Mais um ano se foi e iniciamos nossas
"Férias Maçônicas".
Mas, espere um pouco... Nosso trabalho
é tão pesado assim, que exija que descansemos de tão "fatigante"
labuta?
Permito-me transcrever trechos de um
artigo publicado pelo Ir.’. José Castellani, insigne pensador maçônico. Mesmo
que não concordem, por favor, reflitam sobre suas considerações a respeito do
assunto:
Segundo Castellani: "Férias maçônicas" é uma invenção brasileira deste século e que
vem sendo cada vez mais "esticadas", para satisfação daqueles que creem
que trabalho maçônico é estafante.
No Grande Oriente do Brasil temos, ultimamente, o
alentado período de 30 dias -- 20 de dezembro a 20 de janeiro –-para que
"cansados" maçons repousem de seu "pesado" trabalho ...
simbólico de operário. Isso, todavia, nem sempre aconteceu.
A partir do final do século passado, algumas Lojas
começaram a fazer um pequeno hiato em seus trabalhos, da véspera de Natal até
ao dia de Reis, a 6 de janeiro. Posteriormente, porém, iria haver um aumento,
em uma Obediência --- queria se estender às demais e até ser esticado -- de
forma pitoresca: A 25 de janeiro de 1955, era inaugurado o edifício-sede do
Grande Oriente de São Paulo que, para os padrões da época, era um prédio
opulento: 2.320 metros quadrados de construção; quatro templos para trabalho de
24 Lojas e mais um templo nobre; um subsolo e mais três andares, servidos por
elevador; templos aerificados, através de um sistema de insuflação de ar
fresco; dez instalações sanitárias completas; oito Câmaras de Reflexão, com
dispositivo para ver-se, de fora, o que se passa dentro, sem que, do interior,
se perceba.”
Castellani
prossegue: “Evidentemente, um
prédio tão grande e complexo é de difícil manutenção; em menos de três anos
depois de sua inauguração, o edifício já necessitava de reparos. Diante disso,
o Grão-Mestre Benedito Pinheiro Machado Tolosa estendeu as férias maçônicas --
que, então, iam de 24 de dezembro a 6 de janeiro -- até ao dia 18 de janeiro,
diante da necessidade de se proceder a reparos, limpeza geral e pintura parcial
do edifício-sede. Nos dois anos seguintes, pelo mesmo motivo, elas foram
estendidas até ao dia 20.
E a coisa acabou, rapidamente, se tornando
"tradicional", mesmo que os motivos tenham sido esquecidos e mesmo
que nem se pense em reparos e pinturas, chegando, mesmo, até às Constituições
do Grande Oriente do Brasil, as quais, antigamente, eram omissas, não fazendo
qualquer alusão a férias. Acabou, alem disso, chegando a outras Obediências,
que, até, talvez adorando a ideia, esticaram mais ainda as tais
"férias" e os maus exemplos, geralmente, frutificam; ou seja: passarinho
que anda com morcego acaba dormindo de cabeça para baixo.
E, até hoje, não apareceu ninguém para extirpar essa
prática, que é esdrúxula, porque o trabalho maçônico é constante e
ininterrupto, como o de outras entidades filosóficas, iniciáticas,
assistenciais e de aperfeiçoamento do Homem (seria, realmente, cômico, se a
Igreja, por exemplo, entrasse em férias). Coisas como essa é que desgastam a
Maçonaria brasileira, reduzindo-a a condição de simples clube, ou sociedade
recreativa, o que contribui para corroer a sua credibilidade pública.”
Castellani
finaliza: “Como, notoriamente, o
uso do cachimbo faz a boca torta, será difícil acabar com essa invenção, pois
as justificativas são muitas: Uns alegam que é preciso dar férias aos
funcionários das Lojas, esquecendo-se de que qualquer empresa, ou sociedade, dá
férias aos seus funcionários, sem fechar assuas portas.
Outros, no exercício do mais profundo egocentrismo,
justificam as tais férias, com a necessidade de aproveitar as férias escolares
e viajar com a família, esquecendo-se -- intencionalmente, é claro -- de que,
se os filhos têm três meses de férias escolares, qualquer trabalhador tem, no
máximo, 30 dias, anão ser que seja um nababo miliardário, ou um desocupado
crônico. “Alem disso, muitos maçons, já maduros e sem filhos em idade escolar,
gostariam de frequentar os trabalhos maçônicos, constantemente, mas são
tolhidos pela ditadura egoísta dos que acham que, se eles não podem frequentar
os outros também não podem.”
Agora, digo eu:
É muito provável
que meus mestres, com longos anos de vivência na Ordem e já acostumados com
este período de recesso, argumentem: Mas como é que um Companheiro que chegou
ontem aqui tem a petulância de insubordinar-se contra algo já enraizado em
nossos costumes?
Ocorre, meus
IIr.’., que vivemos outros tempos; tempos que parecem correr mais depressa;
tempos que sugerem ações mais rápidas e eficientes.Vivemos numa época em que
nossos inimigos não dormem (e, muito menos, tiram férias).
Não podemos nos
dar ao luxo de baixar nossa guarda, de fechar às portas de nosso templo de 19
de dezembro a 1º de março. São quase 2 meses e meio de paralisação total de
nossas atividades.
Os tempos atuais
não mais nos permitem tal condescendência.
Pelo exposto,
peço que meus Mestres me perdoem por discordar da ordem vigente, mas, foi-me
ensinado que deveria trabalhar a Pedra Cúbica com Liberdade (liberdade para
expressar meus pensamentos sempre que mandar minha consciência); com Firmeza
(firmeza que me permita arguir com elegância àqueles que não concordarem
comigo); e, por fim, com Dedicação (dedicação para defender a plena liberdade
de expressão do pensamento, como direito fundamental do ser humano).
Por tudo isso,
solicito que os IIr.'. reflitam se não haverá chegado o momento de revermos
nossa posição sobre o assunto e se não seria hora de nossa Administração voltar
a ter o mandato de 2 anos e não pouco mais de 1 ano e meio, como está
acontecendo hoje, se considerarmos os meses de recesso.
VOLTEMOS AO TRABALHO!!!
Autor: C.’.M.’. Paulo César Fiuza Lima
B.’.A.’.R.’.S.’.L.’. Regeneração
Catarinense n. 138
Florianópolis – Santa Catarina