INCENSO E ALTAR DOS PERFUMES NO REAA




Um irmão escreveu a Pedro Juk a seguinte questão:

Estimado Pedro Juk, surgiu-me uma dúvida quando estava lendo o Informativo JB News de número 1359, onde outro irmão pergunta sobre o uso do incenso em Loja.

O Irmão respondeu que não está previsto o uso do incenso no REAA, sendo, portanto proibido. Foi ai que surgiu a minha dúvida. Para que serviria o Altar dos Perfumes que fica no Oriente? Ao meu entender seria para colocar uns incensos, umas essências para perfumar a Loja. Não fazer uma cerimônia de incensação, mas apenas deixar um incenso perfumando a Loja. Pode por gentileza sanar essa minha dúvida.

Considerações:
Pois é meu Irmão, esse Altar no simbolismo do Rito não serve realmente para nada. 

Existem três possibilidades de o mesmo ter permanecido no Oriente da Loja sem qualquer utilidade.

A primeira possibilidade talvez tenha sido quando das já extintas Lojas Capitulares, cujas particularidades do mobiliário e decoração se distinguiam do simbolismo.

Houve tempo, já no século XIX, que essas Lojas Capitulares englobavam no Grande Oriente da França e os seus seguidores também o simbolismo, isto é: do primeiro Grau até o décimo oitavo Grau. Quando esse sistema foi extinto, ficando apenas o simbolismo com o Grande Oriente e os demais com o Supremo Conselho, algumas particularidades capitulares acabariam por permanecer no básico maçônico (três primeiros graus), como é o caso do Oriente elevado e da balaustrada.

Assim existe a possibilidade de que o Altar dos Perfumes tenha sido também um elemento do outro sistema (o capitular) que acabara permanecendo onde não deveria ter sido conservada.

Já a segunda possibilidade está na cerimônia de Sagração do Templo, cujo costume acabou se generalizando no Brasil com uma mesma ritualística através de um mesmo ritual especial e específico por Obediência para todos os ritos nela praticados, inclusive inserindo caracteres desconhecidos para alguns sistemas ritualísticos.

Daí talvez dessa cerimônia de Sagração, onde é pertinente o uso desse Altar apenas na oportunidade em que o Templo é consagrado já que a Sagração de um Templo se faz tão-somente uma só vez, acabaria permanecendo esse móvel no Oriente da Loja simbólica escocesa, porém sem apresentar qualquer significado, já que os seus rituais simbólicos (Aprendiz, Companheiro e Mestre) não preveem com ele qualquer prática ritualística.

Quanto à última possibilidade, que eu particularmente entendo como bastante provável, é a do simples “enxerto” no escocesismo simbólico de uma cerimônia de incensação, cuja característica e tradição pertencem a outro rito.

Como o Rito Escocês tem sido tratado como uma verdadeira “colcha de retalhos”, nada mais comum que certos rituais equivocados e ultrapassados tenham por seus autores associado uma cerimônia de incensação com seus turíbulos e incensos e, obviamente não podendo faltar o Altar dos Perfumes.

Deste modo, em se tratando do simbolismo escocês, como esse Altar só é usado na consagração do espaço, não demoraria muito a aparecer à invenção do tal acendimento de incenso na Loja. Destarte, unindo o útil ao agradável, apareceria o elemento fumígeno com o seu respectivo suporte de apoio – o Altar.

Daí também inventar-se-ia até a tal “chama votiva” que deveria ficar acesa sobre o dito altar em alusão à presença do “Criador”, como se já não existisse o Delta que é um dos mais importantes símbolos que relembra a presença da “Divindade”, seja ela de concepção teísta, ou deísta.

Como pelo exposto no Rito Escocês tradicionalmente não existem esses procedimentos, os atuais rituais simbólicos do GOB não mencionam qualquer prática litúrgica que envolva o Altar dos Perfumes e outras ações dele derivadas, contudo o dito ainda equivocadamente permanece identificado como mobiliário na planta do Templo.

O ideal seria mesmo suprimi-lo no rito em questão, senão a sua presença acabaria dando margem, por exemplo, ao juízo como aquele emanado pela vossa respeitável pessoa: “Ao meu entender seria para colocar uns incensos, umas essências para perfumar a Loja. Não fazer uma cerimônia de incensação, mais apenas deixar um incenso perfumando a Loja”.

O ideal seria mesmo suprimi-lo no rito em questão, senão a sua presença acabaria dando margem, por exemplo, ao juízo como aquele emanado pela vossa respeitável pessoa: “Ao meu entender seria para colocar uns incensos, umas essências para perfumar a Loja. Não fazer uma cerimônia de incensação, mais apenas deixar um incenso perfumando a Loja”.

Autor: Pedro Juk
Fonte: JB News, nº 1463


MAÇONARIA E COMPROMISSO



Na Iniciação a Maçonaria como que “firma um contrato” com o novo homem: uma promessa mútua ou obrigação será mantida desde o instante do juramento (compromisso) e enquanto durar a recíproca confiança.

Apesar dos juramentos serem tomados na primeira pessoa do iniciando, também a Loja – e a Ordem como um todo – assumem obrigações para com o Maçom. A partir da entrega do avental, o iniciado deverá estar seguro de encontrar amigos entre os Maçons – mais que amigos, Irmãos dedicados e leais – prontos a prestarem o justo e necessário auxílio nos momentos aflitivos e durante os combates travados sob o escudo da Virtude. Além disso, a estrutura administrativa e cultural da instituição deverá propiciar a Luz do Conhecimento em favor de cada um dos seus obreiros.

Nas etapas da nova vida em Loja a palavra “virtude” revelará sua característica mais íntima: um PODER (virtus = vir, virilidade, força) pronto a passar do dever ao ato com coragem e desprezo pela dor. É por isso que usamos o tratamento “poderoso irmão” que corresponde a VIRTUOSO IRMÃO.

A palavra “Maçonaria” traz à mente, para quem não foi iniciado na Ordem que leva este nome, um relacionamento ou entendimento entre pessoas. É neste sentido que podemos conceituar a natureza social da Maçonaria: um acordo ou entendimento que produz uma série de compromissos.

Um compromisso, por sua vez, resulta de uma promessa a ser cumprida. A palavra promissum que herdamos do latim tem esse significado: coisa devida e obrigação solene assumida perante alguém ou um grupo de pessoas.

A obrigação solene é o principal elemento que faz dos rituais maçônicos atividades sagradas. Os juramentos (compromissos) são tomados em nome do que há de mais puro, tanto para a Loja quanto para o neófito recebido em seu quadro.

Se for transcendente, essa pureza, inefável por si mesma, é tomada como o Princípio Criador e sua contraparte – a Consciência Moral. Ambos são invioláveis, sacrossantos e representados num livro sagrado (a Lei) que não pode ser levianamente tocado, infringido ou violado sem repercussões de foro íntimo.

Assim, cada maçom, curvado em genuflexão diante do Mistério, deposita no escrínio de seu coração as cláusulas de um “contrato” gravado nos arquivos perenes da memória e de sua história pessoal.

A partir da Iniciação o candidato torna-se Aprendiz, isto é, aprende como aplicar a tríade Liberdade-Igualdade-Fraternidade em seus deveres para com Deus, para consigo mesmo e para com a humanidade. A Iniciação e seu tempo de Aprendiz não visam fazer dele um homem livre e de bons costumes, pois essas são condições necessárias (sine qua non) que ele deve trazer da vida secular.

É necessário que o candidato possua o sentimento de sua própria liberdade e esteja plenamente consciente da distinção entre o bem e o mal. Se, sob quaisquer circunstâncias, ele age contra seus próprios valores é porque ainda é um escravo.

Na Loja de Aprendiz o neófito vai tomar conhecimento, mediante o estudo, a observação e a experiência das ferramentas úteis à aplicação de sua liberdade e de seus bons costumes na condução de seus pensamentos, palavras e ações em direção a Deus, à pátria e à família.

A Consciência Moral consiste em tomarmos certa distância de nossos atos, o que nos permite reavaliá-los e conceber novas atitudes capazes de implementar o bem. Nesse particular vale a advertência de Schopenhauer: “é mais fácil pregar moral do que fundamentá-la na prática“.

Herdamos do antigo Direito Romano o sentido de “obrigação” que tem a promessa: ela retrata um vínculo entre coisas ou pessoas. Esse vínculo ou ligação (ligatio) constitui uma espécie de encargo (obligatio) – servidão voluntária que alguém toma sobre si em determinado momento e que deve ser levada a cabo desde então e até o futuro.

Assim é o Direito, conjunto de condições pelas quais o arbítrio de um pode conciliar-se com o arbítrio do outro, ordenando as associações humanas num sistema de normas lógicas, legítimas e válidas.

O compromisso visto por ambos prismas é, portanto, uma ligação que subordina a vontade singular à pluralidade que rege as relações humanas. Numa Loja maçônica esse acordo ou pacto é um vínculo moral que, além de gerar direitos (benefícios) dá origem a restrições, ônus e gravames (deveres).

Como nas obrigações jurídicas, há sempre uma tarefa ou ofício – um fazer – , mas também o “não fazer” (non facere), duplo aspecto que reflete um ordenamento maior que o Direito e as leis.

Os sujeitos desse “contrato maçônico” oscilam entre a parte que tem o direito de exigir e a outra sobre quem recai o compromisso. Pactua-se sobre o pressuposto de que ambas nutrem uma permanente disposição para querer o bem sendo o objeto (o debitum) sempre o mesmo: um trabalho análogo ao dos antigos pedreiros (os operativos), mas desta vez construindo e reconstruindo a sociedade (os especulativos), levantando novos templos à Consciência Moral, à prática do dever, da justiça, da caridade e das grandes concepções da vida pública.

Toda esta analogia reflete o cenário do Direito das Obrigações com seus quatro elementos:
um sujeito ativo ou credor que tem o direito de exigir a solvência do encargo;
o sujeito passivo ou devedor, sobre quem recai o trato a ser cumprido;

o objeto do compromisso (debitum) que o devedor deve praticar ou abster-se de praticar em favor do sujeito ativo;

o vínculo jurídico que liga os sujeitos dessa obrigação.

Enquanto nas obrigações ditas “civis” um compromisso tem início, meio e término – ou seja, esgota-se ao ser satisfeito seu objeto integralmente – na Lei Natural e no âmbito moral os direitos e as obrigações possuem um conteúdo ditado pela natureza e válido para qualquer tempo ou lugar.

Por exemplo: toda pessoa nasce entranhada de direitos que se desenvolvem à medida que sua personalidade amadurece, dando lugar a compromissos e obrigações de caráter social. São as convenções, ajustes e pactos.

Na mesma esteira o desenvolvimento da sociedade vem marcado por três estágios de reconstrução social dos quais brotaram a inclusão dos direitos e deveres do indivíduo:

Relativamente à cultura do Ocidente, contemplamos o primeiro estágio da reconstrução social no ordenamento religioso e moral contido do pensamento judaico-cristão.

Segundo a tradição, no Antigo Testamento (primeiro acordo ou pacto) a aliança se desenvolveu desde Abraão até o decálogo entregue por Deus a Moisés com três deveres (mandamentos) para com Deus e sete outros de cunho social: “Honrarás o teu pai e a tua mãe, não cometerás homicídio nem adultério; não furtarás, não darás falso testemunho, nem cobiçarás a casa do teu próximo“.

 Desse conjunto de leis originaram-se 613 disposições, ordens e proibições em benefício de uma coletividade essencialmente nômade. Os direitos e deveres contidos nas tábuas da Lei e na Arca da Aliança visavam primeiro a coletividade – o povo hebreu – antes de se destinarem ao indivíduo.

Na nova aliança (Novo Testamento) Jesus autenticou as obrigações mosaicas e os direitos dela decorrentes, transformando-os em fundamentos de um nascente humanismo face ao poderio de Roma.

O rigor da antiga lei, cuja maior parte fora adaptada pelos patriarcas a partir dos costumes egípcios, do Código de Manu e da Lei de Talião, foi explanado em termos de misericórdia e compaixão através do Evangelho condensado em apenas dois preceitos: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda tua alma e de todo teu entendimento”.

Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo é semelhante a este: “Amarás o teu próximo como a si mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.”

O Direito natural ou jusnaturalismo de John Locke, Hugo Grotius e outros se baseia na existência de conteúdos desse tipo. Mesmo quando não falam de uma transcendência admitem os padrões estabelecidos pela natureza e, portanto, válidos em qualquer tempo ou lugar.

Paulo de Tarso, na Epístola aos Romanos, lembra o conjunto das obrigações naturais ressaltando a superioridade das mesmas em relação à criatura, dizendo: “… mesmos os gentios, que não têm lei, fazem por natureza as coisas que são da lei“. O primeiro desses compromissos sociais consiste no direito à vida e no dever de garanti-la em todos os aspectos.

O segundo grande estágio da reconstrução social foi firmado na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, aprovada em 1789 pela Assembleia Nacional Constituinte. Nessa Declaração de Direitos moldaram-se os ideais da primeira fase da Revolução Francesa sintetizados no seu Artigo. 1.º: “Os homens nascem e são livres e iguais em direitos.

As distinções sociais só podem fundamentar-se na utilidade comum.” Esta tese, cláusula pétrea da cidadania, foi inspirada na Revolução Americana de 1776 e nas ideias do Iluminismo.

Cento e cinquenta e nove anos mais tarde sobreveio o terceiro estágio da reconstrução: “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade“, Declaração Universal dos Direitos Humanos adotada pela ONU em 10 de dezembro de 1948.

Entre o primeiro estágio (lei mosaica) e o segundo passaram-se dezessete séculos. Mas entre o segundo e o terceiro (Declaração dos Direitos pela ONU), apenas um século e meio. Apesar de tudo, reconheçamos ou não este fato, a Consciência Moral avança mais rápido do que o progresso científico.

Outra consequência dos estágios da reconstrução social é a constante busca de uma solução possível do conflito entre obedecermos aos ditames da sociedade e a vontade que emana do nosso íntimo. Vem em socorro dos novos construtores a primeira norma do imperativo categórico da filosofia de Immanuel Kant (1724-1804): “age sempre de maneira que a norma de vontade possa ser erigida como legislação universal“.

Kant definiu o imperativo categórico como o impulso que leva as pessoas a agirem em conformidade com os princípios determinantes da natureza humana. A ação, neste sentido, deve ser entendida como um objetivo, nunca como um meio.

Por isso os símbolos da Maçonaria apontam para uma diversidade de interpretações. A cada Aprendiz, Companheiro e Mestre devem ser dada a máxima liberdade para compreenderem e traduzirem no âmago da consciência o significado dos símbolos.

Cada construtor do Templo maneja suas próprias ferramentas e descobre seu método de lavrar a pedra, desvendando por si mesmo o que ele deverá ser a partir do que é. A obra pela qual ele responde é o edifício inteiro (o Templo da Virtude) onde uma simples pedra colocada fora de esquadria compromete a estabilidade de todas as colunas, arcos e abóbada.

 Mais uma vez é a consciência que fiscaliza os trabalhos. Só ela pode corrigir os ângulos e a geometria. E quando julga, são valores que nascem da experiência individual, pois os símbolos existem mais para velar do que para revelar.

O avental e cada ferramenta de trabalho possibilitam ao Maçom sua entrada no Templo Interior segundo recursos de sua consciência. Dessa forma, na consecução do “contrato” o Iniciado sai vencedor – contente e satisfeito – a um só tempo solitário e participante da Ordem.

Como se inserem nos dias de hoje e na vida do Maçom – seja ele Aprendiz, Companheiro ou Mestre – as promessa e obrigações assumidas que garantam seu vínculo com a Loja e com cada um dos Irmãos que o cercam?

Para os autênticos construtores sociais, ancorados no ontem (tradição), voltados para o hoje, com a firme bússola da Lei e seu significado, permanecem intactas as colunas que sustentam o humanismo lógico e ético:

a ação de uns para com os outros em espírito de FRATERNIDADE, garantindo-se o equilíbrio dos direitos, isto é – uma IGUALDADE;

a preservação da LIBERDADE com que todos nasceram (livres e iguais em dignidade e em direitos).

Contemplando este significado, comparado à luz dos estágios acima descritos, torna-se explicável a tríade com a qual a Maçonaria se identifica: LIBERDADE, IGUALDADE e FRATERNIDADE.

Algumas correntes menos atentas ao conteúdo histórico, filosófico e sociológico do lema “Liberdade-Igualdade-Fraternidade”, consideram-no “mero apanágio da Revolução Francesa“, negando-lhe autenticidade entre os Livres Pensadores e Iluministas que lapidaram os cânones da Franco-Maçonaria a partir do século XVIII.

Para o Iluminismo há desigualdades naturais às quais temos que nos curvar: 
desigualdade de talentos, de saúde, de inteligência, de aptidões, e na aceitação delas reside a virtude da tolerância. Mas, sabedor disso, o maçom tem o dever de combater as desigualdades artificiais oriundas da injustiça social, fomentadas pela má distribuição de renda, pela avareza, pela corrupção e pelos falsos prestígios advindos dessas mazelas. Mesmo as desigualdades naturais podem resultar daquelas provocadas pela injustiça e falta de liberdade.

Cabe às Lojas e a cada Maçom em particular investigarem esses fatos sociais e promoverem a equidade de oportunidades – primeiro no seio da Ordem para depois – alicerçados no exemplo do “dever de casa” – expandirem o ideal nos quatro cantos da Terra. É nisso que reside o caráter especulativo da Maçonaria.

Finalmente, o vínculo que liga os sujeitos da obrigação maçônica pode ser apreciado nas seguintes cláusulas ou decálogo da Iniciação:
I – Cada obreiro, Loja e Potência Maçônica zelam pela manutenção da Ordem protegida da curiosidade e dos ataques a que possa ser exposta.
II – Desenvolvem seus trabalhos com disciplina, ordem e o respeito necessário.
III – Buscam uma convivência que propicie a maior perfeição possível em relação aos hábitos e aos costumes.
IV – Dirigem seus trabalhos em direção à Virtude e ao esclarecimento dos assuntos da Instituição.
V – Combatem sem trégua os vícios, a tirania, a ignorância, os preconceitos e os erros.
VI – Glorificam permanentemente o Direito, a Justiça e a Verdade.
VII – Promovem, em todos os setores da sociedade, atos que visem o bem estar da Pátria e da Humanidade.
VIII – Fazem de cada empreendimento fonte inesgotável de felicidade.
IX – Escudados na misericórdia praticam e ensinam a tolerância e a paz.
X – Mesmo nos momentos mais difíceis, esforçam-se para que prevaleça o amor à Ordem e o respeito às autoridades.

Estamos às portas do quarto grande estágio da reconstrução social. Parte da humanidade já percebeu isso e se apressa para adequar-se à Nova Era. O joio já está separado do trigo. É nas Ordens Iniciáticas que a colheita vem se tornando mais evidente.

Aperta-se o tempo para o cumprimento integral do contrato: há os que permanecem em seus postos e os que, por infelicidade, buscam na deformação das cláusulas do contrato um abrigo temporário para a inadimplência.

Autor: José Maurício Guimarães


MAÇONS, MÃOS AMARRADAS OU DESCASO?



Hoje pela manhã, conforme está sendo noticiado por todos os meios de comunicação do país, um Reitor foi preso, acusado de desvio de verba.

Até então, tudo normal em um país que acorda e dorme com noticias de corrupção, desvios de verbas praticados e acobertados por políticos, membros do judiciário e empresários.

O problema é que mais uma vez vemos um Maçom estampando as capas e chamadas dos principais meios de comunicação, como sendo responsável por desvio de verbas públicas.

Para o profano, não existe distinção de “potências”. Desconhecem o significado de GOB, GOSC, GL, etc. Para eles “é tudo maçom”. E, cá entre nós, estão certos.
Alguns dos IIr. devem estar se questionando: A aonde o Ir.’. quer chegar com esse texto?

Eu respondo: Um grande sentimento de insatisfação e impotência.
Insatisfação pelo fato de não ver a Ordem tomar atitudes reais, e não pronunciamentos políticos vazios e brigas de vaidades em trocas de e-mails, contra esse tipo de maçom. Não é o primeiro, e com certeza não será o ultimo.

A maçonaria, que deveria ser o exemplo, está dando mostras de que não faz o dever de casa expurgando do seu meio pessoas que não merecem serem chamadas de maçom.

E não só nesse caso acima.

Diariamente todos nós vemos, ouvimos e, em alguns casos, até mesmo presenciamos, atitudes de “irmãos” que não poderiam, e nem merecem, serem chamados assim, sem que nada aconteça contra eles na Ordem.

Pessoas que agem como verdadeiros bandidos, em alguns casos até praticando ameaças a outros IIr.’.

Vivem e convivem na Ordem, ocupando funções importantes, pendurando medalhas e graus nos paletós, como se fossem exemplos. Ganham afagos, elogios, são saudados como “Valorosos IIr da Ordem”. Como se diz hoje no mercado, são grandes “Influenciadores”. Reina a hipocrisia, a vaidade e mentira, onde deveria reinar a paz, a ordem, a verdade.

E sabem o motivo disso continuar, e sinceramente duvido que isso mude um dia, acontecendo na Ordem?

Por um simples motivo:

 “Eu não quero me incomodar”.

Essa simples frase acima é um “mantra” para a maioria de nós. Sim, a maioria.
“Eu não mexer nisso, não quero me incomodar”.

“Você não tem ideia do que é tocar nesse assunto. Não vale a pena esse incomodo”.
“Vamos tocar nossa Loja. Isso não é problema nosso.”

“A maçonaria é maior do que essas pessoas. O tempo as eliminará da Ordem."

Como explicar que pessoas como essas não são expulsas da maçonaria? Como aceitar que nada seja feito para que esses falsos maçons? Como não se indignar com a falta de respeito com os maçons que luta diariamente contra a injustiça?

Sinceramente meus IIr.’., essa falta de atitude de quem deveria zelar pela seriedade da nossa Ordem, e falo da maçonaria em geral não somente aqui em nosso estado, nos iguala a qualquer associação de bairros do mundo profano.

Tenham a certeza que em algumas horas, vamos todos ouvir, ver e ler nos meios de comunicação e redes sociais (essas serão impiedosas): “a maçonaria tomou conta da UFSC novamente para isso, roubar”, “mais um maçom roubando”, como já escutamos diariamente coisa do tipo” esse presidente ladrão é maçom”, “esse prefeito safado é maçom”, etc.

Fica meu desabafo e minha indignação para a reflexão dos IIr.’.

Até quando vamos conviver com isso? Até quando aceitaremos essa falta de respeito? É isso que desejamos para a Ordem?

E uma última pergunta: Será que vale a pena continuar sendo um maçom?

FA Sergio Rodrigues.



A REPRESENTAÇÃO SIMBÓLICA DAS LUZES EM UMA LOJA MAÇÔNICA



O Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA) nos ensina que as luzes de uma Loja maçônica Justa, Perfeita e Regular são representadas pelo Venerável-mestre portador da insígnia do “Esquadro”, joia alusiva a sabedoria cuja coluna é a Jônica.

Ao Venerável-Mestre, que se posiciona no Oriente, cabe a responsabilidade de abrir a loja, dirigi-la e esclarece-la com o auxílio das outras duas luzes.

A segunda luz de uma Loja é o Primeiro Vigilante que se posiciona no Ocidente em um altar no início da Coluna do Norte denominada Dórica, coluna B, representando a força, cujo “Nível” é a sua joia a qual representa à igualdade, cabendo a este vigilante a instrução dos irmãos Companheiros.

Ao Primeiro Vigilante cabe ainda, antes do início dos trabalhos, verificar se o templo está coberto e certificar se todos os presentes nas colunas são maçons.

A terceira luz de uma Loja é o Segundo Vigilante cuja joia é o “Prumo” ou Perpendicular e se posiciona em um altar nomeio da Coluna do Sul, coluna J, também denominada Coríntia, a da beleza, que é a estabilidade, fiscaliza os trabalhos da loja, a fim de que resulte honra para o Venerável e glória para o Grande Arquiteto do Universo, tendo ainda a seu cargo a instrução dos irmãos Aprendizes.   
                                                                                                                 
  O termo vigilante está diretamente ligado àquele que observa e fiscaliza os trabalhos e a correta forma como estão sendo executados. Suas posições são estrategicamente localizadas dando-lhes um panorama perfeito de modo a visualizar todos os obreiros sob sua responsabilidade na execução de suas tarefas. São os Vigilantes, os substitutos imediatos na ausência do Venerável.

  As três Luzes da loja, antes de iniciarem os trabalhos, são as últimas a adentrarem ao Templo, e ao término da sessão são as primeiras a saírem. Este procedimento é uma forma de destacar a representatividade das Luzes, e não os irmãos que delas estão revestidos.       
    
  O Venerável-Mestre é quem abre a loja e preside os trabalhos em uma assembleia de maçons. É ele quem primeiro fala e, pautando pelo que se encerra no ritual, cadencia com as batidas do seu malhete, de forma harmoniosa, o andamento da reunião. É do trono de Salomão, onde se posta o Venerável, que são proferidas as ordens que devem ser prontamente executadas.

  O Primeiro Vigilante é aquele ao qual o Venerável-Mestre primeiro se dirige, a fim de que suas determinações sejam acatadas e obedecidas; é de responsabilidade deste vigilante o fechamento da loja. O Segundo Vigilante, obedecendo às ordens do Venerável-Mestre, cientifica sua coluna assim como foi feito pelo Primeiro Vigilante na sua.

  É atribuição precípua do Segundo Vigilante observar o sol no seu meridiano e chamar os obreiros para o trabalho, dá-lhes recreação e cuidar para que os trabalhos tenham início ao meio-dia e sejam encerrados à meia-noite.
           
  A Palavra Sagrada é enviada pelo Venerável-Mestre ao Primeiro Vigilante por intermédio do Primeiro Diácono; logo na sequência a palavra é entregue ao Segundo Diácono que a transmite ao Segundo Vigilante. Depois de realizada esta formalidade, o Segundo Vigilante, executando uma batida com o seu malhete, informa ao Primeiro Vigilante que tudo está Justo e Perfeito na Coluna do Sul.

  O Primeiro Vigilante, de imediato, também com uma batida do seu malhete, reporta ao Venerável que tudo está Justo e Perfeito em ambas as Colunas.  
  
  Os irmãos Mestre de Cerimônia e Hospitaleiro ao circularem, respectivamente, com o Saco de Propostas e Informações e com o Tronco de Solidariedade, obrigatoriamente, devem visitar primeiro os altares do Venerável-Mestre, do Primeiro e do Segundo Vigilantes, nessa ordem. Retratando, assim, a hierarquia existente e a organização com que se dirigem os trabalhos.

  Esta representatividade disposta em um templo maçônico durante a realização de suas assembleias, com vista às três luzes, constitui um ritual que se repete há milênios. Mas com que finalidade um grupo de homens se reúne em uma sala fechada ornada de símbolos e paramentos estranhos ao mundo profano, desguarnecida de janelas, com apenas uma porta, ali permanecem isolados?Esta pergunta é respondida de forma clara e objetiva pelo Primeiro vigilante ao Venerável-Mestre quando este o questiona - Para que nos reunimos aqui? -, o Primeiro Vigilante então responde com convicção e firmeza - Para combater o despotismo, a ignorância, os preconceitos e os erros. Para glorificar a Verdade e a Justiça. Para promover o bem-estar da Pátria e da humanidade, levantando Templos à Virtude e cavando masmorras ao vício.

  A Maçonaria Universal tem subsistido ao longo dos tempos devido à determinação de homens dedicados denominados obreiros. A causa maçônica é a da busca da edificação do templo moral de cada indivíduo iniciado em seus augustos mistérios fomentando o progresso e a evolução dos povos através do conhecimento.

  No interior de um templo maçônico, logo ao início dos trabalhos, o Venerável concita aos irmãos a ajudá-lo abrir a loja, pois sozinho esta tarefa é impossível, haja vista ser a Maçonaria um corpo constituído de vários membros distribuídos em diversas partes do globo que, unidos, possibilitam a realização de um propósito, discutir assuntos atinentes aos problemas que atingem os destinos da humanidade, buscando soluções para dirimi-los.   
    
  Os objetos (ornamentos, paramentos, emblemas e figuras) encontrados em um templo maçônico trazem consigo um riquíssimo arcabouço de significados simbólicos que serão revelados nas instruções pelas três luzes da loja de acordo com a evolução espiritual-maçônica de cada irmão iniciado, partindo de seu interesse e de sua dedicação aos estudos sobre os “Mistérios da Ordem”.     
  
  As três luzes, por representarem os três pilares que sustentam a Loja, devem estar em perfeita harmonia para que a atmosfera no interior do templo não sofra influência negativa. A ordem deve ser estabelecida impondo que nenhum irmão passe de uma coluna para outra sem que para isso receba permissão de uma das luzes, e é terminantemente vedado aos irmãos tratarem de assuntos alheios aos do interesse da instituição maçônica.     
       
  As luzes de uma Loja Maçônica devem ser escolhidas através de assembleia realizada pelos membros da loja e presidida pelo Venerável-Mestre levando em conta a capacidade de cada um dos candidatos para ocupar o cargo.

  Simbolicamente podemos perceber, a partir do apresentado, que a representatividade maior das luzes em um templo maçônico é pautada pela organização e condução dos trabalhos. Organização esta que utilizamos em nossa vida fora do templo.

  Vencer nossas paixões é um dos compromissos que temos para com nós mesmo, com a família e com a humanidade. Sendo assim, é importante que o maçom internalize os ensinamentos adquiridos na Maçonaria e busque empregá-los em suas ações no transcurso de sua vida.

  Costumamos ouvir dizer, e com muito acerto, que devemos não só entrar para a maçonaria; mas, sim, deixá-la habitar em nós.

  Aquele que passa a fazer parte do quadro de membros de uma Loja Maçônica deve, antes de tudo, ser um obreiro útil e dedicado, um militante da causa maçônica, e para isso, requer trazer consigo os princípios norteadores de suas ações os quais identificam o maçom onde quer que ele se faça presente; e as luzes, estas são os arautos, os faróis que orientam os irmãos dentro dos princípios sublimes da “Arte Real” cultuados desde tempos imemoriais por homens livres e de bons costumes que em inúmeras ocasiões se sacrificaram pelo ideal coletivo, sendo sempre esse ideal voltado para a honra e glória do Grande Arquiteto do Universo.

Trabalho maçônico concluído em 21/07/2015 pelo Ir..Murilo Américo da Silva, membro da A.’. R.’. L.’. S.. Onofre de Castro Neves nº 2.555, Or.. Carangola/MG.

A PALAVRA NA MAÇONARIA





“A palavra é de prata e o silêncio é de ouro” (Provérbio chinês)

Muito se tem questionado sobre o uso da palavra na Maçonaria, principalmente em relação aos Aprendizes. Algumas Lojas têm por norma não conceder a palavra ao Aprendiz, por constar nas nossas lições que “simbolicamente” o mesmo deve permanecer em absoluto silêncio, cabendo-lhe somente ouvir e observar.

Recorrendo ao ilustre Irmão José Castellani, em seu livro “Consultório Maçônico“ – Volume VIII – Editora A Trolha, ele afirma textualmente, que:“…essa proibição não é constitucional nem regimental. Tradicionalmente, sabe-se que as sociedades iniciáticas, geralmente de cunho religioso, os Neófitos limitavam-se durante certo tempo, a ouvir e aprender.” 

“Era o caso do Mitraísmo persa – culto do deus Mitra, o Sol – que era composto de sete etapas; na primeira o neófito era o Corvo, por que o corvo, no Mitraísmo, era o servo do Sol e porque ele pode imitar a fala, mas não criar idéias próprias, sendo assim, mais um ouvinte, do que um participante ativo. Idem para as Escolas Pitagóricas, onde existiam três etapas: Ouvintes, Matemáticos e Físicos.”

“… em Maçonaria, todavia, não existe essa tradição, mas, sim, o Simbolismo. Ou seja, simbolicamente, o Aprendiz é uma criança, que não sabe falar, mas só soletrar. Isto é simbólico e não pode ser levado ao pé da letra. O Aprendiz pode e deve falar em assuntos inerentes ao seu Grau, ou nos que interessem a comunidade, de maneira geral.”

Entendamos, de uma vez, que o Aprendiz Maçom não usa da palavra em Loja, por lhe faltar capacidade da oratória, mas, sim para observar o cumprimento de um período de silêncio, que é de fundamental importância para o seu aperfeiçoamento. É no silêncio que o Aprendiz vai se livrando das asperezas da Pedra Bruta que é ele próprio. O silêncio é o primeiro salário que a Loja lhe concede, é uma ferramenta que, sabendo utilizá-la, muito contribuirá para o seu aprimoramento.

Para os que já estão na senda, desde longas datas, recomenda a razão que o Maçom, seja qual for o grau que ostente, deve refletir e ouvir a voz da consciência, antes de fazer um pronunciamento.

Em todos os momentos moldamos nosso destino de conformidade com a nossa consciência, sendo o pensamento o principal alicerce de  toda a criação.

Quando externamos o pensamento através da palavra, automaticamente lançamos uma centelha energética que viabilizará o processo criativo. Através da fala criamos uma vibração que faculta uma melhor aceitação daquilo que estamos pensando. 

Precisamos, pois, ter ciência da importância da palavra proferida. Se assim não procedermos, poderemos estar criando situações embaraçosas e alimentando acontecimentos indesejados.

Sejamos mais objetivos em nossos pronunciamentos; que nossas palavras sejam alentadoras, que expressem o nosso zelo e amor, ao contrário dos que, infelizmente, carregam acirradas críticas, inconformismo, insatisfação, sem contribuir para o crescimento da Loja e da nossa Ordem.

Mudemos nossa postura como tribuno. Falemos de coisas boas, mesmo que sejam apenas perspectivas, ou então voltemos à condição de Aprendiz, permanecendo em silêncio, demonstrando sabedoria.

Autor: José Airton de Carvalho
Zé Airton é Mestre Instalado, membro da ARLS Águia das Alterosas – 197 – GLMMG, Oriente de Belo Horizonte, presidente da Escola Maçônica Mestre Antônio Augusto Alves D’Almeida, membro da Loja de Pesquisas Quatuor Coronati 


Postagem em destaque

O QUE A MAÇONARIA FAZ?

No meu entender a Maçonaria como uma escola que visa despertar o nosso estudo ao autoconhecimento, a nossa reflexão sobre a nossa postura e ...