A MORTE



A oposição entre a morte e a vida é uma das questões mais antigas que a humanidade enfrenta. No entanto, morrer opõe-se a nascer, enquanto Alfa e Ômega de cada tempo de vida.

No mundo ocidental estamos habituados a temer o outro, ou seja, tudo o que é contrário; somos nós ou os outros; se temos vida tememos a morte. Branco ou preto, opostos ou complementos. Antítese. 

No mundo oriental, encontramos a síntese da vida e da morte. Ambas fazem parte do caminho, entrelaçadas, permitem ao homem que avança para a morte saber-se imortal.

A morte será real ou simbólica?

Toda a morte é simbólica e iniciática, permitindo-nos ingressar numa nova vida, renascendo interiormente e transmutando o nosso íntimo, o nosso verdadeiro ser. Não é apenas uma inevitabilidade, mas pode ser também o caminho para uma nova oportunidade, um recomeça.

A morte é fundamental na iniciação maçônica, representando um ritual de passagem do profano para iniciado, constitui uma oportunidade de aceder a uma nova visão da realidade, transformando os metais inferiores, de que necessitei de me separar, em metais superiores dos quais já não será necessário despojar-me.

O tempo de vida do iniciado dá-lhe uma nova oportunidade de vencer o vício e as paixões abrindo o caminho da Luz e da Verdade, libertando o espírito dos grilhões impostos pela razão, como nos transmitiu Paracelso, para quem o conhecimento visionário se substituirá à compreensão literal dos textos.

Este é o tempo para buscar o conhecimento primordial e fundamental, que diz respeito à natureza divina da própria essência do ser, em que a alma surge como centelha de luz divina. Branco.

A informação incorreta remete para o temor, em que a centelha de luz está sujeita à influência de forças exteriores e obscuras, no exílio da matéria. Cativos no cárcere imperfeito que é o corpo, somos iludidos pelos sentidos exteriores.

A ilusão, esta Maya que nos confunde e faz acreditar no mundo material. Estamos pois nesta terra, esta Gaya onde os densos véus de Maya nos impedem de receber o influxo espiritual do Sol. Preto.

Esse dualismo, presente em Zoroastro e Platão, cava um abismo entre interior e exterior, sujeito e objeto, espírito e matéria. Dois caminhos paralelos.

O chão de mosaico de ladrilhos pretos e brancos remete para a natureza bipolar da existência terrena. A quimera da luz e das trevas, forma e matéria. Conduz ao Santo dos Santos que contém o fogo espiritual eterno que nenhum mortal pode ver.

Resta-nos a alquimia. Corpo hermético que nos possibilita a nossa própria transmutação. Transmutação dos metais. Alegoria da transmutação da nossa própria alma. Este é o nosso trabalho enquanto alquimistas. A nossa verdadeira obra alquímica. A arte real.

Três são as substâncias que dão a cada coisa o seu corpus, dizia Paracelso. O que arde é enxofre, o que deita fumo é mercúrio, o que se transforma em cinzas é o sal.

O sal é o sedimento físico, o cadáver. O par alquímico enxofre e mercúrio, Sol e Lua, Masculino e Feminino, unem-se apenas pela ação do fogo salino. O enxofre e o sal são duas forças em perpétua oposição.

Enquanto o enxofre simboliza tudo o que nos induz movimento, mudança, criação e expansão, o sal remete para tudo o que na nossa vida constitui estabilidade, resistência e inércia. Um precisa do outro, pois são dois pólos da Energia Universal. O equilíbrio entre estas duas tendências produz o mercúrio vital, princípio da inteligência e da sabedoria, caminho para as virtudes.

Morrer e renascer. Branco e Preto

Chegaremos ao ternário, harmonizando os opostos, refletiremos no mundo a unidade inicial. Encontraremos os três pontos. Força, Beleza e Sabedoria; Fé, Esperança e Caridade; Liberdade, Igualdade e Fraternidade; Osíris, Íris e Hórus; Brahma, Vishnu e Shiva; Enxofre, Sal e Mercúrio; Pai, Mãe e Filho.

Chegaremos ao triângulo, símbolo de Perfeição, Harmonia e Sabedoria.

A morte como transcendência da vida humana não é algo evidente. Cremos que a morte é deixar de viver, no entanto se a alma supera a morte, então a morte é o meio para alcançar una nova vida.

Morrer é voltar a viver

Isto é defendido por muitas doutrinas que acreditam que os homens constam de um corpo corruptível e de uma alma imortal.

A alma é um princípio imaterial que anima o corpo. Esta imaterialidade é o que assegura à alma a sua imortalidade, não podendo se extinguir porque é uma centelha divina, uma participação do seu criador, o GADU.

Como nos transmitiu William Shakespeare, nós somos feitos da mesma matéria que os sonhos.

Refletir sobre a morte obriga-nos a refletir sobre a vida

A Câmara de Reflexões, isolando-nos do mundo, propícia a introspecção profunda, “o conhece-te a ti mesmo“, na busca da pedra filosofal. Sepulcro e ovo; a Câmara permite-nos pensar a morte não como um fim, mas como um começo.

Superamos a prova da terra, qual grão de trigo que atirado a terra teve de germinar, abrindo o caminho para a luz. Afinal descemos ao interior da terra, penetramos para lá das aparências e retificando a nossa forma de ver, pensar e agir encontraremos a pedra filosofal, essencial na nossa própria transmutação. 

Encontramos o pão. O grão de trigo fez o seu caminho. Também nós temos de fazer o nosso caminho. Desbastar a pedra bruta. Só a pedra cúbica poderá ser utilizada na construção do templo.

Depois, morrerá o “eu inferior”, sendo integrado e alinhado no “Eu Superior”, queimando de vez o Karma, que se tornará Dharma. Chegará o momento de sair da roda de Samsara, pois terminará o ciclo das reencarnações, em que a jangada após atravessar o rio, permite ao passageiro alcançar o Nirvana.

A morte representa o desconhecido. Por isso, é fonte natural de receios e angústias. No entanto, é vulgar encontrarmos entre os profanos a aceitação da morte pela sua inevitabilidade e apenas tementes da dor que acompanha a corrupção do corpo, imposta pelo avançar do tempo ou pelo malho, que nos tomba através da doença ou de acidente. Quando compreendermos a morte estaremos a compreender a vida.

A morte é muitas vezes a única solução que resta numa vida sem sentido, possibilidade de recomeço quando o rio da vida não pode mais seguir o seu caminho e até o livre arbítrio deixa de poder ser exercido.

Encontramos neste caso suicidas, mas também pessoas insuspeitas que desenvolvem todo o tipo de doenças psicossomáticas, forma discreta da alma se livrar do corpo.

Outros casos existem que exigem reflexão mais profunda e que não poderemos explorar. Ficam para outra oportunidade.

A Acácia florescerá onde for plantada.

A morte foi objeto de muitas manipulações ao longo dos séculos. A forma como enfrentamos a morte influencia decisivamente a forma como vivemos. O medo da morte pode paralisar a vida. Por isso, tantas e tantas vezes no passado, o medo da morte foi usado para controlar os impulsos dos injustiçados. Superar esse temor liberta-nos.

Atingimos um poder imenso. Aproximamo-nos da liberdade.

Aqui chegados, importa clarificar que não dizemos “que viva a morte” como o personagem funesto da guerra civil espanhola, mas sim não temeis a morte! Pois, a nossa verdadeira essência é imortal.

A ampulheta marca a brevidade do nosso  tempo de vida até que a gadanha ceife o fio que nos liga ao veículo que nos transporta nesta passagem e nos lance na eternidade. Assim, importante é a maneira como empregamos este tempo que nos é concedido. Imenso privilégio poder partir nessa viagem estando em completa paz interior.

No momento de passar ao Oriente Eterno, deixamos, então, o nosso corpo, iniciando a viagem em direção à Luz, penetrando o túnel inundado de luz e escutando a música das esferas no regresso a casa. Até renascermos e voltarmos a ver-nos numa Cadeia de União.

Autor: J. Paulo
Bibliografia
Blaschke, Jorge e Rio, Santiago, A Verdadeira História da Maçonaria, Quidnovi, Matosinhos, 2006. Blavatsky, Helena Petrovna, As Origens do Ritual na Igreja e na Maçonaria, Editora Pensamento, São Paulo. Camino, Rizzardo da, O Aprendiz Maçom, Madras, São Paulo, 1996. Camino, Rizzardo da, Rito Escocês Antigo e Aceito (1º ao 33º), Madras, São Paulo, 1999. Figueiredo, Joaquim Gervásio de, Dicionário de Maçonaria, 2ª Edição, Revista e Aumentada, Editora Pensamento, São Paulo, 1996. Guénon, René, Os Símbolos da Ciência Sagrada, Editora Pensamento, São Paulo, 1993. Jacq, Christian, A Viagem Iniciática ou Os Trinta e Três Graus da Sabedoria, Edições ASA, Porto, 1999. Jacq, Christian, O Mundo Mágico do Antigo Egipto, Edições ASA, Porto, 2000. Leadbeater, Charles Webster, A Vida Oculta na Maçonaria, Editora Pensamento, Tradução da 2ª Edição de 1928, São Paulo, 1997. Lepage, Marius, História e Doutrina da Franco-Maçonaria, Editora Pensamento, São Paulo, 1978. Palou, Jean, A Franco-Maçonaria Simbólica e Iniciática, Editora Pensamento, São Paulo. Wilmshurst, Walter Leslie, Maçonaria – Raízes e Segredos da sua História, Tradução Portuguesa, Prefácio, Lisboa, 2002

OS FALSOS MITOS DA MAÇONARIA



A Maçonaria tem sido relacionada a uma série de lendas sobre sua origem ou possíveis escolas filosóficas ou esotéricas, a maioria dessas origens é errônea e tem base menos histórica do que o apoio.

No entanto, e especialmente durante o século 18, muitas lojas maçônicas incorporaram símbolos e elementos dessas tradições na bagagem cultural e simbólica da Maçonaria. Por esse motivo, existe uma confusão generalizada de origens reais ou pelo menos historicamente comprovadas.

As origens míticas mais comuns com as quais a alvenaria está relacionada são:
As escolas romanas: Nas áreas conquistadas pelo Império Romano, foram constituídas as chamadas escolas romanas, que tinham a função de transmitir a cultura romana nas novas províncias. As escolas que de alguma forma se relacionavam com o que poderíamos chamar agora de "indústria de guerra” tiveram alguma relevância .

Eles seriam os tignarii (carpinteiros); os aerarii (trabalhadores de bronze e cobre) e tibicines (tocadores de flauta) ou trinickets (trompete). Cada comércio formou um século, dividido internamente entre jovens e idosos (junior-seniors). Cinco outras faculdades de artesãos não formaram séculos e não tinham direitos eleitorais.

A escola pitagórica: era uma escola fundada por Pitágoras por volta de 500 AC. 

Considera-se que os fundamentos da matemática, como a ciência, são estabelecidos lá. Era uma sociedade quase religiosa onde o segredo era mantido sob juramento. 

Não era uma irmandade, mas uma comunidade de famílias. Todo o conhecimento foi transmitido verbalmente.

Os mistérios de Elêusis: eram ritos de iniciativa, que eram celebrados nas épocas da colheita sob a invocação das deusas Deméter e Perséfone, os ritos, bem como as crenças de seus iniciados, eram mantidos em segredo ciumento, com componentes religiosos, porque tinham recompensa em uma vida futura e o poder de se comunicar com a divindade.

A tradição egípcia: Essa origem mítica visa fazer com que os construtores de pirâmides evoluam em uma espécie de fluxo oculto de transmissão de técnicas profissionais que atingiriam a Idade Média e eclodiriam novamente nas sociedades de construtores.

Mistérios mitraicos: Eles faziam parte de uma religião, o mitraísmo que apareceu no Oriente Médio no século II AC, sua operação foi desde a transmissão oral de iniciada a iniciada e teve uma forte implantação entre as tropas romanas. Foi um grande concorrente do cristianismo até que foi declarado ilegal no ano 391 de nossa época pelo imperador Teodósio.

Esoterismo cristão: alguns autores queriam ver em diversas lendas bíblicas uma origem da Maçonaria. Das teorias que afirmam que os irmãos Caim ou Abel são de fato uma imagem de dois tipos de sociedade, um bruto e analfabeto representado por Caim e um ilustrado e refinado representado por Abel sendo o "primeiro" maçom das teorias que relacionam a Maçonaria a Ordem do Templo , passando por uma teoria do cristianismo esotérico fundada pelo apóstolo João em contraste com o cristianismo de Paulo.

Correntes esotéricas: Mesmo entre os maçons, não é incomum encontrar alguém que especule sobre os significados esotéricos de ritos e símbolos. 

Mas é a própria maçonaria esotérica? Se nos referirmos à pura concepção do termo esotérico (do gr. Esoterikós) que significa interior e seu significado moderno de oculto ou reservado, talvez se pudéssemos dizer que a Maçonaria é esotérica, porque todos mantemos um silêncio baseado nos 'segredos'.

Eles são confiados a nós. Se nos referirmos à concepção da palavra esotérico como um contraste antagônico de exotérico (do gr. Exoterikós) que significa exterior ou em seu sentido moderno acessível a todo o mundo. Não há dúvida de que a Maçonaria é esotérica. Nossa Ordem baseia-se precisamente na reserva de nossos símbolos que adquirem um significado muito mais profundo dentro das lojas do que o que eles têm à primeira vista e exotericamente.

Esse uso de símbolos é precisamente o que nos diferencia de qualquer outra associação fraterna. E devido à reserva que fazemos deles contra a sociedade, nos tornamos, por definição, uma sociedade esotérica.

Continuando com a compreensão das palavras que usamos se para uma pergunta semântica e também real, a Maçonaria é esotérica, os membros são Iniciados, pois fomos instruídos no modo de estudar uma série de símbolos, que são, como disse antes, corte esotérico ... Mas a Maçonaria vai além do seu esoterismo?

Minha opinião é não. Os usos e costumes da Maçonaria são o que fazem dela o que é, sem mais, sem ir além.

Por que então o racionalismo versus argumento? Esoterismo?

Em minha opinião, é um problema de misturar conceitos que não são esclarecidos e mal repetidos que hoje, as pessoas que se aproximam de nós, ou não sabem que somos (a maioria) ou que sabem algo, nos vêem como uma sociedade que possui mistérios mágicos que obviamente não temos.

A luta para nos desassociar do tópico que relaciona a Maçonaria a todos os tipos de adivinhos, grupos místicos e outros grupos com crenças irracionais é complexa e difícil, mas necessária. É importante dizer muito claramente que a Maçonaria não tem nada a ver com esses grupos. O racionalismo e a absoluta liberdade de consciência são pilares maçônicos.

Fonte “O Malhete”

A CAVERNA, O CANDIDATO E O APRENDIZ



No Mito da Caverna, Platão nos faz imaginar gerações de homens, mulheres e crianças, acorrentadas pelos pés, mãos e pescoços, no interior de uma caverna, onde nasceriam, viveriam e morreriam, sem nunca vislumbrar sua entrada.

O mundo dessas pessoas é um campo distorcido, formado por sombras dantescas projetadas nas paredes pela forte luz proveniente da entrada, sendo essa a única visão daqueles que lá vivem, e por sons guturais, criados por obra do eco em sua estrutura.

Até que então, um dos membros do grupo desperta da inércia generalizada que acomete seus pares, rompe os grilhões e foge para conhecer o terreno exterior.

Quando retorna percebe que não mais consegue se comunicar com os que lá permaneceram, sendo até mesmo agredido por pensarem que suas histórias sobre como é a vida do lado de fora de fato, nada mais são que mentiras descabidas.

Ele decide então se manter calado quando lá estiver, uma vez que não estão preparados intelectualmente para assimilarem sua descoberta, já que foram condicionados durante gerações a uma determinada “verdade”.

O candidato, que deseja conhecer os Augustos Mistérios da Maçonaria, também se encontra em uma caverna.

Acorrentado, desconhece a verdade sobre o globo terrestre, sobre seu corpo e sobre o SEU EU.

Preso ao mundo profano, as imagens que lhe chegam por sombras na parede da vida lhe enganam.

E os sons distorcidos que vão até seus ouvidos ajudam na criação do engodo promovido pelo Establishment, privando-o do conhecimento do EU Verdadeiro.

Na Câmara de Reflexões, com a tênue luz que lhe é oferecida, ele começa a romper as correntes que teimam em lhe negar o advento da Verdade.

Decidido a morrer e nascer para uma nova vida, após meditar sobre seus atos, redige seu testamento.

Durante a cerimônia, o ainda candidato, privado da visão é instado a se utilizar de seus outros sentidos, como preparação da jornada que está prestes a iniciar rumo à liberdade.

Já como Aprendiz, mas na escuridão do Norte, ele inicia todo o processo de conhecimento do Verdadeiro EU, começando os trabalhos de cavar masmorras ao vício e levantar templos à virtude.

Livre dos grilhões, das sombras e dos ecos, ele pode agora mergulhar na viagem do autoconhecimento, preparando seu espírito para o caminho que o levará à Verdadeira Luz.

Bom dia meus irmãos.

Luiz Viegas M.'.M.'.


APRENDIZES E COMPANHEIROS: ESPELHOS DA HIERARQUIA SOCIAL?



Atualmente a maçonaria tupiniquim, infelizmente, tem um pensamento corrente de que duas de suas três classes de maçons não têm direito a fala e muito menos a escrita (no caso Aprendizes e Companheiros).

Acredito que este pensamento tenha raiz em um modelo antiquado de hierarquia, e para tratar o assunto traremos hoje um texto “num” formato nunca visto antes por essa área desolada da internet. Para tanto eu contei com a ajuda de um Grande Irmão que trabalha e vive na terra da Rainha.

No famoso grupo de estudos sobre “ciências maçônicas” (me superei aqui) Ritos e Rituais eu levantei uma pergunta direcionada ao Irmão Felipe Côrte Real de como os ingleses tratam os trabalhos (textos, monografias, artigos, peças de arquitetura e etc.) que são confeccionados por irmãos aprendizes e companheiros, confira agora a pergunta e a resposta na íntegra.
Cloves Gregorio – do blog Maçonaria Tupiniquim

Pergunta
Algo interessante a perguntar para você sobre a maçonaria na Inglaterra.

Aqui no Brasil infelizmente há uma cultura de não se levar a sério o estudo e artigos de Irmãos aprendizes e companheiros. O que na opinião de todo mundo aqui (acredito) é uma grande idiotice.

Enquanto peças extraídas do livro de Rizzardo são altamente elogiadas, peças com pesquisas dignas de cunho acadêmico são sumariamente descartadas e ainda ganham a alcunha de “você pesquisou na internet, basta o seu ritual”.

Quando você confeccionou o artigo “Protect the integrity”: regularidade no discurso das relações maçônicas internacionais entre Brasil e Inglaterra (1880-2000), o mano era companheiro, porém o mano é doutorando em História e como o tal sabe fazer pesquisa e escrever sobre com maestria. Como é essa percepção na Inglaterra?
Resposta

Meu irmão Cloves, a tua pergunta me é tão cara e possui tantas camadas que merece uma resposta de igual complexidade, por isso escolho esta carta aberta ao nosso grupo para respondê-la.

Sou DeMolay desde 2000 e maçom desde 2012. Escolhi entrar tardiamente na maçonaria, não sendo, felizmente, por falta de convite. Então, como os irmãos DeMolays podem confirmar, tenho conhecimento dos maçons brasileiros não somente a partir de 2012. Logo, eu sabia muito bem no que estava me metendo.

A cultura de desmerecer aprendizes e companheiros, a meu ver, está ligada ao pernicioso “classismo” que podemos testemunhar no dia a dia.

O irmão sabe bem que a cultura escravocrata e patriarcal está incrustada em nossa sociedade. Como a maçonaria brasileira não recruta seus membros em Marte, ou na Suíça, acabamos por ter nas lojas, e nas obediências, um microcosmo que retrata o Brasil.

Ser “superior” e destratar ou desmerecer “quem está abaixo” é tão natural para a nossa cultura quanto falar sobre o tempo aqui na Inglaterra.

Em muitas lojas, a relação entre aprendizes, companheiros e mestres reflete isso. 

Então, claro, como o irmão bem ressaltou, a maioria dos maçons que merecem essa alcunha irá concordar que isso é, no mínimo, uma subversão do espírito que anima a maçonaria.

O Rizzardo da Camino, entre outros escritores “maçônicos”, merece um artigo crítico (e me refiro aqui ao sentido acadêmico da palavra) sobre suas obras. Acho que tais escritores possuem grande importância, porém trazem uma interpretação demasiado mística da maçonaria. Tal interpretação não me agrada como maçom e tampouco como acadêmico.

Essa mistificação, ou “beatificação”, promovida por parte dos maçons brasileiros pode ser vista na postura sectária com a qual as potências e os ritos são vistos e comparados.

A prova de que isso é estrutural e estruturante da nossa sociedade é que nas universidades brasileiras a mesma coisa acontece: se você é da linha de pesquisa X, deve se opuser sistematicamente aos fulaninhos da linha de pesquisa Y.

Claro que isso é suavizado pelo nosso “deixa disso” ou como escreveu Sérgio Buarque de Holanda, pela cultura do homem cordial. Porém, no fim do dia, os ritos e as potências continuam sendo “igrejinhas”, com seus teólogos, padres e devotos.

É normal que muitos maçons brasileiros enalteçam tais interpretações mistificadoras, pois estas vão ao encontro da nossa interpretação religiosa do mundo. Basta observarmos quais assuntos são “tabu” ou “polêmicos” no Brasil, todos eles são assim vistos por causarem desconforto em relação a valores que são noves fora, religiosos. É daí também que vem parte da desconfiança quanto ao conhecimento acadêmico, pois este sempre terá por missão fazer uma leitura crítica, ou a contrapô-lo, da realidade, seja esta leitura partindo da Física, da Sociologia, da Química ou da História.

Essa resistência ao uso de trabalhos acadêmicos também está ligada a um receio de subversão da ordem social. Há certa cota para self-made ma no Brasil. A trajetória deste prosélito deve ser balizada por uma série de pontos de vista específicos para que este se ajuste perfeitamente entre seus novos pares, de modo a não causar nenhuma “desordem” ou “desconforto”.

Não é a toa que a hierarquização dos saberes funciona em nosso país com em nenhum outro, respeitamos as profissões que estavam disponíveis durante o Império (Direito, Medicina e Engenharia), sendo as outras vistas com desdém e/ou suspeição.

Algumas dessas profissões fora do eixo ascendem a uma categoria melhor por serem bem pagas.

O “tu és o quanto tu ganhas ou o “teu contracheque designa o quanto sabes” são dois exemplos de regras veladas da nossa sociedade que no âmbito das lojas, muitas vezes, podem ser percebidas.

Se somente o ritual basta para fazer uma peça de arquitetura, significa que está sendo pedida uma eisegese do que ali está escrito. Isso implica, na prática, supor que o ritual é “ahistórico”, que ninguém o escreveu e se o fez, o fez em tempos “imemoriais”. Creio que nenhum maçom sério crê nisso. Crê-se, está transformando a maçonaria em religião ao exigir um credo ut intelligam (eu creio para que possa entender).

A minha pesquisa sobre a maçonaria é feita como acadêmico, sempre.

Tenho peças de arquitetura escritas para a minha loja no Brasil e somente essas são feitas com um cunho maçônico. Então o fato de ser aprendiz, companheiro, mestre ou “past GADU” não faz a mínima diferença quando se estuda a maçonaria academicamente. Inclusive, alguns dos melhores acadêmicos na área não são maçons.

Isso porque o segredo da maçonaria (a meu ver e na visão de outros acadêmicos mais afamados) está na performance do ritual e na experiência subjetiva de cada maçom. Fora isso, tudo está publicado e acessível, principalmente se você for um pesquisador profissional.

Na Inglaterra a maçonaria é uma fraternidade com um caráter muito semelhante aos clubes, claro, com suas trezentas especificidades. A maçonaria é vista aqui, por grande parte da população, como algo secreto, oculto e etc.

Porém, a própria UGLE está se encarregando de desmistificar esta visão, como o irmão já deve ter percebido através de séries para a televisão como Inside the Freemasons. Claro que o meu “eu” adolescente, DeMolay empolgado e candidato a candidato a maçom, não gosta muito dessa ideia, pois ele começou a gostar disso pelo caráter de mistério.

Porém o adulto, maçom e acadêmico, vê com bons olhos essa iniciativa, pois não há como a maçonaria continuar relevante no século XXI sem que haja a promoção de mudanças substanciais. Do contrário, viraremos, em questão de anos, um grupo folclórico. Alguns diriam que já somos.

Pessoalmente, a grande diferença aqui nessa relação entre maçonaria e academia é o fato de ser respeitado por ser um doutorando (PhD Candidate). E não digo somente entre os maçons, mas socialmente. A questão de as pessoas entenderem que você está abdicando, sim, de uma série de coisas para colocar mais um tijolinho na grande obra que é a construção do conhecimento e que esta é a sua profissão, é algo inenarrável.

Nada de perguntas com “Você SÓ estuda?”, a qual eu sempre quero responder “Não, eu também consigo dar um mortal para trás enquanto canto o Hino da Bulgária”.

A UGLE me trata com a maior deferência, já que estou me especializando em uma de suas coleções. O respeito dos funcionários e das diretorias é ímpar. Identifiquei-me como maçom para dois dos irmãos que lá trabalham, mas depois de meses e totalmente por acaso.

Grande parte dos funcionários da Library and Museum of Freemasonry não são maçons e podes ter certeza mano Cloves, eles colocam qualquer “sabão” (aquele que sabe tudo, segundo grande Maurício de Sousa) no bolso quando o assunto é maçonaria.

O que me enche de esperança é essa geração nova, que em certa medida também é a nossa, que está vindo cheia de perguntas e curiosidade.

Embora tenhamos de reconhecer os vários irmãos que por muito tempo lutaram e lutam para que a maçonaria seja algo mais que aventais e medalhinhas. “Porque sim”, ou “porque sempre foi assim” ou “porque fulano disse”, nunca serão respostas para nada, muito menos para a maçonaria.

Em minha opinião, como maçom, o que falta em parte da maçonaria brasileira é autocrítica, o famoso “se enxergar”. Falamos tanto em perfeição, temos nomes tão pomposos para tudo que, eventualmente, acreditamos que estamos num grupo mega especial que em nada reflete ou promove a situação extra-loja.

Poderia falar num tom hierático que o que falta é humildade e blá blá blá, porém creio que só falta bom senso e coerência, mesmo. A maioria das discussões que leio ou ouço são incoerentes ao ponto da esquizofrenia, sem nenhuma definição conceitual clara e principalmente, com modelos de pesquisa ou de formulação de problema dignas do século XIX (ou nem isso).

Eu sei que me alonguei mano Cloves, mas as suas perguntas são sempre inteligentes e cheias de nuances, então resolvi tomar um tempo para responder adequadamente ao menos uma.

Um tríplice e fraterno abraço do seu irmão,

Felipe Côrte Real de Camargo
Fonte: Maçonaria Tupiniquim

INICIAÇÃO, UMA EXPERIÊNCIA INTERIOR



Veneráveis irmãos, primeiramente, preciso vos esclarecer o seguinte: aqui só tivemos o cuidado de por em seqüência os diversos conceitos a respeito do processo iniciatório.

Portanto, neste trabalho não existe nada de novo, apenas juntei o que estava disperso e merecedor da nossa reflexão.

O objetivo, primordial, desta peça é contribuir para os nossos estudos, trazendo aos irmãos de forma sintética, como se fossem a expressão de uma só pessoa, a fiel transcrição de importantes conceitos sobre a iniciação.

Assim, revelaremos alguns dos principais ensinamentos dos místicos e iniciados das mais importantes Escolas que conhecemos, isto é, a sublime Maçonaria, O Circulo da Comunhão do Pensamento e a Ordem Rosa-Cruz.

A palavra iniciação está relacionada à palavra latina initium que significa “entra em” ou “começo”. Etimologicamente, portanto, iniciação quer dizer um começo ou a entrada em um novo curso de ação, o início de um novo ciclo de crescimento.

Por outro lado, de acordo com o Manual Rosa-Cruz, edição de janeiro de l988, iniciação é “um ritual, cerimônia ou método pelo qual nos é apresentado um raro e novo conhecimento. As iniciações aos antigos mistérios tinham por objetivo revelar dramaticamente uma gnose ou sabedoria abstrusa ao candidato”. Assim, do ponto de vista esotérico, a iniciação é um ritual preparado para auxiliar o estudante a entrar em um novo ciclo de crescimento.

Tradicionalmente, o candidato à iniciação deve se submeter a certos testes. Nas antigas Escolas de Mistérios eram preparados testes para determinar a preparação do candidato à iniciação. Se fosse considerado digno, o candidato era sujeito ao processo iniciático que consistia de quatro partes, cada uma com a finalidade de impressionar sua consciência.

A primeira dessas partes é a separação - que simboliza a separação da antiga maneira de viver. Nessa fase do ritual, o candidato tinha os olhos vendados ou ele era colocado numa câmara pouco iluminada, representando a relativa ausência de luz. Enquanto vivenciava a escuridão da ignorância, vários ruídos eram às vezes intencionalmente produzidos na câmara, para representar o caos da mudança de um estado de vida para outro.

A segunda parte do processo é a admissão, - simbolizando o renascimento. Durante essa fase o candidato deveria aprender que renasce em consciência; que deixa para trás conceitos e costumes errôneos, de modo a se elevar a uma percepção mais refinada da existência.

O terceiro aspecto da iniciação é a exposição, - simbolizando a revelação. Nessa fase do processo serão revelados ao candidato, em sua consciência, certos sinais, símbolos, percepções, e verdades sagradas. Em outras palavras, a consciência do candidato se torna iluminada, aumentando a sua capacidade de compreensão.

O quarto e último aspecto do processo de iniciação é o retorno - simbolizando a volta ao mundo exterior para servir a humanidade, pois assim como recebemos devemos dar.

O candidato, entretanto, jura manter secreta a experiência, embora os resultados dessa experiência devam ser aplicados à vida no mundo exterior. Esses quatro aspectos da iniciação estão incorporados a todos os rituais de iniciações das mais antigas ordens Iniciáticas.

Na maçonaria simbólica e principalmente na filosófica ou nos chamados altos graus, também se encontram esses elementos incorporados ao processo iniciático, apresentando uma grande semelhança ao que foi descrito.

Um dos objetivos da iniciação é o despertar da nossa intuição, o Eu Interior, o Cristo Cósmico, o Mestre Secreto, permitindo ao iniciado um diálogo com a voz interior. 

Para melhor harmonizar os desejos objetivos com as necessidades subjetivas da personalidade-alma.

Estabelecendo-se, assim, a comunicação entre a inteligência superior do Eu Interior e a inteligência finita do cérebro. O processo de iniciação tem por finalidade nos livrar de restrições e temores autos- impostos.

Outro aspecto importante da iniciação é a satisfação das necessidades emocionais do Eu Psíquico. Desta’arte, a iniciação tem mais a ver com as emoções do que com o intelecto. Durante a iniciação, quando o nosso nível de consciência é elevado a novas alturas, literalmente cruzamos o Umbral que leva das trevas à luz. Cada vez que fazemos isso, enfrentamos o que os antigos chamaramt “Terror do Umbral”.

A consciência nos fala e continuamos a travessia do umbral de acordo com os ditames de nossa consciência. No umbral, somos guardados por nossa consciência e atentamos para isso ou não, dependemos tão somente do nosso grau de percepção. Pois, como místicos e iniciados, sabemos que a consciência é Luz, Vida e Amor.

Quando somos tentados pelas trevas, a consciência sempre nos adverte. O grau de resistência que vivenciamos está na proporção direta de nosso nível de percepção quanto ao que está sendo ditado por nossa consciência.

Desta forma, durante a travessia do umbral, quando o candidato está ouvido a sua consciência e prestando atenção a ela, pode ocorrer um momento de hesitação enquanto ele analisa o seu interior, decidindo se vai ou não prosseguir.

O tentador fala a cada um de nós quando estamos passando pelo umbral. No entanto, a pequena voz silente do Eu Cósmico em nosso interior nos compele a prosseguir.

Existe uma parte do nosso ser que sabe que encontraremos a paz no outro lado do umbral. Segundo os antigos ensinamentos esotéricos o Eu Interior esteve inativo desde a nossa infância, mantido numa espécie de sono, podendo ser despertado na iniciação.

O propósito da iniciação é permitir que o Eu Interior se manifestasse através de nossos pensamentos, sentimentos e visão, em todos os nossos assuntos.

Antes precisamos compreender, mais com o coração do que com a mente, que qualquer discussão sobre iniciação deve necessariamente ser circular. Isto é, estamos considerando uma corrente que chamamos de senda, que não tem começo e nem fim.

A iniciação comum, tal como já foi considerada, leva basicamente a duas coisas. Primeiro, ela é uma senda ou corrente completa e consolidada num método. Nessa forma de iniciação, a tradição ou linhagem do sistema é transmitida de um iniciado para outro.

E deve-se entender que a percepção de consciência expandida, ou iluminação mística, que a iniciação comum representa e serve, não é necessariamente compreendida conscientemente pelo iniciado que recebe a iniciação. Nem é ela necessariamente compreendida de modo consciente pelo iniciador.

É importante entender que uma substância intangível é transmitida de uma pessoa para outra pelo processo da iniciação comum, visto que cada iniciado, a despeito da compreensão, fez o voto de tornar-se um veículo da luz e verdadeiramente servir à senda.

Em segundo lugar, a iniciação comum inspira e desperta a iniciação rara adormecida no âmago de cada individuo. É importante a observação, neste ponto, de que a iniciação rara não é inferior, superior, ou melhor, do que a iniciação comum, e vice-versa.

A iniciação rara pode ser também chamada de iniciação verdadeira, embora este último termo possa ser enganoso. Numa definição simples, a iniciação rara ocorre quando um iniciado recebe iniciação diretamente por meio de uma osmose espiritual e não de um iniciador humano.

Em outras palavras, dá-se uma fusão total da natureza do iniciado com a corrente espiritual. O iniciado toma consciência de que ele não apenas entra numa corrente e viaja de um ponto para outro. Mas, sua natureza deve tornar-se idêntica ao fluxo ou à corrente.

 A iniciação rara implica em que o iniciado recebeu uma apreensão da iluminação mística. Todavia, há muito mais nisso do que parece. Em suma, a iniciação é sempre evidente na busca mística e espiritual.

Obrigado pelo primeiro passo na senda é o resultado de uma iniciação que nos ensina a necessidade de conhecer e fazer mais.

Posteriormente, o iniciado passa por uma iniciação comum ou uma iniciação rara. Se a iniciação rara acontece em primeiro, o envolvimento com a iniciação comum torna-se uma necessidade.

Se a pessoa começa com a iniciação comum, a consecução de uma iniciação rara torna-se uma meta, e a apreciação da iniciação comum, subsequentemente, torna-se mais evoluída, formando assim um círculo, dado que todas as iniciações se fundem em uma só, no mistério da Vida Eterna.

TFA
Gilson Azevedo Lins

Trabalho apresentado na Loja do Amor - REAA
No oriente de Goiana-PE, em 04 de março de 2001 da E:.V:.

GRANDE ORIENTE E GRANDE LOJA



A denominação Grande Oriente e Grande Loja causam dúvidas já que as diferenças não são claras e ao longo do tempo foram geradas ideias que nem sempre são rigorosas.

GRANDE ORIENTE
 A expressão “Grande Oriente” era o nome dado ao lugar em que se realizava as convenções das Grandes Lojas de um país. Para alguns, Grande Oriente é também sinônimo de Grande Loja, pois, são ambos o topo de uma estrutura maçônica, que congrega todas as Lojas da Obediência a que se encontram filiadas.

Pensa-se que a expressão Grande Oriente terá surgido por acaso, em França, no ano de 1773, já que no dia marcado para a Instalação da Grande Loja Nacional de França, os participantes resolveram que aquela instituição se chamaria Grande Oriente de França, Um Grande Oriente é uma federação ou confederação de, no mínimo, três Lojas Maçônicas.

Ao contrário das Grandes Lojas, estas três Lojas não necessitam de trabalhar no mesmo rito, o que em princípio é exigido pelas Grandes Lojas.

GRANDE LOJA
A denominação Grande Loja remete-nos para a Idade Média, mais precisamente para a Alemanha, ainda no período da Maçonaria Operativa, através das Lojas dos Talhadores de Pedra que se foram formando por vários pontos daquele território.

Em termos históricos, a Grande Loja Unida da Inglaterra é quem detém a primazia de ser a Organização Maçônica mais antiga, fundada em 1717, tendo comemorando 300 anos em Junho de 2017.

Uma Grande Loja é uma confederação composta, no mínimo, por três Lojas Maçônicas que trabalham um mesmo Rito Maçônico.

Existem, no entanto, Grandes Lojas onde se congregam Lojas que integram diversos Ritos.

O termo surgiu na Idade Média, na Alemanha. Eram confrarias, onde os trabalhadores se reuniam, também conhecidas como corporação de ofícios, steinmetzen, e serviam para regulamentar o processo produtivo artesanal nas cidades que contavam com mais de 10 mil habitantes.

Estas unidades de produção artesanal eram marcadas pela hierarquia (mestres, oficiais e aprendizes) e pelo controle dos segredos das técnicas do oficio.

Como as Lojas de então eram muito dispersas, constatou-se a necessidade de aproximá-las e organizar, criando-se um organismo agregador e que, de alguma forma coordenava as Lojas dispersas pelo território, dando origem à “Grande Loja”.

Instituiu-se assim uma loja que centralizava e unificava todas as outras, tendo nascido a primeira Loja Principal, ou Grande Loja.

Esta tinha, entre outras atribuições, o dever de julgar as divergências entre os Talhadores de Pedra, organizando e coordenando as suas relações institucionais entre Lojas.

As Grandes Lojas terão sido, na sua origem, os principais centros de maçons livres, os quais estavam associados às grandes obras de arquitetura daquela época.

O crescimento continuou e a necessidade de mais organismos centralizadores foi crescendo, pelo que, na Alemanha foram criadas mais cinco Grandes Lojas: Colônia, Estrasburgo, Viena, Zurique e Magdeburgo.

Depois das Constituições de Anderson, estabeleceu-se que cada região pode ter apenas uma Grande Loja. Hoje, para cada estado há uma Grande Loja.

Será também de referir que, ao contrário dos dias de hoje, as Grandes Lojas abrangiam um ou mais territórios ou países, pois, ainda não tinha sido sistematizadas, o que só ocorreria em 1717, com a fundação da Grande Loja Unida de Inglaterra.

Lembremo-nos que, até esse momento, a Maçonaria era considerada unicamente operativa.

Concluindo: Em termos formais, a distinção parece estar na existência ou não de diversos Ritos dentro de uma estrutura maçônica de topo.

Caso, só seja praticado um Rito, então temos uma Grande Loja; caso na Obediência sejam praticados diversos Ritos, temos um Grande Oriente.

Se esta explicação parece ser simples e fazer sentido, então como explicar todos os casos em que Grandes Lojas integram Lojas praticando diversos Ritos, bem como o contrário – Grandes Orientes que praticam um único Rito? 

Fica a pergunta.

Irmão Antônio Jorge ARLS Mestre Affonso Domingues, nº5 – GLLP GLRP – Portugal Editor da página Freemason.pt (www.freemason.pt)

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