O QUE É SER LIVRE E DE BONS COSTUMES?


No dia de nossa iniciação, ainda vendados, ouvimos inúmeras expressões maçônicas, que se encontram gravadas até hoje em nossas memórias, algumas ainda sem significado.
Durante as três viagens, conduzidos aos pedestais dos Irmãos Segundo e Primeiro Vigilantes, e ao trono do Venerável Mestre, sentimos que nos encostaram algum objeto ao peito e, a seguir, ouvimos o seguinte diálogo:
- Quem vem lá?
- É um candidato que deseja ser recebido maçom.
- E como pôde ele conceber tal esperança?
- Porque é livre e de bons costumes!
Pois bem, o presente trabalho explorará o conteúdo desses dois dos requisitos básicos que os candidatos deverão satisfazer à admissão na ordem maçônica, quais sejam ser livre e de bons costumes.
Como veremos, esses dois preceitos básicos encerram significados semelhantes, mas não igual, para a Maçonaria e para o mundo profano.
Os "Maçons Livres" surgiram a partir de uma espécie de sindicato de pedreiros na Inglaterra, durante a idade média. 

Naquela época, o sistema feudal imperava em toda a Europa, o que fazia com que os camponeses vivessem presos a terra, onde a circulação era vedada, exceto em casos de salvo conduto ou pagamento de taxas.
Os chamados “Maçons Livres” se reuniam em grandes grupos para trabalhar em projetos importantes e, uma vez concluídos aqueles projetos, mudava-se de local para assumir novos projetos.
Eles se reuniam em um edifício erguido no canteiro de obras, onde se alimentavam e repousavam. Esse edifício era denominado “Lodge”, que com o tempo passou a significar “Loja”, ou seja, grupo de pedreiros estabelecidos em um determinado local.
As pessoas admitidas como membros deveriam ser homens de bem, leais, nascidos livres, de idade madura, nem escravos, nem mulheres, nem homem sem moralidade ou de conduta escandalosa, mas de boa reputação.
Importante notar, que àquela época a liberdade professada era física, consistente no direito de ir e vir. Com o passar dos anos, foram nascendo os estados de direito, que passaram a garantir a liberdade física das pessoas.
Podemos dizer que a “liberdade” necessária para admissão e ingresso na Ordem Maçônica, tem outro significado, que não apenas a liberdade física.
Livre é uma palavra derivada do latim, Liberu, em sentido amplo quer significar tudo que se mostra isento de qualquer condição, subordinação ou dependência.
A conseqüência de ser livre é a liberdade, que é a faculdade de se fazer ou não fazer o que se quer, ou pensar como se entende, é aberto, isento desimpedido. Livre significava agir de acordo com a própria vontade, não agir sob compulsão, ser autônomo, independente, tolerante, não se submeter à orientação de outrem, ser aberto ao exame de todas as idéias e à discussão franca com todos os indivíduos.
Para a Maçonaria, goza de liberdade o homem que não é escravo de suas paixões, vícios, que não se deixa dominar pela torpeza dos seus instintos de animal humano.
Com efeito, maçom livre é o que dispõe da necessária força moral para evitar todos os vícios, propensões para o mal e, aproximar-se cada vez mais da perfeição e prática do bem. Não é livre o homem, ou seja, não desfruta daquilo que para os maçons é visto como verdadeira liberdade, aquele que está preso aos vícios, existentes na vida profana.
A expressão bons costumes, também derivada do latim, é usada para designar o complexo de regras e princípios impostos pela moral, as quais traçam as normas de conduta dos indivíduos em suas relações.
A ideia dos bons costumes não se afasta do sentido moral, pois os princípios que o regulam são fundados nela. Os bons costumes são o corolário das boas escolas. Por essa razão, as associações, principalmente as iniciáticas, o abraçam.
Dentre outros fulgurantes propósitos que os bons costumes apresentam, destaca-se a sua aliança com a virtude. Dessa providência ideal, não se torna difícil à aferição dos bons costumes, para classificar as criaturas.
A tradição maçônica não é de intocáveis “usos e costumes”, mas de um profundo conteúdo moral e filosófico, cujos princípios devem permanecer intactos.
Aquele que é livre e de bons costumes é leal. Quem não é leal com os outros, deixa de ser leal consigo mesmo, traindo o compromisso sagrado que é a fraternidade, base fundamental da maçonaria. Não se deixa abater, não se revolta com as derrotas, uma vez que o fato de vencer ou perder são, antes de tudo, contingências normais da vida humana, a ponto de ser nobre na vitória e sereno, caso venha a ser vencido, é triunfar sobre os seus impulsos, dominando-os, à prática do bem vem alienada com o amparo do próximo, no sentimento de suas dores que nos aperfeiçoa.
O bom maçom, livre e de bons costumes, rejeita toda forma de vício, pois isto é contrário à virtude. É amigo da família, em virtude desta ser a base fundamental da humanidade. Quem não exerce bem a função de chefe de família não tem qualidades morais para ser maçom, ele não humilha aqueles que são fracos, inferiores, sabe que se trata de covardia, e que a Maçonaria não é abrigo de covardes, trata fraternalmente todos os demais objetivando não trair os seus juramentos.
Aquele que é verdadeiro maçom, não se envaidece, não alardeia suas qualidades, não enxerga no auxílio ao semelhante como mero ato excepcional, mas regra por ser dever de solidariedade humana, sua prática constitui prazer. Não faz promessas que não poderá cumprir, porque lhe trará inimizades.
Sendo assim, o verdadeiro maçom não investe contra a reputação de outro, isto consistiria em trair os sentimentos de fraternidade. Não tem apego aos cargos, porque isto é cultivar a vaidade, sentimento mesquinho, incompatível com a elevação dos sentimentos que o bom maçom almeja cultivar.
Por fim, é necessário ressaltar que os dois conceitos estão intimamente ligados, pois é necessário ser livre e inteligente, para que se possam aplicar os bons costumes.
O ideal do homem livre e de bons costumes demonstra que a finalidade da maçonaria é dedicar-se ao aperfeiçoamento espiritual e moral da humanidade, pugnando pelos direitos dos homens, justiça e amor fraterno.
Bibliografia
Constituição do Grande Oriente do Brasil.
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, 1º ed., Rio de Janeiro, 2001.
Revista 7º Milênio, Verão/2002, ano I nº 4.
Ritual do Grau de Aprendiz Maçom, 2003.

 Autor desconhecido.

4 comentários:

  1. comparando a nossa jornada de vida aqui neste planeta terra,somos verdadeiramente como uma rosa que dezabloxou ou uma pedra bruta,que nunca alcansaremos a perfeição;

    ResponderExcluir
  2. A meta do Maçom é ser Justo & Perfeito. A começar pelos que se opõe, por aqueles que NÃO SÃO AMIGOS!É ser ético, com principios morais e boa conduta, sempre!

    ResponderExcluir
  3. Texto maravilhoso, meu irmão.
    Não pude deixar de comentar.

    ResponderExcluir
  4. Texto maravilhoso, meu irmão.
    Não pude deixar de criar uma conta apenas para comentar.

    ResponderExcluir

Comentários anônimos não serão ACEITOS. Deixe seu nome completo e e-mail para resposta.
Contato: foco.artereal@gmail.com

Postagem em destaque

O TRABALHO NA MAÇONARIA

  Quem nunca ouviu a máxima de que “o trabalho dignifica o homem” a qual foi tão bem defendida por Voltaire, Adam Smith, dentre outros? Volt...