Esta peça tem como objetivo a relação entre os vícios e as virtudes,
representados pelos três companheiros e os três mestres que encontram Hiran.
Sua base foi extraída do livro "Do sexo à divindade" do autor Jorge
Adoum, também conhecido como Mago Jefa, onde ele aborda as conexões existentes
nas religiões, desde as mais antigas até as atuais, navegando pelas Fálias,
Mítrica, Osíris, Druidas, védicas, budista e Cristã, fazendo referência ao ato
sexual, ou o ato de procriar, como sendo algo sagrado.
Mas aqui me atenho às observações que o Mago Jefa faz no livro, falando
sobre o mito de Hiran.
Os obreiros citados no livro e que estão presentes na história, são
classificados como companheiros, possuíam dentro de si as vontades latentes e a
ânsia em se tornar mestre, porém, somos sabedores que nenhum dos três estava
pronto ou sequer era merecedor ou estava apto à passagem do grau.
Os três companheiros foram considerados e relacionados pela trindade dos
vícios, sendo eles a ignorância, o fanatismo e a ambição. O autor menciona no
livro: "Os três malditos assassinos são os três meses do inverno",
nos levando à reflexão de que, quando consumidos pelos vícios, causamos a
cegueira nas ações e pensamentos, falhando na nossa proposta maior de
contemplação, vagando pelo vale escuro, onde o frio é intenso e pouco ou nada
se vê de luz e calor.
Nesse ponto, os três companheiros, representados pela ignorância,
fanatismo e ambição, querem ocupar o lugar da verdade, lucidez e generosidade.
Sabemos que esses três vícios matam o homem, fazem-no sucumbir, se perder nos
propósitos, não dando espaço aos valores de uma vida pura e limpa.
A ignorância, é representada por toda a falta de instrução, a deficiência
de absorver práticas e de colocá-las a prática em todos os âmbitos, seja
externo ou interno. Ela é uma das principais responsáveis pela carência de
responsabilidade, causando cegueira parcial no indivíduo.
O fanatismo, é representado pela intolerância obsessiva e irracional, esse
por vez cria uma paixão extrema por algo, tanto emocional quanto material,
nunca está aberto a ouvir ou aceitar algo que não seja aquilo que entende por
correto em sua visão de mundo, causando cegueira parcial no indivíduo.
A ambição, essa última abrangendo a ignorância e o fanatismo, pois a
característica de um ambicioso é que ele é tanto ignorante quanto fanático,
possui dentro de si um forte desejo de alcançar algo, passando por cima de tudo
e todos para alcançar o que ele tem por objetivo, normalmente o ambicioso não
mede o que terá de ser feito para que consiga alcançar o que procura e
dificilmente quando alcançar para, pois a ambição se torna um vício, pois o
desejo de ter tudo a qualquer custo causa a obsessão deteriorando tudo e todos
em volta, causando cegueira total no indivíduo.
Vemos na história de Hiram os três vícios, ou os três companheiros, que
aguardam o mestre nas principais portas do templo, para que o mestre lhes dê a
palavra secreta do grau, porém a resposta do mestre foi "trabalha, e
obterás."
O templo referenciado no texto tem a conexão com nosso templo interior, o
corpo do homem, quando agimos pelos impulsos e vontades, colocando em evidência
os três vícios ou os três companheiros, deixo que eles façam o trabalho sujo e
saiam impunes, denegrindo nosso corpo, imagem e todos aqueles que nos rodeiam.
O livro mostra que não morremos quando, por motivos, nós deixamos agir com
algum desses vícios, desde que deixemos que os três mestres, esses que buscaram
a verdade, nos mostrem e corrijam os caminhos e ações, sendo eles o mestre
saber, o mestre fé e o mestre Amor.
O saber, envolve a capacidade de entendimento, ele é importante para o
desenvolvimento pessoal e social do indivíduo, trazendo consciência e sensatez
em suas decisões, cautela em suas colocações e sabedoria em seu agir.
A fé, envolve a fidelidade a um propósito, a esperança em algo que se crê
e que se acredita, é a condição de acreditar na verdade, mesmo que não a
conheça ou esteja em sua busca, sem a fé a verdade se torna uma alusão.
O amor, envolve os sentidos, envolve tudo que se movimenta, sendo portador
desse sentimento nos pensamentos e atitudes tudo se torna mais verdadeiro,
porém sem ele, nosso corpo sucumbi, caindo nas garras da ignorância, fanatismo
e ambição.
Os três mestres eliminam do corpo esses vícios, desde que não sucumbamos a
cair neles de novo, de novo e de novo.
"O corpo é o templo de Deus vivo.", cita o Mago Jefa, é nele que
ocorre a manifestação dos vícios e virtudes, tudo agindo de acordo e sendo
reflexo do nosso trabalho e nossas ações.
O templo conforme sua descrição histórica, é um local sagrado, de
santidade, habitado por Deus. Quando referimos ao templo interno, a descrição
não se muda, pois torna nosso corpo um local sagrado e habitado por Deus.
Possuímos dentro de nós esses vícios, aqueles que controlamos e a todo
instante cavamos masmorras, mas sabemos que se formos falhos iremos sucumbir e
deixar que eles nos consumam. Se isso ocorrer e estivermos com a ciência de que
falhamos, os três mestres irão encher nosso corpo com saber, fé e amor.
Mas se formos ignorantes, fanáticos e ambiciosos a ponto de não conseguir
controlar os vícios, é o momento de retirar o avental e repensar o propósito e
sentido da vida, pois dentro de nosso templo interior somos aquilo que optamos
por evidenciar, ou vícios ou virtudes, sempre irá vencer aquele que mais
fortalecida estiver, ou seja, aquela que mais alimentarmos com nossas atitudes
ou pensamentos.
Por fim, o texto causa complexo entendimento, trazendo a referência do
templo como um corpo, dos três companheiros como os vícios e dos três mestres
como as virtudes.
Trabalhemos incansavelmente nosso saber, que é a fonte do conhecimento e
que combate a ignorância, trabalhemos nossa fé, que traz a segurança naquilo
que cremos combatendo o fanatismo e que possamos transbordar de amor em nossas
vidas, para que nunca nos deixemos levar nem sucumbir pela ambição.
Todas essas coisas sem nenhuma exceção são fundamentais para que o mestre
cumpra seu papel dentro e fora do templo, ou seja, no templo maçônico e no seu
templo interior, buscando a todo momento identificar e corrigir a ignorância,
ou fanatismo e a ambição.
Mateus Hautt Nörenberg-MM

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