Para que seja bem
compreendido o simbolismo maçônico, necessário se torna buscar-lhe as fontes e
encontrar-lhe as origens.
Para um símbolo tão
complexo como o das Colunas B e J, seria pueril procurá-lo simplesmente na
Bíblia.
É mais do que certo,
então, chegar o pesquisador a conclusões erradas.
O simbolismo maçônico
formou-se, de um lado, com tudo aquilo que os Maçons Operativos, construtores
de catedrais e outros monumentos medievais, legaram aos Maçons Especulativos.
Outros símbolos foram
introduzidos em nossa Instituição por cabalistas, alquimistas, hermetistas,
rosacrucianos e outros amadores de ciências ocultas, Maçons Aceitos que
pertenceram às primitivas Lojas Especulativas.
Estes ocultistas, dos
quais existem numerosos traços nos primórdios da Maçonaria Especulativa,
transferiram para a Instituição parte do seu cerimonial e de seus símbolos.
As espadas, as velas,
a câmara de reflexão, o painel da Loja, são vestígios cabalísticos, como também
as Colunas B e J.
Os cabalistas
estabeleciam uma ligação entre as duas colunas e o nome de Deus. As duas
colunas eram à base de um triângulo, cujo vértice era o Altar colocado no
centro do Templo Sagrado, “como o coração é o centro do homem”.
Consideravam o Nome
Divino como o “coração” do Templo. Os alquimistas legaram à Maçonaria a sua
interpretação das colunas B e J; o Sol e a Lua; o Enxofre, o Mercúrio e o Sal,
que são os três princípios da Natureza; os quatro elementos herméticos: Ar,
Água, Terra e Fogo, o VITRIOL etc.
Para os alquimistas,
efetivamente, as Colunas B e J, profusamente usadas em sua iconografia,
representavam os princípios Fêmea e Macho, respectivamente, o que está de
acordo com as explicações fornecidas pelo Ir.’. Adolfo Terrones Benitez. O Sol
e a Lua tinha também o ouro e a prata.
Para os hermetistas, o
Enxofre era o princípio macho, o Mercúrio, o princípio fêmea e o Sal
representava o princípio neutro. As Colunas B e J representavam para os
ocultistas, que impregnaram a Maçonaria com as suas doutrinas, os princípios
masculino e feminino, considerados base da criação.
Em seu “Livre Du
Compagnon”, Oswald Wirth escreveu um parágrafo que nos permitiremos reproduzir:
“Nunca houve contestações sobre o sexo simbólico dessas duas colunas, a
primeira sendo suficientemente caracterizada como masculina pelo Iod inicial
que a designa habitualmente.
Este caráter hebraico
corresponde, com efeito, à masculinidade por excelência, Beth, a segunda letra
do alfabeto hebraico, é considerada, por outro lado, como essencialmente
feminina, visto o mesmo sentido, mas representavam que o seu nome significa
casa, habitação, de onde surge a ideia de receptáculo, de caverna, de útero etc.
A Coluna J é, portanto
masculina-ativa e a Coluna B feminina-passiva. “O Simbolismo das cores exige,
em consequência, que a primeira seja vermelha, e a segunda branca ou preta.”
Pronunciamentos muito interessantes foram feitos por Maçons eruditos, dos quais
reproduziremos alguns a título ilustrativo. O simbolista Mackey escreve, por
exemplo, em sua “Encyclopaedia of Freemasonry”:
“Na verdade, a coluna
circular e monolítica, quando solitária, representava para as mentes dos mais
antigos o falo, símbolo da fecundidade da natureza e da energia criadora e
geradora da Divindade, e é nas colunas fálicas que devemos procurar a
verdadeira origem do culto das colunas, que foi realmente o culto predominante
entre os antigos.”
Os povos primitivos,
muito mais próximos da natureza que os modernos, e sem muitas preocupações de
ética e pudor, consideravam o falo como um símbolo religioso que representava a
fecundidade da Natureza, adorando-o sem preconceitos ou preocupações de
lascívia.
Este culto foi
universal e constatado não somente na Europa e na Ásia, mas ainda no antigo
México e até no próprio Taiti. Na Grécia e em Roma, o falo era levado em
procissões e, por toda a parte, era considerado como signo protetor, sendo
representado na fachada das casas e das próprias igrejas ou trazido como
amuleto.
A figa é uma
reminiscência destas superstições que se perdem na noite dos tempos.
Também
Elifas Levi escreve em seu “Dogma e Ritual de Alta Magia” um parágrafo que
consideramos uma joia para os estudiosos: “Adão é o tetragrama humano, que se
resume no Iod misterioso, imagem do falo cabalístico.
Ajuntai a este Iod o
nome ternário de Eva, e formareis o nome de Jehovah, o tetragrama divino, que é
a palavra cabalística e mágica por excelência: Iod, he, vau, he, que o sumo sacerdote,
no templo, pronunciava Iodcheva.”
Não menos importante
para a compreensão do símbolo é uma nota de Jules Boucher, em “La Symbolique
Maçonnique”, sobre o significado oculto das palavras IAKIN e BOAZ, que
reproduziremos por inteiro.
Diz ele: “Parece-nos
útil dar aqui uma opinião etimológica que diz respeito à IaKiN e a BoaZ,
opinião proveniente de uma tradição semítica muito segura. Lendo-se os dois
nomes IaKiN e BoaZ e invertendo os (regra habitual, essencialmente tradicional
e nitidamente obrigatória, para a conservação do segredo, de todo rito
especificamente mágico), obter-se-á os nomes NiKaI e ZoaB que são (se forem
consideradas tão somente as consoantes, letras masculinas, únicas importantes e
constituintes) os dois vocábulos indicando, o primeiro a cópula, o coito (NK),
o ato sexual gerador e criador dos Mundos e o segundo (ZB) o órgão fecundante,
o falo.
Assim, o simbolismo
sexual das romãs toma todo o seu sentido e todo o seu valor. Um dos desenhos
mais particularmente simbólicos do Mestre Oswald Wirth, servindo de
frontispício à Maçonaria Oculta de Ragon, edição de 1926, indica nitidamente
este simbolismo “para aqueles que sabem ver e compreender”, inscrevendo a
coluna à direita do desenho.
Este desenho foi
repetido na edição de 1963 do “Livre Du Maitre” de Oswald Wirth. Na coluna da
esquerda, de acordo com o ritualismo do Rito Moderno, está escrito IAKIN e na
direita ZAHOB. Ressalta Jules Boucher que semelhante etimologia não deixará de
perturbar alguns pudicos revoltados e alguns, principalmente, católicos
antiquados, persuadidos que a Maçonaria é a Sinagoga de Satã e uma escola de
depravação, e conclui:
“Não se deve tratar de
desenganá-los, mas simplesmente repetir a célebre sentença: “tudo é puro para
os puros”, e reter firmemente o aspecto magnificamente criador (diríamos quase
demiúrgico – de demiurgo, significando: “nome, que os philósophos platônicos
davam ao criador dos homens”) deste símbolo.”.
Ir.’.Paulo Roberto M.’.I.’.
da Loja Rei David nº. 58 (GLSC) - Florianópolis - SC Fonte: JB News nº 1568
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