PEDRA BRUTA


A Pedra Bruta à primeira vista, é apenas um pedaço de pedra tosca e imperfeita, um bocado de rocha com arestas vincadas e ásperas, sem forma definida.

Tal se assemelha ao Aprendiz Maçom quando entra em Loja pela primeira vez. Ele próprio é essa pedra grosseira. Ela representa o seu estado e o longo caminho que ele tem ainda a percorrer…

O trabalho do Aprendiz consiste no desbastar dessa pedra bruta; no seu aprimoramento pessoal e moral.

O Aprendiz com o auxílio do malho e do cinzel, com sua vontade própria e o desejo de melhorar, deve desbastar essa pedra bruta (ele) e dar-lhe forma, torná-la perfeita, com as suas faces bem polidas e transformar essa pedra, numa pedra cúbica.

E essa transformação, passa por numa fase primária, burilar as pontas, as arestas que a pedra tem. Tentar ele próprio, vencer os seus medos e receios, “acalmar” as suas ansiedades, adquirir a concentração e disciplina necessárias à tarefa a que se propõe. 

Só dominando os seus pensamentos poderá ele então dominar as suas atitudes. Pensando com a clareza e discernimento necessário para que nada diga ou nada faça que não tenha a certeza de fazê-lo.

E só depois desse “pequeno/grande trabalho”, no qual, também expôs o interior da pedra à vista de todos, o seu Interior (Alma), é que poderá então tornar a pedra mais harmoniosa, alisando e polindo a sua face, através da sua persistência em se tornar melhor pessoa, sendo mais solidário mais tolerante e mais fraterno com o seu próximo.

Só assim, a pedra começará a ganhar a forma desejada, e se poderá concluir então, se o trabalho efetuado, se encontra no caminho certo.

E só pesando os prós e os contras, o antes e o depois, se conseguirá analisar o que se tem conquistado com este labutar. Que será sempre mais do que o que se perdeu ou gastou em tempo e energia para se poder dedicar a essa árdua tarefa. Certamente durante esse processo aumentou o seu conhecimento sobre várias matérias, mas acima de tudo, melhorou o seu autoconhecimento (o mais importante deste processo).

Como proporcionalmente, se perderam vícios e comodismos que nada trazem de melhor à sua vida, e que só o “atrasam” na percepção do mundo em que vive.

E é nesse mundo profano, em que o Aprendiz vive que deve ele usar os seus conhecimentos e a experiência adquirida no polir a sua pedra, que ele deverá exercer a sua influência. Sendo um exemplo de boa conduta para os demais, sempre cumpridor dos deveres e regras tal como qualquer outro cidadão seja obrigado a cumprir e a respeitar. Nunca estando acima da Lei, mas ao seu nível.

E apesar do trabalho de se desbastar a pedra bruta, ser um trabalho e caminho (evolução) pessoal, ele não se faz solitariamente. Existe sempre alguém pronto para ajudá-lo nesse percurso, nunca o facilitando, mas servindo apenas de apoio e guia. E esse acompanhamento, esse “guia”, ele pode encontrar na sua Respeitável Loja, refletido nos seus Irmãos.

E na sua Respeitável Loja, através da partilha mútua de conhecimentos e experiências em Loja com os seus Irmãos, fazendo uso do seu tempo disponível (às vezes sacrificando inclusive a sua família), se envolvendo mais nas atividades da Loja, estudando o catecismo, tomando atenção ao que lhe dizem e cumprindo de forma laboriosa o ritual, que o aprendizado do Aprendiz se faz (o próprio desbastar a pedra bruta é um processo de aprendizagem e ensino).

Ele aprende porque usufrui da informação e experiências que os seus Irmãos lhe podem oferecer. Mas também deve ele ensinar os seu Irmãos, partilhando o que sabe e auxiliá-los no que eles mais precisem. Porque um dos seus próprios deveres é também auxiliar os seus Irmão no desbastar das suas pedras… Pois também ele os “transforma”, com a sua forma de estar, exemplo de conduta e conhecimento.

Somente partilhando o que se tem, é que se pode obter mais, nunca num sentido material, mas antes, num sentido espiritual. Só doando parte dele próprio, poderá conquistar mais Conhecimento, ser Respeitado e ter a Amizade dos seus Irmãos.

Às vezes pensa-se que partir pedra e polir a mesma, é um trabalho fácil.

Mas desengane-se quem assim pensa. Se fosse assim tão fácil, eu não seria Maçom!

Nuno Raimundo


ESTRELA FLAMÍGERA (Pentagrama)



Estrela Flamígera (pentagrama), ou seja, estrela de cinco pontas é também conhecida por Estrela Flamejante ou Estrela Flamante. Ilumina a Loja representa o Sol que clareia o mundo físico, a ciência que resplandece sobre o mundo intelectual e a filosofia maçônica que ilumina o mundo moral.
Não se deve confundir a Estrela Flamígera com o SELO de SALOMÃO (Hexagrama). Esta ultima é formado por dois triângulos de lados iguais (equiláteros) opostos pela base entrelaçados, com seis pontas. Enquanto que o primeiro tem a forma de estrela com cinco pontas.
É um dos ornamentos da Loja, é o símbolo da divindade cósmica, e para tornar isso mais evidente, traz inscrita em seu centro a letra “G”; Juntos formam o conjunto conhecido como “A GLORIA”, alusiva a DEUS, o Grande Geômetra do Universo; Têm vários outros significados, Gnose, (conhecimento sagrado) Gênio, Gravidade, Geração, entre outros...
A Geometria que se trata aqui é a aplicável à construção universal, que nos ensina a polir o homem e a torná-lo digno de ocupar seu lugar no edifício social. O meio mais pratico de se tornar melhor nesta vida, e resistir ao arrastamento do mal, é conhecendo a ti mesmo.
Entretanto, o símbolo estrela de cinco pontas é encontrado desde as milenares culturas, como Egípcia, Hebraica, Grego-Romana, Romano-Cristão e Chinesa, assim como nos estudos de cabala da numerologia e do Tarô.      
Já nos estudos de Pitágoras, são lhes atribuídos os mais diversos significados; Os pitagóricos usavam a Estrela Flamígera para representar a sabedoria e o conhecimento.
Em nossa loja, que usamos o Rito Escocês Antigo e Aceito, instalada ao Sul, atrás do altar do 2º Vigilante, a Estrela Flamígera (Pentagonal), feita em material semitransparente e iluminada, onde se encontra a letra “G” pintada em seu centro. Por detrás da Estrela Flamígera, irradiam chamas, que não se deve confundir com raios, representando o símbolo do segundo grau, a dos Companheiros Maçons.
Simbolizando a imagem de um homem com braços e pernas abertas, e a cabeça que o governa, representando também o equilíbrio ativo e a sua capacidade de expressão. Desta forma, simboliza que o homem se acha no centro da vida, e com sua atividade irradia de si mesmo a sua própria luz interior.
A Estrela Flamígera (pentagonal) com um só vértice dirigido para cima é símbolo do bem, ativo e benéfico. A estrela Invertida, com um só vértice para baixo, é símbolo do mal, passivo e maléfico.
Para a ordem, praticante do Rito Escocês Antigo e Aceito, representa os cincos pontos da perfeição do Companheiro Maçom: Força, Beleza, Sabedoria, virtude e caridade.
Cada uma das cinco pontas dessa Estrela representa os sentidos físicos do homem. Quando a Estrela Flamígera for iluminada, os sentidos passarão a serem os do Universo de dentro, ou seja, os espirituais. A Estrela Flamígera possui luz própria por ser um astro, mas essa luz para o profano e para o aprendiz é invisível.
Na Maçonaria é o símbolo máximo do grau de companheiro, é a luz que irradia e clareia os caminhos do Companheiro Maçom, que é o obreiro que se educa com o Nível e aperfeiçoa-se com o Prumo.
A Estrela Flamejante representa o homem ideal, deve ser a grande aspiração do Companheiro Maçom serve de alerta sobre suas responsabilidades do alto aperfeiçoamento, não se deixando dominar por paixão alguma. É a LUZ, e luz é o grande símbolo da verdade e do saber. Símbolo que expressa necessidade humana de transcender seus instintos básicos, a fim de ascender espiritualmente e cumprir seu papel evolutivo na humanidade.
O companheiro maçom abrilhanta a coluna do Sul irradiando Luz, a luz do meio-dia a ação que abrilhanta a elevação da obra. Nesse sentido o meio-dia, ou Sul, está representado pelo quadrante por onde a luz se desloca, ou a passagem do Sol (do ponto de vista do Hemisfério Norte).
Até que aprendamos a sentir o real significado, e adaptá-lo à nossa melhoria interior, só nos resta clamar a G A D U para que nos ajude a reencontrar o verdadeiro significado da luz irradiada pela Estrela Flamígera.    

 Autor: Leodenir Pereira da Silva

Or São José do Rio Preto-SP, aos dez dias, Setembro, 2018 do E V.                      

                               


Obras de referência bibliográfica:
Ritual do Simbolismo Companheiro Maçom (GLESP)  -                                                    São Paulo - Novembro 2014, 7ª Edição II/2

Raymundo D´Elia Junior, Maçonaria, 50 Instruções de Companheiro  
Madras Editora Ltda, Rua Paulo Gonçalves, 88 –   

Rizzardo da Camino, Introdução à Maçonaria,                                                                      Madras Editora Ltda, Rua Paulo Gonçalves, 88 –                                                                 São Paulo – Edição (2005)                                      
                                                                                                 

TOLERÂNCIA MAÇÔNICA – LIMITES E POSSIBILIDADES



Fui solicitado a me pronunciar, em uma reunião de maçons, sobre tolerância. 

Não sobre uma tolerância qualquer, genérica, mas falar sobre a tolerância maçônica. 

Neste caso, não é uma questão de consultar dicionários e fazer comentários, vai mais além.

Embora, na quarta acepção do termo no Aurélio, poderemos observar uma definição que é bem próxima do conceito maçônico: “tendência a admitir modos de pensar, de agir e de sentir que diferem dos de um indivíduo ou de grupos determinados, políticos ou religiosos”.

A maçonaria simbólica foi construída como um espaço aberto ao diálogo das interpretações dos símbolos. Há um convite à livre interpretação. Um convite ao exercício da liberdade de imaginar e de expressar o pensamento de cada maçom, que é naturalmente embargado em um contexto histórico, cultural e familiar do mesmo.

Embora no catecismo maçônico, presente em alguns manuais de aprendiz maçom, esteja presente as interpretações oficiais da organização maçônica que os adotam.

Fico, muitas vezes, perplexo e encantado com as interpretações que escuto, por exemplo, do símbolo maçônico \, três pontos equidistantes. Um livro de mil páginas seria insuficiente para caber tantas interpretações. Mesmo que se fizesse uso de uma fonte de letras com tamanho mínimo.

O Venerável Mestre da loja escuta todas as interpretações de um símbolo maçônico, não censura nenhuma e no final da escuta, apresenta a interpretação oficial da Ordem, quando existe e é do seu conhecimento. Nesta atitude, se manifesta a tolerância maçônica: ouvir e orientar quando se fizer necessário.

As organizações maçônicas em geral, defendem a existência de um principio criador e a imortalidade da alma. Mas, nada, além disso, no campo religioso. Entretanto, não veta nos seus quadros obreiros que preferem um rito despido de qualquer referência religiosa, a exemplo do Rito Francês Moderno, tido como agnóstico.

Assim como não privilegia a concepção de Deus, teista ou deísta. Quanto à imortalidade da alma, a Maçonaria não se manifesta se há encarnação, ressurreição ou nenhum retorno.

Nos períodos de instrução os temas preferidos são: liturgia, ritualística e simbologia. Entretanto, não há impedimento para que qualquer obreiro possa apresentar um trabalho que contemple uma abordagem científica de qualquer outro tema. Por exemplo, a apresentação de outras antropologias que não estejam circunscritas ao corpo material e a alma.

O que é terminantemente proibido, e com isso apresenta-se um dos limites da tolerância maçônica, é a apologia a qualquer doutrina religiosa ou política. Isto é, discursos doutrinários e/ou evangelizadores de uma dada profissão de fé religiosa e/ou de ideologia política partidária.

Sendo assim, as lojas maçônicas acolhem qualquer profissão de fé religiosa e/ou filiações partidárias dos seus obreiros. Todavia, para impedir qualquer constrangimento decorrentes de embates entre os seus obreiros, proibi a discussão de temas religiosos e político-partidários. É neste contexto em que se dá a tolerância maçônica, na ausência do debate de ideias religiosas e/ou de políticas partidárias.

Uma característica importante que expressa os limites da tolerância maçônica se dá na lenda fundadora da Ordem: a defesa do mérito. Assim, não é tolerando a promoção sem mérito. Nem se protege – no sentido de cumplicidade – um irmão que tenha cometido um crime. Não há cumplicidade com o erro, muito menos com os vícios.

Todavia, se oferece os instrumentos de defesa legal ao irmão que tenha caído em desgraça ou que se encontre acusado de irregularidade, tudo em conformidade com o Estado de Direito.

Como podemos observar, o conceito de tolerância na maçonaria tem seus limites e possibilidades. Neste sentido a quinta acepção do Aurélio, relativas a medições, também se aproxima do conceito maçônico: “diferença máxima admitida entre um valor especificado e o obtido; margem especificada como admissível para o erro em uma medida ou para discrepância em relação a um padrão”.

Vamos, neste aspecto, dá um exemplo bem comum. Os irmãos quando iniciados prestaram um juramento solene de participar regularmente das sessões da loja, assim como pagar com regularidade as mensalidades e outra obrigações pecuniárias que se fizerem necessário.

Ao longo da vida maçônica muitos são os irmãos que esquecem tal juramento, e por esta razão são julgados em Câmara do Meio em sessão de finanças, e proclamados regulares ou não. Neste julgamento se faz o exercício da quinta acepção oferecida ao conceito de tolerância.

Meu amado irmão, se você deseja saber o quanto os maçons são tolerantes, basta comparar o número de maçons tido como regulares com o número de maçons irregulares da sua oficina. Na minha loja o número de irregulares é bem maior.

Por fim, vamos observar o conceito de tolerância aplicado no campo da ética. Não existe propriamente uma ética tida como maçônica. O que podemos constatar é uma prática na qual o maçom ético é aquele que busca o conhecimento para se aperfeiçoar e assim exercer com competência a sua função, sem com isso esteja ocupado ou preocupado com o sucesso do outro.

Assim como, podemos observar, também, a prática na qual o maçom ético é aquele que busca servir ao outro e neste serviço encontra o que ele reconhece como uma vida boa. As duas práticas são toleradas e são vistas como forma corretas e complementares de servir a humanidade.

Autor: Melquisedeque
Fonte: Site da Loja Alferes Tiradentes



VENERÁVEL RUIM, LOJA RUIM E IRMÃOS INSATISFEITOS


Antes de mais, importa esclarecer que o cargo de V:. M:. não deve ser encarado como um passo inevitável no percurso de um maçom.

Pretendo com isto dizer que, eventualmente, nem todos os maçons chegarão a ser VV:. MM:., já que o critério de escolha deve ser o da capacidade e competência e nunca o da antiguidade ou outros critérios usados em muitas Lojas por ai.

Anualmente ou bi anualmente é eleito pelos de seus pares um novo Venerável Mestre que, entusiasmado pelo cargo, cheio de enorme boa vontade e responsabilidade, prepara o seu programa de atividades, nem sempre o conseguindo cumprir com o êxito desejado.

Mas Lojas comentem erros, como a minha cometeu um dia, em atender ao pedido do irmão e quase levou a loja à banca rota.

Tornou-se um Venerável imprestável, sem comunicação, Maçom de 2 horas por semana, chegava 1 h antes dos trabalhos e passava tudo a limpo, como se fosse um feitor de obra. Não atendia e nem entendia os irmãos. Foram meses de uma lástima.

Isso pode ser visto através da forma como a Loja evolui ao longo do Veneralato:
• Pelo nível de envolvimento e adesão dos IIr:. às atividades da Loja,
• Pelo nível de indiferença ou ausências às Sessões;
• Pelo nível de não cumprimento de compromissos junto do Tes:.,
• Pela falta de apoio, comprometimento, incompreensão e afastamento de alguns Irmãos.
• Pelo descaso do próprio V:.M:. em suas atribuições,
• Desarmonias, falta de comunicação e outros problemas.

Formalmente falando, o V:. M:. deve ser um homem sensato, de conduta irrepreensível,  sem envolvimento com nada de errado, conduta ilibada, postura exemplar, honesto e exemplo de homem dentro e fora da Maçonaria , com as qualificações para ensinar e para aprender a desempenhar muito bem a sua função.

É preciso iniciar a jornada pela base, pelo estudo, de modo a não nos faltar à paz, o equilíbrio e a tolerância para discernir quem será o melhor candidato.

Um brilhante orador, professor, empresário, médico, juiz ou advogado, nem sempre pode ser qualificado para “guia dos Irmãos” de uma Loja Maçônica.

Ter um nome famoso, riqueza e posição social, dispor de força ou de autoridade, não são qualificações para este fim.

Devemos ter a certeza de que ele possui conhecimentos maçônicos, compreensão e prática da fé raciocinada que deverá utilizar para facilitar a jornada evolutiva de todo o quadro de obreiros da Loja.

Devemos também assegurar-nos de que tem a vontade “correta” para desempenhar este cargo.

A vaidade pode conduzir um homem a considerar-se poderoso e infalível; porém, os mais avisados sabem que na Maçonaria não existem “poderosos e infalíveis” e, sendo uma fraternidade, não há outra Instituição onde melhor se aplique o lema: “liberdade, igualdade, fraternidade”.

Um dos problemas internos das Lojas é que muitos Irmãos mais presunçosos e despreparados, depois de serem exaltados, deixam de estudar, achando que atingiram a “Plenitude Maçônica”.

Estes são os primeiros a tentar encontrar vias rápidas e alternativas para serem candidatos ao cargo de V:.M:., tendo sucesso em Lojas que, sem critérios ou cuidados, promovem a sua eleição, propiciando o desrespeito pelas tradições da Ordem por pura omissão, conivência ou até covardia.

Outras vezes Irmãos, por melindres, intrigas, ou apenas pela satisfação de vaidades pessoais ou birra, indicam candidatos para o “trono de Salomão”, somente em função dos seus relacionamentos.

Estes candidatos, uma vez eleitos e empossados, pouco contribuem para a Ordem Maçônica e/ou para a Loja, tendem a banalizar a ritualística, ou a achar que mudar e inventar futilidades é sinônimo de modernização e inovação.

É necessário que meditem sobre a disciplina que envolve o estudo, a reflexão em torno dos princípios maçônicos, e o empenho responsável de renovação do verdadeiro maçom.

O que devemos fazer para ajudar a impedir o sucesso desses insensatos que faltam à fé jurada?
• Percebendo qual será o seu “programa administrativo ou de trabalho”;
• Vendo o modo como se comportaram nos cargos exercidos nos últimos anos;
• Avaliando se aprenderam a lidar com o diferente;
• Percebendo que grau e que tipo de envolvimento têm com a Loja e com os IIr:..
• Considerando o seu carisma, ou seja, as suas qualidades de liderança.

É imprescindível ter também em consideração aspectos como, o conhecimento doutrinário; se chefia a sua família de forma ajustada; se dispõe de tempo disponível que possa dedicar à Loja e à Ordem, sem com isso prejudicar a sua atividade profissional e familiar, etc.

Quanto mais claramente conseguirmos ver as qualidades do candidato, mais valioso ele se torna para nós.

Somando o conjunto destas e de outras qualidades, podemos avaliar, se no seu conjunto, o candidato reúne o necessário para assumir este desafio.

Uma escolha apressada de alguém desqualificado poderá trazer resultados muitas vezes desastrosos.

Não bastam anos de frequência às reuniões ou a leitura de alguns livros maçônicos, para se dominar o conhecimento exigido.

Para desempenhar este cargo, é preciso estudar.

Única forma de alcançar o conhecimento necessário – porque aprender é, evidentemente, um ato de humildade.

Mas para adquirir sabedoria, é preciso observar.

Só assim conseguiremos, ao invés de colocar o homem no centro de tudo, descobrir o tudo que está no centro do homem.

Para desempenhar este cargo, é preciso também “estarmos envolvidos”; é preciso preocuparmo-nos com os nossos IIr:., com a Loja em si mesma, com a Ordem, etc.

Em resumo, é preciso sentirmos que o nosso percurso está intimamente ligado a todos os que de alguma forma se relacionam, direta ou indiretamente, com a Loja.

Desempenhar as funções de V:. M:. implica  em investir no reforço das suas ligações à Loja e entre eles próprios.

O candidato, quando preparado e com o perfil adequado, pode desempenhar esta missão, conduzindo-a com mãos suficientemente fortes para afagar e aplaudir; sabedoria para ensinar e modéstia para aprender, e por este conhecimento, fazer-se paciente, puro, pacífico e justo; adquirindo a aptidão para reconhecer o seu limitado poder e abundantes erros; a sua capacidade e suas falhas; os seus direitos e deveres; dispor de força para, ciente de tudo isso, libertar-se das paixões humanas e assim adquirir a antevisão e o equilíbrio necessários para se livrar dos obstáculos no seu Veneralato, levando Paz, Amor Fraternal e Progresso à sua Loja.

O V:. M:., escolhido tem que ser um líder agregador que entusiasme os seus Irmãos pela sua dedicação e abnegação à Maçonaria.

Os grandes Mestres sabem ser severos e rigorosos sem renegarem a mais perfeita benevolência.

Tratam os Ilr:. da forma como desejam ser tratados e ajudam-nos a serem o que são capazes de ser: Filhos amados do Grande Arquiteto do Universo, portanto IRMÃOS.

O V:. M:. precisa compreender que assiste ao outro o direito de ter uma opinião divergente da sua.

Deve procurar criar uma empatia com o crítico, ver o assunto do ponto de vista dele, manifestando entender o seu sentimento.

Sendo todos iguais, ninguém é mais forte ou mais fraco e deixa que perceba isso.

Só assim ele compreenderá que o seu direito de opinar (participar) está a ser respeitado.

Quando um Irmão necessita falar ouve-o; quando acha que vai cair, ampara-o; quando pensa em desistir, estimula-o.

A bondade e a confiança dos seus pares que o elevaram a essa posição de destaque, exige ser usada com sabedoria, aplicando-a no comprometimento da justiça, nunca na causa da opressão.

No desempenho de sua função terá sempre em consideração que ninguém vence sozinho, mas jamais permanecerá ofuscado pelas influências dos que o apoiaram ou se deixará dominar por qualquer tentativa de predominância.

Ele, como V:. M:., é responsável por tudo o que acontecer de certo ou de errado em sua Loja.

Por mais que se queixe da “herança perversa recebida” do seu antecessor; de Iniciações de candidatos mal selecionados, fardos que agora estão a seu cargo; de Irmãos que faltam ao sigilo, à disciplina; da desorganização da Secretaria e da Tesouraria da Loja, que motivam contrariedades, causam prejuízos de ordem moral e monetária de difícil reajustamento.

Perante um cenário destes, deve concentrar-se antes no que tem feito para modificar, agilizar e melhorar este quadro.

A condução de uma Loja dá trabalho, requer paciência, é como se fossemos tecer uma colcha de retalhos, tratar de um jardim, cuidar de uma criança.

Deve ser feita com destreza, dedicação, vontade e habilidade.

Importa também perceber que temos nos nossos Irmãos os reflexos de nós mesmos.

Cabe-nos, por isso mesmo tentar compreendê-los, pela própria consciência, para poder extirpar espinhos, separar as coisas daninhas, ruins, que surgem entre as boas que semeamos no solo bendito do tempo e da vida, já que se não forem bem cuidadas serão corrompidas.

A atitude do V:. M:. pode ser descrita como um conjunto de diversos aspectos complementares:

• Fraternidade – quando o V:. M:. lança a semente da união.
• Consciência – quando nos convida a analisar os nossos feitos para reconhecer erros cometidos.
• Indulgência – quando aos defeitos alheios pede paciência.
• Amor – quando floresce um sentimento puro de amizade aos olhos de todos.
• Bondade – quando convive com os nossos erros, incompreensões, medos, desânimos, perdoando de boa vontade.
• Justiça – quando deixa que cada um receba segundo os seus atos.
. Felicidade – quando nos lábios de um Irmão aparecer um sorriso, e outro sorri também, mesmo de coisas pequenas para provar ao mundo que quer oferecer o melhor.
•  Instrutor – quando valoriza a ritualística, o simbolismo, utilizando as Sessões Ordinárias como uma forma objetiva de instruir o Irmão, incentivando o estudo e a discussão de tudo que seja relevante para a Ordem em particular e para a sociedade em geral.
• Maestria – quando estimula os II:. a apresentarem trabalhos de conteúdo, elaborados por eles, e recusa simplesmente cópias retiradas de livros, revistas ou Internet.

Enfim, escolham bem seu próximo Venerável Mestre,ou as vitimas podem ser vocês!

 Ir.Denilson Forato M.I.



NÃO TEM QUE SER ASSIM!


Tente isto e veja como se encaixa. Os Maçons pertencem a uma organização que deve ser dedicada ao autoconhecimento, à natureza do ser, amor, tolerância, à fraternidade entre os homens, liberdade de consciência e, sim, talvez uma conexão com a Divindade no meio.

Mas nós ficamos atolados em sistemas que parecem uma hierarquia, obsessão com promoção a graus superiores, discussões sobre precedência, noções confusas sobre Deus, os méritos relativos deste ou daquele local para o jantar e um papaguear sem sentido sobre o que é, em si mesmo, um ritual significativo.

Talvez, o pior de tudo é nós nos acharmos uma organização caritativa, quando o que nós somos é, primariamente, uma organização com todos os atributos que eu mencionei, em adição, alguns filantrópicos.

Na noite em que eu fui iniciado, um dos Mestres Instalados apertou-­me a mão dizendo: “Bem, rapaz, de agora em diante você não necessita de outros passatempos!” Eu, no mesmo momento, senti isso ofensivo, percebendo (corretamente) que a Maçonaria é uma profissão ou uma vocação, não um passatempo. Minha impressão, formada tão precocemente, foi, logo em seguida, reforçada por visitas às lojas na Alemanha, onde eles levam essas coisas muito mais a sério do que nós, na Inglaterra.

Onde está a espiritualidade, a tentativa de auto melhoramento, as incursões no simbolismo, as incursões, por assim dizer, no inexplicado, tanto externa como internamente? Se nós examinarmos onde a Maçonaria está, na Inglaterra, neste momento, para dizer o mínimo, nós estamos engajados em iniciar cada vez mais homens na confraria e conferir-­lhes o segundo e o terceiro graus, de modo que eles possam, por sua vez, ser designados como oficiais, numa loja, no devido tempo tornando-­se Veneráveis Mestres. Com que finalidade? A finalidade, infelizmente, é tal que eles possam iniciar mais homens, de modo que esses homens possam fazer o mesmo a outros homens, busque ad infinitum.

Parece que nós fazemos isso com a justificativa de “um avanço diário no conhecimento maçônico”. Seria muito perguntar que avanço? O que aconteceu com eles? Como a Maçonaria moldou suas vidas, afinal? Cresceram eles e, se afirmativo, de que maneira? O que aprenderam eles?

Estas não são perguntas teóricas, porque, para alguns desses irmãos, algo aconteceu; a Maçonaria modificou suas vidas, mesmo que em uma maneira limitada; eles podem, realmente, terem crescido sem o perceber; eles, quase certamente, aprenderam alguma coisa, nem que seja algum ritual obrigatório. Mas, para muitos de nós, eu desconfio que a concessão de graus muito cedo se tornou um fim em si mesmo.

É fácil esquecer que a Maçonaria no séc. XVIII era um movimento radical, frequentemente posicionando-­se contra os abusos do poder de parte do Establishment. O seu desenvolvimento e crescimento foram uma parte vital da Era do Iluminismo. Ela foi, para muitos, uma rota para o conhecimento que lhes era negado por um sistema religioso ou político opressivo.

Assim, depois de uma recente palestra sobre educação na Maçonaria, quando eu perguntei ao palestrante se seria possível incluir palestras sobre assuntos históricos ou filosóficos como uma característica normal dos trabalhos de loja (tal como são costumeiros em muitas lojas continentais [1]), a resposta foi que “isto não serviria para a maioria – afinal, as pessoas usufruem a sua Maçonaria em muitos níveis diferentes”, uma regra de maçom de garfo-­e­-faca, se é que exista uma.

A boa notícia é que isso não tem que ser assim. Como Collin Dyer indicou o modo apropriado de instruir nossos jovens maçons não é pela repetição das cerimônias de grau, mas pelos vários sistemas de palestras maçônicas. No final do séc. XVIII e início do séc. XIX, as lojas de instrução não ensinavam cerimônias de graus, pois estavam muito mais engajadas em debates morais e filosóficos.

Os Maçons eram frequentemente, feitos fora da loja, juntos e, então, trazidos para a loja onde o seu real trabalho começava, na busca moral, intelectual e espiritual. Cerimônias de grau, em contraste, são os únicos meios (apesar de enfeitados) de fazer maçons e adiantá-­los aos outros graus assim que tenham aprendido alguma coisa. Graus de quê? Para atingir um grau mais elevado, certamente você tem, antes, que estudar aprender, ganhar proficiência.

Este é o princípio de uma progressão acadêmica e o método progressivo empregado por qualquer instituto merecedor do nome; por que as exigências da Maçonaria deveriam ser menores? As questões perfunctórias que nós exigimos, hoje em dia, dos nossos candidatos para avanço são meramente os restos de um intricado sistema de palestras morais que, no séc. XVIII tinham que ser ministradas verbalmente (uma vez que nada era escrito) e aprendido de cor antes que um candidato pudesse avançar para um grau superior.

Hoje em dia, até mesmo um mínimo que tenha sobrado disso não se constitui num teste real, de modo algum, uma vez que qualquer quantidade de ajuda pelo Diácono, por seu lado, é permitida [2]. Comparo isso com as lojas alemãs que eu visitei, onde, em cada reunião, o Mestre encarregava um de seus irmãos mais novos de preparar e de realizar, na sessão seguinte, uma palestra sobre um assunto filosófico à sua escolha e ficar preparado para responder questões sobre ele. Ou a loja francesa que eu visitei, onde um candidato à iniciação não foi aceito depois de meses de pesquisas sobre as suas atitudes morais e filosóficas.

Quando eu escrevi este texto pela primeira vez, eu tinha em mente as experiências de um ou dois de nossos irmãos mais novos, cujos segundo e terceiro graus vieram bem depois de suas iniciações. Eles se mostraram surpresos de que não se esperava deles um avanço mais significativo no conhecimento maçônico e pareciam aborrecidos pela falta de atividade; em resumo: eles se sentiram abandonados. Eu tenho a nítida impressão que eles tinham o direito de se sentirem assim.

Então, e daí? Qual é o nosso avanço diário no conhecimento maçônico e como nós tratamos desse negócio de autoconhecimento, crescimento interno? Ou são todas elas, apenas palavras vazias?

Autor: Julian Rees

Notas
[1] – Lojas continentais – referência às lojas europeias fora da Inglaterra, situadas no continente, vai dizer, outros países fora da ilha britânica. (N. T.)
[2] – Referência ao fato de que o 1.º Diácono, muitas vezes, “assopra” partes do texto aos irmãos que estão sendo submetidos a questionário ou telhamento. (N. T.)



Postagem em destaque

O QUE A MAÇONARIA FAZ?

No meu entender a Maçonaria como uma escola que visa despertar o nosso estudo ao autoconhecimento, a nossa reflexão sobre a nossa postura e ...