INICIAÇÃO O DESPERTAR PARA A REALIDADE!




Periodicamente, trazemos à reflexão de todos, através de matérias previamente selecionadas, a oportunidade de melhor compreender a razão de nosso processo de iniciação.

O tema Iniciação é de suma importância para o Maçom e para todos aqueles que, por força da Lei de Evolução, foram movidos a bater às portas de um Templo, em busca de Luz.

Entendemos que, como veículo de informação, em prol da cultura maçônica, outro não é o nosso trabalho, senão o de chamar à razão nossos leitores, a fim de que não se percam em atalhos, iludidos pelos falsos brilhos das alfaias, pelas pompas dos cargos e por seu ilusório “pseudo-poder”.

A Maçonaria não é composta por pessoas perfeitas, mas por aqueles que entendem que precisam se aperfeiçoar, e por isso lhe batem à porta.

Estamos a todo instante identificando aspectos de nossa personalidade que poderão ser aprimorados. Esse será o eterno lapidar de nossa pedra.

Quando falamos que a Maçonaria, antes de tudo é uma Escola de Iniciação, é porque, como tal, visa, através de seus ensinamentos e da “séria conduta de seus membros”, iniciarem uma ação de preparação da personalidade (parte material - lapidar da pedra bruta), a fim de que aflore a individualidade (parte espiritual), o despertar do Mestre Interno de cada um.

O objetivo de todos os processos de iniciação, incluindo o maçônico, é a expansão da consciência. Resume-se no aforismo grego: “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo.”

A consciência de si mesmo, de sua origem, de seu destino e do seu Criador. Para isso, exigem-se do postulante à Iniciação, a transformação e a superação de hábitos e de conduta.

A Iniciação não se resume, apenas, no cerimonial pelo qual passamos no dia de nosso ingresso na Ordem em si, e sim, em um processo que se dará ao longo de toda a vida, a partir daquele cerimonial que lhe deu origem.

A cerimônia descreve todo um teatro com o que se espera que seja a trajetória do iniciado em busca do seu Eu Verdadeiro. Isso poderá durar toda uma vida ou, em certos casos, algumas vidas. Estamos nos iniciando a cada ato praticado, a cada pensamento vibrado, a cada palavra proferida.

A Iniciação, em nossa trajetória terrena, não é uma opção ou uma coincidência, ela faz parte de todo um processo da evolução da mônada humana.

Tudo que está manifestado possui uma parte infinitesimal de Deus. Somos portadores de uma centelha divina, que tem como real propósito transformar-se em Luz e se fundir ao Criador.

O propósito da Iniciação não é outro senão o da expansão de nossa consciência, a fim de que, no futuro, esta mesma centelha se una à Chama do Eterno, a guisa do “filho que retorna à Casa do Pai”.

O iniciado se transforma por esforços próprios. A centelha Divina que habita em cada um nós e, também, em todas as criaturas, tende a se transformar em Luz. O materialismo brutal do mundo profano chega-nos como densas vendas a nos ocultar o nosso verdadeiro objetivo de nossas vidas.

O caminho da iniciação é estreito, difícil e a cada passo que damos à frente, abre-se um abismo às nossas costas. Voltar é se aventurar ao precipício! Devemos ter consciência do que viemos fazer aqui! A dura realidade é que, semanalmente, propusemo-nos a estar presente em nossos templos.

Na maioria das Lojas o que vemos são Sessões vazias de conteúdo, instruções mal lidas ou repetidas sem qualquer interpretação de parte dos Vigilantes ou dos Mestres, apresentadas às pressas, devido ao adiantar da hora.

Porém, após a Sessão, não pode faltar o tradicional ágape. Os mesmos apressados se encarregam de abrir os chamados “graus etílicos”, que não têm hora para acabar, quase sempre invadindo a madrugada, com assuntos vazios e profanos.

Cabe ao iniciado maçom perceber o sentido real de um Templo e, em especial, de um processo iniciático, pautando seus passos dentro dos ditames da Lei Divina, a fim de não se desviar do seu verdadeiro caminho, desperdiçando a sublime oportunidade de sua ascensão evolucional.

Repetidamente, o Maçom é questionado, em telhamento, o que veio fazer aqui, e a maioria, despreza o sentido da resposta, permitindo que as paixões e os desejos os impeçam de galgar os degraus da escada, que, de certo, o levará ao patamar de sua consciência, na busca do seu Verdadeiro Eu.

Nós, Iniciados Maçons, fomos intuitivamente escolhidos por nossos padrinhos para participarmos da Grande Obra do Eterno na face da Terra.

Pautando nossas ações nos ensinamentos da doutrina maçônica, iremos transformando-nos em verdadeiras “Ferramentas” para que o Grande Construtor se utilize em sua construção, em prol da evolução da humanidade, e para tanto, precisaremos estar aferidos, afiados, ajustados e calibrados, conforme os ditames do Grande Mestre, O Senhor dos Mundos, a fim de que, “exo” e “esotericamente”, possamos executar a parte que nos cabe dentro do plano traçado em sua Sacrossanta Prancheta.

Que este breve texto, somado às demais matérias que compõem esta edição, conduza a todos a uma profunda reflexão de nossas responsabilidades em nossa vereda iniciática, e “que mundo profano não julgue que viemos aqui trabalhar inutilmente, gastando em vão as nossas forças”.

Francisco Feitosa

O ESQUADRO E O COMPASSO: A QUADRATURA DO CÍRCULO


Ao falar da Arquitetura, indicamos a importância que tem a forma do cosmo físico como modelo no qual se inspiravam os antigos construtores para a edificação dos recintos sagrados e das moradias humanas. E entre os principais instrumentos utilizados para tal fim destacamos o compasso e o esquadro.

Ambos são os símbolos respectivos do Céu e da Terra, e assim os contempla em diversas tradições, ou mais precisamente, iniciações, como o Hermetismo, a Maçonaria e o Taoísmo.

O círculo ao qual desenha o compasso, ou seu substituto a corda, simboliza o Céu, porque este efetivamente tem forma circular ou abobadada, qualquer que seja o lugar terrestre de onde o observe.

Por sua vez, o quadrado (ou retângulo), que traça o esquadro, simboliza a Terra, quadratura que lhe vem dada, entre outras coisas, pela “fixação” no espaço terrestre dos quatro pontos cardeais assinalados pelo sol em seu percurso diário.

Além disso, a Terra sempre foi considerada como o símbolo da estabilidade, e a figura geométrica que melhor lhe corresponde é precisamente o quadrado, ou o cubo na tridimensionalidade.

Para a Ciência Sagrada, o compasso designa a primeira ação ordenadora do Espírito no seio da Matéria caótica e amorfa do Mundo, estabelecendo assim os limites arquetípicos deste, quer dizer, criando um espaço “vazio”, apto para ser fecundado pelo Verbo Iluminador ou Fiat Lux.

Na Gênese bíblica, a separação das “Águas Superioras” (os Céus) das “Águas Inferiores” (a Terra) deu nascimento ao cosmo, cuja primeira expressão foi a criação do Paraíso, que como se sabe tinha forma circular.

A este respeito se diz nos textos hindus: “Com seu raio (rádio) mediu os limites do Céu e da Terra”, e nos Provérbios de Salomão, pela voz da Sabedoria se diz: “quando (o Senhor) riscou um círculo sobre a face do abismo…”. Igualmente em um quadro do pintor e poeta inglês William Blake, vê-se o “Ancião dos Dias” (o Arquiteto do Mundo) com um compasso na mão desenhando um círculo.

O compasso é, pois um instrumento que serve para determinar a figura mais perfeita de todas, imagem sensível da Realidade Celeste, que é precisamente o que está simbolizando a cúpula ou abóbada do Templo.

O compasso é o emblema da Inteligência divina, do “Olho de Deus” que reside simbolicamente no interior do coração do homem, a luz do intelecto superior que dissipa as trevas da ignorância e nos permite acessar o interior do sagrado.

Por isso mesmo, o conhecimento da “ciência do compasso” implica uma penetração nos arcanos mais secretos e profundos do Ser. Entretanto, o conhecimento plenamente efetivo desses mistérios seria tal a culminação, se assim pode se dizer, do próprio processo da Iniciação.

Mas no momento de pôr “mãos à obra”, a casa não se começa pelo telhado. O trabalho começa por baixo, em definitivo pelos alicerces, pelo conhecimento das coisas terrestres e humanas.

Aqui entra em função a “ciência do esquadro”, tão necessária para riscar com ordem e juízo os planos de base do edifício e seu posterior levantamento, dando-lhe a estabilidade e comprovando o perfeito talhado das pedras que servirão de suporte e fundamento à abóbada, teto ou parte superior.

No trabalho interno é imprescindível, para que este siga um processo regular e ordenado, “enquadrar” todos nossos atos e pensamentos na via assinalada pela Tradição e pelo Ensino, separando o sutil do grosseiro. É isto precisamente o que assinala o Tao-Te-King: “Graças a um conhecimento convenientemente enquadrado, caminhamos sem dificuldades pela grande Via”.

Recordaremos, neste sentido, que em latim esquadro também se diz “norma”, que é também uma das traduções da palavra sânscrita dharma, a Lei ou Norma Universal pela que são regidos todos os seres e o conjunto da manifestação cósmica.

Poderíamos então dizer que o esquadro é o compasso terrestre, posto que não é mais que a aplicação na terra e no humano dos princípios e idéias simbolizados pelo compasso.

Por outro lado, esta união do círculo celeste e do quadrado (ou cruz) terrestre, está em relação com o enigma hermético da “quadratura do círculo” e a “circulatura do quadrante”, que sintetiza os mistérios completos da cosmogonia.

Efetivamente, na “ciência do compasso” e na “ciência do esquadro” estão contidos a totalidade dos “pequenos mistérios”, cujo percurso é, em primeiro lugar, horizontal (terrestre), e posteriormente vertical (celeste).

Com tudo isto, queremos indicar que na realidade existe uma aplicação filosófica da Geometria, que poderíamos denominar a “Geometria Filosofal”, que era perfeitamente conhecida pelos construtores medievais, os companheiros e maçons operativos, como por todos aqueles que se dedicaram à Arquitetura ou ordem do cosmo como meio de elevar-se ao conhecimento do que o ponto primitivo simboliza.

Sem fatuidade, Platão fez pôr sobre o frontispício de sua escola: “Que ninguém entre aqui se não for geômetra”, indicando assim que seus ensinos só podiam ser compreendidos por quem conhecia o aspecto qualitativo e esotérico da geometria.

Desde outro ponto de vista, o trabalho com o compasso e com o esquadro sintetiza igualmente todo o processo alquímico da consciência, do que a edificação e construção não são mais que símbolos.

Por isso que em alguns emblemas hermético-alquímicos se vê o Rebis, ou Andrógino primitivo, sustentando em suas mãos o compasso e o esquadro, quer dizer, reunindo na natureza humana as virtudes e qualidades do Céu e da Terra, harmonizando-as em uma unidade indissolúvel.

Autor: Marcelo Del Debio


MAÇOM É FRATERNO?



Sinopse: A busca da fraternidade para evoluir.

Ser reconhecido maçom é acima de tudo ação espiritual!

E esta não pode abdicar de ambiente fraterno onde cada maçom exercita o que desenvolveu em si mesmo.

A filosofia maçônica apenas provoca àquele que deseja, de fato, ser fraterno. Então, em resultado desta mudança, vir a ser reconhecido maçom!

A ação, a capacidade de mudar a si mesmo é individual: apenas eu, no Universo, tenho a capacidade de modificar-me.

E se eu mudar, você também muda!

O processo é indutivo e não compulsivo.

É o construtivismo dos rituais e a troca de informações das sessões maçônicas que tem a quase mágica capacidade de impulsionar aos seus executantes mudarem-se: senão tudo não passaria de simples pantomima!

Nem mesmo o Grande Arquiteto do Universo reservou para si a capacidade de modificar ao homem: para isto ele o dotou de livre-arbítrio.

O objetivo é que a criatura, de sua livre iniciativa, desperte em si a capacidade de conviver fraternalmente com outras criaturas, indicando com isso que está evoluindo para um objetivo maior.

Com este objetivo, podemos especular, deve ser parte de alguma intenção racional contida no projeto escrito no DNA para algum maravilhoso fim: senão a vida não teria sentido.

Somos criaturas em evolução contínua vivendo uma experiência espiritual que exige aporte de comportamento fraterno.

Deduzimos então que, não é reconhecido maçom todo aquele que ainda não desenvolveu em si a capacidade de conviver fraternalmente.

Pode ter passado por uma cerimônia denominada iniciação, mas ainda não entendeu o seu significado.

Aí entra a tolerância daqueles que já colocaram em prática o que aprenderam: de pacientemente aguardar a saída da cegueira daqueles que ainda estão contaminados pelo espírito selvagem do homem natural.

Por outro lado, se todos os que passaram pela cerimônia de iniciação pudessem ser reconhecidos maçons, poderíamos fechar nossas lojas e voltarmos definitivamente para as nossas casas: a sociedade estaria perfeita!

Portanto, dia destes os ainda vendados terão acesso à Luz iniciática que os impulsionará às mudanças e daí eles entenderão o que significa ser fraterno.

Ser fraterno não é questão de debates: é ação!

Ser fraterno é buscar no mais íntimo de si mesmo a força necessária para mudar-se e perceber que se é parte de algo muito maior.

Ser fraterno é amar a si mesmo.

Ser fraterno é amar aos outros como a si mesmo.

Ser fraterno é desejar o bem para toda sociedade humana.

Ser fraterno é amar aos outros seres vivos que compartilham a biosfera.

Ser fraterno é sentir-se feliz em tornar felizes aos outros.

Ser fraterno é amar a obra do Grande Arquiteto do Universo.

Ser fraterno é amar ao Grande Arquiteto do Universo.

Ser fraterno é amar.

E o amor, é o mais perfeito vínculo de união.

Ser fraterno é amar!

Apenas isso!

Simples assim!

Está dentro de cada um!

É isso que a filosofia da Maçonaria busca despertar em cada um: apenas provoca àquele que deseja, de fato, ser reconhecido maçom.

Apenas isso!

Simples assim!

Está dentro do iniciado, em seu espírito encarnado!

Charles Evaldo Boller


MAÇONARIA/MAÇOM



A Maçonaria SE “EXPLICA” em SE “VERSAR” numa concepção essencialmente iniciática, filosófica, filantrópica, progressista e evolucionista. Proclama-se estar voltada para o “ser” humano, estuda/obra a propósito da prevalência do Espírito sobre a matéria. Luta pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social dos homens, por meio do cumprimento inflexível do dever/leis, da prática desinteressada da beneficência, da investigação constante da Verdade. Tem como fins sumos a Liberdade, Igualdade e Fraternidade. 

O MAÇOM precisa ser acima de tudo um “HOMEM LIVRE”, nada dever/temer e ter por princípio obedecer as LEIS de seu país, crer em “DEUS” e independente de sua religião, status social, raça, orientação política, querer se auto-aperfeiçoar; buscando dentro a si próprio para, em se entendendo, poder entender ao seu próximo e a humanidade.

Sempre que ver este símbolo (acima) afixado num carro, na lapela de um paletó, no vidro de uma janela, saiba que ali dentro estará um MAÇOM; Ele, maçom, estará sempre pronto para atender seu próximo por entender que tem ele uma responsabilidade social intrínseca e que como individuo sempre se obrigará a agir em beneficio da sociedade como um TODO.

O MAÇOM domina seus interesses pessoais e acata os interesses que sua comunidade anseia e busca com todas as forças levá-las a termo, se colocando quando necessário for à frente e ou ao lado do líder daquele grupo.

A MAÇONARIA É UMA ORDEM QUE SERVE A SOCIEDADE!

O MAÇOM SERVE AO SEU PRÓXIMO!

Leonardo Garcia Diniz .’.
Ilhéus – Bahia


A INTERPRETAÇÃO E O ENTENDIMENTO DOS SÍMBOLOS



A Ordem Maçônica baseia os seus muitos princípios e os seus diversos ensinamentos em símbolos e rituais. Podemos afirmar que uma das principais características da Maçonaria, seja, justamente, aquela de procurar velar e proteger os seus muitos segredos dos olhos daqueles que, ainda, sejam considerados profanos.

A maneira encontrada pela Ordem Maçônica para ministrar os seus muitos segredos e ensinamentos aos seus Iniciados é procurar, sempre, fazê-lo utilizando-se de símbolos e metáforas (CAMPANHA, 2003, p.38).

Esta Simbologia Maçônica, sua interpretação e o seu entendimento são as ferramentas utilizadas pelos maçons para o seu constante escavar de masmorras ao vício e no seu permanente edificar e levantar de templos às virtudes: “Para tornar sua doutrina mais facilmente assimilável, como também, para inspirar conceitos mais amplos, a Maçonaria transmite seus ensinamentos por meio de símbolos.

Cada maçom vê nestes símbolos conforme o seu grau de evolução, sem, contudo, afastar-se dos fundamentos da doutrina (“...)” (GRANDE LOJA DO PARANÁ, 2000, p.3). Em seu “Dicionário de Maçonaria”, uma obra que consideramos fundamental, Joaquim Gervásio de Figueiredo, coloca-nos uma interessante definição da Ordem Maçônica, em que procura destacar a importância da utilização de símbolos para a difusão dos princípios maçônicos: “A Maçonaria é um sistema sacramental que, como todo sacramento, tem um aspecto externo visível, consistente em seu cerimonial, doutrinas e símbolos, e acessível, somente, ao maçom que haja aprendido a usar sua imaginação espiritual e seja capaz de apreciar a realidade velada pelo símbolo externo (...)” (FIGUEIREDO, 1998, p.231).

Na Maçonaria a maior parte dos símbolos e metáforas, que são utilizados, provém da antiga atividade profissional e corporativa dos pedreiros medievais. Construtores que eram, principalmente, de Igrejas, grandiosas Catedrais, sólidos castelos e fortalezas, os pedreiros medievais organizam uma Corporação, constituíam a Maçonaria Operativa que evoluiu para as Organizações Maçônicas Simbólicas e Especulativas contemporâneas.

A linguagem simbólica ou metafórica é característica das sociedades iniciáticas, pois exigisse do interprete dos símbolos, na maioria das vezes, um conhecimento que, somente, será possível existir, se este já for um iniciado naqueles mistérios, cujos símbolos se pretendem analisar.

Este contato possibilita uma maior familiaridade e um convívio mais profundo e significativo. E este é, ao nosso ver o caso da Maçonaria. “Herdeira espiritual das Sociedades iniciáticas da Antiguidade, a Maçonaria perpetua o tradicional método iniciático na ensinança de suas doutrinas.

Por este sistema que se funda no simbolismo, isto é, na interpretação intuitiva dos símbolos, o ensino maçônico torna-se muito pessoal e praticamente auto didático. É, com efeito, como tão bem explicou o eminente escritor maçom J. Cornelup: “O próprio de um símbolo é de poder ser entendido de várias maneiras, segundo o ângulo sob o qual ele é considerado, de modo que `um símbolo admitindo, apenas, uma única interpretação não será verdadeiro símbolo (...)”.(ASLAN, 2000, p.5).

Os símbolos aliados às metáforas e a prática da analogia, sempre, foram utilizados na transmissão de informações e mensagens, principalmente aquelas que são consideradas religiosas ou até mesmo esotéricas.

 Assim foi com o cristianismo ao longo de sua evolução, e, também, com a imensa maioria das religiões que existem na atualidade ou que já existiram. Uma cerimônia religiosa ou ritual é um exemplo prático da riqueza representada pelos símbolos, bem como da sua utilização, assunto a que fazemos referência neste trabalho. 

“(...) A cerimônia religiosa desempenha um papel importante em todas as religiões (...) invoca-se ou louva-se um deus ou vários deuses, ou, ainda, manifesta-se gratidão a ele ou a eles. Tais cerimônias religiosas, ou ritos, tendem a seguir um padrão bem distinto, ou ritual (...).” (HELLERN, op. cit., p. 25). 

Sobre a interpretação e o correto entendimento dos símbolos, bem como dos próprios ritos ou rituais, quer sejam eles religiosos ou mesmo filosóficos, Fernando Pessoa teceu algumas poucas, mas mesmo assim muito importantes considerações.

Cabe, no entanto, ressaltar, antes de qualquer outra consideração, que Fernando Pessoa é um dos mais importantes escritores da língua portuguesa de todo o século XX. Segundo ele próprio, que por diversas vezes claramente destacou, nunca pertenceu a Maçonaria, apesar de nutrir por esta instituição um profundo respeito, consideração e apreço.

Em um artigo jornalístico, intitulado “Associações Secretas: Análise Serena e Minuciosa a Um Projeto de Lei Apresentado ao Parlamento”, e publicado no Diário de Lisboa no início do ano de 1935, Fernando Pessoa faz uma defesa e uma apologia muito bem fundamentada da Maçonaria e dos direitos do homem.

Porém ele procura enfatizar de maneira bastante clara a sua condição de não maçom, destacando as dificuldades advindas de tal condição. Ele destaca as barreiras e limitações naturais que são encontradas por aqueles que não pertencem à Ordem Maçônica, para pesquisar sobre os seus conteúdos e os seus muitos mistérios: “(...) 

Não sou maçom, nem pertenço a qualquer outra Ordem semelhante ou diferente. 

Não sou, porém, anti-maçom, pois o que sei do assunto me leva a ter uma ideia absolutamente favorável da Ordem Maçônica (...) assunto muito belo, mas muito difícil, sobretudo para quem o estuda de fora (...)” (PESSOA, 1935, passim).

Roberto Bondarik

SALÁRIOS NA MAÇONARIA



Normalmente quem está fora da Maçonaria, no mundo profano, ouve habitualmente referências a salários, pagamentos de salários, aumentos de salários e afins…

Hoje venho abordar um pouco sobre o que este tema concerne, e porque dado ainda me encontrar investido nas funções de Primeiro Vigilante da Respeitável Loja da qual ainda sou obreiro do seu quadro de membros, fará todo o sentido o abordar.

Numa Loja Maçônica quem tem o dever de, ritualmente, pagar os salários aos obreiros da Loja é o Primeiro Vigilante que se encontre em funções na Respeitável Loja.

A palavra salário deriva da palavra latina “salarium” e era a forma como eram pagos os vencimentos dos soldados na Roma Antiga, a qual era feita através de sal, perpetuando-se o uso dessa expressão até aos presentes dias.

Há referências ao pagamento de salários aos operários de construção civil da Idade Média e de épocas posteriores a esta, nas “Old Charges” ou “Cartas de Deveres”, tendo esses pagamentos sido regulados e regulamentados através da elaboração deste tipo de documentos.

Já na Maçonaria atual, este dito “pagamento” é feito através da obtenção de conhecimento, da progressão gradativa na Ordem, pois  nada ou ninguém pode esperar ser ressarcido do seu labor de outra forma que não esta.

- Não esquecer que os metais são deixados fora do Templo -.

Apenas o auto-aperfeiçoamento moral de cada um, executado com o aproveitamento da utilização da vasta simbologia maçônica ao seu alcance e da boa compreensão das alegorias que revestem a Maçonaria, da prática da fraternidade entre todos e aplicando a filosofia maçônica na sua vida, serão a melhor retribuição que o maçom pode esperar para si; aliás, no Salmo 128:2: “Pois comerás do trabalho das tuas mãos; feliz serás, e te irá bem” reside o “core” do salário do Maçom.


 E é nas Sagradas Escrituras Cristãs que encontramos também menção ao direito ao salário de quem trabalha e à hora a que o mesmo deve ser realizado, nomeadamente em Mateus 20:6-9: “E, saindo perto da hora undécima, encontrou outros que estavam ociosos, e perguntou- lhes: Por que estais ociosos todo o dia?

Disseram-lhe eles: Porque ninguém nos assalariou. Diz-lhes ele: Ide vós também para a vinha, e recebereis o que for justo. E, aproximando-se a noite, diz o senhor da vinha ao seu mordomo: Chama os trabalhadores, e paga-lhes o jornal, começando pelos derradeiros, até aos primeiros. E, chegando os que tinham ido perto da hora undécima, receberam um dinheiro cada um.”.


Saliento ainda que o local onde este salário deva ser realizado é sugerido em Rute 2:19: ”Então lhe disse sua sogra: Onde colheste hoje, e onde trabalhaste? Bendito seja aquele que te reconheceu. E relatou à sua sogra com quem tinha trabalhado, e disse: O nome do homem com quem hoje trabalhei é Boaz.”.

Também o trabalho executado pelo Maçom o foi realizado através da sua própria força! Por isso nada melhor que também esta (força) seja relevada e que ele aufira o seu pagamento, nada menos que, na Coluna que a Força representa.

E qualquer maçom pode ver aumentado este seu salário, pois com estudo, empenho, frequentando os trabalhos das sessões da sua Respeitável Loja e apresentando Trabalhos que demonstrem os seus conhecimentos, assim poderá tal acontecer; sendo isso traduzido pelo aumento da sua graduação na Loja, subindo de Grau na Maçonaria.

Deste modo, retiro qualquer dúvida que possa haver face ao pagamento de salários na Maçonaria, porque ninguém pode esperar qualquer proveito ou retorno econômico com a sua adesão a esta tão Augusta Ordem.

Aliás, por norma passa-se o seu reverso, despende-se é algum tempo e dinheiro com a pertença a esta Instituição, nomeadamente são gastos temporais com a presença e frequência das sessões da Loja a que se pertença ou outras que se visite bem como com gastos financeiros referentes ao pagamento de quotas mensais e de subidas de graus, para além das tão habituais contribuições para os fundos de maneio das Lojas e seus “Troncos da Viúva” que são normalmente utilizados para apoiar algum Irmão ou família necessitada, ou outros quaisquer projetos de âmbito social que a Loja apoie.

Outras formas de pagamento de salário  poderão decorrer na Maçonaria ou no seio das Obediências Maçônicas, mas decorrem apenas das suas obrigações administrativas, nomeadamente o pagamento dos vencimentos aos funcionários administrativos que trabalham nelas bem como algum tipo de “auxílio de custo” a quem, por qualquer motivo necessário e relevante, represente a própria Obediência.

Assim, quanto a salários em Maçonaria, seus “ganhos” ou “gastos”, é mais “o que sai do bolso do que o que entra”, aliás, esse é zero!

Apenas podemos contar com Conhecimento e Fraternidade!

Nuno Raimundo

CONSTRUINDO A PEDRA CÚBICA



A pedra cúbica é o símbolo da medida áurea, do desenvolvimento harmônico e equilibrado que supera todas as deficiências e controla a tendência para os excessos de qualquer natureza, pois todo excesso, em qualquer sentido, é uma falta de controle.

Exceder-se, em qualquer sentido, é uma deficiência, pois indica a falta de qualidade oposta que deve controlar esta tendência.

É uma das asperezas alegóricas da pedra bruta que deve ser desbastada, é uma irregularidade no desenvolvimento, em determinado sentido que, nos afasta do equilíbrio perfeito e da perfeição cúbica ideal.

A beleza da figura humana, assim como a de um edifício ou obra de arte é da mesma maneira função e resultado do grau de equilíbrio, harmonia e proporção perfeita entre todas as partes que compõem o conjunto.

Quando existir desproporção e excesso, em qualquer sentido, manifestar-se-á a imperfeição que afasta a obra da medida áurea.

A saúde perfeita e a eficiência física, também dependem do grau de justo equilíbrio, harmonia e proporção que sabemos manifestar em nossos hábitos fisiológicos.

Todo excesso, em qualquer sentido, se converte em elemento destrutivo.

No campo moral, todo vício é um mau companheiro que é preciso revelar e disciplinar, para que não siga exercendo uma influência destrutiva sobre a obra da vida e acabe tornando inepta a pedra que deveria ocupar seu lugar no edifício social e humano.

O mesmo deve ser dito, no plano da inteligência, das diversas qualidades e faculdades que caracterizam a genialidade verdadeira, ou seja, a produtiva.

O chamado gênio não é constituído somente pelo desenvolvimento da faculdade da memória, nem da imaginação; não consiste unicamente na abundância das idéias, nem no desenvolvimento da concentração.

Nenhuma dessas qualidades, isolada, produz o gênio verdadeiro, que só se realiza com o perfeito desenvolvimento equilibrado de todas as qualidades da inteligência sem que haja excessos e desde que cada uma dessas qualidades e faculdades seja capaz de conservar o lugar ao qual pertence e atuar em perfeita harmonia as demais.

O que necessitamos é de uma cooperação e um desenvolvimento harmônico de ambas as faculdades.

Havendo o Aprendiz trabalhado na Pedra Bruta com o Malho e o Cinzel, transformando-a num cubo imperfeito, cabe ao Companheiro polir este cubo com o auxílio do esquadro, do Nível e do Prumo, tornando-a finalmente em pedra cúbica.

Desbastadas as arestas da personalidade ainda como Aprendiz, cabe agora, ao Companheiro disciplinar suas ações através do conhecimento adquirido, realizando contornos delicados e fazendo então, do seu "eu", um cubo perfeito, a pedra polida que assim estará apta a ser utilizada na construção do edifico do Templo, isto é, a humanidade Perfeita.

Thiago Mangelli M.'.M.'.


Postagem em destaque

AS ORIGENS DAS SOCIEDADES SECRETAS: MAÇONARIA E INFLUÊNCIAS ANTIGAS

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