Mesmo experimentando incompreensões e
dificuldades, o Venerável Mestre é amigo de todos, como um sol que se irradia a
todos que o recebem.
Por mais que você sofra de perfeccionismo,
todos nós temos defeitos. Afinal, somos seres humanos. O erro é não os admitir
e, pior, não tentar corrigi-los.
O cargo de Venerável é temporário, e o
exercício dignifica seu ocupante, por ter sido escolhido entre seus pares para
a distinção de representá-los e conduzi-los à continuidade da Loja, visto,
pois, como iluminado para a direção dos trabalhos, e tudo fará com sabedoria
precisa para a orientação dos obreiros do quadro.
Poderá até ser impecável no quesito administrativo,
mas deverá evitar esbarrar em problemas como: falta de tato nas relações com os
obreiros; acomodação; individualismo e até ausência de ética.
Na essência, o Venerável Mestre é um
coordenador, um instrumento gerador de frequência, de vibração, um modelo
organizador, mediador, aglutinador, preceptor, e não um mandante, decisor,
chefe ou ditador, mesmo porque lhe cabe manter a união do grupo, a harmonia do
todo, o exemplo da conduta maçônica.
DESINTERESSE: Desinteressados são os que não
vão atrás de soluções para os problemas. Presos à rotina, eles não buscam novos
desafios. Para não ficar na acomodação, o Venerável deve trabalhar, como se a
Loja fosse uma empresa de sua propriedade, assumindo os riscos e se
responsabilizando pelo que resultar, certo ou errado.
Muitos Irmãos que passaram pelo trono, contam
que é preferível o ocupante de um cargo que erra a aquele que nada faz, que não
“veste a camisa”, que é omisso.
INDIVIDUALISMO: O dirigente da Loja não deve
ter a ideia errônea de que só a informação é suficientemente poderosa para o
bom desempenho das atividades.
O que importa é o espírito de equipe. Chama os
Irmãos pelo nome, presta atenção e não começa outra pauta sem concluir a que
está em discussão.
A questão da estrutura muito rígida está desaparecendo.
A hierarquização orgânica é necessária para a distribuição de deveres e
responsabilidades, proporcionais e limitadas à importância dos cargos. Uma Loja
não é um quartel onde prevalece a hierarquia sobre a democracia. Hoje a Loja
trabalha por planejamento e precisa de um time coeso para bem administrá-la.
Sempre que possível é bom repartir com os
irmãos assuntos que tenham despertado interesse e que tenham, de alguma forma,
pertinência com a vida da Oficina em particular ou maçônica em geral. O titular
de um cargo da administração da Loja que não tiver o perfil de colaborador deve
ser substituído de imediato.
Para corrigir essa falha, fica mais fácil
sermos conscientes, enxergarmos que sempre precisamos de ajuda espontânea e
consciente. Desenvolve-se uma visão de conjunto, assimilando as atividades de
forma mais ampla e realista. Aprende-se, acima de tudo, a respeitar o outro.
FALHA DE COMUNICAÇÃO: Ninguém sabe o que calado
quer! Como dizia Chacrinha, “quem não se comunica se trumbica”. O Venerável
pode ser extremamente competente, mas, se não souber se expressar, como vai
mostrar seus resultados? O poder da oratória inclui também o marketing pessoal
e a negociação. Vale tudo para se aperfeiçoar, estudar, informar-se, ler, não
fazer nada de improviso para poder falar com convicção sobre qualquer tema.
FORMAS PROCEDIMENTAIS: Embora não seja muito frequente,
ocasiões existem no dia a dia, especificamente em Sessões de Câmara do Meio,
que reclamam intervenção rápida e fundamentada do Venerável, diante de uma
situação de anormalidade, por fatos inesperados.
Às vezes, surgem discussões ásperas, não
havendo condições de os Trabalhos prosseguirem. De nada resultará o dirigente
fazer valer a sua autoridade e se pôr a golpear com o “malhete”. Deve acabar
com as disputas rapidamente. Um dos tributos do Venerável eficiente é a
habilidade de ser pacificador, de ser o catalisador da reconciliação.
O que deve fazer o Venerável?
Usar do meio ao seu alcance. Comandará o “de pé
e a ordem”. E pedirá a “exclamação” e a “bateria”.
Esses “sons” neutralizarão as vibrações
contrárias e a serenidade voltará a reinar.
Poderá acontecer, se houver a necessidade, para
benefício dos próprios Trabalhos, contornar alguma “crise”, seja da Loja em si,
seja de um membro do Quadro, que o Venerável se veja obrigado a lançar mão de
outros remédios para que os resultados se façam sentir.
Se as formas procedimentais não surtirem o
resultado desejado, então não haverá como deixar de utilizar o recurso jurídico maçônico posto à disposição do Venerável: suspender os Trabalhos ou
levantar a Sessão.
SINDICÂNCIA MAÇÔNICA: A Maçonaria, assim como
outras instituições profanas, utiliza a sindicância como instrumento de coleta
de dados relevantes sobre um Profano proposto à iniciação maçônica. Trata-se,
portanto, de um procedimento sério, que, não raro, é desvirtuado pela falta de
perfeito cuidado do Venerável e de compreensão, dos sindicantes, quanto à sua
correta extensão maçônica.
Não obstante, convém não confundir a
sindicância maçônica com a sindicância profana, uma vez que, apesar dos
inúmeros pontos de contato, elas têm algo diferente: a sindicância maçônica tem
por escopo maior oferecer dados à Loja sobre o profano proposto à iniciação, a
fim de que ela possa deliberar sobre o pedido, acolhendo-o ou rejeitando-o.
Os sindicantes deverão investigar
cuidadosamente e com o máximo critério, toda a vida passada e presente do
Candidato, principalmente quanto às suas qualidades morais, sociais e
econômico-financeiras
- O Venerável nomeará particularmente três
Mestres para realizarem, independentemente, a sindicância, trabalho esse que
não poderá ser recusado, salvo por razões de impedimentos justificáveis.
- Portanto, para que se tenha uma atuação
satisfatória dos sindicantes é necessário que a designação recaia em mestres
qualificados para o trabalho. É aconselhável indicar sindicantes que estejam
próximos do candidato em relação à profissão, idade, estado civil, cultura e
etc. um médico conhece melhor pormenores da profissão de um colega do que um
militar, industrial ou fazendeiro, e vice-versa. Supondo-se que essa
qualificação exista, pode-se assegurar que a atuação dos sindicantes deverá ser
norteada pelos critérios seguintes:
- Seriedade – Exaustividade: O relatório deverá
abranger o suficiente para fornecer as informações que realmente interessam à
Loja.
- Imparcialidade – Criticidade: O relatório
deverá conter, de modo fundamentado, a visão do sindicante no que diz respeito
com a possibilidade de o Profano afinar-se com a filosofia maçônica. Nunca esquecendo
que os valores espirituais e morais são mais importantes porque, sendo perenes,
sobrevivem à existência material.
Um mestre recém-Exaltado ainda não tem traquejo
maçônico suficiente e muitas vezes não tem mesmo conhecimento adequado, para
ser sindicante. Poderá ser autor de desatinos danosos para o Profano e para a
Maçonaria.
Talvez esteja na hora de as Lojas iniciarem a
responsabilização daqueles sindicantes desidiosos, autores de sindicâncias
maçônicas que merecem essa qualificação. Isso deveria acontecer todas as vezes
que se puder provar que os sindicantes, de caso pensado, fizeram sindicâncias
imperfeitas para favorecer ou prejudicar o Profano proposto à Iniciação.
CONCLUSÃO:
Considerando a diversidade de aptidões para a
compreensão da parte filosófica da Maçonaria, é necessário admirar a sua moral
antes de tudo – mas praticá-la.
Os que não se limitam em apenas extasiar-se
diante da moral maçônica, que a praticam e a transformam no sentido mais
abrangente, na regra de proceder a que obedecem, são os verdadeiros maçons, ou
melhor, os Veneráveis que a Loja precisa.
Os princípios que a Maçonaria revela passam a
ter por meta, em sua venerabilidade, a conquista ou manutenção de valores
morais e espirituais, fundamentados nos ensinos dos Rituais.
Saberá que não conseguirá uma alteração
imediata de comportamento do conjunto por força dos hábitos (usos e costumes),
mas trabalhará, a partir daí, no sentido da busca permanente da renovação de
sua Oficina, caracterizada pela conquista de novos e melhores hábitos e só
iniciarão homens realmente “livres e de bons costumes”.
Por isso é que se diz: “Reconhece-se a Loja
pelo Venerável que a dirige”. Ou, ainda: “Reconhece-se o verdadeiro Venerável
pela transformação moral e pelos esforços que emprega par domar as inclinações
deturpadas ou más de sua Oficina”.
Ir∴ José Aparecido dos Santos
Loja Justiça n° 2 – Maringá PR
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