Assim não profanarão as coisas santas dos filhos de
Israel, que oferecem ao Senhor!
Levítico 22:15
Após alguém ser convidado para
ingressar na Maçonaria, ao se referir a ele, diz-se que é um candidato ou
aspirante a tornar-se Maçom. Entretanto, não raro os adjetivos passam a
ser outros.
Quando
Lojas despacham convites para uma Sessão Magna de Iniciação, geralmente
informam a Iniciação do "Profano" e não, como deveria ser
"Candidato".
Em
sessões Maçônicas costuma-se dizer, quando um Irmão justifica a ausência de outro
Irmão, que "fulano está ausente por motivos profanos".
Apesar de todos os presentes entenderem a mensagem, que o motivo pode ser
profissional ou social, fica para alguns, que o ausente estaria cometendo algo
condenável. Profano...
Não
obstante, a utilização desse adjetivo não está somente nos convites ou nas
expressões para justificar ausência. A própria cerimônia utiliza da
palavra o tempo todo.
A
Iniciação, para ingresso na Maçonaria, é o ato ou sequência de atos de natureza
litúrgica, esotérica e simbólica, pelos quais se aceita um novo adepto e se
transmite a ele a filosofia e a doutrina da Sublime Ordem. É um ato ativo
de ambas as partes: o primeiro inicia e o segundo se esforça para ser
iniciado. A Iniciação comporta uma morte e uma ressurreição ritualísticas.
O neófito é, simbolicamente, "morto", e, ao fim da cerimônia, é
considerado um homem novo.
SIC TRANSIT GLORIA MUNDI! - Renasceu!
A
Iniciação equivale ao amadurecimento espiritual.
No
Ritual de Aprendiz, uma explicação antes do texto da cerimônia de Iniciação, no
item INICIAÇÃO, a referência é mesmo "candidato". Mas, no item DA
PREPARAÇÃO DO CANDIDATO, a explicação inicia assim:
"O
profano deve ser conduzido à Loja por seu padrinho..."
Já
no item CÂMARA DE REFLEXÃO o candidato recebe o nome de Recipiendário (Que
alguns dicionários dão como "aquele que é recebido em uma
academia, em uma corporação de letrados, de sábios.")
No
Ritual da cerimônia de Iniciação, propriamente dito, esporadicamente se fala
"candidato", sempre se menciona "Profano".
No
início da cerimônia, quando o Irmão Experto retorna da Câmara de Reflexão com a
espada em punho, tendo na ponta espetado o testamento, ele diz:
"Venerável
Mestre, o Profano cumpriu sua primeira obrigação!"
O
Orador lê o documento e o Venerável Mestre pergunta:
"Meus
Irmãos, estais satisfeitos com as respostas do Profano?"
(Observe-se
que a palavra Profano é sempre grafada com a primeira letra em maiúscula!)
Durante
toda a cerimônia, o candidato é referido como profano.
Nos
dicionários, profano é tudo que transgride as regras sagradas, o que torna
contrário ao respeito devido às coisas divinas. Gramaticalmente, profano
é adjetivo que qualifica o que é estranho à religião. O adjetivo profano
vem do latimprofanus: pro (=ante) + fanum (templo). Aquelas
pessoas que estavam dentro do templo eram consideradas sagradas ou
religiosas; as que ficavam fora ou na frente do templo eram as não
religiosas, ou profanas.
Na
Bíblia Sagrada, a palavra profano aparece em diversos capítulos. Por
exemplo, no livro do profeta Ezequiel, capítulo 44, versículo 23, reza:
"E
a meu povo ensinarão a distinguir entre o santo e o profano, e o farão
discernir entre o impuro e o puro!"
Acontece
que a Maçonaria não é religião!
Se
a Maçonaria não é religião não caberia, portanto, o adjetivo Profano para o
candidato ingressar na Sublime Ordem!
Os
mesmos dicionários dão como antônimo de profano as palavras "divino"
e "santo", dentre outras, o quê nos direciona, também, à religião.
Qual
seria a reação de um homem, ao ser convidado para ingressar na Maçonaria, dizer
a ele que é um profano? Inaceitável admitir tratar-se de uma gramática
própria como na política, no cinema, na produção de automóveis e na sociedade.
Compreende-se
que esse raciocínio, para os não iniciados serem tratados de profanos, não tem
essa designação porque os Maçons seriam preconceituosos ou desrespeitosos para
quem não pertence à Sublime Ordem, mas sim por serem estranhos e alheios aos
conhecimentos dos assuntos ligados à Maçonaria.
Ao
analisarmos bem, seria um paradoxo trazer um profano de verdade para um
ambiente de moral Maçônica, que é o maior escopo da Instituição. E, nesse
contexto, há de se convir, jamais um Maçom convidaria alguém para ingressar na Ordem
sabendo-se que seria uma pessoa profana, na melhor acepção da palavra e por
mais tênues quem fossem os sinais.
Como
substituir a palavra "Profano" se os seus sinônimos são
"sacrílego", Ímpio", "Irreverente",
"Irreligioso", "libertino", todos eles se referindo
transgredir, violar, infringir uma regra sagrada??!...
Aí
é que está o busílis!...
Obras consultadas:
Eliade, Mircea
- O Sagrado e o Profano
Huxley, Francis -
O Sagrado e o Profano
Pacheco, jr,
Walter - Entre o Esquadro e o Compasso
Siqueira, Francisco Mello -
Jesus e a Moral Maçônica
Ritual de Aprendiz -
GLESP
Bíblia Sagrada
E. Figueiredo – é jornalista – Mtb 34 947 e pertence ao CERAT – Clube Epistolar Real Arco do Templo/Integra o GEIA – Grupo
de Estudos Iniciáticos Athenas/Membro do GEMVI – Grupo de Estudos
Maçônicos Verdadeiros Irmãos/Obreiro da ARLS Verdadeiros Irmãos – 669 –
(GLESP)