Introdução
Dentro da estrutura doutrinária oriunda dos Ritos e Trabalhos maçônicos da
Moderna Maçonaria, indubitavelmente, além de todo o corolário simbólico, tanto
autêntico como especulativo, existem outras características ligadas diretamente
à proposta de aperfeiçoamento haurida das manifestações do pensamento humano em
geral dado ao fundamento eclético que identifica a Sublime Instituição.
Nesse sentido, dentre outros, as datas e períodos solsticiais e
equinociais sempre estiveram ligados aos procedimentos maçônicos, sejam eles de
conduta operativa, sejam eles de conduta especulativa. Assim eles permaneceriam
mais tarde também na decoração dos espaços de trabalhos maçônicos – Templos,
Lojas, ou Salas das Lojas – de acordo com os diversos sistemas praticados, seja
como um símbolo específico, seja como uma alegoria iniciática.
Essas relações geralmente buscam explicar na escola maçônica, os
fundamentos oriundos dos cultos solares da antiguidade que seriam a base da
imensa maioria das religiões conhecidas.
Nesse particular, não existe aqui qualquer afirmativa que a Maçonaria seja
uma religião, entretanto é inegável essa influência sobre os Canteiros
Medievais que dariam origem à Franco-Maçonaria e posteriormente à Moderna
Maçonaria, esta então imbuída no aprimoramento do Homem como elemento principal
da sua matéria-prima. Enfim tudo na Maçonaria foi sabiamente constituído para
que o Maçom siga à vontade os mandamentos da própria crença, sem ferir a
consciência de qualquer de seus Irmãos.
Por assim ser, segue sob essa óptica e em formato de um breve ensaio uma
sequência de assuntos pertinentes que a nosso ver são inquestionavelmente
apropriados para a melhor compreensão da “arte de construir especulativa”.
Dando início à jornada, ainda que de modo sintético, serão aqui abordados
apenas aspectos relacionados às festividades pascalinas e o seu elo com o
equinócio de primavera no Hemisfério Norte – a Ressurreição da Vida (Natureza).
A Páscoa
PÁSCOA (do hebraico pesach pelo grego Páscha, pelo
latim clássico Pascha) – Substantivo feminino. 1. Na época pré-mosaica,
festa da primavera de pastores nômades. 2. Festa anual dos hebreus,
transformada em memorial de sua saída do Egito. 3. Festa anual dos cristãos,
que comemora a ressurreição de Cristo e é celebrada no primeiro domingo depois
da lua cheia do equinócio de março.
Os judeus a celebram do 14º dia do primeiro mês Nissan ao seu 21º
dia, quando todo varão israelita deveria peregrinar até Jerusalém para celebrar
a “passagem”, ou a Páscoa. O título de “passagem” designa para os israelitas à
data instituída em comemoração à libertação desse povo do jugo egípcio, quando
o Anjo da Morte feriu de morte os primogênitos do Egito. Momento oportuno em
que Moisés conduziu o seu povo em direção à Terra Prometida – a “passagem” da
escravidão para a liberdade; da escravatura no Egito para a liberdade na Terra
prometida; a travessia do Mar Vermelho seguindo o sinal indicado pela
coluna de fumaça e de fogo (Êxodo) – segundo livro do Antigo Testamento;
da Torá, ou da Lei mosaica; Pentateuco).
Assim toda família judia se reunia na tarde do 14º dia do primeiro mês
Nissan para o ritual do Cordeiro Pascal, consumindo pães ázimos (sem fermento)
acompanhado na refeição de ervas amargas, cujo intuito era o de relembrar o
amargor dos dias de cativeiro no Egito.
A Páscoa, também conhecida como a Festa dos Pães Ázimos (Da Proposição)
perdurava oito dias e o primeiro e o último eram santificados com o Shabbath.
No simbolismo Cristão a data se apresenta como a morte de “Jesus Cristo” e
a sua ressurreição ocorrida durante a celebração da Páscoa. Assim a data
coincide com a Páscoa judaica, já que “Cristo” fora crucificado na véspera
dessa mesma páscoa, sendo que desde os mais remotos tempos da cristandade esta
também é tida como a maior festa dos cristãos.
Em linhas gerais a “Ressurreição de Jesus”, ou o triunfo do Espírito
ressuscitado destaca a imortalidade espiritual. Não é por acaso que a festa
pascal obedecendo à tradição dos cultos solares da antiguidade ocorre no
primeiro mês (Nissan) do ano religioso hebraico que coincide com o período
equinocial ou a “passagem do Sol” do hemisfério Sul para o Norte (primavera –
ressurreição da vida – a Natureza revive após o inverno – a passagem do inverno
para a primavera). Assim a festa cristã é celebrada no primeiro domingo após o
plenilúnio (lua cheia) ocorrido após o dia 21 de março (data do equinócio [5] de
primavera no hemisfério boreal). Dentro desse limite a data pascal ocorrerá
sempre entre 22 de março e 25 de abril.
Sem qualquer proselitismo religioso, porém para esclarecimento e
introspecção, cita-se aqui a Epístola de São Paulo aos Hebreus quando aventa
que a imolação do cordeiro é referência à imagem da realidade que se verificou
e que o “Cordeiro de Deus” seria o próprio “Cristo”.
A preparação para a Páscoa cristã realmente começa na quaresma (quarenta –
número penitencial) – quarenta dias de penitência, cujo auge é alcançado no
Domingo de Ramos e simboliza a entrada triunfal de “Jesus” em Jerusalém, uma
semana antes da Páscoa, aplaudido pela mesma multidão que “O” veria morto e
crucificado no final da semana.
Esse teatro alegórico importa ao Maçom e à Maçonaria quando sugere a lição
do aperfeiçoamento natural. A Páscoa se associa à comemoração da morte do
inverno (trevas) e a recuperação da vida – atmosfera simbolicamente ligada à
ressurreição da vida (os cultos solares da antiguidade). É sob esse prisma que
surge a máxima maçônica de relação iniciática – morrer para renascer.
Essa similitude com os cultos solares implica no tema com a prevalência da
Luz sobre as trevas, como é o caso do Sábado de Aleluia cristão e a
ressurreição no domingo seguinte (Páscoa). A mesma relação também se encontra
na Páscoa judaica, ou a passagem do povo hebreu do jugo tenebroso da escravidão
para o alvorecer da liberdade e a busca da terra prometida.
A ressurreição de “Jesus”, despida de prosélitos religiosos demonstra um
profundo sentido para reflexão do Homem – das trevas do sepulcro da morte
(inverno) para a Luz Celestial, o que em linhas gerais significa o ato da
redenção.
Indubitavelmente essa alegoria destaca-se simbolicamente na passagem
aparente do Sol do Sul para o Norte, findando o inverno dos dias curtos e das
noites longas e o desabrochar da primavera – a ressurreição da Natureza dando
cumprimento ao início de mais um ciclo natural – a mãe Terra começa a ser
aquecida pelos raios vivificantes do Sol espalhando a vida em um renascer
contínuo pelo efeito da “Luz”. Mensagem dita nos Canteiros da Maçonaria como a
maior Glória do Arquiteto Criador.
Conclusão
Para a Maçonaria saliente-se que essa abordagem não envolve dogmas
religiosos, senão uma comparação que visa o aprimoramento do Homem sugerido
pela escalada iniciática e sem qualquer intuito de desrespeitar as crenças
individuais.
Ressalte-se ainda a importância das influências culturais e mesmo
religiosas no seio da Moderna Maçonaria. Nessa proporção estão os seus Ritos e
Trabalhos com os seus costumes culturais das diversas latitudes terrenas.
Dentre outras, a missão do Maçom é também a da investigação da Verdade através
dos métodos imparciais da pesquisa e da história, bem como se despir das
concepções anacrônicas.
Para o Maçom sobreleve-se nesse breve ensaio a importância dos termos
relacionados à: “vida, morte, ressurreição, passagem, aperfeiçoamento, ciclos,
Luz e trevas”.
Se bem compreendida a Arte, o Maçom poderá perceber que para toda
manifestação humana, seja ela cultural, ou religiosa, haverá sempre uma
explicação coerente e verdadeira. Seria então oportuno salientar que a
ignorância e a superstição são os verdadeiros flagelos da Humanidade, portanto,
também inimigos da Maçonaria.
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Autor: Pedro Juk
Fonte: Blog do Pedro Juk
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