MAÇONARIA: PASSADO, PRESENTE E FUTURO: O MAÇOM DENTRO DO CONTEXTO HISTÓRICO

Introdução

A Maçonaria Operativa teve vários períodos que a precederam que se poderia intitulá-los de fase pré-operativa. Esta fase aconteceu no transcorrer de muitos séculos e talvez milénios. Os primeiros homens pré-históricos habitavam cavernas, mas com o passar do tempo migraram para fora delas, tornaram-se nómades, gregários e assim para terem abrigo, para se protegerem das intempéries, e também para se abrigarem da luz solar e se protegerem das noites frias, começaram a construir as suas choupanas, casas, surgindo assim ainda que de maneira ainda rudimentar os primeiros construtores, havendo entre eles os mais habilitados que se firmaram como os primeiros profissionais da construção, ainda que a humanidade estivesse engatinhando, e as casas ou abrigos eram toscos, simples.

Desta forma serão citadas várias etapas das construções que antecederam a fase da Maçonaria Operativa em si.

Fala-se que no Império Romano o segundo rei de Roma, Numa Pompílio (714 a 671 a.C.) sempre citado na literatura maçônica por ter mandado construir templos de deuses pagãos, criou para esta finalidade os collegia fabrorum dos quais se originaram os collegia construtorum que segundo referem alguns autores seriam as sementes da futura Maçonaria Operativa, porque ele teria regulamentado a profissão de construtores e também a organização dos cultos já que estes coleggias eram dotados de intensa religiosidade, mesmo naquela época em que se adoravam deuses pagãos. Cita-se também que no seu reinado ele teria mandado urbanizar Roma e as construções de tiveram um desenvolvimento.

As legiões romanas nas suas conquistas destruíam tudo, mas levavam os colegiatti de construtores para reconstruir o que destruíam dentro dos seus interesses na região conquistada. Existem autores que contestam esta versão da história por falta de provas primárias.

Os Mestres Comacinos que apareceram em Como na Lombardia que eram arquitectos, hábeis escultores, reconhecidos pelos reis longobardos pelo édito de Rotari em 634 d.C. e Liutprando em 713.d.C. Eles foram introdutores da arte romântica, que antecipou a arte gótica.

Antes de aparecer a Maçonaria Operativa ou Maçonaria de Ofício surgiram as Associações Monásticas fundadas por São Bento 529 d.C. e Cisterciense fundada pelos monges de Cister fundada pelo abade De Molesme em 1098 da nossa era, começaram a aparecer construções em que a arte gótica foi pouco a pouco predominando. As Associações Monásticas dos Beneditinos eram constituídas por religiosos, monges católicos, experientes projetistas e geômetras, verdadeiros artistas na arte de construir.

Todavia guardavam a arte de construir em forma de segredo dentro dos seus conventos. Varoli considera os beneditinos e os cistercienses como ancestrais da Maçonaria Operativa. O tratamento entre eles era de “Venerável Irmão”, e “Venerável Mestre”.

Mas foram obrigados a contratar profissionais leigos, pois a procura dos seus serviços aumentava cada vez e necessitavam de homens para o trabalho mais simples e dessa convivência com os mestres, consequentemente aprenderam a arte de construir, ou lhes foi ensinada pelos próprios clérigos.

Estas ordens citadas são em linha geral para se ter uma ideia de como foram surgindo as construções especialmente as que precederam as corporações de ofício. Estes profissionais foram aprendendo com os clérigos e em face de da decadência da fase monástica apareceram as confrarias leigas.

A importância destas ordens de clérigos foi muito necessária, pois além de espalharem a arte de construir, deixaram os princípios religiosos nas escolas e oficinas de arquitetura. Toda a agremiação tinha o seu santo protetor.

Estas fases precursoras da Maçonaria de Ofício são consideradas por Theobaldo Varoli Filho, como embriões da instituição que viria a ser Maçonaria Operativa.

Assim no século XII surgiu a franco-maçonaria ou maçonaria de ofício na qual os pedreiros eram livres ou francos maçons que deixaram a sua influência muito significativa na Maçonaria atual. O termo franco ou livre significava que estes profissionais eram livres totalmente de qualquer servidão ou serem taxados de escravos. O seu único compromisso era construir.

Remanescentes das fases anteriores já citadas os operários se constituíram nas chamadas corporações de ofício, organizadas, prestavam auxílio mutuo, a divisão de trabalho era disciplinada, havia o mestre de obras, que deveria ser entendido na geometria e na arte de construir, que não era grau e sim função e os aprendizes (hoje serventes-pedreiros) que deveriam durante certo número de anos, cerca de sete anos aprender a profissão. Estas corporações eram apenas de profissionais da construção.

A Igreja dominava totalmente os seus membros. Toda corporação tinha o seu santo protetor.

Paralelamente surgiram nesta mesma época as guildas especialmente no Norte da Europa, na Inglaterra, Alemanha e Dinamarca que eram confrarias no início religiosas, militares, e finalmente investiram na arte de construir. Havia entre eles assistência mútua e proteção, proteção aos familiares, ampliaram pouco a pouco a abrangência das suas ações e se tornaram verdadeiros corpos profissionais de construtores. Assumiram o caráter corporativo.

Cada associado pagava uma joia. O novo membro era recebido ritualisticamente. Assim constituíram guildas de comerciantes, militares, dos marceneiros e carpinteiros de canteiros que construíram muitas casas de madeira além das construções majestosas de pedras. Foi nas guildas que surgiram a palavras loja, joia e banquetes termos estes que emprestamos para a nossa Maçonaria Moderna.

As guildas ainda pretendiam reformas sociais.

A Maçonaria Operativa nasceu destas duas tendências, corporações de ofício e das guildas. Há quem refere que sejam sinónimos. Não há como querer afirmar outra origem da Maçonaria Operativa, mas existem muitas tendências e controvérsias a respeito, quando se fala em origem da Ordem. A título de esclarecimento em 1909 o escritor maçônico Charles Bernardim do Grande Oriente da França consultou 206 obras sobre maçonaria e selecionou 39 opiniões diferentes a respeito das suas origens.

Eles, além de castelos, fortificações e outras construções construíram muitas catedrais que ainda estão firmes, maltratadas pelo tempo. porém ostentando toda a sua bela arte gótica em vários países da Europa. Cada catedral tem uma história linda, onde se vislumbra o génio de muitos construtores arquitetos, homens além do seu tempo.

Catedral de São Petrónio em Bologna Itália – iniciada em 1132.

Catedral de Chartres – França – iniciada em 1194 – reconstruída em 1214

Catedral de Colónia – Alemanha – iniciada em 1248

Catedral de Córdoba – Espanha – erguida pelos mouros

Catedral de Santa Maria de Fiore – Itália – primeira catedral de Florença. A cúpula foi construída em 1418

Catedral de Génova – Itália iniciada em meados do século XIII

Catedral de Milão – Itália – construção iniciada em 1288, só teve as suas estruturas erguidas em 1389.

Catedral de Nápoles – Itália – iniciada em 1285

Catedral de Sevilha – Espanha – em 1401 os cónegos de propuseram a construir a maior catedral da Europa

Catedral de Notre Dame – França – construção iniciada em 1163

A França em três séculos ergueu 80 majestosas catedrais, 500 grandes igrejas e milhares de casas paroquiais. A média da Europa Cristã na época era uma igreja para cada 200 habitantes, tal era o domínio da Igreja Católica sobre o povo.

Na Alemanha surgiu a corporação dos steinmetzer onde os profissionais eram conhecidos por serem escultores, entalhadores de pedras ou canteiros, se dedicavam somente à arte gótica. Teve um grande impulso dado pelo arquiteto Erwin nascido em Steinbach. Ele, em 1275 convocou uma convenção em Estrasburgo para terminar uma importante catedral de arenito rosa. Nesta convenção compareceram os principais arquitetos ingleses, alemães, italianos e de outros países.

Nesta ocasião teriam sido adoptados, sinais, toques e palavras para a identificação secreta dos membros da confraria. É considerada como a primeira vez que adoptaram estes meios de identificação, porque isto está registrado, mas é bem provável que já usavam sinais há muito tempo e que outras corporações usassem as suas próprias senhas. É sabido que o Maçom operativo deixava um símbolo o seu marcado nas pedras das construções onde trabalhava.

Interessante, citar os avanços da humanidade. Em 1453 Copérnico publica o seu livro afirmando que a Terra gira em torno do Sol e em 1454 Johanes Gutenberg cria a impressão de tipos moveis fundidos em metal. Até então, todos os documentos eram feitos em manuscritos, ou seja, à mão. Nesta época cerca de 20 copistas produziam 20 livros cada dois anos. A partir daí passaram a serem publicados 1000 livros / ano. Pode-se considerar como a Internet da época.

Isto tudo viria modificar a maneira de pensar, abriria as mentes, pois poderiam ser lidos livros com mais facilidade e assim o homem buscar conhecimentos até então fora do seu alcance.

A situação da Maçonaria Operativa mudou. Por cerca vários séculos predominou a arte gótica que nasceu na França. A Renascença viria, e as suas consequências fizeram-se sentir tanto na arte gótica como no monopólio das corporações de ofício que dominavam este sector. Este facto determinou a decadência da Maçonaria Operativa. Já não havia mais tantas catedrais a serem construídas, e além do mais o povo estava preferindo o estilo clássico romano que era mais alegre, mais leve que o estilo gótico.

Com esta decadência, o nome da organização ainda era muito respeitado, mas começaram mudar os comportamentos dentro da Ordem. Começaram a aceitar como membros na Maçonaria, pessoas que não eram construtores.

O registro do primeiro Maçom aceito é datado de 08.06.1600 na Loja Saint Mary’s Chapel em Edinburgh do abastado fazendeiro John Boswell. Este tipo de aceitação foi sendo cada vez maior. Já não era aquela antiga corporação de construtores. Algo tinha mudado. Era outra organização. Esta Loja tem registros de atas desde 1599.

Entretanto a Maçonaria Operativa era composta de Lojas com o lema “Maçom livre em loja livre”. Tinham já constituídos os graus de aprendiz e companheiro. Mas os aceitos que geralmente eram pessoas de maior cultura foram mudando as concepções, trazendo novos conceitos dentro da Maçonaria ainda chamada de Operativa. Estes aceitos eram militares, comerciantes, pensadores, escritores sábios, filósofos, nobres, além de esotéricos, ocultistas, alquímicos, cabalistas antiquários, etc.

A Maçonaria Operativa até 1600 era eminentemente católica. Ela nunca fez alusões ou referência a templos, aos hermetistas, aos templários, Rosa-Cruzes, alquimistas, magos, cabalistas, esotéricos ou ocultistas. Não se falava em Landmarks. Não havia a Bíblia durante sessões. Não havia a lenda de Hiram. Havia a lenda Noaquita focalizando a morte de Noé, que foi aproveitada e enxertada na lenda de Hiram posteriormente. Não existia o valor simbólico das ferramentas.

Não existia a antimaçonaria e nem potências maçônicas. Segundo alguns autores os aceitos Rosa-Cruzes contribuíram muito para filosofia da Ordem, porque grande parte destes aceitos eram Rosa-Cruzes. Um novo membro era recebido de uma forma mais simples e não através de uma ritualística sofisticada como atualmente estamos acostumados a realizar.

E assim desde o primeiro Maçom aceito em 1600 (prova primária) até 1717 passaram 117 anos, mais de um século. O que restou da Maçonaria Operativa se transformou neste período noutro tipo de maçonaria. Também o mundo se modificou bastante.

Neste século XVII Descartes publica em 1637 o discurso sobre o Marco da Filosofia Moderna. Em 1661 Robert Boyle lança as bases da Química Moderna em 1687 Newton publica o seu livro sobre a Lei da Gravidade e em 1698 Savery inventa o motor a vapor.

Em 1670 foi criado o grau de Companheiro (manuscrito Edinburgh Register-1696) já se falava sobre ele desde 1598, mas não há comprovação.

A partir de 1703 a Maçonaria começou a receber aceitos indistintamente de todas as classes sociais e de todos os credos. Na Inglaterra predominava os anglicanos. A Maçonaria Operativa não era mais tão somente católica.

A Inglaterra foi o berço da Maçonaria chamada Especulativa, mas é mais racional o nome de Maçonaria Moderna. Especulativa não espelha realmente o que aconteceu com a Ordem e o conceito de especulativa não se encaixa muito nos acontecimentos históricos. Ela estava se transformando em Maçonaria Moderna. Muito embora tenha sido consagrado o nome de Especulativa.

Em 24.06.1717, data esta que espelha o que já estava ocorrendo há mais de 100 anos, o Maçom aceito o pastor protestante Desagulliers, Anderson, George Payne com mais outros eruditos maçons conseguem reunir quatro lojas, sendo que uma delas era só de maçons aceitos e funda a Grande Loja de Londres. Inicialmente esta Grande Loja não foi bem aceita na Inglaterra. Os maçons ingleses se dividiram em antigos e modernos. Mas o sistema obediencial foi sendo aos poucos sendo adoptado em toda a Europa.

Nascia assim o conceito de obediência ou potência e a figura do Grão-Mestre. Surgiu uma nova era para a Ordem, ou melhor, a oficialização do que estava sendo realizado na prática. Criaram os Landmarks por motivos óbvios, pois se agora existia um poder central, não havia mais loja livre, é claro que seriam necessárias novas regras para manter as lojas num mesmo plano e sob governo de um Grão-Mestre.

Regras estas que evocaram a pré-maçonaria com o nome de maçonaria antediluviana, diluviana e pós-diluviana, a e ao mesmo tempo introduziram conceitos baseados nos Antigos Deveres (Old Charges) que chamaram de imutáveis, mas de que imutáveis, não tinham nada. Foi uma estratégia para angariar e segurar nas suas fileiras os adeptos. Anderson escreveu o seu primeiro livro das Constituições em 1723, eivado de fantasias, inverdades, de lendas citando fatos muitas vezes confusos, baseado nos Old Charges especialmente no Poema Régio.

Ambrósio Peters afirma “Os Old Charges são regulamentos ou Antigos Deveres da Maçonaria Operativa e nada têm a ver com a Maçonaria Especulativa a não ser que a antecederam historicamente”.

O grau de Mestre foi criado em 1725 e incorporado no ritual em 1738, ano em que Anderson reescreveu as suas Constituições, já mencionando o grau de Mestre. A lenda de Hiram levou muito tempo para ter a redacção que tem hoje.

Já estava o mundo vivendo em pleno século XVIII, um século maravilhoso, o Século das Luzes. Tudo foi possível e permitido neste século. Erros e acertos. Experiências preciosas do comportamento humano. Solidificação da Ordem, ainda que dividida, avanço social e científico da atual civilização.

Algumas situações importantes aconteceram neste século não serão citadas as invenções tecnológicas. Serão citados alguns dos livros que ajudaram a mudar o pensamento humano e porque não dizer, a Maçonaria que é composta de homens.

1751 Diderot publica o primeiro volume da Enciclopédia.

1757 A Escola Fisiocrata inicia na França a Teoria da Economia Moderna

1762 Rousseau lança o – Contrato Social, livro clássico do Iluminismo

1777 Kant publica o livro Crítica da Razão Pura

1791 Tomas Payne publica o livro Os Direitos do Homem

A Maçonaria na Inglaterra ficou restrita aos três graus simbólicos, mas na França a partir de 1740, foram criadas novas potências e criados inúmeros graus superiores, criados outros ritos além dos tradicionais, alguns ritos exóticos e mágicos, que ainda têm repercussão no século 21.

A Alemanha acompanhou inicialmente a França nesta criação desenfreada de ritos e graus superiores, mas em 16.07.1782 no Congresso de Wilhelmsbaden expurgaram os abusos do Rito da Estrita Observância e daí fundaram o Rito Escocês Retificado, mas o efeito deste Congresso rendeu condições para ser fundado em 1801 um rito simples, enxuto sem conter excessos, voltado para a humanidade, chamado Rito de Schröder.

Xico Trolha (Assis Carvalho) enumerou 235 ritos nominados que foram criados no mundo, a maioria fruto da criatividade dos maçons, mas acredita que seja na casa dos 300 ritos. No século XIX foram criados mais ritos, porém disseminaram as potências maçônicas, e criou-se mais um fator complicador: as famosas cisões que normalmente ocorrem até hoje no seio da Maçonaria mundial, fazendo com que a Maçonaria se fragmentasse desde então.

O século XIX, rico em invenções tecnológicas a partir das quais propiciaram a continuação do avanço que temos hoje em dia. Apenas no pensamento humano, Freud e Carl Jung se destacaram em relação à mente humana. Freud publica em 1895 o livro Estudo sobre a Histeria, demonstrando que o homem não domina a mente. Mas houve grandes pensadores noutras áreas, neste século.

A Maçonaria entrou no Brasil que entrou oficialmente comprovado, em 1800 através da Loja irregular de nome “União”. Sendo que no ano seguinte os remanescentes desta loja se filiaram a uma Loja “Reunião” regular, reconhecida pelo Grande Oriente Isle de France – Rito Adonhiramita.

Neste século em 14.03.1893 foi iniciada na Maçonaria numa loja regular de nome “Livre Pensador” pertencente à Grande Loja Simbólica Escocesa da França, dissidente do GOF a feminista Maria Desraimes por um Maçom de nome George Martin Venerável Mestre e em 04.04.1893 ela fundou logo em seguida a Maçonaria Mista na França e que levou o nome Loja Escocesa dos Direitos Humanos.

A Maçonaria Brasileira, no século XX ao lado de inúmeras cisões de menor importância, passou por duas grandes cisões que marcaram o século a de 1927 e a de 1973 resultando desta divisão as Grandes Lojas Brasileiras e os Grandes Orientes Independentes (COMAB).

A Maçonaria mundial neste século se organizou melhor em relação ao século anterior, mas seguindo tendências locais nos vários países. Na Inglaterra é o clube que impera. Os maçons comparecem nas suas respectivas lojas para se encontrar. Na hora do intervalo (chamada para o recreio) eles vão tomar uísque ou chá.

A situação do próprio país é muito estável e não há necessidade de grandes campanhas filantrópicas na educação e na saúde pública. A Maçonaria lá tem influência na política, notadamente no Parlamento Inglês. Não admite a admissão de mulheres.

Na França a Maçonaria é patriótica, ela ajuda o Governo a governar o país. Lá as potências tradicionais, mistas e femininas se unem para ajudar a França. Há inclusive tratados entres estes tipos de Maçonaria e a Tradicional.

Nos Estados Unidos, a Maçonaria é eminentemente filantrópica. Certas Lojas ao acontecer a transmissão de cargo de venerável, a nova gestão se compromete em conseguir para a gestão que se inicia doações superiores à anterior. Lá a Maçonaria banca hospitais, fundações, pesquisas científicas e serviços humanitários.

No Brasil, não se tem um enfoque principal. Não há uma causa geral que seja de todas as maçonarias do país. Entretanto em algumas cidades elas realizam alguns empreendimentos filantrópicos notáveis, mas não fazendo parte de um plano nacional e prestigiado por todos os maçons brasileiros.

Em relação ao presente, isto é já no século XXI, no Brasil a Maçonaria continua aumentando os seus quadros em cerca de 10% ao ano. Talvez em razão dos mais jovens se sentirem desiludidos com as religiões e estão procurando outras respostas mais condizentes com a sua realidade espiritual. Mas seriam necessários mecanismos para reter estas novas aquisições no seio da Ordem, o que parece não existir.

Estima-se que haja cerca de cento e setenta mil maçons no Brasil. As três principais potências que se dizem regulares são as Grandes Lojas Brasileiras, Grande Oriente do Brasil e os Grandes Orientes Independentes. Todavia existem segundo estatística recente cerca quarenta e quatro potências entre a maçonaria de homens, a mista e a feminina não alinhadas e paralelas às três citadas.

Vejamos como é o sistema de administração e comando da Maçonaria brasileira As Grandes Lojas são em número de 27 e os Grande Orientes Independentes em número de 21. Cada uma destas Grande Loja ou Grande Oriente Independente é uma potência. As Grandes Lojas têm um órgão normativo chamado CMSB que se reúne todo o ano e os Grande Orientes Independentes (COMAB) também realizam reuniões anuais. O sistema é o de confederação.

Já o Grande Oriente do Brasil é regido pelo sistema de federação. Existe um Grão-Mestre estadual para cada um dos 27 grandes orientes estaduais e o Grão-Mestre geral.

Portanto são 76 Grão-Mestres ao todo nestas três potências. E as outras 44? Tem muito Grão-Mestres na Maçonaria brasileira. Isto mostra quanto está dividida a Ordem no país.

Uma particularidade interessante da Maçonaria é a forma como as potências se reconhecem ou não.

A GLUI considera-se a Loja-Mãe do Mundo. Ela reconhece ou não uma potência dentro ou fora da Inglaterra. Questiona-se quem lhe deu o direito de decidir se uma potência é regular ou não. Existe outra fonte de referência atualmente para o tal de reconhecimento: As 51 Grandes Lojas Americanas.

No Brasil o GOB e quatro Grandes Lojas Brasileiras (SP, MS, ES, RJ) são reconhecidos pela GLUI. Estas quatro Grandes Lojas são reconhecidas pelas Grandes Lojas Americanas também.

A maioria das Grandes Lojas Brasileiras é reconhecida pelas 51 Grandes Lojas Americanas.

A COMAB tem quatro dos seus Grandes Orientes (GOP, GOSC, GORGS e Grande Oriente Paulista) reconhecidos pela CMI (Confederação Maçônica Interamericana), com sede em Bogotá que congrega 75 potências na América do Sul, inclusive o GOB e as Grandes Lojas assinaram este tratado.

O Grande Oriente da França não liga para os tais critérios de reconhecimento e segue a sua caminhada na história da Maçonaria.

A Maçonaria Tradicional Brasileira não reconhece a Maçonaria Mista e a Feminina e inclusive as chamadas potências não alinhadas que completam a lista com 44 potências ao todo. Mas já deve ter sido acrescentada mais alguma “potência” que não temos conhecimento.

Para termos uma ideia como funcionam estas 44 “potências”. Daremos três exemplos:

Grande Loja Unida Sul-Americana com sede em Campo Grande – Mato Grosso do Sul. Uma ala dissidente desta Grande Loja está fundando uma nova potência alegando igualdade de direitos dos cidadãos perante a Constituição Brasileira e afirmam que admitirão gays, lésbicas e simpatizantes, padres e evangélicos bissexuais, baseada na fraternidade francesa Arc em Ciel (Arco Iris) criada em 2003.

Grande Loja Mista do Rito de Memphis e Misraim. Um rito com 100 graus e o adepto que chega neste grau poderá entrar numa extensão do grau chamada de Centúria Dourada, que é uma extensão do Rito, onde se pratica a Alta Magia. (Existe no Brasil em SP, PR, DF, RJ, PA, RS. SC).

Grande Oriente Feminino do Estado Mato Grosso do Sul, cujo primeiro templo próprio foi inaugurado em 2008 em Campo Grande – MS, tendo o suporte para funcionar dado por três Lojas: “Divina Luz do Oriente” n° 01, “Filhas da Luz” n° 02 e “Obreiras da Arte Real” n° 03

Mas dentro destas potências não alinhadas, acreditamos que exista alguma onde os seus adeptos possam estar bem-intencionados, onde eles dentro da sua maneira de ser possam estar praticando uma Maçonaria aceitável, mas muitas delas desenvolvem atividades duvidosas. Uma delas é extorquir dinheiro de pessoas incautas com propaganda enganosa pela imprensa e Internet.

A trajetória da Maçonaria no mundo não foi linear. Ela teve momentos de glória e de situações extremamente difíceis. Foi muito perseguida. Mas está aí, de pé. A antimaçonaria foi muito severa e cruel contra a Ordem. Desde as encíclicas papais excomungando-nos, aos déspotas como Mussolini, Hitler e Franco que mandaram matar centenas de maçons, às religiões que pululam pelo Brasil dentro taxando-nos de fazermos parte da demonologia, aos maçons traidores que escreveram contra a Ordem impingindo-nos ritos macabros, o livro o Protocolos dos Sábios do Sion, que tanto mal nos causou e a atual posição das igrejas evangélicas americanas que têm feito com que milhares de maçons americanos deixem a Maçonaria.

Estima-se que atualmente existam cerca de 3.600.000 maçons no mundo, sendo 1.500.000 nos Estados Unidos, 250.000 na Inglaterra, 170.000 no Brasil e 1.600.000 no restante do mundo (pesquisa do Irmão João Leça-GOP).

Não se pode avaliar o futuro da Maçonaria no mundo e no Brasil. Se analisarmos as potências brasileiras ditas regulares que congregam perto de 7000 lojas, veremos que a maior parte dos maçons quer assistir às sessões, e no final ingerir os alimentos e beber algum tipo de bebida nos fundões dos templos perto de onde está a cozinha, geralmente no salão de festas após ir para casa, feliz porque encontraram muitos Amigos e Irmãos e estão felizes.

A Maçonaria brasileira vem mantendo uma tradição a qual é necessária, mas em muitos aspectos está ultrapassada neste século, pelas invenções, achismos, adendos e enxertos. Para uma grande parte de Irmãos tudo isso está bem como está. Eles não leem e está tudo bem, e sentem-se em paz com o GADU.

Mas uma minoria inquieta, ávida de saber, conhecer, raciocinar e vislumbrar outros destinos mais elevados para Ordem está aumentando em número dia a dia. Querem respostas. Mas querem respostas coerentes, transparentes e elucidativas. Querem mais ação. Questionam a vaidade de muitos pavões da Ordem, questionam a síndrome do poder que contamina muitos Irmãos, estão reclamando das invencionices, dos famosos achismos e de enxertos ritualísticos não justificados. Este grupo funciona como guardiões da Ordem e está realmente preocupado com a sobrevivência dela.

Dentro destas informações e do avanço tecnológico levando em conta que o mundo está mudando a sua visão mecanicista para uma visão mais holística, será traçado uma perspectiva deste futuro, mas sem compromisso com futuras verdades ou inverdades, porque ele ainda não aconteceu. Serão meras conjecturas. Sonhos, especulações.

Especula-se. Será que daqui a 500 a 1000 anos existirão templos? Existirão Igrejas? Haverá necessidade de templos? Qual será a concepção do GADU nesta época? Existirão potências maçônicas? O ser humano vencerá a luta contra a fera bestial que existe dentro de si e terminarão as guerras? E as doenças desaparecerão? A comunicação entre os seres será mais telepática e menos na linguagem? Haverá uma ética, uma moral no uso da Internet? Como será a Internet? Haverá sessões maçônicas virtuais?

Enfim uma série de perguntas, todas elas baseadas em fatos que temos a nossa disposição no presente, e em cima dos quais podemos especular sobre o futuro, mesmo que a nossa imaginação esteja errada. Mas podemos fazer uma projeção de ideias. Por que não? A nossa imaginação está além da nossa realidade atual. Mas o que se imagina na mente torna-se realidade.

Lojas virtuais? Parece um grupo de maçons da GLUI já tentando antecipar o futuro fundou em 29.01.1998 a “Internet Lodge n° 9659”. Continuam em atividade, mas parece que a Loja é hibrida, pois tem que ser uma parte dentro do templo, portanto, real. No Brasil fundaram duas Lojas virtuais uma em Brasília fundada pelo pranteado Irmão Castellani e a outra a Loja “Futura” fundada no Grande Oriente Independente de Pernambuco. Não deram certo. A Loja “Futura” existe agora como uma loja normal dentro da sua potência.

Atualmente estão sendo planeados e construídos aparelhos capazes de projetar hologramas em qualquer tipo de superfície. Imaginemos hologramas de Irmãos projetados para um espaço virtual que chamaremos de loja, onde esta loja funcionaria normalmente como atualmente, porém de forma virtual. Então o sonho dos irmãos que fundaram lojas virtuais no momento, sem ainda a necessária tecnologia, poderá um dia ser uma realidade.

O advento da Informática, Internet, Realidade Virtual, Mecatrônica, Robótica, Nanociência, Neurociências, está mudando completamente a maneira de pensar de todos, mesmo os que não admitem tal avanço. Toda a humanidade já sentindo os seus efeitos. Talvez não haja mais templos no futuro e sim centros cibernéticos de iniciação maçônica.

Imaginemos o candidato introduzido num recinto cibernético especial e através de um programa de iniciação já pronto, ele poderá vivenciar uma realidade mais intensa e mais verdadeira daquela que conhecemos. Este programa terá todas as fases da iniciação, porém contando com novos valores que por certo aparecerão na sociedade além dos avanços da tecnologia que ajudará este momento. Possivelmente o homem treinará e saberá usar as suas faculdades para normais de maneira mais eficiente. A capacidade mental aumentará de 0,8 a 10% para 20% ou será maior? Como se eliminará o lado mau do ser humano, já ele é dualista?

Como imaginaríamos uma iniciação no futuro? O candidato ingeriria uma pílula de um psicofármaco, que não produziria efeito secundário algum e a duração da sua ação seria tão somente de segundos a minutos tempo esse em que ele vivenciaria a sua iniciação. Esta psico­droga causaria a expansão da mente e o candidato entraria em ondas alfa ou teta e desta forma e através do programa instalado e sentiria a natureza como se fora ele próprio. Ele se sentiria água, fogo, ar e terra. Ele se sentiria como se fosse uma parte consciente do GADU. Viajaria por todo o Universo, visitará galáxias distantes, se sentiria no interior de uma folha aprenderia com os sábios e encontraria o seu autoconhecimento.

Como será a Moral e a Ética maçônicas no futuro? A Moral varia na cronicidade das épocas e o que é bom hoje para Maçonaria poderá não ser bom daqui há mil anos. Simplificando segundo autores, Moral é estudo e aplicação dos costumes da época e Ética seria a ciência que estuda as regras pertinentes. Qual será o conceito de fraternidade entre os maçons no futuro? Qual será a função do Maçom no futuro? Social? Política? Cidadão do Universo? E o conceito do GADU como será?

Conclusão

Será que a Maçonaria tenderá tão somente ser uma Escola de Vida e de aperfeiçoamento do “eu” interior como muitos Irmãos no momento a concebem? Daqui há mil anos, o Estado tomará conta da saúde, da educação do bem-estar do cidadão, da moradia, da segurança. Pouca coisa restará às Instituições como a Maçonaria realizarem.

Ou será que o GADU nos reservará um porvir fantástico, maravilhoso que não podemos conceber neste momento?

Hercule Spoladore – O Autor é escritor maçônico, membro da Loja de Pesquisas Maçônicas Brasil e da Academia Brasileira Maçônica de Letras. Ex-Venerável Mestre da Loja Simbólica Regeneração 3ª e da Loja de Pesquisas Brasil, do Grande Oriente do Paraná. É médico.

Bibliografia

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PALOU, Jean. A Franco Maçonaria Simbólica e Iniciática. Editora Pensamento. São 1964

PETERS, Ambrósio. Maçonaria – História e Filosofia. Gráfica e Editora Núcleo Ltda. Curitiba. 1998.

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VAROLI, Theobaldo Filho. Curso de Maçonaria Simbólica. Editora A Gazeta Maçónica S.A. São Paulo. 1970.

 

O QUE A MAÇONARIA FAZ?

No meu entender a Maçonaria como uma escola que visa despertar o nosso estudo ao autoconhecimento, a nossa reflexão sobre a nossa postura e o livre arbítrio de nosso pensar agir, realmente se bem entendida, até faz acontecer.

Mas o que ela faz acontecer?

Diria eu que, antes de nos dar condições de ajudar no crescimento da humanidade, no desenvolver da sociedade em que estamos inseridos, ela visa nos despertar na busca em nosso autoconhecimento....

De nosso EU...

QUEM SOMOS!!!

E é essa a grande luta que inicialmente travamos e devemos continuar a travar:

VENCER AS NOSSAS PAIXÕES!!!

Vencer nossas paixões, um grande desafio!!!

O interessante nesse desafio é que precisamos nos policiar em evitar aquilo que sabemos não ser permissível em determinadas circunstâncias.

Diria eu que a grande provação é saber resistir em algo que nos tenta, que as vezes é prazeroso mas nos faz mal, ou melhor, quando sentimos que faz mal a nós ou às pessoas a quem queremos o bem.

O QUE NOS FAZ MAL?

Comer doces em excesso quando somos diabéticos ou temos propensão a ela?

Beber ou fumar quando temos propensão a doenças pré-existentes em nosso DNA?

Comer em demasia quando sabemos ser prejudicial a nossa saúde?

Falarmos, escutarmos, lermos, assuntos, que nos deixam desgostosos, revoltados e nada acrescentam em nosso pensar?

Criarmos inimizades gratuitas apenas por não concordar com nosso interlocutor?

E QUANDO NOSSAS PAIXÕES FAZEM MAL ÀS PESSOAS?

Ter pensamentos ou sentimentos negativos para com os outros, mesmo sabendo que apenas nós mesmos estaremos sendo prejudicados?

Agredir com atos e palavras as pessoas, apenas pelo prazer de agredir.

Usar em diálogos antagônicos, tão normais entre livres pensadores, formas de expressões agressivas, sem urbanidade e candura?

Quebrar regras e normas previamente aceitas, pelo simples fato de querer chamar a atenção e ser o centro da discórdia?

Nos expor sem preocupação com o próximo, em ambientes ou locais de risco, mesmo sabendo que são perigosamente prazerosos?

Procurar celeumas em ambientes ou locais inapropriados?

QUERER MAL AO OUTRO É COMO TOMAR VENENO E QUERER QUE O OUTRO MORRA!!!

VENCER NOSSAS PAIXÕES!!!

QUÃO DIFÍCIL É!!!

Gustavão Velásquez M.'.M.'.

 

IRMÃOS

Na Maçonaria os seus membros são chamados de Irmãos, pois unidos pelo Amor Fraternal, seja em qualquer Grau, recebem este tratamento, e o seu significado é a condição adquirida com a participação de um mesmo ideal baseado na amizade.

A origem do cordial tratamento de “Irmão” afirma que este tratamento foi adotado pelos Maçons, desde os tempos de Abraão, o velho bíblico. Reza a história que estando ele e a sua mulher no Egito, lá ensinava as sete ciências e contou entre os seus discípulos com um de nome Euclides. Tão inteligente que não demorou em se tornar mestre nas mesmas ciências.

Então Euclides, nas suas aulas determinou regras de conduta para os seus discípulos; em primeiro lugar cada um deveria ser fiel ao Rei e ao país de nascimento; em segundo lugar, cumpria-lhes amarem-se uns aos outros e serem leais e dedicados mutuamente. Para que os seus alunos não descuidassem destas últimas obrigações, ele sugeriu aos mesmos que se dessem, reciprocamente, o tratamento de “Irmãos” ou “Companheiros”.

Aprovando inteiramente este costume da escola de Euclides, a Maçonaria resolveu adotar aos seus iniciados, que receberam com todo o agrado, sem nenhuma restrição, passando a ser uma norma obrigatória nos diversos Corpos da Ordem. Traduz uma forma muito afetiva e agradável a todos os corações dos que militam nos nossos Templos.

O Poema “Regius”, que data do ano de 1390, aconselha os operários a não se tratar de outra forma senão de “meu caro Irmão”. Por isto o tratamento de Irmão dado por um Maçom a um outro, significa reconhecimento fraternal, como pertencente a mesma família.

Os Maçons são Irmãos por terem recebido a mesma Iniciação, os mesmos modos de reconhecimento e foram instruídos no mesmo sistema de moralidade. Além da amizade fraternal que deve nos unir, nós Maçons somos simbolicamente filhos da mesma mãe.

Durante a Iniciação quando o iniciando recebe a Luz, e os seus novos Irmãos juram protegê-lo sempre que preciso. A partir daquele momento, todos os que a ele se referem tratam-no por Irmão. Os filhos dos seus novos Irmãos passam a tratá-lo como “Tio” e as esposas dos seus Irmãos passam a ser as suas “Cunhadas”. Forma-se nesse momento um elo firme entre o novo membro da Ordem e a família maçônica.

A Maçonaria não admite nas suas fileiras qualquer tipo de preconceito racial, religioso, condição social ou financeira. A Ordem se dedica há séculos a combater os preconceitos, sempre plantando a semente da paz, da harmonia e da concórdia.

Permite sim discordar de ideias dos Irmãos e não de Irmãos, a Loja Maçônica é o templo do saber, do crescimento cultural e espiritual. Reunimo-nos para combater a nossa ignorância e a dos outros, lutar contra os vícios e a injustiça. Lugar de Amor Fraternal, símbolo da amizade, da razão serena e perseverança. Distinguimo-nos dos profanos pela nossa aversão à injustiça, à vingança, à inveja e à ambição desmedida, sempre fazendo o bem pelo bem.

O Maçom deve primeiro interrogar a sua consciência sobre os seus atos, para melhor avaliar os atos dos outros, não deve apontar os erros alheios e sim corrigi-los.

O verdadeiro Irmão não tem ódio, nem rancor, muito menos desejo de vingança; perdoa e esquece as ofensas, e não se lembra senão dos benefícios que já tenha recebido, ajudar o Irmão em dificuldade, mas se a necessidade o obriga deve procurar sempre o bem que atenua o mal.

Sabemos como difícil é meus queridos, ser Irmão, na mais pura essência da palavra. Quando nos encontramos abrimos o sorriso e os braços como se fossemos velhos conhecidos, e este sentimento de Irmandade às vezes é mais forte que entre irmãos de sangue.

Diante de tudo acima exposto só posso agradecer-vos, meus Queridos Irmãos pela aprendizagem nestes anos, e que o Grande Arquiteto do Universo nos ilumine e nos permita muitos e muitos anos de convivência.

Wellington Oliveira, M. M.

 

 

A MAÇONARIA PODE ACABAR?


 

Sim, talvez ou não?

Decerto iremos divagar, ou seja, trilhar caminhos tortuosos, visto que a resposta dependerá de qual parte da Maçonaria estamos indagando.

O Maçom pode acabar? Sim! Basta ele, por suas atitudes, retornar à condição de profano.

Uma Loja Maçônica pode acabar? Sim! Basta ela deixar de ser para o Maçom um lugar consagrado aos Sãos Princípios da Moral e da Razão.

Uma Potência Maçônica pode acabar? Sim! Basta ela se tornar um Reino ou uma empresa, acreditando que as Lojas são suas colônias/filiais, instituindo "Viscondes", "Condes", "Duques" e aplicando leis imperialistas.

O Maçom pode acabar? Talvez! Dependerá de seu padrinho e de seus Irmãos, que o alertarão sobre os desvios e evitarão sua queda às masmorras do vício.

Uma Loja pode acabar? Talvez! Dependerá se a Loja tem associados ou obreiros. Associados vão à procura de algo (vem a mim); obreiros, por sua vez, disponibilizam-se para algo (vou pelo outro).

Uma Potência Maçônica pode acabar? Talvez! Dependerá da compreensão da simbiose mutualista que deve reger as relações isonômicas entre a Potência e as Lojas, cuja interação deve resultar em benefícios para ambas as partes.

Um Maçom pode acabar? Não! Por menor que tenha sido seu tempo de convivência, houve um momento de discernimento do quão bom e suave era quando vivia em harmonia com os Irmãos. É uma semente plantada, aguardando o tempo para germinar.

Uma Loja pode acabar? Não! Uma vez instalada, a Loja é imorredoura. As Colunas podem se abater, os caracteres da Carta Constitutiva esmaecer, mas poderá, a qualquer tempo, ser soerguida por livres gerações vindouras que resgataram a história e os feitos de seus fundadores.

Uma Potência pode acabar? Não, pois ela não existe por si só. Potências são reflexos da pujança de suas Lojas e dos feitos de seus Obreiros. Potências não se expressam por quem está à sua frente, mas por quem está por trás.

Apresentei a pergunta em três segmentos e com três possíveis respostas. Friso o “possíveis respostas”, visto que não há verdade absoluta. Constantemente nos são apresentadas versões de tudo. Muitas vezes, diante dessas versões, assumimos compromissos os quais, quando descobrimos o equívoco, não voltamos atrás por simples vergonha de assumirmos que fomos enganados e manipulados.

A MAÇONARIA PODE ACABAR?
ELA VIVE EM CONSTANTE PERIGO
PELA IGNORÂNCIA, PELO FANATISMO E PELA AMBIÇÃO
DAQUELES QUE NÃO COMPREENDEM SUA FINALIDADE NEM SE DEVOTAM À SUA SUBLIME OBRA.

Neste ­17° ano de compartilhamento de instruções maçônicas e provocações para o enlevo moral e ético dos Irmãos, permanecemos no nosso propósito maior de disponibilizar uma curta reflexão a ser discutida em Loja. O Ritual não pode ser delapidado. A Ritualística deve ser seguida integralmente. O Quarto-de-hora-de-estudo é fundamental em uma sessão Justa e Perfeita.

Fraternalmente

Sérgio Quirino
Grão-Mestre - GLMMG 2021/2024

 

O QUE FAZ UM MAÇOM


 

Dentre as sociedades discretas, ainda ditas como secretas, a Maçonaria é uma das mais antigas ordens fraternais do mundo. Seleciona os seus membros principalmente quanto ao bom caráter, sendo de qualquer religião, desde que compartilham uma crença na paternidade de Deus e na irmandade da humanidade.

Dizem que se faz de homens bons e usa como igualdade, por meio de seu sistema de graus, símbolos e oportunidades de participação e ajuda mútua.

Já se passam de 7 milhões de maçons no mundo e o local com maior número é nos Estados Unidos da América. Fora da estatística, é realmente fascinante participar, pois seria toda sessão uma participação integrada e interativa de todos os participantes, como se estivessem em um grande parque temático ou vivendo em um palco representativo. Cada um tem a sua comparação e você poderá criar a sua própria, eventualmente, sem sair dos princípios da lógica e da razão.

Os ingleses têm raízes que são encontradas em guildas de pedreiros que, a partir do final do século XIII, desde aprendiz, de companheiro de Ofício e mestre que antes era pedreiro.

Graus e estágios, começando por três denominados de lojas azuis, têm todos diferentes senhas e apertos de mão, que com a prática se adquire proficiência de mestre. Antes se identificavam garantindo trabalho em viagens e agora, a Maçonaria compartilha esse mesmo sistema de segredos, embora o trabalho tenha mudado de construir edifícios para construir o caráter. Os valores da Maçonaria são o amor fraternal, a caridade e a verdade e o conhecimento adquirido deve ser conhecimento compartilhado em todo o seu jargão próprio de códigos.

É uma sociedade sadia ao longo dos tempos, para homens em todo o mundo viverem suas vidas em seu potencial máximo, em associação com outros homens, com ideias semelhantes.

Após os graus das Lojas Azuis existem numerosos outros em diversos ritos. No Brasil, o Rito Escocês Antigo e Aceito tem 33 graus e o York, 13 graus dentre os mais conhecidos. Existem muitos outros, como os Santos Cavaleiros Templários, com 32 graus. Os símbolos usuais são o esquadro e o compasso, com modificação das pontas do compasso de lugar conforme os 3 primeiros graus e depois um mundo de símbolos.

O avental vem desde os trabalhos do Templo de Salomão. Chama-se Lodge ou Loja o local onde trabalham, no interior do templo onde aprendem os ensinamentos da arte e o praticam para não existir confusão, se indagado de onde vem o maçom que recado traz. Busque o filme O Homem Que Queria Ser Rei com excepcional atuação de Sean Connery e Michel Caine para ver uma forma clássica escrita por Kipling, transportada à tela do cinema.

Busque Henry V de William Shakespeare para ver um filme notável e, preferencialmente, a versão de Kennet Branagh, com notável trilha musical e o incomparável Non Nobis Domine. Os termos maçônicos transcritos por esses autores aparecem a todo o tempo.

Pessoalmente, vi a satisfação de juízes e médicos maçons locais e no estrangeiro se encontrarem com o brilho da satisfação. Sim, porque Maçonaria não fica apenas em Lojas fechadas na prática da arte e sim em uma alegria de reconhecimento exterior.

O edifício em si pode ser tão formal, ou tão simples, entretanto o edifício maior estará na sua comunicação, internacionalmente.

Se fala demais do Templo do Rei Salomão, as ferramentas de trabalho e no nível de igualdade, agirem pelo prumo da retidão e se separarem no quadrado da virtude.

Os juramentos são magníficos e a preparação como nos templários e em Malta são dignos das capas e espadas que utilizam. Dependem muito da cooperação e da caridade de seus membros para sobreviver, pois não existe sociedade que sobreviva sem gastos.

Não existe exagero ou fanatismo, apenas um grande conhecimento de Literatura e História da Maçonaria em notas como as que seguem de um pensamento espiritual forte: Não sabeis que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém contaminar o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus é santo, templo que vós sois. E tendo toda Sabedoria.

É medieval o pensamento, mas que atravessou os tempos e juramentos. Finalmente, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Vistam toda a armadura de Deus, para que possam resistir às vontades do diabo. Pois não lutamos contra a carne e o sangue, mas contra os principados, contra as potestades, contra os governantes das trevas deste mundo, contra a maldade espiritual nos lugares celestiais.

Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mal e, tendo feito tudo, permanecer firmes. Permanecei, portanto, mantendo os ombros com a verdade e vestindo a couraça simbólica da justiça; e seus pés calçados com a preparação do evangelho da paz; acima de tudo, tomando o escudo da fé. E fé é tudo caro leitor, com o qual podereis apagar todos os dardos orgulhosos dos ímpios.

Deus Todo-poderoso e eterno, que nos faz querer e fazer as coisas que são boas e aceitáveis ​​a Tua Divina Majestade; fazemos nossas humildes súplicas a Ti por este Teu servo que agora se ajoelha diante de Ti. Que a Tua Mão Paternal esteja sobre ele.

O que faz um maçom… ele deve ser humilde, ouvir e aprender, pois o aprendizado é infinito em centenas de rituais. Ele estuda, confraterniza e faz amizades duradouras.

Conceda a Tua ajuda, Ser Supremo e Criador de todas as coisas, a este nosso rito trabalho solene e conceda que este digno e distinto leitor possa ser dotado de graça, sabedoria e força para governar sua Corte com propriedade e para transmitir luz para aqueles que a buscam, para honra e glória do Teu Santíssimo Nome. Então ajude-me, ó Ser Supremo e Criador de todas as coisas, e mantenha-me firme nesta minha Obrigação de transmitir um mínimo de noção do que faz um maçom.

A Maçonaria é funcionalmente dirigida ao serviço e conveniência da humanidade, mas como somos ensinados em nossas Lojas, a Maçonaria Especulativa ou Livre abrange uma gama muito mais ampla e objetos mais nobres, como o cultivo de nossa fé em nosso Deus, a construção e melhoria de nossas relações com nossos semelhantes e a construção e reparação de nós mesmos como seres humanos completos. Embora, ao longo dos Milênios, as suas lições tenham sido veladas em alegorias e ilustradas por símbolos, mentes inquiridoras, líderes e governantes da Maçonaria, de todas as gerações, têm-se esforçado incessantemente para penetrar esse véu e tornar-se cada vez mais familiarizados com os seus Mistérios.

Estes, os Nossos Mistérios em todos os seus aspectos, foram verdadeiramente influentes em todas as Eras, são a estrela-guia da Paz e do Amor, nunca se cansam ou se esquecem da sua missão divina. Eles nos ensinam, através de nossas Lojas, a administrar alívio e conforto aos angustiados com mãos implacáveis, especialmente nas horas de escuridão e desespero.

Eles nos chamam para trazer paz e consolo ao espírito perturbado, alívio e alegria às habitações da necessidade e da miséria, e luz às trevas e escuridão da sepultura, apontando para as esperanças e promessas de uma vida melhor por vir. Enxugar as lágrimas da viúva e do órfão e alargar a esfera da felicidade humana é o ápice da nossa Profissão.

Por Tullio Luigi Farini – Professor de Literatura.

 

O SILÊNCIO DO APRENDIZ, MAIS ALGUMAS CONSIDERAÇÕES


Acredito que em nenhum ritual maçônico eu tenha lido que um silêncio é imposto na Loja além das pausas entre as cerimônias ou depois da leitura de pranchas, e a menos que um certo tipo de silêncio seja imposto ao Aprendiz Maçônico, exceto, é claro, a entrada e a permanência no Gabinete de Reflexão que é o momento do paradigma do silêncio como escola.

A verdade é que não sei onde está esta teoria do silêncio em Loja, e menos ainda a questão do silêncio que diz respeito aos Aprendizes maçons, deixando-os mudos, embora fiquei muito surpreso que esta modalidade venha das modas esotéricas que povoaram transversalmente a Maçonaria, que frequentemente devem trabalhar a acesse transcendente através da mística do silêncio, e um dos seus bons propagadores foi o Irmão do GOdF, Oswald Wirth.

É claro que quando se chega a um lugar deve, pois, mostrar-se retraído e observar mais do que falar, embora às vezes aconteça o contrário, como acontece na Loja e noutras ordens de vida, e, portanto, se pede observância. mas de lá até colocar a mordaça de silêncio em Loja é outra questão para à qual eu já dediquei considerações noutro artigo.

Tanto é que, proveniente tanto do âmbito religioso quanto do esotérico, do tipo Guenon ou da Nova Era, O. Wirth etc., foi instalada na Maçonaria uma certa mística do silêncio, e há toda uma campanha para promover os seus benefícios e ensinamentos, e milhares de aporemas filosóficos místicos que estão longe de serem considerados como parte do corpus maçônico, por mais que os maçons e a estrutura insistam na sua disseminação.

Embora eu não desista ou argumente sobre a veracidade da busca ou a sua realidade transcendente baseada no silêncio, embora eu deva indicar que a Maçonaria não é mística monástica que se construía com base no silêncio, nem interno nem externo, as Lojas não estão localizadas nos desertos carmelitas, nem os maçons são os habitantes dos eremitérios, nem os Aprendizes são irmãos menores, aprendizes da mística do silêncio como veículo de meditação transcendental.

As Lojas nasceram nos ambientes urbanos e tabernários, e beberam dos ambientes das pedreiras, e se alguém conhece medianamente do mundo da cantaria, ou as irmandades de artesanato de um tipo ou outro: canteiros, carpinteiros, serradores, pedreiros, etc., sabe muito bem que estes ambientes não são muito propensos à mística do silêncio, porque a comunhão nasce da palavra que transmite conhecimento, e naquelas antigas corporações que tanto admiramos, viviam os alegres e cantadores confrades da corporação e os monges que tinham outra língua, outras sinergias e outras místicas, cada um tinha o seu tempo, o seu espaço e ocupação.

Embora haja uma certa tendência para misturar tudo e fazer dos pedreiros uma espécie de monges seculares, esquecendo-nos de que nós, maçons, somos um produto tangencial daquelas guildas corporativas, que através do cadinho das Luzes somos qualificados como filhos da luz, da razão, do debate e da reflexão aberta e exposta.

Por isso entendo muito pouco o silêncio em Loja e menos transformado numa mordaça no estilo de uma mística beatífica do tipo Paulo Coelho, digamos que sou mais a favor da simbiose relacional e da aprendizagem do tipo William de Baskervile e Adso de Melk (O Nome da Rosa).

De qualquer forma, parece que esquecemos que as Lojas modernas, se os irmãos fundadores tivessem desejado, teriam sido fundadas nos espaços religiosos protegidos e cobertos, e no modo e maneira daqueles “outros” que tão apegados estavam à arte da cantaria … até mesmo alguma ou outra igreja teria de bom grado acolhido este trabalho de reflexão e a escola do silêncio.

Mas as Lojas nasceram em ambientes festivos, celebrados ao mínimo com banquetes e brindes e cantos fraternos, concelebrados por maçons que falavam pelos cotovelos, e isto tem sido assim há muitas décadas …

Em todo caso, se se quisesse que os Aprendizes guardassem silêncio na Loja além de exigir-lhes prudência e observância, teria sido exposto sem mais, como foi feito com outros tópicos ou questões de organização da Loja, que a mudez fosse o seu estado natural.

Deve-se notar que o silêncio na Loja é algo tardio, e não parece que leiamos muito frequentemente os rituais antigos porque nos esquecemos de que eles são compostos na sua maior parte de uma questão que é óbvia, e devem ser lembrado uma vez por ano; eu me refiro aos catecismos maçónicos.

Não há um único ritual maçônico que se aprecie, que não incorpore no seu corpus argumental e teratológico o mui conveniente catecismo maçónico, ou seja, um diálogo ativo entre o Mestre, ou Venerável Mestre e o Aprendiz, onde uma pergunta e o outro responde ativamente, numa troca de reflexões que demonstra uma grande interação lógica entre os membros de uma oficina, não importando o grau que tenham.

Por trás destes catecismos e de toda a nossa fundação há um trabalho de reflexão, uma arte da memória e o layout da intervenção e da palavra no estilo de “palavra do Maçom” que não deveríamos esquecer, uma coisa é citar a palavra e outra é silenciar os “outros” para transformá-los numa espécie de observadores místicos adoradores do silêncio como uma introspecção em Loja, que, como eu digo, tem os seus momentos, mas não pode ser uma escola como se vê, se expõe e se proclama e menos ainda numa Maçonaria livre.

É o que tinha a dizer.

Victor Guerra, M M

 

 

 

EU DEVO SER CHAMADO DE MAÇOM?


Hoje de manhã ao preparar-me para sair de casa, lembrei-me que deveria vestir camisa branca e calça preta. Também não poderia esquecer-me da pasta onde guardo os rituais, o avental e o balandrau.

Afinal, hoje é segunda-feira, dia de sessão da nossa Loja. Enquanto tomava as providências de saída, fiquei refletindo sobre as razões de cumprir tal agenda, especialmente num evento que invariavelmente participo bastante cansado, depois de um dia intenso de trabalho.

Mas, respondi para mim mesmo: devo ir, pois sou Maçom e tenho que cumprir com as minhas obrigações assumidas perante os Irmãos e a minha consciência.

Também, devo dizer: adoto a disciplina de procurar sempre cumprir com os compromissos assumidos. Afinal, sou ou não um Maçom? Perguntei para mim mesmo.

Ao pensar sobre o questionamento lembrei-me do texto contido no nosso ritual de Aprendiz que diz:

“um Maçom para ser completo, deve ser educado, ativo, estudioso, verdadeiro e firme e possuir espírito público”.

Refletir sobre aqueles valores e comportamentos e conclui de relance que eu estou longe de ser um Maçom. Afinal de contas, para que seja um Maçom preciso ser um cidadão completo em termos de valores filosóficos e materiais.

Mas vamos por parte na análise de tal conceito: para ser Maçom devo ser educado. Bem, constantemente, isto não é fácil de ser. O conceito de educado tomado no sentido do bom comportamento e de cortesia nem sempre prático.

Não raras vezes sou explosivo com os outros, muito especialmente, quando sou contrariado. Para preencher este requisito penso que teria que ser mais tolerante, bom ouvinte e humilde.

Conclusão: não sou educado. Pelo menos como deveria ser.

Ativo: bom, ativo para algumas coisas eu sou. Mas, na idade que estou, sou mais seletivo nas escolhas. Não raramente sou ativo com aquilo que dá mais prazer.

Conclusão: não devo ser chamado de inativo completo. Porém, não sou bom exemplo neste quesito.

Com a palavra a tela da televisão, que me tem por horas a contemplá-la.

Apesar de não assistir qualquer coisa, é bom que se diga. Para melhorar neste item, deveria assistir menos esta tela invasora dos nossos lares.

Estudioso: bom, agora mesmo é que a autocrítica fica mais pesada.

Quantos livros tem lido ultimamente? Nenhum começo e nenhum término. A idade fez-me diminuir a paciência com textos longos. Mas, também tenho qualidades neste tópico. Leio jornais e revistas. Isto também é uma forma de estudo. Mas é pouco, devo reconhecer.

Verdadeiro e firme: estes valores difíceis de serem praticados. Verdadeiro significa ser sincero, agir com ética, comprometido com a verdade. Do mesmo modo, firme não é fácil de ser, ao menos constantemente.

Não raras vezes prefiro vergar a coluna a afrontar opiniões ou comportamentos contrários, mesmo sabendo serem eles errados, com a explicação de “pagar para não se incomodar”.

Possuir espírito público: neste quarto quesito a minha consciência diz que sempre mereci mais consideração do que tive do ponto de vista do reconhecimento de terceiros. Aqui o espelho da consciência diz-me que, se não andei sempre nos trilhos, o trem da corrupção e das facilidades não me atropelou.

Feitas estas considerações, vem o questionamento das razões de eu estar aqui. Me autoqualificar de Maçom.

Mudar a assinatura para incorporar os três pontinhos. Chamar os iguais de Irmãos. Praticar rituais com os quais não estava acostumado. Usar trajes que no início me pareceram estranhos. Usar terminologias e gestos estranhos ao meu vocabulário habitual e outras ritualísticas.

O espelho mirado nesta manhã, simbolizado pela minha consciência, disse-me algumas coisas interessantes, que gostaria de enumerar.

  1. Estou longe de ser um Maçom. Sou apenas um Aprendiz e talvez algum dia um candidato a ser.
  2. Se algum dia alcançar a condição de Maçom tenho de ser muito melhor do que sou hoje e se quiser alcançar o objetivo, não será possível sem esforço pessoal e isto ninguém fará por mim.
  3. Preciso ser mais educado no trato com os Irmãos (de todas as lojas e orientes), mais ativo, mais estudioso, mais verdadeiro e firme, pensar mais no interesse público e ser menos egoísta.

Refletindo sobre tudo isto e observando o comportamento alheio, diga-se de passagem, fazer isso parece que dá mais prazer. Mesmo porque fica mais fácil para justificar as nossas carências e falhas.

Com um fio de prazer concluo que não sou tão desigual. Na minha ótica, não estou sozinho neste mar de imperfeições. Volto a pensar melhor e concluo que isso não justifica, afinal, carências alheias não suprem as minhas.

Assim, não tem jeito. Tenho que cuidar mais de mim. Assumir compromissos de melhora e fazer a própria reforma íntima. Caso contrário, é bem provável que até a condição de Aprendiz um dia venha a perder, pois a caravana anda e tenho de estar sempre nela, polindo a pedra.

E você, meu irmão, já se olhou no espelho hoje para ver e ouvir a voz da sua consciência?

Walter Celso Lima, Loja Alvorada da Sabedoria, Florianópolis – SC

  

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