A ABERTURA DO LIVRO DA LEI NOS GRAUS SIMBÓLICOS


 

Do livro *O que um Mestre Maçom deve saber do Irm.’. Almir Sant’Anna Cruz.

Em razão da grande maioria dos Maçons brasileiros praticarem o Rito Escocês Antigo e Aceito, muitos imaginam que todos os Ritos usam os mesmos textos bíblicos. Enganam-se!

Em alguns Ritos não há abertura nem leitura de trechos do Livro da Lei: Ritos Moderno e Schröder, além do próprio REAA praticado no Brasil desde a sua introdução no país pelo Grande Oriente do Brasil, que assim procedeu até o final da década de 1950.

Em outros, abre-se aleatoriamente, sem leitura: Ritos de York e de Emulação (York-GOB).

*GRAU DE APRENDIZ*
A abertura mais conhecida é a do Salmo 133, usada pelo REAA e introduzida pelas Grandes Lojas estaduais, que importou tal prática de algumas Grandes Lojas americanas. Atualmente, com algumas exceções, é utilizada pela maioria das Potências Nacionais e também pelo Rito Brasileiro.

Dois outros Ritos fazem a abertura no Evangelho de João 1:6-9: O Rito Adonhiramita e o Escocês Retificado, além do próprio REAA de algumas Potências, como assim o é em alguns países, como na Espanha e Portugal, por exemplo.

*GRAU DE COMPANHEIRO*
No Grau de Companheiro, temos pelo menos três diferentes aberturas do Livro da Lei:
- Amós 7:7-8 para o Rito Escocês Antigo e Aceito.
- Atos dos Apóstolos 20:34 para o Rito Brasileiro;
- III Reis 3:7-12 (na tradução católica, correspondente a I Reis na protestante) para o Rito Adonhiramita.

*GRAU DE MESTRE*
Segundo o Ritual do R.’.E.’.A.’.A.’. adotado pelo Grande Oriente do Brasil, “O Grau de Mestre, terceiro Grau do Simbolismo, em sua significação superior, consagra o princípio de que a vida nasce da morte”.

No Grau 3, o Livro da Lei é aberto em Eclesiastes, recitando-se os versículos 1, 7 e 8 do capítulo 12 (Eclesiastes 12:1,7,8).
*Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento;*
*E o pó volte a terra, como o era, e o espírito volte a Deus que o deu*.
*Vaidade de vaidade, diz o pregador, tudo é vaidade*.

Na tradição judaica este livro é conhecido como Qohélet, a quem se atribui a autoria. Qohélet significa pregador.

Esse livro foi alvo de polêmica entre os rabinos durante muito tempo, havendo quem o considerasse indigno de pertencer às Sagradas Escrituras, em razão de certas passagens contradizerem a crença teológica predominante, especialmente aquelas em que o autor expressa um caráter pessimista: a nossa existência é consagrada à morte e ninguém pode liberar-se dela, desde o melhor até o pior dos homens; consequentemente a vida é “vaidade” e inclusive a sabedoria vale de pouco. E isso escrito pelo rei Salomão, que obteve de Deus sua afamada sabedoria.

O autor não apresenta um otimismo cego: existem muitos problemas sérios da vida para justificar otimismo; tampouco um otimismo cínico, pois o autor crê num Deus justo. Temos, em verdade, um profundo realismo, identificado inclusive com o tema central que se repete seguidamente: vaidade de vaidade, tudo é vaidade.

Todavia, paradoxalmente, a vida toda do homem deve ser direcionada em reverenciar e obedecer à Deus, a quem finalmente prestaremos contas.

Nos versículos recitados em Loja, é destacada a necessidade de se refletir quanto a transitoriedade da vida, lembrando-nos também que após o transporte para o Oriente Eterno, o ser material se decompõe e incorpora-se à terra, mais tarde reflorindo e, enquanto isso, o outro ser, o Espírito, retorna à eterna fonte da vida.

Almir Sant’Anna Cruz

 

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