O NÚMERO TRÊS, COINCIDÊNCIAS OU SIMBOLISMO?


Meus Irmãos, nesta minha ainda tão curta vida de aprendizado em maçonaria, e apesar da valorosa presença e disposição incondicional dos meus irmãos a me explicarem quando solicitados sobre meus questionamentos de recém-maçom, apesar dos fraternos ensinamentos que oportunamente vivenciei nas reuniões que tive a graça de participar, confesso que ainda estou perplexo com a tão vasta simbologia da ordem.

Essa presente nos paramentos, nos adornos do templo, na ritualística e por que não dizer no convívio entre os irmãos. Então gostaria compartilhar com os Irmãos que talvez instigado pelo hábito do meu ofício quando na vida profana, percebo a incessante presença do número três nos adornos e na ritualística do meu grau de aprendiz maçom.
Ora,
  • São 3 os princípios (Liberdade, Igualdade e Fraternidade),
  • 3 batidas de malhete,
  • 3 é a idade do aprendiz maçom,
  • 3 vezes pela aclamação,
  • 3 vezes pela bateria,
  • são 3 as joias móveis,
  • 3 também são as Luzes de loja,
  • 3 são os degraus do Oriente,
  • 3 são os pontos na assinatura de um maçom representando três qualidades a serem cultivadas,
  • 3 também são os lados do Delta Sagrado,
  • 3 são os passos da macha do aprendiz,
  • Naquele dia sublime de iniciação, fiz 3 viagens,
  • Naquele mesmo dia aconteceram 3 purificações (Ar, Água, e fogo),
  • Três são os deveres do aprendiz maçom (pg. 118 do ritual de aprendiz),
  • Se dividirmos o comprimento do templo em três partes, uma delas será o Oriente e as outras duas formarão o ocidente e no centro deste, está o altar dos juramentos,
  • Três são os elementos presentes no altar dos juramentos (Livro da Lei, O esquadro e o compasso),
  • 3 são os malhetes existentes em loja,
  • 3 são os toques na falange,
  • Numa loja, 3 a governa,
  • 3 são os graus da loja simbólica (Aprendiz, Companheiro e mestre),
  • São 3 os bastões (1º Diácono, 2º Diácono e Mestre de Cerimônias) que se unem para a abertura do Livro da Lei.
  • São necessários pelo menos 3 mestres maçons para a abertura dos trabalhos em loja,
  • No Oriente, estão 3 símbolos (Sol, Olho e a Lua),
  • 3 são as colunas (Jônica, Dórica e Coríntia),
  • Na divisória que existe entre o Oriente e Ocidente, existem 3 colunas de cada lado,
  • 3 estrelas formam a constelação de Órion,
  • 3 são os pontos que coloco em minha assinatura,
  • Reconhecemos um Irmão maçom de três formas (Palavras, sinais e toques),
  • Por 3 vezes: Saúde, Sabedoria e Segurança na cadeia de união.
Então meu Irmão imagina que não seja coincidência a tão forte presença deste número três. Daí, buscamos investigar como esse número se comporta e qual seu significado em outras ciências, rituais e no mundo profano.

Na Matemática
  • O três é o Primeiro numero impar e primo;
  • É o único numero que é igual à soma dos seus antecessores;
  • Do ponto de vista geométrico é o primeiro número existente, pois se necessitam de pelo menos três pontos para formar o triângulo, que é a primeira figura geométrica;
  • Para Pitágoras o três era um número puro e significa liderança, força e ambição, também transmite confiança no amor e na vida, além de ser tido como a causa de toda a matéria, pois toda ela possui três dimensões.
 Para os Povos
No Egito, na Índia e em Israel esse número foi considerado como um número sagrado. Para os religiosos hindus, o número três representa a trindade de Brahma, Vishnú e Shiva. 

Para os hebreus o número três era chamado Ghimel, que é aproximadamente a nossa G e é tido como um número neutro.

Para os gregos, o três é o Gamma (Terceira letra de seu alfabeto), é também o número de sorte para os nascidos sob o signo do zodíaco de virgem e também para eles, o três, representa a origem do conhecimento.

Nos primórdios, o reino do Egito estava dividido em três partes: 1) o Alto Egito; 2) o Egito Médio; 3) Baixo Egito e reconheciam três corpos no Ser Humano:
1) Dyet, o corpo físico;
2) Ka, o corpo fluído ou astral;
3) Ba, o espírito.

Na Cabala
A Cabala consta de três variedades, nela três são os atributos da divindade, e  ainda nela estão  Keter (Coroa), Hockma (Sabedoria) e Binah (Inteligência).

No Budismo
Já no budismo tem se Buda (Iluminado), Darma (Lei) e Sanga (Assembleia dos fiéis).

No Cristianismo
·         Três  é o número da Santíssima Trindade;
·         Três foi os Reis Magos que foram a Belém guiados pela estrela “mágica”;
·         três foram os presentes levados ao menino Jesus;
·         Três foram os evangelistas sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas);
·           De acordo com as escrituras, Pedro negou três vezes a cristo antes que o galo cantasse;
·         Três foram os filhos de Noé que repovoaram a terra após o dilúvio;
·         Abraão viu três homens, que seriam três anjos;
·         Moisés trouxe três dias de trevas sobre o Egito;
·         Daniel orava três vezes por dia;
    O templo de Salomão estava dividido em três partes: átrio, lugar santo e santos dos santos;
·                Jesus ressuscitou no terceiro dia após sua morte;
·         Na Maçonaria
·         Portanto meus Irmãos percebe se nesse breve estudo, o quanto o número três esteve, está e sempre estará presente em nossas vidas. Dessa forma, em busca de maiores esclarecimentos lançamos mão de nossa literatura maçônica. Lá encontramos citações sobre um culto, um segredo, A maçonaria (3), da forma que nos reconhecemos (por S.·., T.·. e P.·.) (3), diz se também  que o aprendiz foi recebido numa loja Justa, perfeita e regular (3),  afirma se que para a loja estar justa e perfeita, necessita se que Três a governem, cinco a componham e sete a completem. 

·         Aprendemos que as três Pancadas dadas pelo Orad.·.. Significam Batei e sereis atendido, Pedi e recebereis, Procurarei e encontrareis(3).

·         Que quando entre CCol.·., os aprendizes fizeram três viagens para lembrarem se das dificuldades e das atribulações da vida, bem como foram purificados pelos elementos água, ar e fogo(3).

·         Afirma se que as três viagens simbolizam a conquista de novos conhecimentos. Explicita que o número Três indica os centros da Pérsia, Fenícia e Egito, lugares onde primitivamente foram cultivadas as ciências.

·         Nossa literatura esclarece ainda sobre o esquadro, o nível e o prumo (3):

·         O esquadro suspenso no colar do Vem.·. M.·. significa que o chefe deve ter unicamente um sentimento – o dos estatutos da ordem – e que deve agir de forma única, com retidão;

·         O nível que decora o 1º Vig.·.  Simboliza a igualdade social que é a base do direito natural;

·         Já o prumo trazido pelo 2º Vil.·. Significa que o maçom deve ser reto no julgamento sem se deixar dominar pelo interesse nem pela afeição.

Nossa literatura traduz que a idade do aprendiz é de três anos porque, na antiguidade, esse era o tempo necessário ao seu preparo.

Garante que a diferença, o desequilíbrio e o antagonismo (3) existem no número dois, mas que cessam rapidamente, quando se lhe ajusta uma terceira unidade.
Assegura que o número três é a unidade da vida, que existe por si próprio, do que é perfeito.

Explica que o triângulo, entre as superfícies, é a forma que corresponde ao numero três, e tem a mesma significação deste.

Que o triângulo é o símbolo da existência da divindade, bem como da sua “potência produtiva” ou da evolução e que o três é o número da Luz (Fogo, Chama e Calor).

Os três são os pontos que o neófito deve se orgulhar de apor ao seu nome lembra na verdade, que esses três pontos como o delta sagrado, são um dos nossos emblemas mais respeitáveis, pois eles representam todos os ternários conhecidos e especialmente as três qualidades indispensáveis ao maçom:
·         Vontade
·         Amor ou Sabedoria
·            Inteligência

Afirma que estas qualidades são absolutamente inseparáveis uma das outras e que devem existir em equilíbrio perfeito no candidato à iniciação para que sua iniciação seja de fato real vivida e não emblemática.

Lembra ainda que esses três pontos que se apõe ao nome de um maçom são quais as três estrelas que brilham ao Oriente da Loja.

Esclarece que em toda parte existe o número três, pois o ternário, do qual o Delta Sagrado é o mais luminoso e, talvez o mais puro emblema e, nas Lojas Maçônicas, ainda é simbolizado pelos três grandes pilares:
Sabedoria
Força
   Beleza

Que representam as Três Grandes Luzes colocadas sobre o Painel da Loja, a primeira no Oriente, a segunda no Ocidente e a terceira no Sul de acordo com a orientação das “Três Portas” do Templo de Salomão.

Assim meus Irmãos, percebemos a importância e parte do significado desse número no grau de aprendiz maçom. Certamente com o nosso amadurecimento perceberemos em luz o seu valoroso sentido na sua totalidade. Imaginamos que nos graus que almejamos alcançar também teremos a oportunidade de estudar esse símbolo.

 “A unidade é a lei de Deus (Ou seja, do Primeiro, o principio, A causa Imanente), A dualidade é o número da lei do universo, já a Evolução, a Lei da Natureza é o Ternário”.
(Pitágoras)

Marcos Fabiano Oliveira Mangueira – Professor de matemática e Obreiro da loja simbólica 05 de JULHO – Grande Oriente – Oriente de Conceição – PB.

Referência
Ritual de Aprendiz, Rito Escocês Antigo e Aceito – Grande Loja maçônica do Estado da Paraíba.



O USO DOS INSTRUMENTOS MAÇÔNICOS


Após nos ter sido dado ciência dos instrumentos do Aprendiz Maçom, o presente nos remete em como bem aplicá-los em nossa vida e como nos proporcionar autoconhecimento, além de nos ensinar a nos relacionarmos melhor com as pessoas.

É em nosso Templo, por meio da ritualística maçônica e pelo convívio com os Irmãos, que “construímos” o que a segunda instrução nos propõe, uma vez que “na tradição maçônica, o mito da construção do Templo é visto como um modelo de uma construção moral, ao mesmo tempo individual e social: O Maçom, ao mesmo tempo em que se auto-aperfeiçoa ‘polindo a Pedra Bruta’, deve agir como construtor social, colaborando para o aperfeiçoamento do meio em que vive”.

Nessa construção de “nosso Templo” utilizamos nossos instrumentos maçônicos, onde devemos, primeiramente, com a utilização da régua de 24 polegadas, “medir” devidamente as nossas ações com relação a nós mesmos e para com o próximo, analisando a repercussão de nossos atos.

Quando se “medem” as condutas, age-se com prudência, evitando-se, assim, impulsos, excessos, abusos que nos levam aos vícios da vida.

Sendo o vício o oposto da virtude, o maçom deve se pautar pela prudente sabedoria aqui ensinada, não se esquecendo de utilizar sua régua de 24 polegadas para que sejam realmente levantados em seu cotidiano “Templos à virtude” e, por conseguinte, “enterrados os vícios”. Todas as virtudes têm seu mérito, porque todas são sinais de progresso no caminho do bem.

“Há virtude toda vez que há resistência voluntária ao arrastamento das más tendências”, ou seja, aos vícios. Para com o semelhante, há a mais sublime das virtudes que consiste no sacrifício do interesse pessoal em prol do próximo, sem a interessada caridade.

Ser prudente e sábio significa ser justo. Quando um maçom estiver indeciso sobre o valor de uma de suas ações, pergunte como a qualificaria se fosse feita por outra pessoa; se for motivo de censura em outrem, ela não pode ser mais legítima em nós, uma vez que Deus não tem duas medidas para a justiça.

Não há que se confundir essa prudência com insegurança, indecisão. Devemos ter iniciativa, cuja essência é a ação, muita bem representada pelo maço. Assim, devemos defender nossos pensamentos para que se tornem realidades por intermédio das ações.

E essa “arte de ser ora audacioso, ora prudente” é, segundo Napoleão Bonaparte, “a arte de vencer”.

Ninguém tem a mesma energia que temos com relação as nossas próprias ideias, ou seja, para com as nossas faculdades intelectuais, dons estes que nos são concedidos pelo Grande Arquiteto do Universo, aqui representado pelo cinzel.

Além desse presente intelectual que nos é ofertado, não devemos esquecer-nos de mencionar as nossas faculdades morais que também devem ser postas em prática, pois como já dito outrora por Ludwig Van Beethoven: “Não existe verdadeira inteligência sem bondade”.

Nesse sentido, nossas aptidões representadas pelos Instrumentos do Aprendiz nos ensinam que devemos procurar “ter um ‘um diálogo interior’, como uma forma de enfrentar um assunto ou reforçar o próprio comportamento”, e também “controlar impulsos, estabelecer metas, identificar ações alternativas, prever conseqüências”.

Concluindo, o maçom, usando de forma adequada a régua de 24 polegadas, maço e cinzel, quando adentrar ao templo poderá seguramente responder aos seus irmãos sobre o que foi ali fazer.


Rodrigo Robalinho Estevam Loja 20 de Agosto 41 – GOEMT – Sinop (MT)

TEMPLO MAÇÔNICO


A maçonaria se propõe a erguer templos morais à virtude, mas seu trabalho principal é o da construção de um templo ideal em homenagem ao GADU. Ela é, simbolicamente, calcada no templo de Salomão, sendo este edificado em obediência à orientação dada ao Tabernáculo, é também, fato conhecido de que a cultura e a sabedoria vieram do oriente para o ocidente, e assim nossa ordem presta homenagem a estas conquistas do homem, ela considera que Oriente, vem do latim Oriens, que significa nascer, esse nome lhe é dado por ser o local onde o sol nasce e principia toda sua atividade, local onde se encontra o Delta Sagrado, de onde emana toda luz do universo. E Ocidente, é o local onde a luz começa o seu caminho para as trevas, onde se precisa de luz para continuar as atividades, sendo um adorno de luz própria e iluminando este ambiente temos o Altar de Juramentos.
Esse templo com formato retangular, sua largura deverá ter, pelo menos, um terço de seu comprimento, sendo este equivalente a três quadrados. A exigência de ter o quadrilongo que forma o templo o comprimento de três quadrados e a largura igual a um terço do comprimento é uma alusão ao mais importante número na maçonaria, que é o três. Filosoficamente tais medidas, equivalem à extensão de todo o globo terrestre, simbolizando a universalidade de nossa instituição e mostrando que a caridade do maçom não tem limites a não serem os ditados pela prudência.
O teto do templo é abobadado e representa o firmamento celeste. Vemos do lado do oriente, pouco à frente do trono do venerável mestre, o sol; sobre o altar do 1º vigilante, a lua; sobre o altar do 2º vigilante, uma estrela de cinco pontas, figuram-no também várias outras estrelas. Presentes também os planetas, estando Júpiter, no oriente; Vênus no ocidente; Mercúrio, junto ao Sol e seus satélites, próximos a Orion.
O azul celeste é a cor que se vê matizando até chegar ao azul escuro já sobre o ocidente. O simbolismo desta mudança de cor significa que as ciências, as letras, as artes, a civilização enfim, tiveram sua origem no oriente e de lá caminharam para o ocidente. Pode se ligar também essa mudança de cor à representação da aura humana, com pensamentos bons ou maus, assim formando uma aura mais clara ou escura.
No piso, o pavimento mosaico, com seus ladrilhos brancos e pretos, simbolizam os seres animados e inanimados, o espírito e a matéria, a vida e a forma, a polaridade positiva e negativa da natureza, a dualidade do bem e do mal. A orla dentada, mostra-nos o princípio da atração universal, simbolizada no amor, ela representa os planetas que gravitam em torno do sol, os povos reunidos em torno de um chefe; os filhos reunidos em volta dos pais, os maçons unidos e reunidos em loja. Isso nos serve de lição para que não olhemos as diversidades de cores e raças e o antagonismo das religiões e dos princípios.
A expressão “esquadrar a loja" significa que ao penetrar ou movimentar-se na loja, nenhum maçom deve pisar no pavimento mosaico em que se ergue o altar, e sim, ladeá-lo ou circunvagá-lo sempre com o ombro direito voltado para o altar em sinal de respeito. Apenas o 1º diácono, quando necessário arrumar o painel, ou a pessoa encarregada de abrir o livro da lei, podem pisá-lo, mesmo assim obedecendo ao trajeto.
 O altar dos juramentos é a parte mais sagrada de uma loja. Este altar derivou-se do altar dos holocaustos, construído por Moisés, sob ordens diretas de Deus. Na maçonaria este altar que é simbólico, representa um altar de sacrifícios, eis que aí, o neófito deixará todos seus vícios e as suas paixões em holocaustos ao GADU.

O landmark número 21, exige, durante os trabalhos de uma oficina, que sobre o altar dos juramentos fique aberto um livro conhecido como “Livro da Lei”, e que, segundo seu texto nos diz, “é o que conforme a crença se supõe conter a verdade revelada pelo GADU". É, pois, este livro, um repositório da lei divina, e constitui, assim, um verdadeiro código de moral segundo a filosofia adotada individualmente pelos maçons, filosofia esta que eles respeitam e seguem.
No pórtico do templo, estão às colunas J e B, simbolicamente usadas para guardar as ferramentas dos aprendizes e companheiros, por este motivo são ocas e permanecem dentro do templo. O conhecimento da simbologia das mesmas aumenta de acordo com a idade maçônica do obreiro.
As colunas zodiacais num templo maçônico do rito escocês antigo e aceito são doze, localizam-se todas no ocidente e são sinais do crescimento do aspecto material, moral e ético do iniciado, que durante sua jornada transcende em sua religião com a divindade. Os rituais maçônicos usam signos, sinais do zodíaco, em sentido simbólico, não falam em horóscopo ou em prever os acontecimentos na vida de alguém, nem na intenção de inferir o caráter e os traços de personalidade, o homem livre não carece disso quando estuda e evolui.
A existência dessas colunas no REAA tem a finalidade educacional, parte de uma metodologia pedagógica específica à semelhança de outros símbolos e juramentos. Os signos zodiacais relacionados com o grau de aprendiz maçom são: Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão e Virgem. Libra está relacionada ao grau de companheiro, sendo o restante ao grau de mestre.
A corda de oitenta e um nós, corresponde a uma corda formando de distância em distância nós emblemáticos, chamados laços de amor, em número de 81 que percorrem toda parte superior dos templos maçônicos, terminando suas extremidades diante das colunas B e J onde pende uma borla de cada lado, indicando que os laços de fraternidade devem se estender para fora do templo. Estão também apresentadas no painel do grau de aprendiz e simbolizam a união fraternal e espiritual, que deve existir entre todos os maçons do mundo, representa também, a comunhão de ideias e objetivos da maçonaria, os quais, evidentemente devem ser os mesmos, em qualquer parte do planeta.
Os altares das três luzes pessoais ostentam cada um deles, uma pequena coluna, conhecida como coluneta. A que fica no altar do venerável, de ordem Jônica, representa a sabedoria de que ele deve ser portador para dirigir os destinos da loja. Durante o tempo dos trabalhos e mesmo nos momentos de recreação esta coluna se mantém de pé sobre o altar na afirmação da autoridade e da sabedoria do venerável.
O altar do 1º vigilante é ornado com uma de ordem Dórica, símbolo da força, um dos elementos da trindade que sustenta a loja. No altar do 2º vigilante, pertence à ordem Coríntia, sendo a mais formosa das três nos lembra do simbolismo da beleza. 
O 1º vigilante sendo o encarregado de velar para que os trabalhos transcorram com disciplina e ordem, sua coluna deve ser levantada enquanto tem lugar os trabalhos maçônicos, neste momento a do 2° vigilante se permanecerá deitada. Quando, porém, estes trabalhos cessam em definitivo ou para recreação, os irmãos passam à responsabilidade do segundo vigilante que então, levantará sua coluna para mostrar sua autoridade, e o 1º vigilante deitará a dele.
Também, nos altares das luzes, contamos com os candelabros de três luzes, representando os três aspectos do Logos, a Trindade Divina, manifestada no poder do Pai, na solicitude do Filho e na sabedoria do Espírito Santo, que devem presidir os trabalhos em loja. Ali também estão presentes os malhetes, o utensílio principal da loja, representa que o trabalho da oficina está sendo produzido sob a orientação da vontade bem dirigida e que a força que o impulsiona se deriva da sabedoria do espírito, ou seja, a inteligência conduzida pela lógica cujo resultado, o raciocínio, leva à execução do trabalho pela força material. É o símbolo da inteligência, que age e, persevera que dirige o pensamento e anima a meditação daquele que, no silêncio de sua consciência, procura a verdade.
O iniciando, durante a sua terceira prova, mergulha as mãos no Mar de Bronze, simbolicamente também presente no templo, a fim de que fiquem elas purificadas para a prática de todas as ações que o maçom terá de realizar pelo resto de sua vida, procurando manter sempre limpa as suas mãos de quaisquer atos desonestos e quaisquer ações impuras.
Templo é um lugar onde se reúnem os maçons periodicamente para praticar as cerimônias ritualísticas que lhes são permitidas, em um ambiente fraternal e propício para concentrar sua atenção e esforços para melhorar seu caráter, sua vida espiritual e desenvolver seu sentimento de responsabilidade, fazendo-lhes meditar tranquilamente sobre a missão do homem na vida, recordando-lhes constantemente os valores eternos cujo cultivo lhes possibilitará acercar-se da verdade.
NR: Não conseguimos identificar o autor
Posicionamento válido para o REAA das GL’s

                                                  

A RAZÃO DO SOIS MAÇOM?



Como se sabe, existem na maçonaria algumas formas de identificação e de reconhecimento que às vezes, apenas servem para tais finalidades, quando, no seu sentido abrangente, poderiam representar muito mais.
Quando um maçom quer saber se outro indivíduo também o é, ao invés do sinal ou do toque convencionais, usa a seguinte pergunta na segunda pessoa do plural: S.´.M.`.?
Como aquele que é assim interpelado já tenha passado pelas provas de uma iniciação maçônica e, tenha realmente visto a luz, sua resposta invariavelmente será: M.`.I.`.C.`.T.`.M.`.R..´.
Aqui é que surge a nossa grande dúvida, porque estamos querendo saber não somente se os irmãos o reconhecem.´. e sim, se ele é realmente um verdadeiro maçom. Uma coisa é o irmão reconhecê-lo como maçom de direito; outra coisa é reconhecê-lo de fato e de direito.`.
O que seria um maçom de direito ou um maçom de fato e de direito? No primeiro caso, basta que seja iniciado e mantenha atualizadas suas obrigações legais para com a sua Loja. No segundo caso, além de também estar de acordo com as exigências anteriores, ele terá que congregar inúmeros outros requisitos.
No nosso modesto entendimento, não basta ser maçom para os outros, como uma vitrine, ser visto na sociedade e por ela como mais um membro da Maçonaria e sim, ser possuidor de todos aqueles requisitos morais e espirituais, relegando até para planos inferiores, as necessidades materiais.
O maçom tem uma enorme responsabilidade quando responde M.`.I.`.C.`.T.`.M.`.R.`. Será que os irmãos o reconhecem realmente ou será que somente fazem uso de uma resposta óbvia utilizada no meio maçom? Será que muitos daqueles irmãos que você diz reconhecerem-no como tal, não gostariam de corrigir as suas respostas e dizerem: ”seus irmãos sentem-se envergonhados por assim reconhecê-lo”.
Muitas vezes eles não o fazem por questões outras e isso, a nosso ver é prejudicial à Maçonaria, porque é nela e por meio dela que procuramos a verdade no seu mais amplo sentido ético e filosófico.
Poderiam nos perguntar… o que é ser um verdadeiro maçom?
Apesar de não se ter uma receita para isto e também, serem certos valores discutíveis, poderíamos responder a tal pergunta com algumas outras, como por exemplo.. Sois bom filho? Sois bom pai e bom chefe de família? Sois um bom esposo? Respeitais os vossos filhos e vossa esposa como gostaríeis de serdes respeitado? Ajudais aos outros de forma desinteressada e procurais os vossos irmãos maçons no infortúnio? Alguma vez, fizestes alguma coisa para minimizar o sofrimento de uma viúva ou de um órfão? Procurais realmente, cavar masmorras ao vício?
Será que diante de uma linda mulher ou mesmo pelo fato de terdes uma oportunidade para uma aventura, ainda que discreta aos olhos dos outros, seríeis um verdadeiro maçom ou faríeis como aquele que certa vez nos disse? “Aqui eu não engano a minha esposa, este lugar é muito pequeno e todos poderiam ficar sabendo. Eu levo a outra para Belo Horizonte, para Juiz de Fora ou para o Rio de Janeiro”.
Será que este pseudo-maçom teria a capacidade de ir a Belo Horizonte ou a qualquer outro lugar, satisfazer o seu e o desejo da outra e lá também deixar a sua consciência? Achamos impossível, pois, ainda que isto para muitos não tenha sentido, a consciência é um duro e muitas vezes implacável juiz de nós mesmos; ela em alguns casos chega a doer uma dor tão profunda que nenhum remédio poderá a medicina jamais oferecer para minorá-la.
Assim, meus caríssimos irmãos, fizemos este apanhado de palavras que poderão ou não vos atingir. Porém, ainda que não tenhais sido atingido, reflitais sobre vossos atos. Não estamos aqui querendo julgar irmãos. O que na verdade gostaríamos de ouvir quando perguntarmos a alguém se S.`. M.`. é que nos respondesse: M.`.I.`.C.`.T.`.M.`.R.`.   porque sou um verdadeiro maçom e não apenas como tal…
Meus estimados irmãos, a Maçonaria em quase tudo, nas suas frases, nos seus emblemas, símbolos e alegorias sempre estará nos conclamando à reflexão. Reflitamos e sejamos um símbolo vivo dessa Ordem que nos dá força para enfrentar um mundo às vezes, confuso e conturbado, onde os verdadeiros valores estão sendo a todo o momento questionados e colocados em dúvida.
Se quisermos uma força atuante, uma Maçonaria vibrante em todos os sentidos, que procuremos ser, encontrar e conviver com verdadeiros maçons.

Autor desconhecido.

SOLSTÍCIO E EQUINÓCIO


O eixo de rotação da Terra (movimento da Terra em torno dela mesma) possui uma posição fixa que está ligeiramente inclinada em 23,5º em relação ao eixo de translação da Terra (movimento da Terra em torno do Sol).

Isto faz com que, em determinada época do ano, a luz solar incida com maior intensidade sobre o hemisfério norte e, na outra parte do ano, incida com maior intensidade sobre o hemisfério sul, caracterizando o chamado SOLSTÍCIO. Da mesma forma, ocorre que, em determinada época, a luz solar incide de maneira igual sobre os dois hemisférios, caracterizando o EQUINÓCIO.

Desta forma, diz-se que é SOLSTÍCIO DE VERÃO, no hemisfério sul, quando a luz solar incide com maior intensidade sobre este hemisfério e, ao mesmo tempo, que é SOLSTÍCIO DE INVERNO, no hemisfério norte, por causa da menor incidência de luz solar neste hemisfério.

Desta forma, podemos dizer que o EQUINÓCIO é um estágio intermediário entre o SOLSTÍCIO DE VERÃO e o de INVERNO, em determinado hemisfério. Ou seja, o EQUINÓCIO ocorre quando a incidência maior de luz solar se dá exatamente sobre a linha do Equador.

Então, diz-se que é EQUINÓCIO DE OUTONO para o hemisfério que está indo do verão para o inverno e EQUINÓCIO DE PRIMAVERA para o hemisfério que está indo do inverno para o verão. 

O SOLSTÍCIO e o EQUINÓCIO ocorrem duas vezes por ano, geralmente nos dias 20, 21 ou 22 de junho e dezembro, no caso do SOLSTÍCIO, e nos dias 22 ou 23 de setembro e 20 ou 21 de março para o EQUINÓCIO.

O momento exato de um SOLSTÍCIO é aquele em que o sol, visto da Terra, encontra-se o mais distante possível do “equador celeste” (linha imaginária que marca o céu ao meio – como o equador com a Terra), ou seja, quando ele se encontra a 23,5º para o norte ou para o sul dessa linha. Já o momento exato do EQUINÓCIO é quando o sol passa exatamente sobre o equador celeste.

Podemos dizer, também, que quando é SOLSTÍCIO DE VERÃO, no hemisfério sul, o sol estará “a pino” sobre o Trópico de Capricórnio, pois este se encontra exatamente a 23,5º da Linha do Equador e, portanto, receberá incidência direta da luz solar. Ou o contrário, quando for SOLSTÍCIO DE VERÃO, no hemisfério norte, o sol estará “a pino” sobre o Trópico de Câncer. No EQUINÓCIO, o sol estará “a pino”, sempre sobre as regiões localizadas próximas a Linha do Equador.

Da mesma forma, podemos dizer que, nas regiões polares, o Círculo Polar Ártico delimita a região que não receberá sol durante o SOLSTÍCIO DE INVERNO, no hemisfério norte. Da mesma forma que o Círculo Polar Antártico, delimita a região que não receberá sol durante o SOLSTÍCIO DE INVERNO, no hemisfério sul.

Por Caroline Faria


A MAÇONARIA E O LIVRO DE ECLESIASTES


A Maçonaria tem um de seus graus dedicados ao livro de Eclesiastes e relembra, em especial, o versículo “Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos em que dirás: Não tenho prazer neles”.
O nome Eclesiastes deriva do termo grego ekklesia (“assembleia”) e significa “aqueles que falam a uma assembleia”.
O livro de Eclesiastes trás à tona as grandes questões filosóficas morais, éticas e existenciais. Questões teológicas, como: a prosperidade dos ímpios, a morte comum a todos, materialismo, fatalismo, pessimismo, dúvidas quanto à eternidade, vida no além e até sobre o juízo final. Seu tema central basicamente é a busca da felicidade no confronto entre a vida, a morte e a eternidade.
Todo livro sapiencial tem o objetivo de ensinar ou transmitir a sabedoria, a qual se apresenta como antídoto contra a tolice do ser humano. O livro de Eclesiastes leva o leitor a encarar a realidade humana em face da morte.
O Eclesiastes destaca a supremacia de Deus, acima de tudo. Deus criou o homem (7.29) e deu a ele o tempo (9.11). Nesse tempo se situa a vida do homem.
O desafio do homem é descobrir o melhor a se fazer de modo a se aproveitar bem o tempo recebido (2.3), o que traria ao homem maior satisfação, enfim, a felicidade.
Salomão cita as ocupações humanas, fala de conhecimento, sabedoria, trabalho, dinheiro, bens, riqueza, comida, bebida, relacionamentos, alegria, prazer, pecado, sofrimento e religião.
Em um primeiro momento, pensa-se na vida e em seus valores de forma positiva: construir muito, aproveitar tudo e possuir o máximo. Depois, Salomão coloca em destaque a morte. Diante dessa realidade, tudo passa a ser visto como coisa vã. Daí vem a máxima: “Tudo é vaidade.”
Diante desse fato previsível e certo (a morte), todas as ocupações humanas, bem como suas conquistas, têm de ser reavaliadas. O tolo, “personagem” muito mencionado em Provérbios e Eclesiastes, vive o presente e ignora o futuro.
Além do fato futuro da morte, devemos considerar também a eternidade que nos aguarda. Muitas coisas que pareciam valer a pena perdem seu valor quando confrontadas com a morte. Outras se desvanecem quando confrontadas com a eternidade. Salomão toca nesse ponto quando fala do retorno do espírito para Deus (12.7) e também do futuro juízo divino sobre as obras humanas (12.14).
Eis então completo o plano de confronto: a vida, a morte e a eternidade. Para que se tenha então uma perspectiva correta da existência, deve-se considerar tudo isso. Salomão faz suas conclusões, onde se destaca a necessidade que o homem tem de se lembrar do Criador e o seu dever de temê-lo e obedecer aos seus mandamentos.
Eclesiastes tem uma linha de desenvolvimento que vai do natural ao espiritual.
Sobre o tempo Salomão o divide entre passado, presente e futuro, ou podemos vê-lo como o tempo da vida, o tempo da morte e a eternidade. Não se pode pensar apenas na vida como se a morte não existisse. Também não é prudente o foco na morte a ponto de se perder a motivação pela vida.
Outro extremo é a dedicação exclusiva às questões relativas à eternidade, tais como práticas espirituais ou religiosas, a tal ponto de se negligenciar o suprimento das necessidades naturais. Há necessidade de equilíbrio do foco no tempo. Qual é o ponto de equilíbrio? É uma questão a ser definida pela sabedoria.
O que acontece na maioria das vezes é que o homem fica preso no âmbito da vida, desconsidera a morte e a eternidade e poderá ser apanhado desprevenido pelos últimos tempos, sejam estes universais ou pessoais.
No capítulo 2 de Eclesiastes, está o relato das grandes conquistas, experiências e realizações de Salomão. Entretanto, ao se confrontar com a realidade da morte, Salomão, num primeiro momento desvaloriza todas as coisas e afirma que tudo é vaidade (2.14-18).
Percebe-se então a amargura do confronto com o fim inevitável da vida terrena. Diante desta constatação vamos jogar fora a vida por causa da morte? De modo nenhum. Afinal, se temos algo nesta vida, isto é dom de Deus e deve ser usufruído, mesmo sendo transitório (Ec.2.24; 5.19). Vamos, sim, valorizar a comida, a bebida, o trabalho, os bens, mas sem os extremos.
A realidade da morte deverá ser confrontada com nossos atos, atitudes, tratamentos interpessoais, sentimentos, etc., a fim de se determinar o que vale a pena e o que não vale.
Considerando a questão da morte, constatamos que algumas coisas da vida deixam de valer a pena: Acúmulo de riquezas, excesso de trabalho, excesso de estudo, atitude de orgulho, etc. A morte coloca os seres humanos em condição de igualdade, anulando todos os privilégios naturais, diferenças culturais, econômicas, sociais, etc. “Como morre o sábio, morre o tolo.” (Ec.2.16).
Sendo assim, o orgulho, a soberba, e o tratamento de desprezo para com o próximo, são atitudes que não se justificam. Perdem totalmente o sentido quando se pensa na morte e seu significado.
A moderação torna-se palavra de ordem. Contudo, tais palavras não devem ser usadas como justificativa para a preguiça e a negligência, pois a atitude passiva de cruzar os braços é própria do tolo (4.5). O que se busca em tudo isso é o equilíbrio, que será produto exclusivo da sabedoria. Moderação é prudência; Preguiça é tolice. Nosso desafio é sempre distinguir entre esses elementos nas mais diversas áreas da nossa vida.
Considerando a eternidade, cuja consciência foi gravada por Deus no coração humano (3.11), passamos a perceber outras coisas que deixam de valer a pena na vida: os excessos e o pecado, sendo que ambos estão muitas vezes relacionados. Por outro lado, Salomão diz o que vale a pena, em função da eternidade, lembrar-se do Criador, temê-lo e obedecer aos seus mandamentos.
Surge a dúvida de qual seria o limite de nossas ações e até onde ir às buscas, conquistas e realizações. Em cada instante, em cada caso específico, só a sabedoria poderá definir com precisão o limite para as ações humanas, de modo que possa definir em sua própria vida os limites para suas buscas, conquistas e realizações.
Salomão valoriza a convivência (4.9). Em meio a todos os problemas do convívio social, Salomão conclui que pior será a situação daquele que estiver só (4.8-11). É a convivência fraterna que a maçonaria prega.
A questão da aparente injustiça da vida é explorada (8.11). Novamente se retoma o tema da morte (8.8; 9.5) e das alegrias que podem ser alcançadas em vida (8.15).
A ética envolve questões morais do comportamento, escolhas entre o bem e o mal. Salomão faz uma série de advertências em forma de provérbios (10). Finaliza com incentivo ao gozo da vida, mas lembra da prestação de contas (11.9). Termina essa parte incentivando o jovem a lembrar-se do Criador antes que venham à velhice e a morte e o juízo (12.1-7,14).
A maçonaria utiliza os escritos de Salomão em Eclesiastes mostrando aos seus membros o confronto da vida com suas dificuldades, a morte e a ressurreição ou eternidade. E encoraja os maçons a agirem com sabedoria na utilização de todos os dons e bens que o criador lhes ofertou assim preparando o caminho para a eternidade.

Honório Sampaio Menezes, 33º, REAA, Loja Baden-Powell 185, GLMERGS, Porto Alegre, RS, Brasil.

SERÁ DEUS UM MATEMÁTICO?



A geometria vem de um cérebro adaptado ao mundo em que existe


O título desta coluna vem de um livro recém-lançado nos EUA, de autoria do astrofísico Mario Lívio. Nele, Lívio examina a origem da matemática. Será ela obra da mente humana, uma invenção? Ou será que descobrimos a matemática que já existe, uma espécie de superestrutura conceitual que define o Universo e suas leis? Os que acreditam que seja esse o caso gostam da metáfora (atenção!) de que a matemática é a expressão da mente de Deus: Deus é o grande geômetra, o arquiteto universal.

O grande físico teórico Eugene Wigner, que ganhou o Prêmio Nobel pelos seus estudos das simetrias matemáticas que regem o comportamento atômico, achava a eficácia da matemática na descrição dos fenômenos naturais surpreendente. Por que ela funciona tão bem a ponto de nos permitir prever coisas que nem sabíamos que poderiam existir?

Por exemplo, quando o escocês James Clerk Maxwell mostrou que todos os fenômenos elétricos e magnéticos podem ser descritos por apenas quatro equações, não poderia imaginar que dessa união viria a descoberta de que a luz é uma onda eletromagnética e que outras existem, invisíveis aos nossos olhos, como os raios X ou as micro-ondas.

Várias partículas elementares da matéria foram descobertas usando apenas princípios de simetria. Será que a natureza é mesmo uma estrutura matemática?

Livio descreve argumentos a favor dessa hipótese e contra ela, optando por uma solução de compromisso: parte é descoberta e parte inventada.

A favor, ele mostra como, de fato, a matemática tem uma permanência diversa da das ciências naturais: um teorema matemático, uma vez demonstrado, é correto para sempre. Já em física ou química, explicações que parecem razoáveis numa época às vezes se provam erradas, ou aproximações de explicações mais sofisticadas.

Será, então, que uma civilização extraterrestre redescobriria os mesmos resultados matemáticos do que nós, como se fossem uma espécie de código da natureza? Pitágoras, Platão, Galileu, Newton, Einstein, muitos matemáticos (mas não todos) e os físicos que hoje trabalham em teorias de supercordas diriam que sim. Talvez mudem os símbolos, mas a essência dos resultados seria a mesma.

Um astrofísico do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Max Tegmark, chega a afirmar que o Universo é matemática e que infinitos outros universos existem, replicando todas as combinações lógicas e geométricas possíveis. Acho que Tegmark confundiu a ficção de Jorge Luis Borges com a realidade. Sua posição é, para mim, religiosa.

Não há dúvida de que certos resultados matemáticos, como 2 + 2 = 4, são verdadeiros independentemente de como sejam descritos. Mesmo assim, vou além de Livio e afirmo que a matemática é uma invenção humana, uma linguagem criada para descrever a nossa realidade. Somos produtos de milhões de anos de evolução, adaptados ao mundo em que vivemos.

Na superfície da Terra vemos árvores, pedras e animais, unidades que naturalmente definem os números inteiros, que usamos para contar. No céu vemos estrelas e imaginamos constelações. Uma criatura marinha inteligente e solitária, vivendo nas profundezas e sem luz ou outras formas de vida por perto, provavelmente desenvolveria uma outra matemática.

Nossa geometria descreve aproximadamente as formas que vemos à nossa volta: esferas, quadrados, cubos, círculos, linhas. Ela vem de um cérebro adaptado ao mundo em que existe. Se uma civilização extraterrestre tiver desenvolvido linguagem equivalente, é porque existe numa realidade semelhante. O único Deus matemático é aquele que inventamos.


MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro "A Harmonia do Mundo"
Fonte: www.brasilmacom.com.br


MAÇONARIA EM LOJA


A organização da Maçonaria Regular tem uma base de sustentação, a Loja.

E a Loja tem como base os Obreiros que a compõem.

Quero eu acentuar com este começo de texto que os Obreiros, ao nível das Lojas, são os alicerces sobre os quais toda a estrutura se levanta.

Bom…, mas sendo os Obreiros homens, seres humanos com pernas, braços e o resto, como todos os outros, me interessa discorrer um pouco sobre o relacionamento entre os componentes desta estrutura que assume uma tão grande responsabilidade.

Quando alguém é proposto para iniciação na Maçonaria, necessariamente a nível de loja, é-lhe feito um inquérito e sobre isso já se escreveu aqui neste blog o suficiente para justificar que não gaste agora mais espaço com o porquê e o como do inquérito.

Mas interessa notar que sendo o inquérito, ele também, feito por homens, é evidentemente um exercício de conclusões falíveis, e pode acontecer que seja proposto para iniciação alguém que realmente não esteja em condições de admissão na Maçonaria.

Em boa verdade as exigências são absolutamente humanas, isto é, na prática apenas se exige que o candidato seja um Homem, assim com maiúscula, o que neste caso se resume no nosso dizer, “livres e de bons costumes” e queira verdadeiramente pertencer a esta estrutura.

Apenas isso.

Ainda assim pode acontecer um erro de apreciação, por parte de quem faz a inquirição ou da parte do profano que se apresenta a candidato, e quando isso acontece todos perdem.

É uma óbvia desilusão para todos, desencantamento para o candidato que só tarde percebe que afinal a Maçonaria não responde às suas interrogações e aos Irmãos que a ele contataram porque, à alegria de receber mais um membro na Família se segue a tristeza de verificar que afinal todos estavam enganados.

O relacionamento entre obreiros da Loja constitui o betão que garante a força da estrutura, de forma a que o “prédio” resista aos temporais que de tempos a tempos acontecem, tal qual na Natureza, e do qual a história da nossa Loja Mestre Affonso Domingues, também já contada aqui, pode bem servir de exemplo.

Este relacionamento tem por base duas variáveis, a saber, os procedimentos rituais (o “Ritual” como conjunto de regras formais que regulam a vida em Loja) e a Amizade entre os Irmãos membros daquela comunidade.

É no Ritual e na Amizade entre os Irmãos que assenta tudo o resto.
Se alguma destas variáveis falhar, falha a Maçonaria!

Relativamente ao Iniciado muito pouco se sabe, habitualmente.

A Loja sabe que é conhecido do padrinho que o propõe e esse, sendo necessariamente um Mestre Maçom, merece a confiança dos restantes membros da Loja.

Depois, durante o inquérito, algo mais se fica sabendo, mas são conversas curtas, 1 hora ou 2, o tempo de um almoço ou algo assim, o que é manifestamente pouco tempo para conhecer alguém com pormenor.

Quando o Profano se apresenta para iniciação raramente a generalidade da Loja conhece detalhes da sua vida profana, nomeadamente a profissão, onde trabalha o que faz qual o grau de formação e por aí fora.

De fato não é isto que consta por aí, mas é isto o que acontece na verdade!

O que se pede a todos os Maçons quando em Loja é que deixem “os metais à porta do Templo”, e este pedido/exigência é frequentemente mal entendido por muitos, interpretando os “metais” como sendo a bolsa com os valores que eventualmente contenham (aquilo com que se compram os melões…).

Ora os “metais” que devem de ficar à porta do Templo são muito mais subjetivos do que isso.

Esses metais devem ser entendidos como os valores aos quais a profanidade dá importância grande, mas que em vivência Maçônica não só são dispensáveis como totalmente desajustados aos valores que a Maçonaria cultiva.

São a arrogância, a vaidade e a ambição.
Esses são os metais que, de todo devem ficar à porta, para que lá dentro reine verdadeiramente, e naturalmente, a igualdade e a fraternidade objetivos finais do nosso trabalho.

Sem isso surgirão as disputas por interesses particulares, a arrogância da saliência, a ambição por lugares de destaque.

Recordo palavras do nosso companheiro de blog Templuum Petrus, “quem se humilha será exaltado, mas quem se exalta será humilhado”.

Pois saibamos verdadeiramente, convictamente, deixar à porta do Templo os nossos metais, principalmente aqueles, porque eles são o fruto da grande maioria (totalidade?) dos desencontros entre Maçons, tal como afinal são a razão de todas as guerras.

Cultivemos e levemos conosco a capacidade de compreender as diferenças.

Porque afinal, ser amigo do que gostamos ou do que nos é igual é fácil.
O que pode ser desafio interessante é a amizade com a diferença.

E para isso a abertura de espírito e a capacidade de aceitação é uma exigência.

J.P. Setúbal


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  Quando um maçom se demite porque não pode ser amigo de todos os seus irmãos da Sociedade, talvez não lhe tenham explicado que a amizade em...