O QUE É INICIAÇÃO?



Iniciação como a própria palavra deixa claro e o ato de dar início a algo seja lá o que for.

No meio ocultista e esotérico as iniciações ocorrem em cerimônias ritualísticas e liturgias onde um veterano da vertente da corrente, da ordem, da sociedade, irmandade ou qualquer outra nomenclatura usada para denominar um grupo de pessoas que se reúne em torno de uma crença conduzirá o neófito pelo caminho iniciático.

O ritual de iniciação geralmente representa a morte daquele que antes era um profano para o nascimento de uma pessoa que trilhara o caminho do conhecimento, para ser cada dia mais sábio e ter autoconhecimento de acordo com a subida dos degraus.

Um exemplo de iniciação e o próprio batismo nas águas executado pelos cristãos, e um ritual iniciático que representa a morte do velho para o renascimento do novo.

O que ocorre e que, você ser iniciado em uma cerimônia ou ritual ou liturgia seja lá de qual for a vertente, dependendo das intenções daquele que irá ser iniciado, a iniciação não passará do ritual!

Muitos iniciados em rituais não são iniciados na gnose, porque a maioria só quer ostenta uma iniciação e isso é um pensamento muito atrasado.

A verdadeira iniciação ocorre primeiro dentro do ser humano! 
É a sede do conhecimento! As informações se tornam o alimento do intelecto para a auto-iniciação!

Existem pessoas que já nascem com uma essência que o leva desde criança a trilha o caminho iniciático, e, mas tarde, se for da vontade do indivíduo, ele procurara uma iniciação cerimonial, ritualística em alguma ordem, mas não para ostentar, pelo contrário, geralmente os verdadeiros iniciados são os mais discretos.

Somos todos eternos aprendizes!


A ANTIGUIDADE DOS SÍMBOLOS



A primeira constatação que empolga aquele que se aprofunda na interpretação da liturgia maçônica é a da antiguidade dos seus símbolos, de suas alegorias.

Remontam as origens dos símbolos maçônicos à aurora do homem sobre a Terra. Daí, terem alguns observadores apressados concluído que a Franco-Maçonaria é tão antiga quanto o mundo.

Trata-se, evidentemente, de um exagero, pois a Franco-Maçonaria, com as características atuais, data do século XVIII, ou melhor, do ano de 1717, ponto de partida da Franco-Maçonaria Moderna.

Foi nessa data que se firmou a preponderância da Franco-Maçonaria Especulativa, sobre a Operativa. Mas, anteriormente, à memorável reunião das quatro lojas franco-maçônicas de Londres, existiam várias lojas por toda a Inglaterra, Alemanha, França e Itália, formadas por pedreiros de profissão, reunidos em confrarias, com regulamentos próprios, sinais de reconhecimento, símbolos litúrgicos, e se tratando por irmãos.

Guardavam, ciosamente, a sua arte de construir do conhecimento do vulgo ou profanos. A par desses conhecimentos, essas confrarias (Guilds, Brotherhoods, Bruderschaften, Confrèries) constituídas por verdadeiros artistas (foram os construtores das grandes catedrais europeias e os criadores da arte gótica) reuniam e conservavam a tradição esotérica da antiguidade pagã, às vezes, confundidas com as tradições mais novas do cristianismo.

Compreende-se, assim, o respeito que os príncipes tiveram por essas corporações de artesãos, às quais dotaram de regalias e privilégios.

Desse imenso legado das tradições antigas, de que os pedreiros (maçons, masons, maurerei) foram os depositários conscientes ou inconscientes, faziam parte, também, as tradições ocultas, herméticas, dos mistérios antigos, perpetuados em símbolos e práticas esotéricas.

Estabeleceu-se, assim, um liame entre a Franco-Maçonaria do século XVIII e a mais remota antiguidade, que levou os escritores a que nos referimos, a declarar a Franco-Maçonaria coeva da vinda do homem sobre a face da Terra.

A verdade, contudo, como já dissemos, é um pouco diferente: os legítimos símbolos maçônicos é que se perdem na noite dos tempos, mas a Franco-Maçonaria, como a conhecemos, data de pouco mais de dois séculos, ou por outra, a Instituição é nova e a sua essência é antiga.

Desse imenso legado das tradições antigas, de que os pedreiros (maçons, masons, maurerei) foram os depositários conscientes ou inconscientes, faziam parte, também, as tradições ocultas, herméticas, dos mistérios antigos, perpetuados em símbolos e práticas esotéricas.

Estabeleceu-se, assim, um liame entre a Franco-Maçonaria do século XVIII e a mais remota antiguidade, que levou os escritores a que nos referimos, a declarar a Franco-Maçonaria coesa da vinda do homem sobre a face da Terra.

A verdade, contudo, como já dissemos, é um pouco diferente: os legítimos símbolos maçônicos é que se perdem na noite dos tempos, mas a Franco-Maçonaria, como a conhecemos, data de pouco mais de dois séculos, ou por outra, a Instituição é nova e a sua essência é antiga.

Existiu, portanto, um misterioso fio que preservou a tradição antiga, fio esse que não trepidamos em declarar — o segredo dos iniciados.

A sabedoria antiga, velada em alegorias e guardada pelo compromisso, entre determinado grupo de homens, congregados em torno de um ideal iniciático, pôde, assim, chegar até nós. Só desta forma compreende-se o mistério que a muitos pareceu indecifrável.

Ensinam a história, a sociologia e a literatura, que as obras homéricas foram guardadas pela tradição oral durante séculos, antes de receberem a forma escrita.

O mesmo processo sofreu quase todas as lendas dos primórdios da civilização. Se assim aconteceu em relação a obras literárias e narrativas históricas, porque não sucederia o mesmo com uma tradição iniciática, perpetuada através de símbolos?

Sobre o poder conservador dos símbolos, já disse o nosso Irmão MICHA, que “se a verdade sobre a natureza essencial do ser e da vida universal é tão alta e tão sublime que nenhuma ciência vulgar ou profana não pode chegar a descobrir, o simbolismo é, por sua vez, como uma espécie de revestimento, de meio de conservação ideal dessa verdade e uma linguagem ideográfica que a iniciação entrega à nossa meditação, e que só os iniciados podem traduzir sem deformar-lhe o sentido”.

A longevidade das práticas maçônicas repousa tranquilamente na imutabilidade dos seus símbolos, muito mais fáceis de guardarem puros do que longas narrativas. E o que é a liturgia, senão o conjunto desses símbolos realizados sob determinada forma e em determinadas circunstâncias?

João Nery Guimarães

BAPHOMET (DESMISTIFICANDO)



NÃO é simbologia Maçônica!

A palavra “Baphomet” em hebraico é como segue: Beth-Pe-Vav-Mem-Taf.

Aplicando-se a cifra Atbash (método de codificação usado pelos Cabalistas judeus), obtém-se Shin-Vav-Pe-Yod-Aleph, que soletra-se Sophia, palavra grega para “sabedoria”.

- A imagem possui a cabeça com características de chacal, touro e bode, representando os chifres da sabedoria, virilidade e abundância. O chacal representa Anúbis (o deus-chacal) e também o “Mercúrio dos Sábios”, o Touro representa o elemento terra e o “Sal dos Filósofos” e o bode representa o Fogo e o “Enxofre fixo”. Juntos, a cabeça da imagem representa os três princípios da Alquimia.

- A tocha entre seus chifres representa a sabedoria divina e a iluminação. Tochas estão associadas ao espírito nos quatro elementos e colocadas sobre a cabeça de uma imagem representam a inspiração divina. Isso pode ser observado até os dias de hoje, em personagens de quadrinhos que, quando tem uma ideia, aparece uma lâmpada sobre suas cabeças (grande Walt Disney!).

- O conjunto dos dois chifres também representa as duas colunas na Árvore da Vida e o fogo sendo o equilíbrio entre elas. A lua branca representa a magnanimidade de Chesed (Júpiter) e a lua negra o rigor de Geburah (Marte).

- O pentagrama na testa de Baphomet representa Netzach (Vênus), o Pentagrama, o símbolo da proteção e da magia. Importante notar que ele se encontra voltado com a ponta para cima. As pernas cruzadas associadas ao cubo representam Malkuth.

- Nos braços do Baphomet estão escritos “Solve” no braço que aponta para cima e “Coagula” no braço que aponta para baixo. Solve representa “dissolver a luz astral” e coagula significa “coagular esta luz astral no plano físico”. Em outras palavras: tudo aquilo que você desejar e mentalizar no plano astral irá se manifestar no plano físico. Alguém ai assistiu ao filme “The Secret?”

- Os braços nesta posição representam o “Tudo o que está acima é igual ao que está abaixo”, ou “O microcosmo é igual ao macrocosmo”, ou “Assim na Terra como no Céu”. É a mesma posição dos braços representada no Arcano do Mago no tarô.

- a imagem possui escamas, representando o domínio sobre as águas, ou emoções.

- a imagem possui asas, representando o domínio sobre o Ar, ou a razão.

- a imagem possui patas de bode, representando seu domínio sobre a Terra, ou o material. Também representam a escalada espiritual.

- a imagem possui fogo em seus chifres, representando o domínio sobre o Fogo.

- Os seios representam a maternidade e a fertilidade, e também o hermafroditismo, simbolizando que a alma não possui sexo e que não “somos” homens ou mulheres, mas “estamos” homens ou mulheres.

- a imagem está parcialmente coberta, parcialmente vestida (atenção, irmãos e fraters), representando que o corpo não está apenas no plano material (roupas), mas por debaixo da matéria está também o espírito (parte nua). Podemos perceber isto melhor nos arcana Estrela e Lua no tarô.

- Baphomet está sentado sobre o cubo. O cubo e o número 4 representam o Plano Material, e estar sentado sobre ele representa o domínio sobre o plano material (vide arcanos Imperador e Imperatriz no tarô).

- O falo do Baphomet é o Caduceu de Hermes, representando a Kundalini e as energias sexuais ativadas, a virilidade e todo o desenvolvimento dos chakras.

- Finalmente, a figura representa a Esfinge, aquela que guarda os portais das iniciações, pela qual os covardes não passarão. Aquele que teme uma figura por pura ignorância nunca será um iniciado.

Pesquisa: Ir.´. Daniel Martina


A ESPADA FLAMEJANTE



A Espada Flamejante é o símbolo das virtudes militares, sobretudo da força masculina e da valentia, daí também ser o símbolo do poder e ao mesmo tempo do Sol, do ponto de vista do princípio ativo e a sua semelhança com os raios do Sol e com os relâmpagos.

No sentido negativo, simboliza o horror da guerra; muitos deuses da guerra e da tempestade têm a espada como atributo.

Muitas vezes também é um símbolo fálico, relacionando- se com a faculdade.

Por ser um instrumento cortante e afiado, representa o símbolo da decisão, da separação do bem e do mal, sendo admitido como o símbolo da Justiça.

Nas representações do Juízo Final, tendo-se uma espada, em geral de dois gumes, aparece saindo da boca de Cristo.

Sendo a boca o órgão que expressa à palavra e vital da respiração, personifica simbolicamente o poder do Espírito e da Força Criadora, sobretudo a insuflação da alma e da vida.

O CRISTO como Juiz do mundo, aparece frequentemente retirando da boca uma espada.

Segundo a teoria medieval da espada dupla formada pelo poder Curial
(primazia da Igreja sobre o Estado) e pelo poder imperial (igualdade de direitos de ambas as instâncias) cada espada simboliza o poder mundano e o poder espiritual.

Quando a espada está simbolizando o raio, exprime o poder divino que se manifesta de forma terrível ou criadora.

Terminando estas considerações especificamente sobre a Espada Flamejante, passaremos a pequena história de sua origem.

A Espada Flamejante foi usada na expulsão de Adão e Eva do Paraíso, daí o seu simbolismo no emprego punitivo como exemplo para a humanidade.

A Espada Flamejante que é usada nas sessões ritualísticas na Maçonaria contém dois gumes em sua lâmina e deve ser ondulada por sete vezes, sendo quatro curvas de um lado e três do outro.

RENÉ GUENON escreveu afirmando que estas curvaturas simbolizam as sete virtudes no combate aos sete pecados capitais.

Considerando esses significados, devemos admitir que a Espada Flamejante é dotada de um caráter altamente sagrado e é por isso que devemos guardá-la em estojo fechado e somente aberto, após a abertura ritualística de uma Sessão em Loja.

Considerando as razões acima, somente deve tocá-la ou empunhá-la, um Mestre devidamente Instalado, por ser o mesmo possuidor dos poderes de criar novos maçons, elevá-los e exaltá-los, nos mistérios de nossa sublime Ordem dentro do simbolismo.

Diz mais, pela sua sacralitude deve o Mestre Instalado estar sempre com as mãos enluvadas ao empunhá-la, pois assim estas mãos estão simbolicamente indenes pelas águas lodosas dos vícios.

Quando o Mestre Instalado lhe aplica as batidas ritualísticas sobre a lâmina, o som vibratório gera uma energia divina que ecoa por todo o Universo infinitamente, manifestando as virtudes ao iniciado e dele afastando todos os pecados capitais, além de consagrar-lhe a Arte Real, indicando o caminho que deverá percorrer em busca da verdadeira LUZ.

Esperamos que tenham entendido as explicações sobre a nossa Espada Flamejante.

Josué Morais de Oliveira


O QUE É UM FALSO MAÇOM



É um Profano. 

Consideramos que esse seja o uso mais adequado para essa palavra, porque se refere a alguém que está fora do Templo, que não tem respeito pelo sagrado, é desonesto porque ao se fazer passar pelo que não é, caracteriza falsidade ideológica. 

Isso sim, é profanação.

E qual a motivação desse profano?

Em primeiro lugar, o MITO que maçons tem benefícios e portas abertas em todos os lugares que passam.

Em segundo lugar, o MITO que a maçonaria é uma instituição onde há favorecimentos financeiros e que todo maçom é rico.

Em terceiro lugar, a necessidade de status e poder que é relacionada à imagem dos aceitos.

O Profano é diferente do Não Iniciado, do Aspirante, do Curioso, do Simpatizante.

E alguém que por não ter sido, por algum motivo, convidado a ingressar na Maçonaria, se passa por Maçom até mesmo entre Maçons, fazendo uso inclusive de abreviaturas, terminologia Maçônica, assinatura com três pontinhos, chaveiros com o emblema da Maçonaria e adesivos, preferencialmente com a figura de um bode.

Aliás, permitam-nos esclarecer aos irmãos que o uso do tri ponto e de termos que são empregados - especificamente em reuniões cobertas -, em textos das redes sociais, faz com que profanos tenham acesso a essas particularidades e as repliquem.

Só para exemplificar: Dia desses postamos um aperto de mão genérico para ilustrar uma postagem da página e um irmão enfatizou que aquela não seria a imagem correta.

Não usamos na página referências diretas aos usos e costumes, pois entendemos que eles devem ser reservados a membros da ordem quando em Loja.

Voltemos ao Profano:
É um falsário extremamente perigoso, pois além de eventualmente disseminar entre os não iniciados ideias distorcidas sobre a Maçonaria e os Maçons, pode vir a obter, por dissimulação junto aos Maçons, conhecimento de práticas que só dizem respeito àqueles que foram iniciados na Ordem.

Não conhecem verdadeiramente o que é a Maçonaria e em seus comentários, acabam dando margem a certas mentiras, lendas e equívocos que serão propagados por outros. 

São certamente portadores de um desvio de personalidade que melhor poderia ser analisado por um psiquiatra.

Mas, como fazer para reconhecê-lo?

Lembremos: Prudência e Circunspecção.

A Prudência não é só uma letra morta, mas um atributo que todo maçom deve praticar.

Prudência: 'previdência, previsão, sabedoria, tino, inteligência, sagacidade, ciência, calma, ponderação, sensatez, paciência ao tratar de um assunto.

Não confundir com: antipatia, grosseria, zombaria, deboche ou desdém.

Estabeleça um diálogo, preferencialmente no in box e faça-lhes perguntas como o nome da Loja, o nº da Carta Constitutiva, a Potência, o Oriente, a Grande Loja, o Rito, o nome histórico, o Grau, a idade, o nome do V.’.M.’., o dia das reuniões, entre outras.

Algumas perguntas por si só e outras de forma combinada, desmascaram qualquer Falso Maçom, sem expor os métodos usuais.

Usamos na elaboração do texto algumas referências: 


O PRUMO DE AMÓS E A LOJA DOS COMPANHEIROS



O SENHOR DEUS assim me fez ver, e eis que ele formava gafanhotos no princípio do rebento da erva serôdia, e eis que era a erva serôdia depois de findas as ceifas do rei.

E aconteceu que tendo eles comido completamente a erva da terra, eu disse: Senhor DEUS, perdoa, rogo-te; quem levantará a Jacó? Pois ele é pequeno. Então o Senhor se arrependeu disso.

Não acontecerá, disse o Senhor. Assim me mostrou o Senhor DEUS: Eis que o Senhor DEUS clamava, para contender com fogo; este consumiu o grande abismo, e também uma parte da terra.

Então eu disse: Senhor Deus, cessa, eu te peço; quem levantará a Jacó? Pois é pequeno. E o SENHOR se arrependeu disso. Nem isso acontecerá, disse o Senhor DEUS. Mostrou-me também assim: e eis que o Senhor estava sobre um muro, levantado a prumo; e tinha um prumo na sua mão.

E o Senhor me disse: Que vês tu, Amós? E eu disse: Um prumo. Então disse o Senhor: Eis que eu porei o prumo no meio do meu povo Israel; nunca mais passarei por ele.

Mas os altos de Isaque serão assolados, e destruídos os santuários de Israel; e levantar-me-ei com a espada contra a casa de Jeroboão. Então Amazias, o sacerdote de Betel, mandou dizer a Jeroboão, rei de Israel: Amós tem conspirado contra ti, no meio da casa de Israel; a terra não poderá sofrer todas as suas palavras.

Porque assim diz Amós: Jeroboão morrerá à espada, e Israel certamente será levado para fora da sua terra em cativeiro. Depois Amazias disse a Amós: Vai-te, ó vidente, e foge para a terra de Judá, e ali come o pão, e ali profetiza; Mas em Betel daqui por diante não profetizes mais, porque é o santuário do rei e casa real. E respondeu Amós, dizendo a Amazias: Eu não sou profeta, nem filho de profeta, mas boiadeiro, e cultivador de sicômoros.

Mas o Senhor me tirou de seguir o rebanho, e o Senhor me disse: Vai, e profetiza ao meu povo Israel. Agora, pois, ouve a palavra do Senhor: Tu dizes: Não profetizes contra Israel, nem fales contra a casa de Isaque. Portanto assim diz o Senhor: Tua mulher se prostituirá na cidade, e teus filhos e tuas filhas cairão à espada, e a tua terra será repartida a cordel, e tu morrerás na terra imunda, e Israel certamente será levado cativo para fora da sua terra (...) Amós, 1 a 8.

Todo maçom que já tenha sido elevado a Companheiro conhece essa passagem bíblica, pois ela é lida na abertura da respectiva Loja. O que a maioria dos Irmãos não sabem é que essa visão do profeta Amós é uma profecia bastante figurativa de um acontecimento histórico que atingiu a nação de Israel, provocando a sua cisão em dois reinos inimigos, gerando um clima conflituoso que dura até os dias de hoje.

Na verdade, Amós, um pastor de rebanhos e cultivador de sicômoros, uma espécie de figueira muito comum no Oriente Médio, estava simplesmente repreendendo o rei rebelde Jeroboão, por conta da sua traição á casa de Davi, provocando a rebelião que dividiu o reino de Israel em dois reinos inimigos, provocando o seu enfraquecimento e a consequente conquista de ambos pelos seus belicosos vizinhos, os assírios primeiro em 721 a.C. conquistando o reino de Israel e depois os caldeus em 538 a.C. conquistando o reino de Judá.

A profecia de Amós refere-se, portanto, á rebelião comandada por Jereboão contra Roboão, filho de Salomão, que herdou o trono de Israel após a morte do famoso rei. Amós profetiza a destruição do reino de Israel, formado pelas dez tribos rebeldes, pelos assírios, fato que ocorreu em 721 A. C. como já exposto.

Como se sabe, as dez tribos do Norte não aceitaram Roboão como rei e elegeram Jereboão, um príncipe zelote da tribo da Efrain, para ser seu rei. Em consequência, o reino de Israel se dividiu em dois, ficando as tribos do sul, Judá e Benjamim com Roboão (formando o reino de Judá, com capital em Jerusalém) e as dez tribos do norte com Jereboão, formando o reino de Israel (com capital na Samaria).

Desde então judeus e samaritanos (ambos israelitas por sangue e tradição) se tornaram inimigos, e isso se repete até hoje, com o conflito entre judeus e palestinos. O fato de a Maçonaria usar a profecia de Amós na abertura da Loja de Companheiro tem sua justificativa na própria simbologia que se aplica ao grau.

Como se sabe, o grau de companheiro é o grau da traição. Foram três companheiros rebeldes, que queriam ser elevados á mestres sem cumprir os rigores do ritual, que assassinaram o mestre construtor do Templo de Salomão, Hiram Abbif.

Essa é a encenação teatral do grau de mestre que será aplicada ao companheiro que cumpre as etapas anteriores, de aprendiz e companheiro, para que ele seja devidamente elevado ao mestrado.

Quanto aos companheiros traidores, simbolicamente chamados de Jubelos, eles recebem o devido castigo, tendo suas gargantas cortadas, seu corações e entranhas arrancadas, operações essas que se tornaram sinais respectivos dos três graus simbólicos.

Assim, o simbolismo do grau de companheiro, ao adotar a visão do profeta Amós para abertura da Loja do Companheiro evoca, em primeiro lugar um acontecimento histórico, isso é, a traição de Jeroboão á dinastia de Salomão, provocando o cisma que destruiu a monarquia unificada de Israel.

Essa traição representou a morte do reino unificado de Israle, simbolizado no “construtor do Templo”, ou seja, o próprio Salomão, pois com esse cisma, a estabilidade do reino israelita, que estava alicerçada na unidade do povo, e simbolizada no Templo de Salomão, foi destruída.

Por isso Deus diz a Amós. Porei um prumo no meio do meu povo de Israel e jamais passarei por ele. Quer dizer: haverá, doravante, por causa dessa traição, um muro no meio do povo de Israel, pelo qual Ele não passará.

Um muro erguido a prumo, que separará, eternamente, os dois povos, como se viu até agora. Vale dizer que os elaboradores do ritual, que introduziram o Drama de Hiram nas iniciações maçônicas, tinham como núcleo simbólico da maçonaria que eles queriam praticar, justamente a Israel bíblica, tal como era nos dias de Salomão.

Por isso o simbolismo ligado ao Primeiro Templo e as fartas referências a motivos bíblicos que aparecem nos rituais dos graus superiores dos diversos ritos maçônicos que se criaram a partir de então.

E não se pode esquecer que a época em que esses elementos rituais foram desenvolvidos, o simbolismo da traição de Jereboão era um tema bastante propício aos acontecimentos que justamente naquele momento a Inglaterra, especialmente, estava vivendo, com as lutas religiosas e as guerras dinásticas que custaram à cabeça do rei Carlos I e o exílio do príncipe Charles, junto com os chamados jacobinos, que viriam a criar o chamado Rito Escocês.

Eram comuns as rebeliões e as traições, até mesmo dentro da própria maçonaria, que experimentou, nessa época, uma série de cisões internas. Assim, o simbolismo dos Jubelos retrata uma ideia arquetípica que serve para todos os tempos onde a ordem natural das coisas é mudada pela violência.

Os articuladores do ritual quiseram, com a visão de Amós, lembrar a todos os maçons que quando a ordem posta é destruída pela violência, um muro é erguido em consequência dessa cisão e Deus não mais passa por ele. A não ser que um novo sacrifício seja feito.

Esse sacrifício é aquele que é feito pela morte do herói, que no caso da Maçonaria é simbolizado pela morte do arquiteto do templo, drama que será representado no grau seguinte, o de mestre. Explica-se, dessa forma, o porquê da Loja de Companheiro ser aberta com o texto do profeta Amós e a razão de esse grau ser chamado de grau da traição.

Por João Anatalino

A EXALTAÇÃO AO TRABALHO NO GRAU DE COMPANHEIRO



Permitam-me, meus Irmãos, apoderar-me de um dos mais belos trechos da Oração aos Moços, de Rui Barbosa:

“Oração e trabalho são os recursos mais poderosos na criação moral do homem. A oração é o íntimo subliminar-se da alma pelo contacto com Deus. O trabalho é o inteirar, o desenvolver, o apurar das energias do corpo e do espírito, mediante a ação contínua de cada um sobre si mesmo e sobre o mundo onde labutamos. …O Criador começa e a criatura acaba a criação de si própria. Quem quer, pois, que trabalhe, está em oração ao Senhor.” (trecho da Obra de Rui Barbosa extraído do artigo do Ir:. Raimundo Rodrigues – Cartilha do Companheiro – Ed. A Trolha – 1a. Edição – 1998 – págs. 105 e seguintes)

O Grau de Companheiro, ensina-nos o Rito Escocês Antigo e Aceito, é o Grau dedicado à exaltação do Trabalho. De pouca relevância o tipo de trabalho, ministra também lições nesse sentido, o Ritual.

Imprescindível, entretanto, nos dias tumultuados de nossa atualidade, quando valores invertidos atropelam sem ressentimentos a Ética, que o trabalho seja prestado com respaldo nos melhores princípios da dignidade, que o ato de trabalhar seja praticado com a alegria do crescimento espiritual, pois o homem, na sua capacidade de errar e transgredir, esmera-se em arquitetar formas nada saudáveis e recomendáveis de “trabalhos” distantes de qualidades sublimes, exercidos unicamente com o intuito de provocar um enriquecimento rápido e sem causa, com a meta apenas de acumular a matéria.

O Companheiro exalta o trabalho, impõe ação aos instrumentos colocados à sua disposição, como o maço e o cinzel, a régua, o compasso e o esquadro, o prumo e o nível, a alavanca, aprendendo a manejá-los com habilidade e dedicação, buscando a abundância de espigas de trigo; transformando em Pedra Cúbica a Pedra Bruta que já desbastara; escalando a escada do aprimoramento espiritual; lançando-se às profundezas dos mistérios de sua existência; conhecendo o significado da letra “G”, vendo e sentindo a Estrela Flamejante.

Não encarar o trabalho como um castigo, é um sábio ensinamento e um grande e bom desafio. O preceito bíblico da transformação do suor e da força do trabalho em alimento, com uma carga evidente de suplício, teve lá a sua razão de ser. O G:.A:.D:.U:., em momento de justa fúria, lançou sobre o homem a pecha que o haveria de seguir pelas suas trilhas terrenas.

E realmente, por séculos, trabalhar era próprio de alguém inferior, era próprio de escravos condenados a suprir com o seu suor e esforço o alimento dos seus senhores, na turva visão do trabalho como desonra e estigma social. O I:. Raimundo Rodrigues, num excelente artigo publicado na Cartilha do Companheiro – 1ª. Edição da Ed. A Trolha, lembra-nos que – o “ora et labora” era um incentivo que se dava aos religiosos para que pudessem evitar e, até mesmo, vencer as tentações e que essa forma de entender o trabalho se modificou com o advento do humanismo e mais ainda com a chegada do Renascentismo.

Mas a mesma sabedoria do Grande Arquiteto teve o condão de mudar conceitos, mesmo que tão arraigados; teve a sabedoria de incutir em filósofos a essência magnífica do trabalho e daí nasceram apologias e exaltações ao ato de trabalhar, desmistificou-se a supremacia do conhecimento sobre a ação e descobriu-se que o homem, se podia pensar, conhecer, melhor estaria se colocasse em prática os seus pensamentos e conhecimentos.

É pela ação do trabalho que obras maravilhosas acontecem. É pelo trabalho que a inércia desaparece, o Universo se transforma e que tudo está em constante e perene movimento, ainda nas palavras do I:. Raimundo Rodrigues.

O Maçom é um trabalhador por excelência. Por perfeita e justa razão, recebe ele o apelido de Obreiro e o seu local de trabalho, Oficina. Junto dos Companheiros, essa qualidade de trabalhador enaltece-se ainda mais, passando a ser a essência filosófica do Grau.

Deixando de usar apenas a força mais bruta, arduamente aplicada na aprendizagem do alto da Coluna do Norte, e utilizando mais a inteligência, o Companheiro estará mais livre nos seus passos em busca dos seus caminhos.

Nas etapas da sua jornada, trabalhando com afinco e sempre em conjunto com seus Irmãos, na mais pura essência da fraternidade, certamente terá confrontos com dificuldades e obstáculos para vencer os degraus da escada que o levará às portas da Câmara do Meio.

Mas o empenho na construção do Templo, com o uso adequado das ferramentas do Grau e a aplicação de princípios teóricos e filosóficos que passará a dominar com mais propriedade, servirá para aprender e compreender os sentidos dos emblemas, das alegorias e dos símbolos que a Maçonaria lhe proporciona e para entender o que é realmente necessário para alcançar o Grau de Mestre.

O Grau de Companheiro possui uma característica bastante forte de participação, de ação e criação em grupo, possibilitando o exercício da fraternidade com plenitude e ampliando a visão espiritual sobre a vida material.

Usando a trolha, símbolo da indulgência, o Companheiro unirá as pedras cúbicas pela argamassa da irmandade, lançando o reboco e corrigindo as arestas, reconhecendo, acima de tudo, na lição de Assis Carvalho, “as qualidades de cada Irmão, perdoando-lhe os defeitos reparáveis“. (Cartilha do Companheiro – 1a. Edição – Editora A Trolha – páginas 145 e seguintes).

O trabalho, nas anotações feitas pelo I:. Raimundo Rodrigues na sua obra já mencionada, evoca a essência da Maçonaria e faz parte da sua filosofia e da sua história e alguns aspectos servem sobremaneira como evidências a esse respeito, tais como:

Na Maçonaria operativa, o trabalho dos construtores tinha uma alta qualidade e era bastante criativo, como provam as estupendas construções, muitas ainda de pé e deslumbrando a quem as visita;

Passando a ser especulativa em 1717, a Maçonaria adquire um caráter filosófico, espiritual e social;

Os locais dos Maçons, como Obreiros, passam a ser conhecidos como Templos ou Oficinas;

A vestimenta do Maçom é o avental, símbolo grandioso do trabalho;

As atividades em Loja passam a denominar-se Trabalho, tendo este a qualidade de Justo e Perfeito, quando transcorre em obediência aos ditames da lei maçônica; quando é praticado em ambiente de harmonia; com respeito aos princípios da liberdade, igualdade e fraternidade e quando recebe as bençãos do Grande Arquiteto do Universo.

E se o trabalho é uma característica primordial da Maçonaria, mais ainda o é no Grau de Companheiro, que a ele se dedica, como se dedica às ciências, à filosofia e às artes, ouvindo sempre, falando quando necessário e trabalhando bem e muito, dentro dos melhores princípios maçônicos.

Trabalhar, principalmente para o Companheiro, é dedicar-se à construção do seu Templo Interior, num processo contínuo, no qual o sentido de “vencer as paixões e submeter as nossas vontades” mais se acentua e se faz presente. 

Pouco a pouco, com a pertinácia do trabalho e o uso adequado das ferramentas, e, sobretudo irmanado, o Companheiro entrega-se à construção do edifício, dentro de si, mas com o objetivo de se projetar para fora, para a sociedade, num processo sociológico que pretende exteriorizar e transmitir para outros indivíduos as conquistas espirituais que constituem a argamassa e os demais materiais utilizados na ação de construir.

E seu templo social será erguido, sempre na vertical, como quem tem o pé no chão e a cabeça, o espírito, perto do Grande Arquiteto. E nessa obra, serão observados os ensinamentos da Maçonaria, com o edifício amparado em pedras cúbicas cinzeladas para suportar uma sólida estrutura; com cálculos feitos no projeto com o melhor uso da geometria e das demais ciências; apoiados no melhor manuseio do compasso, do esquadro e da régua.

E na construção, parede por parede, que a trolha tenha bom uso no aparo das arestas e com o poder de indulgência que lhe caracteriza; que o nível seja usado de bom grado para assegurar a horizontalidade e a igualdade das superfícies, onde os Irmãos estarão no mesmo patamar; que o prumo tenha a manipulação adequada, demonstrando a retidão da construção, visível na perfeita verticalidade das paredes.

E, quando os obstáculos se impuserem, ou mesmo quando um esforço maior for exigido para a execução da tarefa de construção, que a alavanca seja usada na melhor acepção de Arquimedes, para facilitar a transposição de dificuldades e contribuir para a consecução dos trabalhos.

A alegria e o pensamento positivo devem acompanhar o Companheiro na construção do Templo e, maior será essa alegria, quando houver a descoberta que a construção é, na verdade, um processo de transformação, no qual, a cada pedra assentada, as virtudes vão substituindo os vícios; o espírito vai tomando o lugar da matéria; a fraternidade, pois o trabalho não deve ser apenas solitário, vai se sobrepondo ao individualismo e à vaidade.

E assim é o trabalho maçônico, o trabalho exaltado no Grau de Companheiro. De tal sorte que, se praticado com perseverança e entusiasmo, sepultará intolerâncias, ressentimentos, mágoas e medos, bem como outros sentimentos que não são e não devem ser próprios das virtudes perseguidas pelo Maçom e, em contraponto, ressaltará virtudes fortemente necessárias ao aprimoramento da humanidade, papel fundamental do verdadeiro Maçom.

Bibliografia consultada:
Ritual do 2º Grau – Companheiro – Rito Escocês Antigo e Aceito
Bíblia Sagrada
Cadernos de Bolso A Trolha – Instruções para Loja de Companheiro
Cadernos de Pesquisas Maçônicas – nº 14 – Ed. A Trolha
Cadernos de Estudos Maçônicos – nº 17 – Ed. A Trolha
Cartilha do Companheiro – Ed. A Trolha
Grau dos Companheiros e seus Mistérios – Jorge Adoum – Ed. Pensamento
Jornal A Gazeta Maçônica – Julho/Agosto de 2003 pág. 3

Texto de Autor Desconhecido, fornecido pelo nosso Irmão Nuno Raimundo.


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