas belas, elegantes e proporções delicadas, lembrando uma bela donzela. A altura do Pilar Coríntio é igual a 10 vezes o seu diâmetro. O fuste pode ser liso ou estriado. Quando é esculpido em granito ou em pórfiro, tem o fuste liso. Quando talhado em mármore é, estriado, podendo ter de 24 a 32 caneluras, desde que esse número de estrias seja passível de divisão por quatro.

A lenda fala que a ama levou uma cesta, contendo brinquedos à sepultura da criança e cobriu-a com uma velha telha, por causa das chuvas. Ao chegar a primavera, um pé de acanto germinou e cresceu, transformando-se em formosa árvore. Folhas de acanto, cesta e telha teriam produzido um belíssimo efeito ao crescer a planta. Essa cena teria sido magistralmente capitada pelo poeta e escultor Calímaco, que talhou um pilar de rara beleza, com o capitel copiado daquela cena.

Conclusão
O edifício espiritual da Maçonaria descansa sobre estas colunas simbólicas. A Sabedoria concebe a construção, ordena o caos, cria e determina a realização. A Força executa o projeto, segundo instruções da Sabedoria.

Contudo, não basta ser a edificação bem projetada e bem executada. É preciso ser bem adornada pela Beleza.

Sendo assim, todo Maç.’. deve ter essas qualidades Sabedoria, que orienta, Força, que executa e Beleza, que embeleza as ações, para que possa realizar com exatidão os seus trabalhos de fraternidade, caridade para com a sociedade.

 

Guilherme A. Tavares, A.’.M.’.
A.’.R.’.L.’.S.’. Fraternidade e Evolução nº 3198, Or.’. de São Paulo – SP / Brasil 

 

Bibliografia:

Caderno de instruções do grau de A.’.M.’.;

www.maconaria.net  – As três colunas, Eduardo Silva Mineiro, A.’. M.’. ARLS Acácia Castelense, nº 4 – Castelo do Piauí – Piauí – Brasil

www.samauma.biz  – Pilares maçônicos, Irmão José Dalton Gerotti Loja Alpha, 292 Marília-SP

http://www.renato.burity.com.br – Instrução de Aprendiz, Ir.•. Renato Burity Oliveira, Apr.•. M.•. Loja Paz e Liberdade nº 115, Or.•. de Jaguaquara (BA)

http://www.lojahugosimas.com.br  – As colunas dos altares, Ir.’. Claudio Guillen – ARLS Hugo Simas, 92 – Grande Loja do Paraná Or.’. Curitiba

http://www.rlmad.net  – Instrução de Aprendiz, pag. 08 de 17

 


HUMILDADE E ORGULHO


 

“Quem se exalta, será humilhado. Quem se humilha, será exaltado”

O meu trabalho versa sobre A HUMILDADE.

Com este trabalho, pretendo aprofundar o conhecimento sobre este tema, bem como efetuar uma reflexão pessoal, a qual possa ser inspiradora para quem a venha a ouvir ou no futuro a ler.

Trata-se de um tema de análise interior, de cada elemento por si só, ou seja, o trabalho contínuo na construção do templo interior.

Do que pude ler, e investigar sobre o assunto, existem muitas definições para a palavra, com diferentes significados, tendo sido abordados por inúmeras personalidades contemporâneas, mas também da história: Jesus Cristo, Ghandi, Madre Paulina, Rei David, Madre Tereza de Calcutá, entre outros…

As definições encontradas, são muitas das vezes díspares, contudo, não se podendo considerar contraditórias, dado terem de ser observadas ou interpretadas, á luz do meio cultural, religioso e por vezes económico onde são proferidas ou definidas.

Há quem defina uma pessoa humilde, como uma pessoa modesta, simples, submissa, recatada, que se curva perante sentimentos de fraqueza ou modéstia.

Autores diversos, definem Humildade que vem do latim humilis, que significa “que fica no chão, que não se ergue”.

Eu pessoalmente, prefiro a definição de Humildade, que vem também do latim da palavra húmus, que quer dizer fértil, rica em nutrientes e preparada para receber a semente.

Uma pessoa Humilde:

Está sempre disposta a aprender e deixar brotar no solo fértil da sua alma, a boa semente;

A verdadeira humildade é firme, segura, sóbria, e jamais se compartilha com a hipocrisia, ou com a pieguice;

A humildade é a mais nobre de todas as virtudes, pois só ela predispõe o seu portador, à sabedoria real;

O contrário de humildade é o orgulho, porque o orgulhoso nega tudo o que a humildade defende;

O orgulhoso é soberbo, julga-se superior e esconde-se por trás da falsa humildade ou da tola vaidade.

Por falar em humildade, não quer dizer que quem fale dela, o possa ser.

Para mim, a verdadeira humildade, não se assume, ou se proclama por direito ou decreto.

Ela é reconhecida pelo nosso interlocutor, e é transversal a qualquer classe social, política, credo ou mesmo raça ou etnia. Alguns exemplos talvez tornem mais claras as nossas reflexões.

Quando, por exemplo, uma pessoa humilde comete um erro, diz: “eu enganei-me”, pois sua intenção é de aprender, de crescer. Mas quando uma pessoa orgulhosa comete um erro, diz: “não foi minha culpa”, porque se acha acima de qualquer suspeita.

A pessoa orgulhosa dá desculpas, mas não dá conta das suas obrigações. Uma pessoa humilde compromete- se e realiza. Uma pessoa orgulhosa acha-se perfeita. A pessoa humilde diz: “eu sou bom, porém não tão bom como eu gostaria de ser”. A pessoa humilde respeita aqueles que lhe são superiores e trata de aprender algo com todos. A orgulhosa resiste àqueles que lhe são superiores e trata de pôr lhes defeitos.

O humilde sempre faz algo mais, além da sua obrigação. O orgulhoso não colabora, e diz sempre: “eu faço o meu trabalho”. Uma pessoa humilde diz: “deve haver uma maneira melhor para fazer isto, e eu vou descobrir”. A pessoa orgulhosa afirma: “sempre fiz assim e não vou mudar meu estilo”.

A pessoa humilde compartilha suas experiências com colegas e amigos, o orgulhoso guarda-as para si mesmo, porque teme a concorrência. A pessoa orgulhosa não aceita críticas, a humilde está sempre disposta a ouvir todas as opiniões e a reter as melhores.

Quem é humilde cresce sempre, quem é orgulhoso fica estagnado, iludido na falsa posição de superioridade. O orgulhoso diz- se céptico, por achar que não pode haver nada no universo que ele desconheça, o humilde reverencia ao Criador, todos os dias, porque sabe que há muitas verdades que ainda desconhece.

Uma pessoa humilde defende as ideias que julga nobres, sem se importar de quem elas venham. A pessoa orgulhosa defende sempre suas ideias, não porque acredite nelas, mas porque são suas.

Por que é que o mar é tão grande? Tão imenso? Tão poderoso? É porque foi bastante humilde para se colocar alguns centímetros abaixo de todos os rios. Sabendo receber, tornou-se grande. Se quisesse ser o primeiro, se quisesse ficar acima de todos os rios, não seria mar, seria uma ilha. E certamente estaria isolado. Por último, é usual uma expressão deveras acertada e bem conhecida no seio da nossa Augusta Ordem:

“Quem se exalta, será humilhado. Quem se humilha, será exaltado”

M. Ferreira

 

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