Considerações a respeito das letras M:.B:. do avental do M:.M:. M – a mais sagrada de todas as letras, segundo o dicionário esotérico, pois é ao mesmo tempo masculino e feminino, isto é, uma letra andrógina. É uma letra mística em todos os idiomas, orientais e ocidentais. O nome sagrado de Deus em Hebraico, aplicado a letra M, é “MeBorach”, que quer dizer o Santo ou o Bendito. B – É uma clara expressão da dualidade dos princípios superpostos, que evidenciam a lei da polaridade. Mostra claramente a relação entre o superior e o inferior, o céu e a terra e o espírito e matéria. O lado curvo corresponde a involução ou revelação do espírito na matéria. O lado reto é o ascendente, que corresponde à evolução do Espírito na matéria. O lado reto mostra o domínio do homem, e o lado curvo o da matéria. A forma hebraica desta letra é Beth e tem uma relação com o princípio da vida. Em nossa pesquisa, encontramos várias interpretações para o M:.B:. do avental do M:.M:., umas até interessantes, que tentaremos reproduzir, e outras tão absurdas que não convém nem citá-las, por riscos de reproduzirmos o ridículo sem berço e sem fundamento. MohaBon Respeitando as várias opiniões, já que existem muitas controvérsias sobre a origem do M:.B:., preferimos ficar com o que nos ensinou nossos mestres, que aliás é endossado pela convenção de “Lösane”, setembro de 1875, que afirma o seguinte: o avental do M:.M:. do Rito Escocês, Antigo e Aceito, será branco forrado de vermelho com as iniciais M:.B:. alusivas à palavra S:. do Grau. Quando fomos exaltados, aprendemos sobre a belíssima lenda do nosso mestre Hiran, e a parte que mais nos tocou, foi quando os irmãos encontraram o corpo, já em estado de putrefação, e ao tentar levantá-lo, exclamaram: “A carne se desprende dos ossos!” em hebraico M:.H:.B:., que foi adotada pela maioria dos ritos maçônicos, como a palavra S:. do M:.M:.. É lógico que a tradução difere de acordo com o idioma, mas a essência é e será sempre a mesma em todos os ritos e potências. Mak Benak O manuscrito “The Graham”, do ano de 1726, fala sobre a lenda de Noé e seus três filhos “Sem, Cam e Jafet”, que encontramos nos antigos rituais. Noé teria recebido do GADU, a missão de construir a Grande Arca, que embora de madeira fora construída segundo a Geometria, e de acordo com as regras maçônicas. Diz a lenda que os três filhos foram até o túmulo do pai Noé, a fim de tentar descobrir o segredo que possuía o grande patriarca Bíblico. Quando tentaram levantar o corpo já em avançado estado de decomposição, um dedo e um pulso se desprendeu, e só conseguiram levantá-lo, fazendo uso dos “Cinco Pontos Perfeitos”. Um dos filhos teria dito: “Ainda há tutano neste osso!” [Marrow in the Bone] segundo alguns pesquisadores maçônicos, origem das iniciais M:.B:., que mais tarde se tornaria “Mak Benak”. Este é o único documento que se refere a lenda de Noé, com conexão com os C:.P:.P:. e com a palavra S:. do mestre. A lenda de Hiram ainda não era conhecida. Moab Bem-ami Jules Boucher, defende a teoria Moabita [“O que vem do Pai”], aliás interpretação aceita por muitos rituais antigos, que cita o incesto praticado pela duas filhas de Ló [Gênesis cap 19 vs. 30 a 38]. Ló vivia com suas duas filhas, num local onde não existia nenhum outro homem. Para que se cumprisse a tradição do patriarcado, e a geração do genitor, e não havendo outra solução, elas resolveram embebedar o pai com vinho, e copularam com ele, totalmente embriagado. A primeira a cometer o incesto foi a primogênita, que engravidou e deu a luz a um filho, dando lhe o nome de “Moab” [que vem do pai], em seguida a Segunda filha a imitou e deu a luz a “Bem-Ami” [pai do filho]. Desse fato surgiu na Maçonaria a estranha interpretação “Aquele que vem do pai” ou “geração do pai”. Maçons que aceitavam essa hipótese tentaram relacionar a imoralidade do incesto com podridão, putrefação etc. Adversários da Maçonaria aproveitaram-se disto para desmoralizar e denegrir a sublime ordem, como por exemplo o escritor antimaçonico Paulo Rosen em sua obra “Satan e Cia”. Maugh Bin Num apêndice da sua obra “Historiy of Free Masonary”, página 487, o Ir:. R. F. Gould reproduz uma publicação do jornal sensacionalista “Flying Post” [Correio Volante], impresso em Abril de 1723, descrevendo o que seria uma iniciação Maçônica. Prossegue o articulista contando que ao candidato, entre outras coisas, era revelada a palavra “Maughbin”, a qual era transmitida de ouvido a ouvido ate chegar ao Mestre. Então o candidato era posto à ordem como o Mestre, e devia recitar: [traduzido p/ o português] Fui iniciado Maçom, Vi “B” e “J”. Prestei o raríssimo juramento. Conheço a pedra o diamante e o esquadro. Conheço perfeitamente a parte do Mestre. Como um probo “Maughbin” poderá dizer-vos. Bons autores apontam a palavra MaughBin ou MachoBin, cuja tradução é algo parecido com “É ele, ele esta morto!”. De qualquer modo isto está relacionada com “Putrefacto”, e o significado varia conforme o idioma. Em Francês, por exemplo, quer dizer “podre até os ossos” [la chair quitte les os]. Mac Benah Os Jacobitas e a lenda de Hiram – vasta literatura sobre o Grau de mestre, levanta a hipótese de a lenda de Hiram ter surgido por inspiração política dos partidários dos Stuarts, os Jacobitas. Em 30.01.1649, o Rei Carlos I dos Stuarts foi decapitado por decisão do parlamento Inglês. Após a morte do Rei os maçons Jacobitas, por segurança, acobertavam seu partidarismo por segredo. Assim, o filho do decapitado passou a representar o Verbo, a Palavra Perdida, e os maçons eram os filhos da viúva, alusão a rainha Henriette de França, viúva do finado Rei. Mackey, na sua enciclopédia, definiu a palavra MacBenah como derivada do dialeto gaélico, significando “Filho Abençoado”, alusão ao príncipe filho de Carlos I. A nosso ver, os maçons Jacobitas apenas se aproveitaram da doutrina maçônica da época, em proveito de suas tendências de hegemonia dos Stuarts, mas é bom lembrar que a lenda do Mestre Hiram só viria a existir quase um século após. Maçonaria Brasileira Só a título de curiosidade, vamos citar o Ir:. Manuel Gomes no seu “Manual do Mestre Maçom”, pag. 321 a 334: “O manifesto Maçônico do primeiro G:.M:. do Grande Oriente do Brasil, José Bonifácio de Andrada e Silva, que entre outras observações, critica a disseminação de lojas estrangeiras, com rituais executados nos vários idiomas, menos no da nossa pátria, e conclama os maçons patriotas a usarem obrigatoriamente nos aventais de mestre as iniciais M:.B:., alusivo a 'Maçonaria Brasileira'”. A bem da verdade, em nossa pesquisa encontramos uma infinidade de explicações e definições a respeito do M:.B:., porem por irrelevantes, citamos as que realmente interessam à Sublime Ordem. Mak Benak – usada pelo Rito Adonhiranita, Mak origem Galica significa podridão, estar podre. Mac Benac – Rito Moderno ou Francês, “Viver no Filho”. MoaBom - Rito Schroeder, “O filho do Mestre está Morto”. MohaBon – Rito E:.A:.E:.A:., “A carne se desprende dos Ossos”. Mac-Benah – “Filho da Putrefação ou do Mestre Morto”. Macheh-Bea [Beamacheh] – “Deus seja Louvado”. Como se vê, não obstante as inúmeras definições e variações, a mensagem que fica é a mesma. A afirmação da imortalidade, a eterna ressurreição, é preciso morrer, apodrecer, a fim de renascer para o eterno ciclo cósmico. O Mestre exaltado transpõe a materialidade da morte e assume a preponderância do espírito. Meus irmãos, isto posto, concluímos que, antes e além de tudo, há algo especial na exaltação, qual seja: Exaltação vem do latim: EX – ALTARE, ou seja, além do altar, transpor o altar, mudar transcedentalmente de nível, quero dizer o Maçom, [com os três golpes que feriram o Mestre Hiran] deve destruir em si mesmo: 1 O coração – mudando seus sentimentos, do egoísmo para o amor ao próximo e a humanidade; 2 A garganta – aprimorando o seu verbo ou expressão, de modo a tornarem-se somente palavras úteis, verdadeiras, e sempre que possível agradáveis; 3 A cabeça – Pondo em sua mente um novo modo de pensar, elevando–se acima do material, temporal e finito para renascer sobre o símbolo da acácia imperecível, num nível superior de compreensão e consciência que o tornará um autentico e digno mestre. Para finalizar, uma máxima mística para os Iir:. refletirem: “NASCEMOS PARA MORRER, E MORREMOS PARA NASCER!” Meus Irmãos, que o G:.A:.D:.U:., cuja sabedoria divina dirige suave e poderosamente todas as coisas, nos abençoe e nos ilumine para que possamos passar um pouco do nosso modesto conhecimento a todo irmão que queira fazer progresso na nossa “Sublime Ordem”.
Trabalho do Ir:. José Roberto Mira, CIM: 228.445, M:.M:.Gr:.
IV - A:.R:.L:.S:. Renascer nº 3633 (G:.O:.P:.).
Livros e Autores Consultados: Curso de Maçonaria Simbólica – Theobaldo Varoli Filho O Mestre Maçom – Francisco Assis Carvalho [Chico Trolha] A Simbólica Maçônica – Jules Boucher Manual do Mestre Maçom – Manoel Gomes Maçonaria e o Livro Sagrado – Zilmar de Paula Barros Maçonaria Mística – Rizzardo da Camino Ritualística Maçônica – Rizzardo da Camino Bíblia Sagrada |
LETRAS MB
PEDREIRO LIVRE (Free Mason)
Qual seria a origem desse nome?
Quando, onde e por que foi dado?
Algumas supostas respostas, dadas a seguir, foram baseadas no
conteúdo do livro do Ir.:Bernard
Jones “The Freemason’s Guide and Compendium”.
Na verdade, muitas explicações são dadas sobre esse assunto. O que se sabe é que nos tempos das construções das Catedrais, os Maçons eram divididos em duas categorias: os maçons “rústicos”, quebradores de pedras, que extraiam os blocos e davam uma preparação preliminar aos mesmos, e os “especialistas” cujo trabalho era o de “acabamento” das referidas pedras, dando corte, formato e acabamento conforme o requerido na etapa final da construção.
Esses últimos eram os mais qualificados do grupo de Maçons. Podemos dizer que eram verdadeiros artistas na arte de acabamento em pedras.
Estes maçons é que foram chamados de
“Freemasons”. Aparentemente esse nome foi usado nos primórdios dos Operativos.
Bernard Jones esclarece que a palavra “free” tinha muitos significados e é difícil precisar qual deles foi utilizado no termo “Freemason”. Três deles serão dados a seguir:
1) “Free” pode indicar a pessoa que era imune a leis e regras restritivas, particularmente com a liberdade de ir e vir para diversos lugares,
conforme a necessidade do seu trabalho.
2) Muitos Maçons de hoje acham que o termo foi aplicado originalmente, àquele fisicamente livre, que não era servo, muito menos um escravo.
3) O “Freemason” seria talvez aquele que trabalhava na pedra livre (free stone) que é um tipo de pedra calcárea, fácil de manusear, não muito
dura.
O NASCIMENTO DAS RELIGIÕES
As religiões surgiram pela necessidade do homem de
explicar a natureza e seus fenômenos, assim em sua ignorância científica o
homem passou a cultuar aquilo que era inexplicável, mas ele sentia que
influenciava sua vida, então ele passou a adorar os astros (astrolatria), nessa
fase já surgiram os primeiros espertalhões, os magos e sacerdotes, que através
de mágicas e um conhecimento pouco maior da própria natureza, passaram a viver à
custa dos demais, influenciar sua tribo e seus lideres, assim passaram a dominar
seu grupo e dando ênfase, muitas vezes, as suas sanguinárias personalidades,
passaram a dizer que os deuses exigiam sacrifícios humanos e/ou materiais.
Com o crescimento do conhecimento humano, os primeiros ídolos se dissolveram no barro, e surgiram as fases da adoração aos animais, por suas características físicas e suas capacidades de agirem na natureza, e/ou as divindades híbridas, uma mistura de formas humanas com formas animais, ai também aparecem os magos e sacerdotes, dominando, através de suas mágicas e truques, os grupos e sociedades, passando a viver nababescamente a custa das ofertas, sacrifícios e taxas pagas as divindades, esses sacerdotes tiveram uma influência muito grande na vida das comunidades e até no desenvolvimento do conhecimento humanos, pois com seus truques criavam barreiras ao entendimento da natureza, inculcando o medo e os preconceitos entre o povo.
Com os fenômenos da natureza sendo cada dia mais entendidos, os fenômenos físicos estavam sendo explicados e entendidos, então o homem mergulhou novamente na busca da explicação de fenômenos que transcendiam as características físicas na natureza, o homem voltou toda sua atenção ao que denominou de espiritual, tentando explicar esse novo homem que demonstrava possuir em seu Ser, algo mais que a simples forma física. Parte para, através da filosofia e da teologia, explicar o que é o Ser não material, qual sua procedência, imanência e perenidade, então novamente o homem termina criando novos preconceitos e místicas, criando uma divindade a que ele atribui todas as qualidades humanas, uma divindade que AMA e ODEIA que CRIA e DESTRÓI que é uniciente, mas se surpreende com as ações e atitudes do homem que ela criou...
Na verdade a consciência humana não tem como entender ou explicar DEUS e seus desígnios, ELE é inefável e incognoscível, então novamente um grupo de expertos surge para se colocar, novamente, como interlocutores com a divindade, se colocam, por ignorância ou esperteza, como portadores e executores dos desígnios Divinos, e dando vazão as suas idiossincrasias, roubam, mentem, matam, enganam, etc., a humanidade.
Muitos já morreram, estão morrendo e ainda vão morrer, em nome de Deus! Os preconceitos, o orgulho, a hipocrisia, etc., faz com que o homem acredite que o seu Deus é o único e verdadeiro, que todas as formas de divindade são falsas e mentirosas. Assim ele está pronto para morrer ou matar por um Deus que em princípio deveria ser vida! E não adianta ficar tentando justificar nenhuma religião, pois todas elas são HUMANAS, todas elas foram criadas por HOMENS, que se colocaram como mensageiros da Divindade, e todas elas, no presente e/ou no passado usaram a força, a violência e mataram em nome do SEU DEUS, eu disse todas elas, é só estudar a história da humanidade, que vamos encontrar relatos e mais relatos de guerras santas, violências praticadas em nome de Deus, genocídios, etc., etc., e sempre existiram os profetas, sacerdotes, magos, teólogos e outras peças, para induzir os homens a crerem no que eles acreditam ou fingem acreditar, para dominá-los e explorá-los.
Em nome de QUALQUER DEUS homens irão matar e morrer, em NOME DE UM DEUS QUALQUER muitos espertalhões ainda irão viver e enriquecer! Claro que toda regra tem exceções e existem, alguns poucos, muito poucos, que ainda são movidos por bons preceitos e procuram dar ao Deus que eles crêem e aos outros amor, e dedicam suas vidas a sua causa, em geral, essas pessoas morrem muito pobres e vivem longe, muito longe, do dinheiro, do poder e das coisa materiais!
Deus não está na OPULÊNCIA, mas na HUMILDADE! O verdadeiro Deus não está fora do homem, em qualquer templo, igreja, catedral, etc., seja ela riquíssima ou pobre, o nosso Deus está dentro de cada um de nós, e Ele é único, é pessoal, É SEU! SOMENTE SEU! E, portanto, ele só está em você, em seu SER! Não adianta procurar Deus em qualquer igreja, religião ou seita, pois se você não encontrá-lo em si, nunca vai achá-lo. As leis, normas, padrões, valores humanos, não são normas divinas, a Divindade não toma parte da forma física do homem, a matéria apenas encarcera o espírito, que sofre, quando ele está desenvolvido, preso a matéria, que o faz sofrer pela ausência da liberdade.
O verdadeiro crescimento não é o material, mas aquele que
transcende a matéria. Não estou dizendo que devemos abandonar a vida material,
ao contrário, acredito que devemos aproveitá-la e viver o mais intensamente que
possamos, mais lembrando que Deus não está em nada material, que caixão não
gaveta ou cofre forte, e que o importante e viver de tal forma que quando
partirmos alguns possam sentir nossa ausência e reconhecer - ele (a) era uma
boa pessoa - o importante é que nossa vida possa ter contribuído de alguma
forma, para transformar o mundo em algo melhor, que possamos ter contribuído
para o crescimento da humanidade, que possamos ter contribuído para transformar
a vida de alguém em uma vida melhor! O resto tudo e especulação e só serve para
alguns, como sempre, desde a pré-história, dominar e viver a custa dos outros!
DESABAFO CONTRA O PRECONCEITO A MAÇONARIA
Caros amigos.
Vou escrever um breve texto, espero que não
seja muito "chato e extenso"... rsrsrs.
Há poucos dias vi uma
postagem de uma pessoa altamente educada, inteligente, culta, elegante,
"do bem", e infinitamente respeitada (com todo mérito, e com toda a
minha concordância, aliás!), em que foi citada a Ordem Maçônica, e uma
"proibição" de uma determinada vertente religiosa (que tem todo o meu
apreço e o meu respeito, inclusive) de seus membros pertenceram à Maçonaria.
Não vou entrar no mérito dessa
"proibição", vou apenas me atrever a tecer alguns comentários... Bem,
como alguns devem saber, sou maçom há cerca de 7 anos, e vou dizer apenas
algumas breves palavras aqui sobre essa Ordem, e sobre seus
"conflitos" com religiões ao longo da história.
Em épocas remotas, as igrejas, principalmente a
católica romana, entraram em conflito radical contra a então "Ordem dos
Pedreiros Livres", a Maçonaria. Havia uma intolerância religiosa, época da
"Inquisição", e não vou me aprofundar nesta questão, para não me
alongar mais ainda (há farta literatura sobre o assunto).
O fato é que a Ordem teve que se manter "sigilosa
e escondida" para sobreviver, pois foi cruelmente perseguida como se seus
componentes fossem "hereges". Muitos erros a "igreja
oficial" cometeu, e hoje inclusive vê-se o Vaticano "pedindo
perdão" por atrocidades cometidas durante sua história, principalmente na
época citada, da "Inquisição".
Como em tempos antigos, a Igreja e o Poder do
Estado "se confundiam e se misturavam" no comando das nações, então
muitos governos também perseguiram a Maçonaria. A Maçonaria existe
"oficialmente" desde o início de 1700, mas seu verdadeiro início,
segundo alguns estudos, pode remontar a muitos séculos antes.
Trata-se, basicamente, de uma fraternidade de
pessoas supostamente "do bem", de bons costumes e de retidão de
caráter (embora esse julgamento de "quem é quem" é feito pelo homem,
e pode ser falho, assim como é falho o ser humano, e certamente existam maçons
sem este perfil citado).
A principal exigência para que alguém seja
admitido em nossa Ordem é "acreditar num Ser Supremo" (que nós
chamamos de Grande Arquiteto do Universo, que é Deus). E também crer na
imortalidade da alma. Não somos uma religião, e nossos membros (que chamamos de
irmãos) são de várias vertentes religiosas.
Reunimos-nos periodicamente para debater
assuntos, trocar idéias, glorificar o Grande Arquiteto do Universo, sempre
pensando no bem da humanidade, seguindo nosso lema histórico "Liberdade,
Igualdade e Fraternidade".
Nada fazemos de mal, e hoje, sem as
"perseguições" acima citadas, não há mais necessidade de nos
mantermos "escondidos". Há apenas uma "discrição" de nossa
parte, muito até por questões culturais de "manter a tradição".
Nunca houve nada que denegrisse a imagem da
Maçonaria, exceto "tresloucadas teorias de conspiração" espalhadas
por "anti-maçons" no decorrer da história (sem nenhum fundamento, e
sem nenhuma confirmação histórica!). Pelo contrário, nossa Ordem sempre esteve
ligada a movimentos que ajudaram a mudar o rumo da humanidade, sempre com
questões altruístas e humanitárias (no Brasil, podemos citar rapidamente a
Inconfidência Mineira, a Independência e a Proclamação da República).
Portanto, caros amigos, a intenção deste texto
não é "bater de frente" com ninguém, nem criar nenhum tipo de
polêmica. O intuito é apenas ESCLARECER. Vivemos numa época em que preconceitos
estão caindo. Não há porque ter "preconceito" contra a Maçonaria.
Observem seus membros. Observem seus atos.
Reflitam. Não quero aqui convencer ninguém a querer entrar para a Maçonaria.
Somos discretos e reservados, não fazemos isso.
Quero apenas que as pessoas deixem seus preconceitos de lado, preconceitos
estes baseados em antigas "idiotices" que a humanidade já superou.
Somos todos irmãos. Somos todos filhos do Pai.
Cléber Capella – MM – ARLS Cedros do Líbano,
1688 – Miguel Pereira-RJ
TOLERÂNCIA - TEXTO MAÇÔNICO
A tolerância é uma das virtudes mais discutidas
na Maçonaria. A palavra é bonita e usada com muita freqüência. Entretanto, a
sua prática é demasiadamente difícil. Não porque evitamos praticá-la, mas
porque é terrivelmente complicada, a demarcação dos seus limites, para sabermos
onde ela termina, e onde começa a complacência ou mesmo a conivência.
Estabelecer esses limites não é fácil. Em cada
caso, em que empregamos a tolerância, devemos analisar uma infinidade de
ângulos, nos quais sempre estão em julgamento os procedimentos de Irmãos.
Muitas vezes até a mudança de comportamento de um Irmão, nos obriga a usar de
maior ou menor tolerância. Daí se nota a existência de uma gradação da
tolerância. Como se estabelece ou situá-la, em determinados problemas.
É pôr este motivo, que não se pode colocar em
cargos de decisão. Irmãos sem um elevado grau de bom senso e vivência maçônica,
pois somente com essas condições, pode o Maçom, estabelecer o grau de
tolerância, na gradação citada e adequada a cada caso.
O Venerável Mestre ou mesmo o Grão-Mestre,
normalmente responsáveis pôr decisões deste tipo, têm o cuidado de estabelecer
parâmetros determinantes ou uma espécie de círculo imaginário, em que se
circunscreverá a tolerância.
Digamos que esses Respeitáveis Irmãos estabeleçam
um grande círculo e nele circunscrevam dois círculos menores. No menor estará a
tolerância, no médio a complacência e no maior a conivência.
O cuidado para não sair do círculo menor, o da
tolerância, é uma constante. Isto porque, um descuido na lapidação das
informações recebidas, pode dar a idéia de transigência com o erro, a permissão
da violação do direito ou a conspurcação da moral. Se, pôr outro lado, mesmo
sabendo que o erro foi realmente cometido, que a transgressão dos ensinamentos
maçônicos foi verificada, temos que adicionar, como importante ingrediente para
a tomada de decisão, os atenuantes inerentes ao faltoso.
Como assim? Atenuantes inerentes ao faltoso?
Sabemos que o erro é próprio do homem. Determinadas circunstâncias obrigam a
pessoa humana, ao deslize do caminho correto. Se um Irmão sempre agiu
corretamente e, de um momento para outro, percebe-se um desvio em sua conduta,
porque não colocarmos na balança, os dados positivos existentes em seu favor, e
que até outro dia era motivo de aplausos.
Esse passado bom representa um fator
atenuante de suas faltas. Pelo sentimento de tolerância e porque não dizer de
justiça, devemos considerar nesse julgamento, as coisas boas realizadas.
Pela tolerância, também devemos procurar ouvir o Irmão. Saber o que está acontecendo com ele, Quais são os fatos novos em sua vida, que o obrigam a descarrilar dos trilhos da virtude. Uns dizem que quando uma pessoa atinge idade avançada, transforma-se em sábio, pelos conhecimentos e vivência obtidos, mas alguns dizem que essas pessoas são simplesmente velhas.
Pela tolerância, também devemos procurar ouvir o Irmão. Saber o que está acontecendo com ele, Quais são os fatos novos em sua vida, que o obrigam a descarrilar dos trilhos da virtude. Uns dizem que quando uma pessoa atinge idade avançada, transforma-se em sábio, pelos conhecimentos e vivência obtidos, mas alguns dizem que essas pessoas são simplesmente velhas.
No meu conceito, algumas realmente, ficam
simplesmente velhas. Isso acontece com pessoas que atingiram a velhice, sem
viver a vida, sem adentrar na arena, lutando pôr um ideal, procurando ser útil
à coletividade a que pertence.
Esses são realmente velhos. Mas aquele idoso
que lutou que não se importou com a possível derrota, que soube levantar-se,
que analisou o motivo das quedas, que respeitou os seus adversários, que tirou
proveito dos obstáculos encontrados, que compreendeu o procedimento alheio, que
defendeu o seu ideal e o seu direito, que não se acovardou diante do perigo,
esse não se transformou num simples velho com a idade avançada.
Este se transformou, realmente, num sábio. Na
Maçonaria, os velhos são respeitados como sábios. Porque o Maçom é um líder. Na
mocidade, eles trabalharam para nos legar esta Ordem, tão tranqüila e
promissora. Esses velhos sábios têm o conceito de tolerância muito nítido
dentro de si.
Eles sabem aumentar o raio de círculo da
tolerância, nas horas em que um Irmão é julgado.
Eles viveram o bastante, para se enriquecerem
com inúmeros exemplos de comportamento o erro, no extrapolar o círculo da
tolerância e algumas vezes, até aceitam uma pequena incursão no círculo da
complacência, mas nunca admitem a entrada no círculo da conivência, que seria a
degradação moral.
Falando nos velhos, lembro-me que certa feita
fui visitar uma Loja muito antiga. Lá estavam nas cadeiras do Oriente, quatro
velhinhos. Verifiquei com a minha peculiar observação crítica, que aqueles
Irmãos, não faziam corretamente os sinais, cochilavam, conversavam, ficavam
muito alheios aos procedimentos ritualísticos.
Ao sairmos do Templo, o Irmão que me
acompanhava naquela visita comentou: "Você viu aqueles Irmãos do Oriente?
Conversavam o tempo todo, alguns dormiam, além do que, faziam tudo
errado". Aquilo era um mau exemplo para os Aprendizes e Companheiros que
estavam presentes. Achava ele, que o Venerável Mestre exagerava na tolerância,
pois devia corrigir aquelas falhas.
Outro Irmão pertencente ao Quadro daquela Loja,
e que nos acompanhava, respondeu, que um daqueles velhinhos que cochilava, foi
o fundador da Loja e Venerável em mais de uma administração. Os outros foram
também, verdadeiros baluartes no crescimento da Loja.
Representavam praticamente, a história da Loja. Um deles tinha cinqüenta anos de Maçonaria. Agora vejam só, a situação do Venerável Mestre.
Poderia ele chamar a atenção daqueles Irmãos? Pedir-lhes que não viessem a Loja, que estavam dispensados? Privar esses Irmãos, que tanto fizeram pela Loja, daquele convívio, que para eles a sua própria razão de viver? É evidente que o Venerável, com todas a sua sabedoria, jamais faria qualquer coisa, que viesse a aborrecer aqueles veneráveis Irmãos.
Os Irmãos Aprendizes e Companheiros, é que deveriam ser instruídos ou informados, da razão porque a Loja aceitava tais comportamentos. (grifo nosso). Hoje nós vemos Irmãos, que querem mudar tudo em Loja, porque tomaram conhecimento através de livros maçônicos sobre os fundamentos de determinadas práticas Maçônicas ou mesmo sobre a simbologia e ritualística.
Representavam praticamente, a história da Loja. Um deles tinha cinqüenta anos de Maçonaria. Agora vejam só, a situação do Venerável Mestre.
Poderia ele chamar a atenção daqueles Irmãos? Pedir-lhes que não viessem a Loja, que estavam dispensados? Privar esses Irmãos, que tanto fizeram pela Loja, daquele convívio, que para eles a sua própria razão de viver? É evidente que o Venerável, com todas a sua sabedoria, jamais faria qualquer coisa, que viesse a aborrecer aqueles veneráveis Irmãos.
Os Irmãos Aprendizes e Companheiros, é que deveriam ser instruídos ou informados, da razão porque a Loja aceitava tais comportamentos. (grifo nosso). Hoje nós vemos Irmãos, que querem mudar tudo em Loja, porque tomaram conhecimento através de livros maçônicos sobre os fundamentos de determinadas práticas Maçônicas ou mesmo sobre a simbologia e ritualística.
Os Irmãos mais velhos, normalmente reagem a
essas mudanças, mesmo ouvindo os fundamentados argumentos. Isso é louvável,
porque esse desejo de mudanças nos jovens e o desejo de permanência dos velhos
provoca um equilíbrio, fazendo com que as mudanças, que porventura venham a ser
feitas, o sejam de forma racional e aceitas pôr todos, já que a evolução deve
existir entre os Maçons, como vemos na simbologia existente na abertura da
corda dos oitenta e um nós.
Portanto, meus Irmãos, a tolerância é o
sentimento que tem o poder de propiciar a recuperação do culpado, conduzindo-o
ao caminho do bem, da justiça e do dever.
Extraído do livro "ACONTECEU NA MAÇONARIA" de Alci Bruno Editora A GAZETA MAÇÔNICA - 1ª edição - outubro/1996
--
Votos de Paz Profunda e Prosperidade no Amor de Deus Pai, e de N.S.S.J.C.,
Agora e Sempre !
Ir. Waldemartins Bueno de Oliveira
" Omne nihil separat nos coniungit "
Extraído do livro "ACONTECEU NA MAÇONARIA" de Alci Bruno Editora A GAZETA MAÇÔNICA - 1ª edição - outubro/1996
--
Votos de Paz Profunda e Prosperidade no Amor de Deus Pai, e de N.S.S.J.C.,
Agora e Sempre !
Ir. Waldemartins Bueno de Oliveira
" Omne nihil separat nos coniungit "
A LENDA DE HIRAM
Morte e Ressurreição. A
premissa básica de toda a mitologia religiosa ou laica é a aplicação e o
desenvolvimento de três acontecimentos fundamentais para todos os povos e
civilizações: Nascimento, Morte e Renascimento, ou melhor, o Ciclo da Vida em
sua composição mais fundamental.
Faz-se necessário
compreender que tal fundamentação não corresponde a uma exclusividade de apenas
uma nação ou de uma cidade-estado pertencentes à Antigüidade, mas às todas as
religiões indistintamente, sendo estas ainda praticadas ou não.
Encontramos esses
princípios desde o Egito dos faraós e deuses zoomórficos, através do Mito de
Osíris e Ísis, até os panteões greco-romanos, através de diversos relatos
incluindo-se nestes os Mitos de Orfeu e Prosérpina; encontramos nos mitos
babilônicos, Epopéia de Gilgamesh e da História de Ishtar; nos mitos
nórdico-germânicos de Odin ou Wotan; na mitologia hindu e budista e percorrendo
as três maiores religiões do Ocidente – o Judaísmo através de Moisés, Ezequiel e
Enoque; o Cristianismo através da paixão e ressurreição de Jesus Cristo; e o
Islã através de Maomé.
Dentro destes contextos,
demonstram-se dois princípios distintos, sendo que o primeiro celebra a morte,
através da traição por parte de seus iguais, como meio de expiação e
purificação para o engrandecimento ou glorificação de um ato ou de uma pessoa;
e o segundo celebra a morte como meio de perpetuação de um princípio, seja este
de caráter natural, religioso ou organizacional político, através da renovação
constante sem, contudo incluir-se neste caso o ato de traição como instrumento
desta renovação.
Deste modo, podemos
realizar duas qualificações míticas envolvendo Nascimento, Morte e
Renascimento: os mitos ou lendas que envolvem o sacrifício para o aprimoramento
de um estado ou situação e os que envolvem a contínua renovação do mesmo estado
ou situação.
A Lenda de Hiram foi
criada dentro do contexto de Morte como instrumento de purificação e
engrandecimento, desenvolvida através da traição por seus pares e se
caracterizando como uma síntese das principais lendas da Antigüidade: a traição
por seus pares, como no caso de Cristo; o assassínio por membros de seu
convívio, existente em diversas lendas gregas e nórdicas; a ocultação do
cadáver e a marcha em busca do corpo desaparecido como na Lenda de Osíris.
Baseia-se no princípio natural da morte e ressurreição, como o retratado no
mito de Ceres e Prosérpina.
Sinteticamente, a Lenda
de Hiram envolve a construção do Templo, a morte do chefe dos trabalhos com a
posterior ocultação do corpo, seu descobrimento e punição dos assassinos, mas
para se compreender melhor o desenvolvimento da Lenda do Terceiro Grau, faz-se
necessário primeiramente descobrir e diferenciar a figura bíblica de Hiram
Abiff e a figura maçônica de Hiram.
A figura
histórico-religiosa de Hiram Abiff, descrita em vários trechos e livros da
Bíblia e apresentado como hábil artífice da corte de Hiram Rei de Tiro e aliado
de Davi e Salomão, permanece envolta em contradições e mistérios, justamente
pela falta de comprovação histórica e arqueológica de sua existência, apesar
dessa condição envolver quase a totalidade dos personagens bíblicos.
Hiram
Abiff, segundo os relatos bíblicos, seria filho de um filisteu chamado Ur,
casado com uma das filhas da tribo de Dan; existem também referências de que
sua origem remontaria à tribo de Neftali, sendo “filho de uma viúva”. O trecho referente à Construção do Templo de
Jerusalém constantes no Primeiro Livro de Reis demonstram a relação do rei Filisteu
com seu aliado israelita:
Primeiro Reis, 5, 15
No mesmo Livro de Reis,
um capítulo inteiro é dedicado à descrição das características do Templo e seus
materiais:
1-No ano 480 depois do
êxodo dos israelitas do Egito, no quarto ano do seu reinado em Israel, no mês
de Ziv, isto é, no segundo mês, Salomão começou a construir o templo do Senhor.
2-Este templo, que o rei
Salomão construiu para o Senhor, tinha trinta metros de comprimento, dez de
largura e quinze de altura.
3-O vestíbulo na frente
do recinto principal do Templo tinha dez metros de comprimento, no sentido da
largura do templo, e cinco metros, no sentido do comprimento do templo.
4-Além disso, o rei
mandou abrir no templo janelas com molduras e grades.
5-Ao redor do muro do
templo, em torno dos muros do recinto central e do recinto dos fundos, e
encostada na parede do templo, construiu uma varanda, fazendo ao redor
compartimentos laterais.
6-O compartimento
lateral inferior media dois metros e meio de largura, o compartimento lateral
intermédio tinha três metros de largura e o terceiro tinha três metros e meio
de largura; é que tinha mandado colocar reentrâncias nas paredes externas do
templo para evitar o encastelamento nas próprias paredes do templo.
7-A construção do templo
se ia fazendo com pedras já esquadriadas na pedreira, de modo que durante as
obras não se ouviam no templo nem martelos nem cinzéis nem quaisquer
instrumentos de ferro.
8-A entrada para o andar
lateral intermédio se achava ao lado do templo, e por escadas em caracol se
subia ao andar intermédio e deste para o terceiro.
9-Quando Salomão
terminou a construção da casa, cobriu-a com vigamento e artesãos de cedro.
Primeiro Reis, 6, 1:9
Neste trecho, cabe
ressaltar o fato de não se realizar trabalhos de cantaria no recinto do Templo,
sendo estes realizados nas pedreiras de Salomão e os blocos serem somente
montados em seus respectivos lugares.
Portanto, pode-se
inferir que a realização de trabalhos dentro do recinto sagrado do Templo era
proibida por Salomão e seus sacerdotes.
Entretanto, a citação de Hiram Abiff, o suposto mestre de obras do
Templo, é encontrada de maneira contraditória à defendida na essência da Lenda
Maçônica, que o apresenta como um exímio mestre de obras e arquiteto. No capítulo
7° do Primeiro Livro de Reis e o que se apresenta no Segundo Livro de Crônicas
no capítulo 2°, Hiram Abiff nos é apresentado mais como um fundidor e
metalúrgico:
Primeiro Reis, 7, 13:14
10- E Hiram, rei de
Tiro, mandou a Salomão, por escrito, a seguinte mensagem: “Foi por amor ao povo
que o Senhor te fez reinar sobre ele.
11-Pois bem, eu te envio
um homem competente, Hiram Abiff.
12 -Ele é filho duma
mulher danita e dum pai tírio. É especialista em trabalhos de ouro, de prata,
de bronze, de ferro, de pedra e de madeira, bem como de púrpura vermelha e
roxa, de linho, de carmesim, como também em gravações de qualquer espécie e na
execução de obras de arte, que se lhe encomendam, em colaboração com os teus
profissionais e os de teu pai Davi, meu senhor.
Segundo Crônicas, 2,
10:13
13 -O rei Salomão mandou
buscar de Tiro, Hiram.
14-Ele era filho de uma
viúva da tribo de Neftali, mas seu pai tinha sido cidadão de Tiro e trabalhava
em bronze. Hiram era uma artífice muito hábil e inteligente, um profissional
para qualquer trabalho em bronze. Ele se apresentou ao rei Salomão e executou
todas as tarefas que o rei lhe confiou.
Primeiro Reis, 7, 13:14
15- Então Hiram, rei de Tiro, enviou seus
servidores a Salomão, porque tinha ouvido que fora ungido rei em lugar de seu
pai Davi; é que Hiram tinha sido amigo de Davi durante toda sua vida.
Segundo Crônicas, 2,
10:13
De onde advém então a
descrição pormenorizada da Lenda da Construção do Templo que envolve o Ritual
de Exaltação ao Grau Terceiro, se o Hiram Abiff histórico não era um pedreiro e
muito menos se desbastava a pedra dentro do recinto do Templo?
A Maçonaria valeu-se de
um personagem histórico e bíblico para dar significado à passagem do Grau de
Companheiro para o Grau de Mestre, como meio de purificação e engrandecimento,
consolidando-se nos moldes atuais nos princípios do século XVIII, uma vez que
nenhuma menção da mesma pode ser encontrada nas Old Charges e no Poema Regius.
Pode-se também entender
a criação da Lenda de Hiram como um marco de passagem entre a Operação e o
Simbolismo de nossos trabalhos. Uma das primeiras menções oficiais da Lenda
aparece no preâmbulo da Constituição de 1717, copilado pelo Reverendo e Ir:.
James Anderson, coincidindo com a criação da primeira Potência e marcando
“teoricamente” [1] o fim das atividades maçônicas operativas.
Pode-se, portanto
inferir que a Lenda de Hiram demonstra essa passagem de Maçons Operantes para
Maçons Simbólicos, analisando-se certas passagens descritas da Lenda, uma vez
que a morte de Hiram representaria a passagem da Operação para o Simbolismo, da
ação para a contemplação e da aplicação de conceitos para a revisão de
posturas:
Templo se encontrava
praticamente concluído: “Estando a construção quase completa, quinze CComp:.
[...]”. Como o talhar de pedras dentro de recinto sagrado era proibido podemos
concluir que o trabalho dos AApr:. achava-se concluído, uma vez que os mesmos
eram responsáveis pelo trabalho bruto de cortar e aparar pedras, sendo este
realizado nas pedreiras do deserto da Judéia.
O fato de o crime ser cometido
contra o chefe dos TTrab:. impossibilitando a conclusão do Templo em sua forma
definitiva, criando a necessidade da revisão de projetos, intenções artísticas
e de palavras de reconhecimento dos Graus, representa exatamente a passagem dos
meios operativos para o Simbolismo professado pelos Aceitos, nos primórdios da
criação da Grande Loja.
Os assassinos pertenciam
à classe dos CComp:. responsáveis pela decoração e ornamentação e estes se encontravam
no Templo, o que se concluí que a construção se encontrava no estágio da
duplicação de símbolos e adornos. A época da criação do Terceiro Grau e da
Lenda de Hiram, os Maçons se reuniam operativamente no Grau de Companheiro [2].
O relato bíblico e a
Lenda de Hiram vinculam a Franco-Maçonaria aos sistemas congêneres religiosos e
lendários existentes nas civilizações do Crescente Fértil e aos antigos
mistérios egípcios, hindus, greco-romanos e cristãos.
Deste modo, podemos
verificar que os nomes dos assassinos, com as devidas alterações existentes em
alguns Ritos, mantêm uma correlação com os Deuses do Bem e do Mal dos Filisteus
– Yehu e Baal – como apontado por Albert Pike em Morals and Dogma of the
Ancient and Accepted Scottish Rite of Freemasonry, apresentando as devidas
declinações latinas para os três personagens. O nome dos assassinos derivaria
de Yehu-baal, a dualidade entre o bem e o mal, e as três silabas finais dos
nomes: a, o, um produz a palavra sagrada dos Hindus A:. U:. M:. produzindo a
Trindade Hindu – Vida dada, Vida preservada e Vida destruída.
A Acácia mencionada como
marco do túmulo de Hiram também se vincula à preservação da vida e a
ressurreição dos mártires maiores da Antigüidade: o esquife de Osíris fora
realizado em madeira de acácia e este renasceu e floresceu no delta do Nilo; e
segundo a tradição cristã a madeira da cruz de Cristo seria de acácia.
A autoria da Lenda de
Hiram, ao longo dos anos e variando-se de autores a autores, tem percorrido os
mais diversos eruditos maçônicos, desde os filósofos Locke e Bacon, passando
pelo arqueólogo, historiador, Maçom e Rosa+cruz Elias Ashmole [3], pelos
historiadores maçônicos Ramsay, Pike e Mackey, Desaguliers, Wren e outros.
Os historiadores
eruditos, desde a criação da Loja de Pesquisa Quatuor Coronati 2026 da Grande
Loja Unida da Inglaterra, têm tentado trilhar o caminho da criação do Terceiro
Grau, uma vez que quando da criação da Grande Loja da Inglaterra somente
existiam os dois primeiros Graus como oficiais. Em 1730, o Ir:. Samuel Prichard
em sua obra Masonry Dissected já
demonstra a existência do Terceiro Grau, encontrando-se nela a primeira
referência à Lenda de Hiram. Um famoso historiador escocês, conhecido por
Murray Lyon, descreveu John Teophilus Desaguliers, um dos primeiros Grãos
Mestres da História Maçônica, como o “co-fabricante e pioneiro do sistema de
Maçonaria simbólica”.
Em artigo publicado na
Revista Engenho & Arte, o Ir:. Leo Zanelli propõe que a criação do Terceiro
Grau e a Lenda de Hiram envolveria o contato de Desaguliers com seus
companheiros da Royal Society of Arts and Sciences, entre esses os rosa+cruzes
John Locke, Isaac Newton e os maçons Christopher Wren, arquiteto, e Andrew
Ramsay. Não podemos deixar de informar que a Royal Society derivou-se
diretamente do Colégio Invisível dos Rosa+cruzes, um conclave de cientistas,
filósofos e esotéricos existentes durante o período conturbado da História da
Inglaterra, caracterizado pelas revoltas religiosas e conhecido como
Restauração [4].
De certa forma, apesar do Ir:. Zanelli não concluir seus
comentários, tudo levar a crer que a criação do Terceiro Grau e a Lenda de
Hiram envolveu a participação dos Aceitos no processo, de modo a criar um Grau
elevado que se diferenciasse dos Graus Operativos, um Grau onde as Palavras,
Sinais e Toques se correspondessem com o fato da morte do mais operativo dos
mestres, onde a ação operativa daria lugar a ação contemplativa e simbólica dos
trabalhos futuros.
Mas o mais importante de
fato é o que representa o Terceiro Grau, o significado da Lenda de Hiram, a
Theobaldo Varolli Filho salientou em uma de suas obras:
“... é inútil buscar
autorias individuais da lenda do terceiro grau [...] Nada de admirar, se a
lenda da paixão de Hirão Abi (sic) ainda seja narrada de maneiras diferentes
nos diversos rituais espalhados pelo mundo. Cada alto corpo maçônico adota uma
‘história tradicional’ (lenda). Cada Rito mantém sua própria versão. Cabe o
essencial da lenda e não o modo de contá-la. Sabe-se, mais, que boa parte do
ritualismo de Mestre adveio de uma segunda fase de antigos rituais de
Companheiro, antes de surgir o Mestrado.” (grifos nossos).
A morte maçônica de
Hiram e a aplicação da justiça contra seus assassinos significam o triunfo da
Verdade sobre a Ignorância e o estabelecimento da restituição do corpo do
Mestre perdido ao local sagrado do Templo, fornecendo-lhe o sepultamento
adequado e merecido, proporcionando-lhe a imortalidade justa e virtuosa dentro
da memória do mestrado maçônico.
Simboliza a pura tradição maçônica, isto é, a
Virtude e a Sabedoria, posta, constantemente, em perigo pela Ignorância, pelo
Fanatismo e pela Ambição de Maçons que não souberam compreender a finalidade da
Franco-Maçonaria nem se devotar à Sublime Obra, pois sendo a Franco-Maçonaria
um sistema de moral exposto em símbolos e alegorias, o verdadeiro Maçom deve
nesta e em outras passagens buscar o sentido místico, mítico e moral dos
personagens históricos e lendários, produzindo-se a verdadeira e vivente
Iniciação através de nossos perseverantes e desinteressados esforços.
Trabalho do Ir:. Fábio
Rogério Pedro, M:. I:., CIM 188.163.
[1] Teoricamente, pois a
corporação de ofício de pedreiros livres, ou a Oficina, permaneceu atuando nos
dois ramos – o operativo e o simbólico. A construção da Catedral de Saint Paul
em Londres realizada no século XVIII, após a destruição da anterior durante o
grande incêndio de Londres de 1666, foi realizada por obreiros maçons o que
pode ser atestado pelas indicações deixadas nos materiais empregados e no
túmulo do arquiteto e Ir:. Sir Christopher Wren, que se encontra no recinto da
Catedral.
[2] A palavra
Companheiro, em inglês Fellowcraft, deriva do termo britânico Fellow of the
Craft, ou Companheiro de Ofício.
[3] Elias Ashmole,
apesar de se ter difundido seu nome como o autor do Terceiro Grau, na verdade
não participou da criação e compilação do mesmo, uma vez que quando da adoção
do mesmo, em 1726, o notável Ir.'. a muito já passara ao Oriente Eterno.
[4] A Restauração
Inglesa envolveu um conturbadíssimo período na História Inglesa: após a morte
de Charles I, católico e Stuart, filho
de James II da Inglaterra e Escócia que assumira o trono inglês após a morte de
Elizabeth I, pelos partidários de Cromwell, Lorde Protetor da Inglaterra, o país
passa por uma série de regimes governamentais: “Reino Ontem [sob os Stuart],
República Hoje [sob Cromwell], Império Amanhã [após a Restauração e domínio de
1/3 do planeta pelos britânicos]”.
Bibliografia
CASTELLANI, José. O Rito
Escocês Antigo e Aceito – História – Doutrina - Prática. Londrina: A Trolha,
1996 2ª edição.
FIGUEIREDO, José
Gervásio. Dicionário de Maçonaria. São Paulo: Pensamento, 1981.
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BRASIL. Ritual do Grau de Mestre. Brasília: Gráfica do GOB, 1995.
PIKE,
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Charleston: Supreme Council of the Southern Jurisdiction, 1871.
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The Porch and the Middle Chamber. Montana: Kessinger Publ. Company, 1997.
TRAWTEIN,
Breno. A Lenda de Hiram. In A
Verdade N° 408. São Paulo: GLESP. Novembro e Dezembro de 1998.
UNITED
GRAND LODGE OF ENGLAND. Emulation Rite - Master Degree Ritual. London: UGLE,
1997.
VAROLLI
Filho, Theobaldo. Curso de Maçonaria
Simbólica –Tomo III Mestre. São Paulo: Gazeta Maçônica, 1993.
____________. Ritual e
Instruções de Mestre Maçom do Rito Escocês Antigo e Aceito. São Paulo: GOSP,
1974.
ZANELLI, Leo. Pura &
Antiga. In Engenho & Arte na Maçonaria Universal N° 3. Rio de Janeiro: Janela Editorial. Verão 1999.
O QUE É SER MAÇOM?
1. É subir a Escada de Jacó pelas Iniciações da Vida sem ferir os
Irmãos neste percurso;
2. É realizar o sonho de desbastar pelo pensamento e pelas ações as arestas dos vícios e da insensatez;
3. É socorrer o Irmão nas dificuldades, chorar com ele as suas angústias e saber comemorar a seu lado as suas vitórias;
4. E reconhecer nas viúvas e nos órfãos a continuidade do Irmão que partiu para o Oriente Eterno;
5. É ver na filha do Irmão a sua filha e na esposa do Irmão, uma Irmã, Mãe ou Filha;
6. É combater o fanatismo e a superstição sem o açoite da guerra, mas com a insistência da palavra sã;
7. Ser modelo da eterna e universal j
8. É saber conservar o bom senso e a calma quando outros o acusam e o caluniam;
9. É ser capaz de apostar na sua coragem para servir aqueles que o ladeiam, mesmo que lhe falte o próprio sustento;
10. É saber falar ao povo com dignidade ou de estar com reis e presidentes em palácios suntuosos e conservar-se o mesmo;
11. É ser religioso e político respeitando o direito da religião do outro e da política oposta à sua;
12. É permitir e facilitar o desenvolvimento pleno das concorrências para que todos tenham as mesmas oportunidades;
13 É saber mostrar ao mundo que nossa Ordem não é uma Sociedade de Auxílios Mútuos;
14. É estar dominado pelo princípio maior da TOLERÂNCIA suportando as rivalidades sem participar de guerras;
15. É abrir para si e permitir que outros vejam e o sigam, o Caminho do Conhecimento e da Iniciação;
16. É conformar-se com suas posses sem depositar inveja nos mais abastados;
17. É absorver o sacerdócio do Iniciado pela fé no Criador, pela esperança no melhoramento do homem e pela caridade que se abrirá em cada coração;
18. É sentir a realidade da vida nos Sagrados Símbolos da Instituição;
19. É exaltar tudo o que une e repudiar tudo o que divide;
20. É ser obreiro de paz e união, trabalhando com afinco para manter o equilíbrio exato entre a razão e o coração;
21. É promover o bem e exercitar a beneficência, sem proclamar-se doador;
22. É lutar pela FRATERNIDADE, praticar a TOLERÂNCIA e cultivar-se integrado numa só família, cujos membros estejam envoltos pelo AMOR;
23. É procurar inteirar-se da verdade antes de arremeter-se com ferocidade contra aqueles que julga opositores
24. É esquivar-se das falsidades inverossímeis, das mentiras grosseiras e das bajulações humanas;
25. É ajudar, amar, proteger, defender e ensinar a todos os Irmãos que necessitem, sem procurar inteirar-se do seu Rito, da sua Obediência, da sua Religião ou do seu Partido Político;
26. É ser bom, leal, generoso e feliz, amar a Deus sem temor ao castigo ou por interesse á recompensa;
27 E manter-se humilde no instante da doação e grandioso quando necessitar receber;
28. É aprimorar-se moralmente e aperfeiçoar o seu espírito para poder unir-se aos seus semelhantes com laços fraternais;
29. É saber ser aluno de uma Escola de Virtudes, e Amor, de Lealdade, de Justiça, de Liberdade e de Tolerância;
30. É buscar a Verdade onde ela se encontre e por mais dura que possa parecer;
31 É permanecer livre respeitando os limites que separam a liberdade do outro;
32. É saber usar a Lei na mão esquerda, a Espada na mão direita e o Perdão à frente de ambas;
33. É procurar amar o próximo, mesmo que ele esteja distante, como se fosse a si mesmo.
O transcrito acima não responde a pergunta, "quem sou
eu”, e sim a um perfil que tento lapidar em mim mesmo, quem sabe poderei
dizer: “Este sou eu”.
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