O INEXATO TERMO ”EXALTAÇÃO” PARA O GRAU DE MM.'.

Inicio o presente traçado lembrando-vos que geralmente é conveniente “rejeitar dez verdades como sendo mentiras, do que aceitar uma única mentira como sendo verdade.”
Antes de dissecarmos sobre o tema acima proposto, recorro aos traçados do século XVII, através da pena do filósofo La Rochefoucauld, plenamente adequados ao século XXI, para reflexão daquele que como MM.’., deverá, ou melhor dizendo, deveria ter domínio sobre si mesmo. Perdoamos facilmente a nossos inimigos os defeitos que não nos incomodam. Não se deve julgar os méritos dos homens por suas grandes qualidades, mas pelo uso que delas sabe fazer.
As paixões mais violentas às vezes nos deixam em paz, mas a vaidade nos agita sempre. Os velhos loucos são mais loucos que os jovens. A conveniência é a menor de todas as leis, e a mais seguida.
Ganharíamos mais em nos mostrar tais como somos que em tentar parecer o que não somos. Estamos longe de saber tudo o que nossas paixões nos induzem a fazer. A vaidade nos induz a fazer mais coisas a contragosto do que a razão.
O termo EXALTAÇÃO é correspondente a Glorificar, tornar-se alto, levar ao mais alto grau de intensidade ou energia, elevar-se, portanto; totalmente inadequado ao conjunto da Cerimônia erroneamente denominada “exaltação” ao Grau de MM.’.
Baseado e alicerçado na História, recorro a tradição da Grande Loja dos Antigos de 1751, bem como à Grande Loja dos Modernos de 1717, que classifica de forma justa e perfeita como CERIMÔNIA DE ELEVAÇÃO AO GRAU DE MM.’. A GLUI manteve a lógica, permanecendo e fazendo uso do correto termo ELEVAÇÃO.
A história sinaliza que o REAA, amplamente praticado na América Latina, solidificado a partir da base do Rito de Heredom, com o acréscimo de 8 Graus, perfazendo os famosos 33 Graus, foi criado sem os graus simbólicos, ou seja, sem os graus 1,2 e 3, para ser praticado e trabalhado nos altos Graus.
A exceção dos povos de origem latina, raramente é trabalhado no simbolismo, mantendo a sua tradição inicial. Após breve exposição de fatos históricos, é fácil compreendermos várias adaptações no simbolismo junto ao REAA., como por exemplo a influência da Ordem Rosa + Cruz, e a inexata terminologia EXALTAÇÃO ao contrário do correto termo ELEVAÇÃO.
No recebimento do Gr.’. de MM.’., o Comp. se depara em um ambiente que o remete à morte. Posteriormente, vivencia a dor e a consternação com a morte do nosso Grão Mestre H.’.A.’. após ser elevado da esq. através dos 5 PPP. Após, efetivamente passa ter consciência de que o M.’. está morto, que a P.’. de M.’. se perdeu, e que o Templo está incompleto com sua construção paralisada. Que houve a perda da P.’. de M.’. com a quebra de uma das três Colunas de sustentação do Templo. Que S.R.I e H.R.T. não poderiam formar novos Mestres, impedindo por consequência, a difusão da Arte da construção.
Após deparar-se com o fato acima, não há como persistir na ilusão de que houve a decantada plenitude maçônica, muito ao contrário. Se o VM.’. de uma Loja Simbólica tenha parado no simbolismo, será incapaz de responder perguntas básicas, tais como: - a palavra foi recuperada? Como ocorreu, e como foi possível o término do Templo?
Queridos Mestres, devemos ter a humildade de observar que o Grau 4 do REAA. é chamado Mestre Perfeito. Por lógica e raciocínio, o Mestre de GR.`. 3 não é perfeito, porque obviamente há respostas mais adiante que obviamente ainda não sabe.
O magnífico Rito de York, não tão belo, pomposo e exotérico como o REAA é sublime e magnâmico quando Exalta o Maçom ao Mui Sublime Grau de Maçom do Real Arco. No Grau anterior, como M.E.M (Mui Excelente Mestre), viu o término e a dedicação do Templo. Exaltado, recuperou a palavra que se perdeu, tendo a honra de reviver um dos nossos três antigos Grãos Mestres, com a formação do triângulo vivo. Compreenderá ainda o por que do uso da antiga fórmula: “O VM.’. de minha Ofic.’. vos saúda por 3x3,” que geralmente é repetida como um papagaio que repete palavras, sem nenhum entendimento.
O Ritual de M.M. editado em janeiro de 2006 da EV.’. pela Mui Respeitosa GLESP na página 34, traça de forma J.’. e P.’. a correta terminologia que deveria adotar: “Pretendia Salomão ao término da construção, elevar a Mestres os que realmente merecessem.”
Outro absurdo e afronta à lógica numérica é o traçado formulado pela GLUI, através do Tratado de União de 1813, conforme segue; “A antiga pura Maçonaria consiste de três graus e somente três, isto é, Aprendiz, Companheiro e Mestre, incluindo o Sagrado Real Arco...” Para compreendermos o porquê da aberração frente à aritmética devemos recorrer novamente à História observando que o legítimo e irretocável R.Y., praticado na sua totalidade de Graus pela Grande Loja dos Antigos, permaneceu inalterado, graças ao GADU e a fatos Históricos, na antiga colônia da Inglaterra, conhecido como Estados Unidos da América, independente do julgo Inglês em 1776.
Recorro ao pai de todos os Ritos Maçônicos, o Rito de York, devidamente patenteado em 1779 por Tomas Smith Web. “Meu Ir., nessa humilde posição representais nada menos que o nosso antigo GM. operativo H.A., que por sua integridade foi assassinado pouco tempo antes que completasse o Templo. Dizemos que seu corpo foi elevado pelo Tq. Subs. do MM.’., também chamado de GR. do Leão de Judá. Com o mesmo Tq. Elevarei o vosso e, após elevar-vos, comunicarei a Pa. Subs. Do MM.’. pelos 5 PPP.”
“Deus Todo poderoso, nosso Pai Celestial, que Tua sabedoria permitiste que a morte fosse uma experiência inescapável da humanidade, concede-nos que, nessa representação simbólica deste encontro inevitável, não nos lembremos apenas da incerteza e da brevidade da vida, mas também de sua seriedade. Que nossos corações se elevem à esperança maior e à fé mais sólida no Teu cuidado e amor constantes. Que ao cruzar o portal da morte possamos adentrar nas Tuas Moradas Eternas, Teu Sanctum Santorum acabado, onde possamos continuar a Teu serviço e em Tua paz eterna. Amém.”
Que o presente trabalho apresentado nos conduza a busca de mais Luz, fazendo com que abandonemos irracionais pré-conceitos. Que façamos para tal, o uso do esquadro da razão.

Paulo Santos
M.'. I.'. - A.'.R.'.L.'.S.'. Verdadeiros Amigos 3902, Oriente de São Paulo (Brasil)
BIBLIOGRAFIA:
§  Lembranças das elevações ao Gr. de M.M. do REAA. e R.Y., além dos Graus de MEM., e MRA do legítimo R.Y.
§  Crédito e fonte consultada entre as devidas (“ “ ), indicando à quem pertence o Trabalho.


QUE MISTÉRIOS TÊM A MAÇONARIA?


O título deste artigo encerra em si uma dualidade proposital. Por um lado, pode ser tomado como irônico, pois faz uma alusão à forma sensacionalista como a maçonaria repetidamente é tratada por grande parte dos meios de comunicação de massa – como ‘misteriosa’, cheia de segredos e símbolos estranhos. Entretanto, a maçonaria de fato encerra em sua filosofia antigos mistérios, revelados apenas aos seus membros.

Por incrível que pareça, em pleno ano de 2014 muita gente ainda não faz ideia do que é a maçonaria, a despeito das toneladas de informação sobre essa instituição que circulam nas livrarias e, em maior volume ainda, na internet.

Muitos acham que ela é uma sociedade secreta, embora funcione em prédios nas principais avenidas das cidades e tenha personalidade jurídica constituída normalmente, como qualquer outra organização. Outros acreditam em toda aquela bobagem de satanismo, gerada por uma combinação perigosa de falta de informação e intolerância.

A maçonaria segue então com seu estereótipo misterioso para a maioria da população, atmosfera reforçada notadamente pelo caráter privativo de suas reuniões, que acontecem literalmente a portas fechadas.

Mas que mistérios serão esses que a maçonaria supostamente esconde das massas?

Para entendermos melhor, faz-se mister uma compreensão mais profunda da palavra ‘mistérios’. O dicionário Michaelis lista vários significados para este vocábulo. A maioria é relacionada com ’segredo’ ou ‘algo de difícil compreensão’.

Outras conotações surgem dentro do escopo religioso, especialmente o cristão. Mas a mera significação não é suficiente para entender a magnitude do conceito maçônico deste termo. Para isto, vamos pedir ajuda à filosofia, em particular, à filosofia do mundo antigo, que é a origem de muitos dos conceitos usados e estudados na maçonaria até hoje.

No antigo Egito e Grécia, sábios criavam centros de instrução onde candidatos que quisessem participar deveriam provar seu merecimento antes de serem admitidos. Este processo para o acesso chamava-se iniciação, e os centros chamavam-se escolas de mistérios.

O faraó Akhenaton, que iniciou seu reinado no Egito por volta do ano 1.364 a.C., e Pitágoras, filósofo e matemático grego nascido em 570 a.C., foram exemplos de pensadores que fundaram tais escolas. Os ensinamentos eram repassados em um ambiente privativo, longe dos olhos e ouvidos das massas, e versavam sobre ciências (matemática, astronomia, etc.), artes, música e ainda religião e espiritualidade.

O próprio Cristo mantinha um círculo interno de discípulos – os doze apóstolos – a quem ensinava sua doutrina com maior profundidade. Quando falava para as massas, Jesus usava uma linguagem mais simples, em forma de parábolas, para facilitar o entendimento.

Disse Ele: “Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas” (Mateus 7:6), em uma clara referência de que nem tudo é para todos.

Hoje em dia, muitos dos conhecimentos destes antigos grupos continuam sendo ensinados, mas os locais não são mais ocultos. A antiga sabedoria dos iniciados deu origem a muitas das disciplinas comumente ministradas nos colégios e universidades.

Graças às escolas de mistérios, a ciência se desenvolveu mesmo nos períodos mais negros da história, e chegou a um nível de complexidade que, certamente, para os antigos seria visto como, no mínimo, surpreendente – talvez até inimaginável.

Portanto, concluímos que os mistérios mencionados no simbolismo maçônico são um corpo de ensinamentos, repassados aos seus membros de forma tradicionalmente inspirada nos antigos métodos das escolas de mistérios.

É certo que há uma corrente dentro da maçonaria que defende que essas escolas eram, na verdade, a própria maçonaria em sua forma primitiva; entretanto, estas suposições carecem de comprovações históricas e a maioria dos autores modernos tende a concordar que a maçonaria, na verdade, herdou o método antigo, tornando-se depositária de sua sabedoria.

Mas se a explicação da origem desses mistérios é simples assim, por que a maçonaria não permite então que qualquer pessoa adentre seus templos e compartilhe desse conhecimento?

Qual o sentido das portas fechadas, dos rituais e dos símbolos desenhados nas fachadas de seus prédios e vestes de seus membros?

A resposta é, novamente, a tradição. Os maçons formam um grupo muito antigo, cuja origem histórica deu-se em uma época tumultuada e confusa da humanidade – a idade média. Nessa época, as monarquias, geralmente aliadas ao clero, não estavam dispostas a dividir seu poder de influência com mais ninguém.

Assim, a perseguição a grupos considerados subversivos tornou-se uma obsessão, resultando no assassinato de centenas de milhares de pessoas. A chamada ‘caça as bruxas’ era um mecanismo de controle pelo medo, e a religião, através da manipulação dos conceitos das Sagradas Escrituras, exercia um domínio da sociedade extremamente eficaz.

Some-se isso ao fato da maioria do povo não saber ler nem escrever, e pronto: estava formado o panorama perfeito para a instalação de uma tirania.

Os maçons e outros grupos de pensadores, como os rosa-cruzes, tiveram que ocultar seus conhecimentos e manter suas opiniões em segredo – nessa época, as ordens iniciáticas eram mesmo sociedades secretas, cuja sobrevivência dependia do grau de invisibilidade que eram capazes de manter na sociedade dominada pelo poder virtualmente ilimitado dos déspotas políticos e religiosos.

Hoje a maçonaria não tem mais a necessidade de ocultar suas atividades. Aliás, na grande maioria dos países que substituíram os regimes absolutistas pela democracia, os maçons estavam entre as fileiras dos responsáveis por tais mudanças. Acontece que, sendo a ordem maçônica uma instituição que preza muito por sua própria história, mantém ainda sua tradição herdada das escolas de mistérios, onde o candidato a tornar-se maçom e ser recebido em uma loja deve provar ser merecedor de tal aceitação.

Mas iniciação hoje adquiriu um caráter simbólico e já não repete os penosos sacrifícios da antiguidade. Para se ter uma ideia, na já mencionada Escola Pitagórica, o recém-admitido não poderia proferir uma só palavra por cinco anos. Cinco anos no mais absoluto silêncio!

Práticas como essa ficaram para trás, e a ordem nunca esteve tão aberta como atualmente. Praticamente toda loja maçônica conta com uma página na internet, onde divulga textos e fotos de suas atividades. Muitos maçons fazem questão de salientar sua condição, ostentando anéis, pingentes ou broches com emblemas. E aquele que demonstrar interesse em entrar, tem toda a liberdade de conversar com um maçom conhecido e declarar seu propósito de fazer parte da ordem.

É válido ressaltar que, apesar de práticas mais radicais terem sido deixadas de lado, o processo de admissão ainda é bastante rigoroso, pelo simples fato de que, para a maçonaria, o importante não é a quantidade de membros e sim a qualidade destes.

Depois de uma conversa explicativa inicial, sindicâncias e entrevistas são conduzidas por maçons experientes, no intuito de avaliar o grau de interesse verdadeiro, bem como as qualidades de um ‘homem livre e de bons costumes’, além da crença em um Ser Supremo – prerrogativa obrigatória para a concretização da afiliação.

Tendo desenvolvido uma filosofia e método próprios de instrução ao longo dos anos, a maçonaria tem mantido seu caráter simbólico e iniciático através dos séculos. A beleza de ensinar e aprender através de alegorias é algo que, atualmente, só pode ser vivenciado no interior de uma loja maçônica.

A história da ordem e sua sabedoria está encerrada em seus rituais e suas lendas, que são passadas de maçom para maçom, da maneira antiga – por via oral. No interior de templos ornados com símbolos arcanos, homens que se tratam uns aos outros como irmãos buscam lapidar seus espíritos.

Os pedreiros de hoje erguem edifícios simbólicos, cujos tijolos são as virtudes humanas, solidificadas em nossas atitudes diárias com a argamassa do estudo diligente e da perseverança no trabalho.

Muita coisa já foi desvelada, em livros e revistas abertos ao público, até mesmo propositalmente, para permitir que o preconceito dê lugar à compreensão nas mentes das pessoas. Mesmo o interior dos templos pode ser visitado com certa frequência por não membros nas sessões públicas.

Mas ainda há verdades ocultas para serem vislumbradas. Porém, ao contrário do que o senso comum imagina, elas não estão escondidas por códigos, escritas em livros ou desenhadas em símbolos; a descoberta do verdadeiro segredo da maçonaria acontece mesmo é no silêncio do coração de cada maçom, de acordo com sua própria evolução mental e espiritual, com desdobramentos que influenciam sua vida e as vidas das pessoas que o cercam – e isso é, verdadeiramente, o grande mistério da ordem.

Texto: Ir.´. Eduardo Neves MM
Fonte: Adap.Vivência Maçônica 16 


O LIMPO E PURO SE TORNA JUSTO E PERFEITO


Bondosos Irmãos me aconselharam a não pretender consertar o mundo.
Agradeço o conselho, pois sei que eles desejam o meu bem e prezam pela minha saúde. No fundo, eles sabem que muita coisa tem que ser consertada. Todos eles, cada um à sua maneira, estão trabalhando duro para consertar este que é o melhor dos mundos.

Se desistíssemos de consertar o mundo não haveria necessidade da Maçonaria: poderíamos fechar nossas portas e irmos fazer o que boa parte dos profanos de avental anda fazendo: nada. Dizem que o progresso é lento, não há o que apressar; mas eu penso que temos que começar em algum momento - já deveríamos ter começado - não importa se vamos presenciar o mundo ideal.

Quando plantamos uma árvore, não temos de pensar se vamos nos sentar à sua sombra; alguém no futuro irá colher esse benefício. Este é o sentido da vida. Dito isso, vamos em frente com esquadros, compassos, alavancas, níveis, prumos e trolhas, maço, cinzel e espadas para consertar o mundo: bastam uns ajustes aqui e ali. Quanto ao bem da Ordem em geral, e das Lojas em particular, faríamos bem se começássemos pelo início: as sindicâncias.

Todos os dias vejo novos artigos na internet sobre as sindicâncias, sinal que o assunto preocupa muita gente e nada tem sido feito, em termos de instrução, legislação e regulamentos, para melhorá-las.

Começo minha dissertação pela certeza de que as Lojas não são "hospitais", nem reformatórios morais, apesar de o nome "oficina" sugerir uma lanternagem completa ou retífica de motor em seres humanos completamente enguiçados.

A Maçonaria não existe para consertar ninguém, e sim para aperfeiçoar o que já é bom.

Um candidato deve ser limpo e puro, isto é - isento de qualquer sujidade, impureza ou mancha; deve ser livre de culpa, um homem correto, apurado e não nocivo ao meio social. Puro quer dizer claro, transparente como o cristal sem mancha ou nódoa; imaculado, virtuoso e reto.

Ao se expressar em palavras, o candidato ideal deve dizer o que pensa e sente com sinceridade e franqueza. Apalavra candidato vem de "cândido", algo de grande alvura, muito branco e puro.

Ouvi dizer que na remota antiguidade os candidatos às iniciações compareciam vestidos de branco. Hoje, do jeito que são feitas, nossas sindicâncias avaliam tudo isso? Claro que não! Para começo de conversa, o papel aceita tudo: - Crê em Deus? - Sim. - Crê na preexistência e imortalidade da alma? - Sim (com essas duas respostas, resumidas em três letrinhas, pretende-se avaliar os questionamentos mais relevantes da humanidade e dos quais se ocuparam todos os filósofos durante mais de trinta séculos!) - Faz uso de bebidas alcoólicas? - Socialmente (e eu me pergunto o que é ingerir de álcool socialmente...) costumeiras entrevistas não dizem nada sobre a natureza íntima do candidato; podem, no máximo, atestar suas habilidades, seu modo de falar, o nível social em que vive e os bens que possui. Mas não revelam suas predisposições e seu verdadeiro caráter.

Percebem como é difícil sondar o coração e a mente de quem se diz limpo e puro? Indicar alguém "para a Maçonaria" é mais do que selecioná-lo num grupo de amigos; poderá ser alguém da melhor reputação, de refinada instrução e cultura, ostentar vida familiar exemplar, ter sucesso na profissão e nos negócios, mas... não possuir o PERFIL de maçom.

Como avaliar o perfil do candidato? - Isso só pode ser garantido pelo maçom que o está indicando - o "padrinho"; ele é a testemunha e avalista do conjunto de traços psicológicos que tornam o candidato apto para assumir as responsabilidades de homem livre em Loja.

Partem de quem apresenta um candidato às informações mais concisas, pois há de se supor que o padrinho conheça o candidato de longa data e intimamente. E mais: a Loja deverá estar certa de que o tal "padrinho" tem sido excelente maçom e obreiro dedicado.

De outra forma, sendo ele um maçom descompromissado, haverá de indicar um sujeito que se lhe assemelhe normalmente um bom piadista, excelente churrasqueiro, mestre cervejeiro, e só. Disso já estamos bem servidos.

Uma vez sindicado e aprovado pela Loja, com base no que está escrito e no julgamento subjetivo dos três sindicantes, marca-se a data da Iniciação.

O candidato bate à porta do Templo sendo declarado livre e de bons costumes. Daí em diante toca-se o ritual em frente com os mesmo erros e gaguejos de sempre, pois todas as atenções estão voltadas para os maçantes discursos no final e para o ágape no salão de festas.

Por estas e outras razões, quando ouço anunciarem que alguém foi indicado "para a Maçonaria", eu tremo... e costumo assistir com certa apreensão à cerimônia de Iniciação, pois não se pode dizer com certeza o que virá dali.

Tanta pureza e tanta inocência deveriam também ser levadas em consideração na escolha de nossos representantes no mundo político. A consciência de cada cidadão faz a sindicância durante a campanha eleitoral.

Em seguida vem o escrutínio secreto nas urnas. Apurados os votos e consagrado o homem público na cerimônia de posse, todos correm para tirar fotos com ele. Porém, muito cuidado: quem hoje posa do nosso lado em fotografias poderá amanhã estar posando para fotos de frente e de perfil, com ficha numerada e uniforme listrado, numa delegacia da polícia federal... Acontece a mesma coisa com o candidato que trazemos ao Portal do Templo Maçônico.

Só depois de muita convivência é que teremos alguma certeza de seu verdadeiro perfil. Não me censurem por dizer isso, pois os maiores problemas vividos pela Maçonaria foram e são causados por maçons regularmente indicados, passaram por sindicâncias, foram escrutinados e iniciados em Loja justa, perfeita e regular.

Eu poderia citar uma centena de casos locais, mas prefiro me ater ao escândalo internacional entre os anos 1966 e 1974, provocado pela Loja italiana "Propaganda Due" (Propaganda Dois ou P2) que foi declarada ilegal e expulsa do Grande Oriente da Itália por acusações de participação em negócios fraudulentos e envolvimento com a Opus Dei, membros remanescentes do nazismo, gente da máfia, conspirações neofascistas, o Banco do Vaticano e mortes misteriosas de autoridades e políticos italianos.

Prefiro não entrar em detalhes; esse assunto é altamente explosivo e polêmico. O que eu quero demonstrar é o caminho que certos "iniciados" podem vir a tomar, como no caso do Venerável Mestre daquela Loja "Propaganda Due", o empresário Licio Gelli, condenado a 18 anos de prisão em 1992, pela falência fraudulenta no caso do Banco Ambrosiano, e em 1994 por calúnia, delitos financeiros e por deter documentos secretos. Permaneceu em prisão domiciliar, e morreu em dezembro do ano passado em sua “villa” na Toscana.

Quem quiser se aprofundar no assunto, basta perguntar ao professor Google, ou ler o livro "Em Nome de Deus" do jornalista britânico David Yallop que investigou a morte do papa João Paulo I (Albino Luciani) em 1978.

Teoria da conspiração? fantasia? sensacionalismo? Vocês decidem (mas não confundam o título com outro livro, de Karen Armstrong, que trata do fundamentalismo religioso). E se não quiserem ter muitos pesadelos, leiam o último livro de Umberto Eco, "Número Zero", que mais verdades do que ficção.

Para os preguiçosos, que não leem de jeito nenhum, há os documentários no History Channel que podem ser visualizados no youtube: www.youtube.com/watch?v=QPjRBVtMJ88

O processo iniciático caracteriza-se pela passagem do homem livre e de bons costumes para Homem Justo e Perfeito (releiam esta frase e reflitam sobre seu significado... se julgarem conveniente e possível levem essa reflexão para as Lojas).

Neste mundo, dominado pelo materialismo, já é difícil encontrarmos um homem bom e justo, vocês sabem disso; mas certificar-se de que ele é limpo, puro, livre e de bons costumes é dificílimo. Diz à história que Diógenes, filósofo grego que viveu por volta de 300 antes de Cristo, perambulava pelas ruas com uma lamparina acesa, em plena luz do dia.

Perguntado por que, ele dizia que procurava por homens verdadeiramente livres, autossuficientes e virtuosos. Diógenes vivia seminu dentro de um barril e cercado pelos cães.

Desprezava a opinião comum e afirmava que a humanidade vivia de maneira hipócrita. Aconselhava a seus contemporâneos que observassem o comportamento dos cães para maior proveito nas relações pessoais e na política.

Na época dele talvez não existissem Lojas como as de hoje; mas se existissem ele seria o melhor dos sindicantes. Dizem que Alexandre, o Grande, sabendo das buscas que ele empreendia, foi procurá-lo para ser seu discípulo.

Encontrou Diógenes deitado no chão ao lado do barril, tomando um banho de sol. Impressionado, Alexandre disse: - Já conquistei todas as terras do mundo, mas desejo maiores conhecimentos. Peça-me o que quiser e eu lhe darei - honrarias, escravos e tesouros. Mas antes, como posso também ajudá-lo a sair dessa miséria?”Diógenes abriu preguiçosamente os olhos e respondeu:

- “Por favor, simplesmente afaste-se um pouco para a direita, pois está tapando a luz do sol”. Alexandre retirou-se, pois ele era apenas "o Grande", sem ser Justo e Perfeito. Quanto a Diógenes, por ser um livre pensador e não bajular os chefes, foi preso e vendido como escravo.


O Irmão José Maurício Guimarães é Venerável Mestre e fundador da Loja Maçônica de Pesquisas “Quatuor Corona, Pedro Campos de Miranda”, jurisdicionada à Grande Loja Maçônica de Minas Gerais. 

RELACIONAMENTO FRATERNO – PERDÃO - RETIDÃO - INVEJA


Uma simples desatenção de nossa parte em relação a outrem - mesmo que não intencional – pode, às vezes, gerar um desafeto. De modo geral, os nossos inimigos são pessoas que prejudicamos deliberadamente ou ainda cujos interesses contrariamos através de nossa conduta.

Os inimigos nem sempre são claramente identificáveis. Perdão - Perdoar aos que nos inspiram indiferença, ódio e desprezo, não nos querem bem; aos que nos ferem; aos que nos causam mal, que nos ultrajam e nos perseguem é tarefa espinhosa; mas, é precisamente isso que nos torna superiores a eles; se nós os odiarmos como nos odeiam, não valeremos mais do que eles.  
             
No evangelho de Mateus, Jesus inicia uma sessão de ensinamentos com a seguinte frase: “Se o seu irmão pecar contra você (...)”. Diante do que é colocado, Pedro levanta uma palpitante questão: “Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim?” O Mestre dos Mestres responde de forma enigmática, dizendo que não deveria fazê-lo somente sete vezes, mas sim, “setenta vezes sete” (Mateus 18.21-22). 

É interessante que a primeira preocupação que nos ocorre ao lermos este trecho é qual seria o significado da frase ”setenta vezes sete”.

Isso muitas vezes desvia a nossa atenção de alguns outros elementos bem mais importantes no texto. Um deles é o fato que este conjunto de ensinamentos trata dos desencontros entre “Irmãos”.
                                                                 

No entanto, se ambicionamos crescer espiritualmente, não há outro jeito. Devemos ter em mente que não é um feito impossível, basicamente, compete-nos começar por honrar e venerar o G.’.A.’.D.’.U.’. , confiando na Sua Justiça; melhorar o nosso procedimento, praticando o bem de todas as formas ao nosso alcance. Perdoar aos que nos tenham ofendido, pois aquele que se recusa a perdoar, não somente não é maçom, como não é nem mesmo cristão.

Orar pelos que nos vêem como inimigos. O sacrifício que nos obriga a amar aqueles que nos ultrajam e nos perseguem é penoso; mas, é precisamente isso que nos torna superiores a eles; se nós os odiarmos como nos odeiam, não valeremos mais do que eles.

Não se odeia quando se preza, odeia-se apenas aquele que está à nossa altura ou superior a nós. Perdoar é experimentar um pouco de Deus. Deus conhece os nossos méritos e sabe medir nossos esforços e apenas Dele devemos esperar a recompensa pelas nossas ações.

Que o Grande Arquiteto do Universo permita-nos, ao recebermos palavras duras e malévolas, um insulto, injúria ou injustiça, que voltemos os olhos para Ele e jamais que o nosso braço se levante contra um Irmão para vingar o agravo.                                                             

É admirável como a Sabedoria Divina transforma o ódio em pura afetividade, unindo os maiores desafetos em laços de genuína fraternidade através do trabalho regenerador e do perdão. Somos protagonistas de grandes erros e enormes males.

Admiramo-nos como podemos transportar conosco os rancores por tempo indeterminado, protelando soluções definitivas; como o ódio é força perniciosa que se volta sempre sobre quem o alimenta, lesando-o de forma muito mais grave do que o alvo de nossas intenções, devemos repudiá-lo até mesmo por “malandragem” sabedoria.

Assim, ao confiarmos na justiça de Deus, cedo ou tarde vamos encontrar a oportunidade para reparação do mal que causamos. O Grande Arquiteto do Universo, em sua magnanimidade, reúne os desafetos sob adequadas condições para que o amor sublimado prevaleça, apagando todos os vestígios de raiva, ódio e ressentimentos.

Em contrapartida, se nos pautamos pelo bem, mostramos aos nossos inimigos e desafetos que estamos nos transformando

Por outro lado, é notório que não conseguimos atrair simpatia para a nossa pessoa em todos os círculos. No presente estágio em que a humanidade terrena se encontra, é impossível agradar a todos os que nos cercam.

Como também é fato que nem todos com os quais convivemos nos agradam ou se afinam conosco. No entanto, temos que contribuir com o melhor das nossas possibilidades para o equilíbrio da existência comum, e cumprimento de um juramento solene. Retidão - O maçom tem por obrigação demonstrar que é possuidor da virtude da Retidão necessária para quem deseja vencer na ciência e na virtude. 

Retidão significa que as ações dos maçons devem ser retilíneas, sem contornos, subterfúgios e desvios.

O comportamento social e ético, esotérico e espiritual, deve para o maçom ser “transparente”. Simbolicamente, o maçom “transita” a sua jornada sobre a Régua das Vinte e Quatro Polegadas, significando que durante todo o dia deve manter-se correto.

A sinceridade, a coragem e a perseverança, deverão ser companheiros inseparáveis do maçom. Cremos que algumas medidas nos parecem indispensáveis para evitarmos granjear desafetos gratuitos. São reflexões que nos conduzem a conclusões relevantes e nos fazem calar todo impulso de crueldade que ainda teima em dirigir-nos os atos e habitar-nos as intenções. Entre elas sempre:

- honrarmos e venerarmos o Grande Arquiteto do Universo; 
- tratarmos todos os homens, sem distinção de classe e de raça, como nossos iguais e irmãos;
- praticarmos a Justiça recíproca, como verdadeira salvaguarda dos direitos e dos interesses de   todos. Agindo com justiça e com compaixão estaremos certos em todas as circunstâncias;
- tratarmos a todos que nos procuram com respeito e consideração;
- irmos ao encontro dos deserdados da fortuna e dos aflitos, praticarmos a Caridade e a Beneficência de modo sigiloso, sem humilhar o necessitado, incentivando o Solidarismo, o Mutualismo, o Cooperativismo e outros meios de Ação Social;
- ampliarmos a nossa disposição de ouvir o que os outros têm a nos dizer;
- não ofendermos e muito menos humilharmos a quem quer que seja;
- combatermos a ambição, o orgulho, o erro e os preconceitos, que acarretam o obscurantismo; 
- lutarmos contra a ignorância, a mentira, o fanatismo e a superstição; 
- dilatarmos a nossa capacidade de Paciência e Tolerância, que deixa a cada um o direito de seguir sua religião e suas opiniões, pois que cada um está situado num degrau de evolução;
- demonstrarmos empatia pelas necessidades dos outros; e, se necessário, extirparmos o mal que se aninha, mas sem abdicarmos da generosidade;
- por fim, se possível, tentemos – ou pelo menos facilitemos - a reconciliação com o inimigo. Se não for possível um entendimento, deixemos ao desafeto o ônus do fracasso. 

Por outro lado, não convém abrigarmos dentro de nós sentimentos de inimizade contra quem quer que seja.

Compartilhar espaços com quem nos prejudicou ou tenta nos prejudicar, reiteramos, não é tarefa fácil. Todavia, não devem partir de nós atitudes inamistosas, sobretudo em Loja. Inveja – A inveja não é propriamente um vício ou ato de maldade; ele pode surgir e desaparecer em uma fração de segundo.

É a reação inesperada que alguém possa ter ao presenciar que um conhecido seu, ou próprio irmão, receba um favor ou um destaque. Obviamente, essa atitude é maléfica ao próprio agente, que carreia para dentro de si uma porção de “veneno”. A inveja, por sua vez, como excrescência da alma humana, constitui um eficiente modo de construção de inimigos.

Corroído pelo importuno sentimento, seu infeliz portador só vê demérito onde há mérito. Normalmente, o indivíduo invejoso se sente incomodado com as conquistas, capacidades e recursos alheios, entre outras coisas.
   
Infelizmente, as inimizades – sejam elas motivadas pela inveja ou não – estão presentes em todos os agrupamentos humanos. As organizações humanas são terreno fértil para inimizades e inveja, inclusive nas Lojas maçônicas.

Dentro da Maçonaria, constatamos, infelizmente, a presença de invejosos, que sofrem quando alguém é eleito para cargo elevado, ou quando um autor do meio lança uma nova obra, ou quando um irmão recebe uma condecoração, ou até mesmo um simples elogio.

Irmãos sentem inveja da amizade, do relacionamento, da capacidade intelectual, da oratória, da posição social conquistada por outro e assim por diante. Sendo a inveja uma reação negativa, ela deve ser eliminada prontamente; os atos de desamor ferem a quem não ama; a inveja vem sempre acompanhada por outro sentimento menor, como a cobiça, e tudo que é negativo, a Maçonaria a repele e evita.
               
A reação contra o “pensamento invejoso” é o aplauso imediato e o rejúbilo com o qual foi agraciado por algo que aspiraríamos para nós. Essa atitude negativa não ocorre apenas dentro das Lojas maçônicas, mas também no mundo profano. Concluindo - Devemos ler, reler e meditar sobre a 4ª Instrução. Ela realça nossos possíveis erros e defeitos mostrando como repará-los.

Todos nós devemos colher os frutos de seus ensinamentos, oportunidade de amizade saudável e relacionamento fraterno. Aquilo que for semeado será colhido, semeai a boa semente que seus frutos serão bons!

BIBLIOGRAFIA
Klebber S Nascimento
ARLS Cavaleiros do Templo nº 26
BIBLIOGRAFIA


A FLOR DA VIDA E A GEOMETRIA SAGRADA


Em todo o mundo há inúmeras construções de caráter religioso que foram elaboradas segundo os princípios da geometria sagrada. São igrejas, templos, monumentos, altares e jardins destinados a transmitir de maneira visual ensinamentos de natureza superior, já que tiveram sua constituição determinada por formas e proporções geométricas dotadas de especial significado místico.

Ao longo da história espiritual da humanidade, números e formas geométricas sempre foram considerados entidades especiais dotadas de um poder de criação e sustentação da vida. Enquanto os números são mais abstratos e conceituais, as figuras geométricas carregam maior apelo emocional, já que podem ser vistas e usadas para a construção de objetos no mundo físico.

Uma das formas geométricas mais interessantes, mais antigas e que atualmente é muito usada em práticas místicas e para facilitar a transmissão de ensinamentos de certos movimentos espiritualistas é a chamada Flor da Vida.

Este é o nome moderno dado à uma figura geométrica composta de vários círculos de igual diâmetro, sobrepostos de maneira padronizada, formando uma estrutura semelhante à uma flor composta, em seu núcleo, por seis pétalas simétricas.

Numa cadeia infinita de círculos que formam uma teia harmoniosa dentro da qual emergem figuras geométricas sagradas para muitas tradições espirituais antigas, o centro de cada círculo está posicionado exatamente sobre a circunferência dos seis círculos que o cercam.

Muitos consideram a Flor da Vida como um dos mais importantes símbolos da geometria sagrada, pois dentro dela estariam codificadas as formas fundamentais que constituem aquilo que conhecemos como tempo e espaço. Estas formas seriam as estruturas conhecidas como a Semente da Vida, o Ovo da Vida, o Fruto da Vida e a Árvore da Vida.

Portanto, ela contém em si mesma as diversas etapas do desenvolvimento da vida, desde o surgimento com a Semente, sua expansão através do Ovo, sua proteção através do Fruto, a manifestação de sua beleza através da Flor e sua expressão final na Árvore, de onde nascerão as novas sementes, retomando assim o ciclo natural de expansão da natureza.

A vida tem sua origem nas águas e toda a vida na Terra requer a presença deste elemento para a sua manutenção. Ao contemplarmos a forma da Flor da Vida, com seus raios que partem do centro formando um hexágono, encontramos outro aspecto simbólico que reforça a mensagem transmitida por esta figura geométrica, pois sua forma básica é igual ao modelo estrutural do floco de neve, a água cristalizada.

Por este motivo a Flor da Vida é reverenciada desde tempos imemoriais, tendo servido como elemento de construção simbólica para muitas culturas antigas e alguns dos mais ilustres sábios da humanidade. Com muito pouca pesquisa é possível encontrar a Flor da Vida em muitos templos, obras de arte e manuscritos de culturas antigas espalhados por diversas partes do mundo.

Ela está espalhada por Israel, no interior das antigas sinagogas da Galileia e de Massada, e na região do Monte Sinai. Foram encontradas em mesquitas no Oriente Médio, em antigos sítios arqueológicos romanos localizados na Turquia, bem como no Marrocos e em obras de arte italianas datadas do século XIII.

Muitos templos japoneses e chineses, além da própria Cidade Proibida, ostentam diversos exemplares da Flor da Vida. Na Índia, ela pode ser vista no Harimandir Sahib, o Templo Dourado, e nos templos localizados nas Grutas de Ajanta. Ela também foi encontrada na Bulgária, na Hungria e na Áustria, assim como no México e no Peru.

Por muito tempo se pensou que a representação mais antiga da Flor da Vida havia sido gravada nas paredes do Templo de Abidos, no Egito, um lugar sagrado dedicado à Osíris, divindade crística que representa os ciclos de vida, morte e ressurreição. Contudo, o exemplar mais antigo estava num dos palácios do rei assírio Assurbanípal, e hoje pode ser encontrado no Museu do Louvre, em Paris.

Mesmo assim muitos autores afirmam que os desenhos da Flor da Vida no interior do Templo de Abidos possuem entre 6000 e 12000 anos de idade. Existem cinco Flores da Vida desenhadas em cada uma das duas colunas que sustentam o Templo de Osíris, todas desenhadas de forma muito precisa, mas não gravadas na pedra, e tão apagadas que quase não se pode notar sua presença.

Em regiões como a Polônia e outras culturas influenciadas pelos eslavos era costume esculpir a Flor da Vida em diversos tipos de arte feita com cerâmica. Além disso, foram encontradas muitas representações esculpidas nos caibros de madeira que serviam de sustentação para os telhados das casas destes povos, como uma forma de proteção contra relâmpagos.

Um dos maiores gênios da humanidade, o renascentista italiano Leonardo da Vinci realizou estudos a respeito da Flor da Vida e de suas propriedades matemáticas. Através da Flor da Vida, Leonardo desenhou de próprio punho diverso de seus componentes geométricos, como é o caso dos cinco sólidos platônicos e da Semente da Vida.

Assim como toda flor, a Flor da Vida nasce de uma semente, que neste caso é a Semente da Vida, uma figura geométrica formada por sete círculos dispostos segundo uma simetria hexagonal, formando um padrão composto por círculos e lentes, e que serve como componente básico estrutural da Flor da Vida.

Segundo algumas tradições judaicas e cristãs, os estágios de construção da Semente da Vida correspondem aos seis dias da Criação descritos no livro do Gênesis. E logo nas primeiras etapas desta construção podem ser encontrados outros dois símbolos religiosos antigos, que são a Vesica Piscis, símbolo do eterno feminino, e os Anéis Borromeanos, correspondentes à trindade divina.

Acrescentando seis círculos à estrutura básica da Semente da Vida, temos a forma mais elementar da Flor da Vida. Esta, por sua vez, pode ser convertida no Ovo da Vida, um símbolo composto por sete círculos tomados do desenho da Flor. O formato do Ovo da Vida é semelhante ao formato do embrião nas primeiras horas de sua criação.

Por sua vez, o Ovo da Vida é o fundamento para a formação de diversas outras figuras geométricas. Uma delas é o Cubo, um dos cinco sólidos platônicos, e outra é o Tetraedro, outro sólido platônico, um pouco mais complexo que o Cubo. De extrema importância para a mística judaica é a Estrela de Davi, outro símbolo que pode ser extraído do Ovo da Vida.

Ampliando um pouco mais o Ovo da Vida podemos extrair o Fruto da Vida, que é formado por treze círculos tomados da Flor da Vida. Muitos consideram o Fruto da Vida como a própria planta arquitetônica do universo, pois conteria os fundamentos para a estrutura de todo átomo, de toda molécula e de toda forma de vida existente.

O Fruto da Vida contém a base geométrica do Cubo de Metatron, desde o qual é possível extrair os cinco sólidos platônicos. Se o centro de cada círculo for considerado um nó, e cada nó for conectado ao outro por uma linha, haverá um total de 78 linhas formando uma espécie de cubo, que é o próprio Cubo de Metatron.

Seguindo o desenvolvimento natural da Semente, da Flor e do Fruto da Vida, encontramos a Árvore da Vida, um conceito presente em várias teologias e filosofias herméticas, e uma metáfora muito importante para o conjunto de ensinamentos místicos de origem judaica, conhecido como Cabala.

A ideia cabalista da Árvore da Vida é usada para compreender a natureza de Deus e a forma como ele emana seus atributos de forma a constituir todo o universo. Ela pode ser entendida como um mapa da Criação e das energias presentes nos seres humanos, e corresponde tanto biblicamente como esotericamente à Árvore da Vida mencionada no livro do Gênesis.

Na busca pela compreensão de natureza mística da origem da vida, todos estes elementos geométricos derivados da Flor da Vida podem servir como instrumento fundamental e completo. Ela pode servir como amparo didático para o entendimento do esoterismo dos números, do fluxo de desenvolvimento da energia divina através do macrocosmo e do microcosmo, bem como uma mandala através da qual certos estados míticos elevados podem ser alcançados.

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