A utilização do termo Egrégora tem suscitado, ao longo da
história, diferentes compreensões entre pesquisadores, espiritualistas e
iniciados. É um conceito que, dependendo do ângulo de observação, pode ser
entendido de maneira mais simbólica, mais esotérica ou até mesmo filosófica.
Mas afinal, o que significa exatamente Egrégora?
Algumas definições mais simples a descrevem como “a aura de um local onde
há reuniões de grupo, e a aura de um grupo de trabalho”. Essa concepção,
bastante difundida entre espiritualistas, apresenta a Egrégora como um campo
energético que se forma sempre que pessoas se reúnem com um propósito comum,
seja ele religioso, esotérico, cultural ou mesmo social.
Por outro lado, existem definições mais ousadas e complexas. Há quem
considere a Egrégora uma espécie de entidade autônoma, formada pela
persistência e intensidade das correntes mentais geradas por indivíduos
reunidos. Segundo essa visão, nos centros verdadeiramente espiritualistas, tais
criações psicomentais assumem formas sutis e elevadas, comparáveis aos devas ou
inteligências espirituais.
Porém, nos centros desvirtuados, essas mesmas criações podem se degenerar
em verdadeiros “monstros astrais”, forças hostis que passam a perseguir tanto
seus criadores quanto os frequentadores daquele espaço. Essa é uma advertência
sobre o poder criador da mente coletiva e sobre a necessidade de pureza de
intenções.
Há ainda uma definição mais clássica, de natureza etimológica e
conceitual. A palavra Egrégora vem do grego egrégoroi, que
significa “vigilantes”. Essa definição a compreende como a força gerada pelo
somatório das energias físicas, emocionais e mentais de duas ou mais pessoas
quando se reúnem com qualquer finalidade.
Nesse entendimento, a Egrégora é uma condensação de energias múltiplas,
que se acumulam e se harmonizam no éter, criando uma realidade vibratória capaz
de influenciar tanto o grupo quanto os indivíduos que dele participam. Quanto
mais poderoso, equilibrado e consciente for um indivíduo, mais força empresta à
Egrégora, que assimila e integra suas vibrações.
Na média, portanto, podemos considerar a Egrégora como a
somatória de energias mentais, emocionais e espirituais, criadas e nutridas por
grupos humanos. Essa energia se concentra em virtude da força vibratória
ressonante, e quanto mais harmônica for essa vibração, mais sólida e eficaz se
torna a Egrégora.
POLARIDADES DA EGRÉGORA
Se a Egrégora é fruto da soma de energias, não há limites para o nível de
frequência em que pode atuar. Assim, podem existir Egrégoras de altíssima
vibração espiritual, luminosas e construtivas, como também Egrégoras densas,
destrutivas e negativas.
Essa existência de diferentes frequências reforça a antiga lei da
dualidade: claro e escuro, positivo e negativo, bem e mal. Porém, a análise
mais profunda revela que essa dualidade não é absoluta, mas relativa e
complementar. A própria existência da Árvore da Vida, enquanto símbolo do
caminho da queda e da reintegração, sugere que há uma árvore oculta, imersa na
escuridão da terra, que lhe serve de raiz. Ou seja, luz e sombra, virtudes e
vícios, vida e morte, coexistem em permanente tensão, contribuindo para o
equilíbrio cósmico.
A partir dessa visão, torna-se evidente que podem existir Egrégoras
positivas e construtivas, capazes de elevar seus participantes, e Egrégoras
negativas e destrutivas, que escravizam e drenam energias. O equilíbrio, e não
o extremismo, é o verdadeiro objetivo do iniciado.
FONTE GERADORA DA EGRÉGORA
Surge, então, a pergunta fundamental: qual é a fonte que anima e mantém
viva uma Egrégora? Como ocorre, no plano físico e sutil, esse processo de
geração e ressonância energética?
A resposta parece residir na constância. Uma Egrégora não se forma
por ações dispersas ou ocasionais, mas pelo trabalho contínuo, disciplinado e
harmonioso. Da mesma forma que um dínamo gera energia elétrica pela rotação
constante de seu eixo, um grupo espiritual gera energia sutil pela repetição
regular de rituais, práticas e intenções comuns.
Daí a importância dos rituais, cerimônias e trabalhos templários em
tradições como a martinista, a rosacruciana ou a maçônica. A permanência do
gesto ritual, sempre no mesmo sentido e em harmonia, cria um campo vibratório
estável e acumulativo, sustentando uma Egrégora poderosa.
O trabalho regular, constante e harmonioso, somado aos interesses
superiores de seus praticantes, é a fonte de uma Egrégora elevada, capaz de
gerar paz, evolução espiritual e conhecimento. Esse princípio também explica
por que tradições iniciáticas, como a martinista, condenam a mercantilização do
sagrado. A venda de graus, cargos ou conhecimentos não apenas fere o espírito
da tradição, como rompe a harmonia vibratória, contaminando a Egrégora com
intenções profanas.
A EGRÉGORA NA MAÇONARIA
Ao trazer esse conceito para a Maçonaria, sua importância se torna
ainda mais clara. A Ordem, que é essencialmente iniciática, ritualística e
simbólica, vive e respira através da sua Egrégora.
Cada Loja Maçônica, ao se reunir em sessão regular, com seus ritos,
símbolos e palavras de ordem, alimenta e fortalece uma Egrégora própria. Essa
energia coletiva não é apenas resultado da presença física dos Irmãos, mas da
intenção comum de buscar a Verdade, trabalhar pela evolução espiritual e pelo
bem da humanidade.
A Egrégora Maçônica se torna, assim, um campo de proteção e
inspiração. É ela que garante a continuidade da tradição, que dá coesão ao
trabalho ritual e que conecta a Loja ao corpo mais amplo da Maçonaria
Universal. Não é exagero afirmar que, sem sua Egrégora, a Maçonaria seria
apenas uma sociedade de reuniões formais. É a força sutil e invisível que
transforma cada sessão em uma verdadeira oficina espiritual.
Vale ressaltar que, na Maçonaria, essa Egrégora se alimenta não apenas da
constância ritual, mas também da conduta moral e ética dos Irmãos. A presença
de paixões desordenadas, vaidades, disputas materiais ou interesses profanos
pode fragilizar e até mesmo corromper a Egrégora de uma Loja. Por isso, o
cuidado com a pureza das intenções e com a fraternidade é essencial.
Da mesma forma, quando Maçons de diferentes Lojas e potências se reúnem em
um congresso, em uma iniciação conjunta ou em uma consagração, a Egrégora se
expande, integrando-se a uma corrente mais ampla, que conecta todos os maçons
do mundo. Esse é um dos mistérios da Ordem: cada Loja tem sua Egrégora
particular, mas todas se ligam a uma Egrégora Maçônica Universal,
sustentada por séculos de rituais, símbolos e trabalhos constantes.
Essa concepção é confirmada pela própria prática ritual, quando se afirmar
que as Lojas trabalham “sob os auspícios do Grande Arquiteto do Universo”. Ao
invocar o G.’. A.’. D.’. U.’., a Loja não apenas orienta seus trabalhos a uma
dimensão superior, mas também conecta sua energia coletiva à grande corrente
universal que dá vida à Maçonaria.
CONCLUSÃO
A Egrégora, seja compreendida como aura, entidade ou força vibratória
coletiva, é uma realidade presente em todos os agrupamentos humanos. Nas
tradições iniciáticas, sua importância é ainda maior, pois ela constitui a base
sutil que sustenta e orienta os trabalhos.
No Martinismo, no Rosacrucianismo e especialmente na Maçonaria, a Egrégora
é fonte de proteção, inspiração e elevação espiritual. É ela que garante a
continuidade dos mistérios, a coesão do grupo e a ligação com as realidades
superiores.
Cabe aos iniciados, portanto, a responsabilidade de cuidar dessa energia,
mantendo a constância ritual, a pureza das intenções e a fraternidade
verdadeira. Somente assim a Egrégora permanecerá luminosa, capaz de conduzir
seus filhos pelo caminho da Luz, do Equilíbrio e da Sabedoria.
E assim, em espírito e verdade, podemos proclamar: sempre e sempre, para a
Glória do Grande Arquiteto do Universo!
A/D

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