DE PROFANO A MAÇOM




1. INTRODUÇÃO
O Profano é definido, segundo o dicionário de Maçonaria, como sendo o termo usado pelos Antigos Mistérios para designar os estranhos, que na Maçonaria se qualificam como os não iniciados em seus mistérios.

Este mundo está dominado por aqueles que, dentre nós, são mais atuantes; não necessariamente mais consequentes, não necessariamente mais honestos nos seus desígnios.

Este mundo que nós conhecemos ou pensamos conhecer, no âmago da nossa pueril inteligência, tem muito pouco a ver com a qualidade de Maçom. 

Existe-se para consumir e não para consumar. É triste, mas é verdade, aquilo que nos liga, na inércia do sistema de estarmos vivos, é a ânsia daquilo que nos separa.

Juntamo-nos, corporativamente, para encontrar abrigos para o que nos separa. 

Afirmamos a diferença mais do que a semelhança; a iniciação Maçônica é um ato libertador, pois, graças ao trabalho em Loja, nos leva aos confins do Universo.

2. ANTES
Não se conhece uma pessoa completamente, mesmo que com ela tenhamos uma convivência plena. Cada ser humano tem seus valores próprios, seus sentimentos, ideais que fazem parte de sua personalidade; a vida é um eterno relacionamento entre pessoas, podendo ocorrer desordem e desavenças desequilibrando a balança da igualdade.

Está aí um dos grandes problemas da Maçonaria, a escolha do profano para ser iniciado na Ordem Maçônica; talvez este seja o diferencial para se ter uma Loja composta por membros dignos de pertencerem a ela.

Terá o padrinho muito cuidado na escolha do profano evitando a escolha de pessoas que queiram se aproveitar da Maçonaria em benefício próprio, ambiciosos de poder; lembremos que a Maçonaria serve ao Maçom apenas pelo fato de permitir que o Irmão entre na Ordem.

Cabe ao padrinho do candidato, antes de formalizar o convite ao profano, obter informações com outros membros sobre a vida social, afetiva e familiar do mesmo, para, com isso, ter a plena convicção da índole do profano e certificar-se que o mesmo receberá a filosofia Maçônica e permitirá que a Maçonaria entre dentro de si.

Devemos acreditar que é melhor para a Maçonaria, melhor ainda para a humanidade, que tenhamos poucos Maçons, com muitas qualidades e condutas dignas, do que muitos Maçons que não contribuem em nada para o aperfeiçoamento da humanidade.

Em nosso universo existem profanos que por sua conduta são verdadeiros Maçons, só não conhecem a filosofia Maçônica; outros não tão qualificados, mas com sede de conhecimento, bastando para isso que seja lhes dado a oportunidade e os ensinamentos do caminho do bem.

3. DEPOIS
A Maçonaria, por sua definição, é uma associação de homens livres e de bons costumes, que em Loja devem dedicar-se ao aperfeiçoamento moral e social através de estudos filosóficos. Assim, os que dela participam nunca deveriam esquecer os juramentos feitos durante a iniciação.

O Maçom é livre, de bons costumes e sensível ao bem e que, pelos ensinamentos da Maçonaria, busca seu engrandecimento como ser humano atuante e culto, combatendo a ignorância. A ignorância é o vício que mais aproxima o homem do irracional.

Assim sendo, por ser Maçom, deve ele conduzir-se com absoluta isenção e a máxima honestidade de propósitos, coerente com os princípios maçônicos, para ser um obreiro útil a serviço da Ordem e da humanidade.

Não se aprende tudo de uma só vez. O saber é o acúmulo da experiência e dos conhecimentos que se tem acesso, mas, a ação construtiva da Maçonaria deve ser exercida de forma permanente em todas as suas celebrações, trabalhos em Loja e no convívio social, através da difusão de conhecimentos que podem conduzir o homem a uma existência melhor pelos caminhos da Justiça e da Tolerância.

O Maçom deve ter e manter elevada Moral, tanto na vida privada como na social, impondo-se pelo respeito, procedimento impecável e realizando sempre o Bem. É pelo valor moral que podemos cumprir sempre nossos deveres como elementos da Sociedade Humana e, particularmente, como membros da Sociedade Maçônica.

O Maçom busca o Bem pelo cultivo das virtudes e pelo abandono dos vícios, tentando constantemente reforçar as suas virtudes e reprimir conscientemente os seus defeitos. Pela autodisciplina, livremente imposta a si mesmo, torna-se também exemplo para seus pares, colaborando para o progresso moral daqueles que com ele interagem.

Cabe ao padrinho a tarefa de estimular e promover, ao novo integrante da Ordem Maçônica, os meios necessários que capacitem o mesmo a sentir-se plenamente à vontade, de tal forma que seus valores e talentos aflorem, para contribuir cada vez mais para o auxílio à humanidade.

4. CONCLUSÃO
Temos consciência que a verdadeira Iniciação não é um processo fácil, nem igual para todos qualitativamente; pode durar uma vida inteira para se ascender ao mesmo patamar em que outros apenas necessitam de um pequeno instante. Pode mesmo nunca chegar a manifestar-se.

O fato é que não somos todos iguais. Somos apenas iguais na condição de seres humanos, que ao baterem à porta do Templo, trouxeram dentro de seu coração a pretensão de ascender a algo superior, à realidade da qual vivemos apenas na sombra.

O desenvolvimento espiritual que se traduz na capacidade de sentirmos a voz interior, com uma intensidade e frequência cada vez maior… é e sempre foi o que diferenciou os homens. Já alguém disse: “não há boas nem más pessoas, o que existe são pessoas mais ou menos conscientes, mais ou menos elevadas espiritualmente”.

A verdadeira humildade mostra-se no respeito que devemos demonstrar por alguém que não se encontra na nossa linha de pensamento e põe em causa as verdades transmitidas -- as nossas verdades.

É esta a grande lição ao estudante que dá os primeiros passos na Ordem Maçônica: saber ouvir os outros como a si mesmo, quer a razão lhe assista ou não, agradecendo sempre o tempo que os outros lhe dispensam, seja para dirigir um elogio ou uma reprimenda.

Autor: Antonio Geraldo Stéfano


VOCÊ CONHECE A VERDADE?




Um dos maiores postulados da Maçonaria é garantir ao homem o direito de investigação constante da Verdade. Mas o que é a Verdade, afinal? Quando nos encontramos com o dono da verdade, nos vemos numa situação desagradável.

Felizmente, nossa Instituição ensina-nos igualmente o exercício da tolerância. Ao deparamos com alguém assim, ao invés de discutir com o homem que tem certeza, que afirma saber muito mais do que todos; que pensa que os outros não têm inteligência, só nos resta elevar nossos pensamentos ao GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO, pedindo-Lhe iluminar a mente de quem procura a Verdade na estrada errada, viajando em companhia da arrogância e do desrespeito a quem o ouve.

Quem ama realmente a humanidade não tem outro sentimento com relação a tal pessoa senão o da compaixão, pois a Verdade é uma realidade multifacial e haverá sempre uma face dela a ser descoberta por nós. Por isso, serem os maçons sempre estimulados à sua investigação constante.

Se pudéssemos conversar com um elefante e lhe pedíssemos que nos descrevesse uma formiga, certamente que o paquiderme nos diria que a formiga é um inseto bem pequeno. Mas se nos fosse permitido inverter a situação e nos dirigíssemos a uma bactéria com o mesmo pedido, ela nos diria que a formiga tem um corpo imenso.

Ambos estão sendo absolutamente sinceros, pelo que lhes foi possível perceber. Da mesma forma, haverá sempre alguém que nos poderá mostrar uma face da Verdade que lhe foi dado observar ou descobrir. A prudência e a humildade poderão ajudar-nos a reconhecer, nos outros o direito de interpretação do que experimentaram.

Reunindo-se entre pessoas de níveis culturais e de experiências de vida diferentes e podendo expressar livremente seus pensamentos, o maçom tem muito mais oportunidade de avançar no conhecimento de outras faces da Verdade.

Jesus Cristo disse: “Conhecereis a verdade e ela vos libertará!”

O Divino Mestre não se referiu àquela verdade de conveniência, própria de um político. O importante não é o fato. É a sua versão! Jesus quis nos falar da verdade alimentada pela pureza de intenções, pelo Amor verdadeiro, pela sinceridade.

No plano da Justiça Divina, como nos alerta a Maçonaria, nossas intenções e nossos esforços vão ser apropriadamente considerados na confrontação dos débitos e créditos.

Então temos que nos preocupar com a auto-realização. Daí, ser importante para os maçons procurarem a Verdade na intenção do nosso aperfeiçoamento, captando bem uma das lições que Sidharta Gautama, o Buda, nos legou: “O conhecimento da verdade elimina todo o mal!”

A primeira verdade que o maçom procura conhecer é sobre si mesmo, examinando cuidadosamente seus hábitos, sua escala de valores, seus defeitos. Conhecê-los e dominá-los dá-nos o direito de prosseguirmos investigando a verdade.

De maneira serena, de modo incansável, consciente de que a escada que nos leva à verdadeira sabedoria é infindável; pois quando chegarmos onde imaginamos ser seu fim, descobriremos que há muitos outros lances de degraus mais acima.

Nunca devemos nos utilizar do conhecimento de uma face da Verdade que possuirmos para afrontar a quem quer que seja. Nossa tarefa não está terminada com o pouco que aprendemos.

A eternidade espera-nos para conhecermos muito mais.

A verdade está num estado consciente e constante de observação e na janela que o tempo nos abre. Carl Gustav Jung ensinou-nos que há coisas que ainda não são verdadeiras, que ainda não adquiriram o direito de ser verdadeiras, mas que um dia poderão ser verdadeiras!

Autor: Pedro Campos de Miranda


O ANOITECER DA VIDA E A IMORTALIDADE



“Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar”. (João l4: 2)

Dê ou não, o meio, condições para que o tempo de vida se prolongue o ser humano fatalmente morrerá. Breve é a nossa passagem por esta vida terrena. Ontem chegamos hoje nos banhamos no Rio da Vida, amanhã partiremos. O Rio da Vida já corre muito antes do nosso nascimento e continuará a fluir indiferente, após a nossa partida.

A morte, ou seja, a total e permanente cessação dos processos vitais do organismo, das funções físicas e mentais, é o fecho de um ciclo que começou com a separação do indivíduo da paz intra-uterina pelo nascimento e que termina com o retorno simbólico a um estado de paz e silêncio, onde não há mais desejos nem dor.

Desde a infância o homem tem consciência da morte como o fim da sua história natural e pessoal, e o impacto deste conhecimento influencia suas atitudes diante da vida conforme as experiências sofridas nas várias fases do desenvolvimento.

Na velhice, a morte já é algo familiar ao indivíduo. Sua atitude a respeito dela pode variar de uma suave expectativa, de quem está ciente de ter realmente um saldo positivo dos investimentos vitais realizados e que se perpetuará na espécie, até a angústia e o desespero de quem viveu estéril e improdutivamente. O velho é o produto final dos valores que foi assumindo durante toda uma vida. Só se torna uma preparação para a morte, quando se renuncia a um projeto de vida, quando se mata a esperança.

“A morte de um jovem me parece uma chama extinta com um dilúvio de água: enquanto a de um velho se assemelha à chama que se apaga naturalmente, ao fim da reserva de combustível” (Cícero).

Muitos consideram que o falecimento de uma pessoa amada é verdadeira desgraça, quando, na verdade, morrer não é finar-se nem consumir-se, mas libertar-se.

Devemos nos afligir? Sim, se não soubéssemos que nada morre a não ser o invólucro terrestre. Não, se como ensina nossa consoladora Ordem, somos essencialmente espíritos e, por isso, devemos aproveitar todas as oportunidades para nos aprimorarmos como pessoas, como “pedras polidas”. Diante das dificuldades, temos que nos superar. Escutemos o espírito ou a voz da Verdade em nosso coração e teremos a orientação sobre o caminho a seguir. Crescer espiritualmente, extirparmos os defeitos, as mazelas, etc.

Nada pode pretender se estabilizar no coração do maçom se não possui, em seu conjunto, como em seus menores detalhes, essa emanação pura e divina que chamamos a Verdade; um ponto fundamental da doutrina maçônica porque afirma que o Maçom deve estar constantemente em busca da verdade.

Designa a realidade, a exatidão; a qualidade pelas quais coisas e pessoas aparecem tais como são; é a única imutável como o Criador, que dela é a fonte. Isso não significa, todavia, que a verdade total, absoluta, seja atingível, pois, se isso fosse possível, essa busca constante deixaria de ser uma meta de vida e o ensinamento perderia o seu valor.

Significa, apenas, que o Homem é perfectível, mas que nunca chegará ao acme da perfeição total, que só pode ser conseguida com o conhecimento da verdade absoluta, ou seja, daquela que independe de interpretações, pois são variáveis de acordo com as tendências e as paixões.

A grande Verdade é que decidimos a pessoa que escolhemos ser. Potencialmente, somos perfeitos. Está em nós, particularmente no Maçom, caminharmos para a perfeição. Cada dia decidiu continuar do jeito que somos ou mudar.

Devemos perguntar-nos: o que estamos fazendo neste planeta?

Parece que a resposta será: evoluirmos espiritualmente e aprendermos a melhor servir e amar.

A Maçonaria aceita que o maçom, após sua morte física, adentra em um Oriente Eterno, local místico, situado em outro plano, totalmente desconhecido. No momento da “desencarnação”, havendo lucidez, o maçom deve aguardar com ansiedade essa “passagem” de um estado de consciência para outro, mais real e mais sublime.

A partida, não é mais que um avanço de alguns dias, alguns anos talvez, sobre a viagem que todos nós devemos realizar em direção ao Oriente Eterno, a nossa pátria comum, o infinito. Infinito é uma das denominações de Deus; o ser humano, na sua vida espiritual, é infinito. As Lojas maçônicas possuem a Abóboda Celeste para simbolizar o infinito.

Teoricamente, tudo tem um final, mas esse final constitui o “seio do Senhor”, ou seja, a assimilação do Criador com a criatura. O infinito é o que dá ao homem a esperança de sua eternidade.

O maçom aplica o substantivo “infinito” para expressar o seu amor ao seu irmão de fé; infinito é o amor de Deus para conosco, e em retribuição a nossa entrega a Ele deve, por sua vez, ser infinita.

O que não tem fim é a eternidade; entender isso é privilégio de poucos; porém, a perseverança abre o entendimento.

Quando um de nós deve empreender uma longa peregrinação toda a família se reúne para festejar a partida, ou se juntam amigavelmente para enumerar as qualidades, as virtudes sociais e familiares do futuro imigrante; cada um faz seus votos para uma feliz viagem e um breve regresso.

Assim, diante dos que partiram na direção da morte, assuma o compromisso de preparar-se para o reencontro com eles na vida espiritual. Prossegue em sua jornada na Terra sem adiar as realizações superiores que lhe competem. Pois elas são valiosas, quando você fizer a grande viagem, rumo à madrugada clarificadora da eternidade.

Contam que um filósofo, quando hospitalizado, um médico legista lhe disse que tinha aberto muitos corpos, mas jamais tinha encontrado um espírito. O filósofo, então, lhe explicou que não se poderia achar o pássaro, depois que a gaiola tinha sido aberta.

O genial VICTOR HUGO deixou o texto que se segue falando do homem e da imortalidade:

“A morte não é o fim de tudo. Ela não é senão o fim de uma coisa e o começo de outra. Na morte o homem acaba, e a alma começa.

Que digam esses que atravessam à hora fúnebre, a última alegria, a primeira do luto. Digam se não é verdade que ainda há ali alguém, e que não acabou tudo?

Eu sou uma alma. Bem sinto que o que darei ao túmulo não é o meu eu, mas o meu ser. “O que constitui o meu eu, irá além.”

O homem é um prisioneiro. O prisioneiro escala penosamente os muros da sua masmorra. Coloca o pé em todas as saliências e sobe até ao respiradouro. Aí, olha, distingue ao longe a campina. Aspira o ar livre, vê a luz. Assim é o homem. O prisioneiro não duvida que encontre a claridade do dia, a liberdade. Como pode o homem duvidar se vai encontrar a eternidade à sua saída?

Por que não o possuirá um corpo sutil, etéreo. De que o nosso corpo humano não pode ser senão um esboço grosseiro?

A alma tem sede do absoluto e o absoluto não é deste mundo. É por demais pesados para esta terra. O mundo luminoso é o mundo invisível. O mundo luminoso é o que vemos.

Os nossos olhos carnais só vêem a noite.

A morte é uma mudança de vestimenta. A alma, que estava vestida de sombra, vai ser vestida de luz. Na morte o homem fica sendo imortal.

A vida é o poder que tem o corpo de manter a alma sobre a terra, pelo peso que faz nela. A morte é uma continuação.

Para além das sombras, estende-se o brilho da eternidade. A alma passa de uma esfera para outra, torna-se cada vez mais luz. Aproxima-se cada vez mais e mais de Deus.

O ponto de reunião é no infinito. Aquele que dorme e desperta, desperta e vê que é homem. Aquele que é vivo e morre desperta e vê que é Espírito.

Autor: Valdemar Sansão – M.’. M.’.


A CONDUTA ÉTICA DO MAÇOM NA MAÇONARIA E NO MUNDO PROFANO




Penso ser importante na gênese deste trabalho apresentar ainda de que forma muito simplificada e limitada por certo aos meus escassos conhecimentos filosóficos um conceito acadêmico de ética.

O termo ética deriva do grego ethos que tinha o sentido de definir o caráter, o modo de ser de uma pessoa e a sua conduta em relação aos seus pares.

Ética seria, portanto, um conjunto de valores morais e de princípios que norteiam a conduta do individuo na sociedade. Uma boa conduta ética individual serve para que haja equilíbrio e um bom funcionamento social, possibilitando que ninguém seja privilegiado na sociedade.

Neste sentido, a ética, embora não possa ser confundida com as leis, por que não representam um conjunto de normas sistematizadas e porque a sua não observância não implica em sansão, está relacionada sim com o sentimento de justiça social.

A ética se forma dentro do individuo e da sociedade com base nos valores históricos e culturais de determinado grupamento humano, pela visão filosófica a Ética é uma ciência que estuda os valores e princípios morais de uma sociedade e seus grupos. Importante destacar que cada sociedade ou grupo possuem seus próprios códigos de ética.

A ética diferencia-se da moral na medida em que esta última se fundamenta na obediência a normas, tabus, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos recebidos pelos indivíduos, a ética, por outro lado busca fundamentar o bom modo de viver, uma conduta correta sempre através da evolução do pensamento humano, depende, portanto da capacidade de cada individuo em assimilar estes conceitos e estar disposto a aplicá-los no seu dia a dia.

Neste sentido, ética pode ser definida como a ciência que estuda a conduta humana, sendo a moral a qualidade desta conduta, quando analisada do ponto de vista daquilo que chamamos de bem e mal.

A fim de melhor compreender este conceito podemos dividir a ética em:
Metaética que se constitui na capacidade de se determinar se os valores de uma sociedade são bons ou maus, seria uma visão de segunda ordem eis que analisa teoricamente a valoração das condutas sociais, é uma analise filosófica da ética, uma analise do ponto de vista externo, busca determinar o status dos valores na estrutura de um determinado agrupamento social.

Ética normativa que estabelece concepções e princípios morais considera que uma ação é positiva quando leva o maior numero de pessoas possíveis a felicidade. Nesta linha as instituições, por exemplo, seriam justas quando suas normas sociais levassem o conjunto da sociedade à felicidade.

Ética aplicada constitui-se na aplicação de conceitos éticos as mais diversas áreas profissionais, como a advocacia e medicina, determinando através dos seus estatutos as condutas consideradas antiéticas por aquele determinado grupamento de profissionais que pode também prever a aplicação de sansões aos profissionais que mantenham uma conduta não ética.

Na área médica se poderia questionar se eventual decisão de transplantar este ou aquele paciente, poderia ser feita com base na aplicação de conceitos éticos.

Ética sociológica ou descritiva se presta a determinar que valores se sustentem em um determinado agrupamento social, baseia-se mais nas questões sociológicas, como por exemplo, determinar se o aborto é ou não aceitável, alguém que não segue a ética da sociedade a qual pertence é considerado de antiético, assim como o ato por ele praticado.

Atualmente vivemos uma crise ética sem precedentes que atinge a sociedade em todos os seus níveis, culturais e econômicos, neste sentido cabe lembrar Platão que defendia que sociedade ideal seria a dirigida por Guardiões sobre os quais pesariam tal grau de regras e responsabilidades que a escolha para ocupar estes cargos deixaria de ser um privilégio para tornar-se um sacrifício, só concebível para aqueles que conseguissem realmente compreender que a conduta correta exige perfeita identidade entre o bem comum e a satisfação pessoal, nesta linha podemos afirmar que uma conduta deixa de ser ética quando coloca a satisfação pessoal acima do bem comum.

Na utopia da sociedade perfeita preconizada por Platão os governantes seriam escolhidos unicamente por seus méritos, praticariam a harmonia completa do verdadeiro sentimento ético, sacrificando a si próprios em detrimento do bem comum, sem outra recompensa que não a gratidão de seus semelhantes.

Deveriam ser homens de vontade férrea que não teriam famílias nem posses e viveriam numa fraternidade na qual não existiria espaço para a hipocrisia ou a vaidade.

Já naqueles tempos também Sócrates identificou a pouca preparação intelectual dos dirigentes, destacando sempre que era incompreensível que para as tarefas mais triviais se exigisse preparação, mas que aos governantes bastava ser capazes de conduzir pela demagogia ou pela compra de votos à massa das populações, tal qual ocorre em nossos dias em que para se assumir um cargo de nível médio no setor público se exige aprovação em concursos concorridíssimos e para assumir uma cadeira na Câmara dos Deputados não se exige sequer que o candidato saiba interpretar um texto.

Interessante considerar que a ética não deve ser confundida com a lei, muito embora com certa frequência a lei tenha como base princípios éticos.  Ao contrário do que ocorre com a lei, nenhum indivíduo pode ser compelido, pelo Estado ou por outros indivíduos, a cumprir as normas éticas, nem sofrer qualquer sanção pela desobediência a estas, por outro lado, a lei com grande freqüência pode ser omissa quanto a questões relacionadas à ética.

Ou seja, em muitas situações uma conduta antiética pode ser legal, fato comum em nosso tempo em que políticos recebem, com base nas leis, duas ou até três aposentadorias enquanto o homem comum quando muito recebe uma, podemos dizer que esta conduta não é ética porque privilegia o interesse particular em detrimento do bem comum, já que é o conjunto da sociedade que subsidia as aposentadorias dos marajás através do pagamento de impostos que deveriam ser destinados a beneficiar o conjunto da coletividade e não a uma casta dominante.

Então temos meus Irmãos que se poderia afirmar que a essência da ética se fundamente na dualidade entre o bem comum e o bem individual, sendo que o comportamento ético é aquele que é considerado bom, devemos nos perguntar a todo o momento como devemos agir perante os outros, esta pergunta por certo é de alta indagação e de difícil resposta tanto para um profano quanto para um Maçom.

Sendo, portanto exigível do homem comum no seu dia a dia uma conduta ética, muito mais se exige do Maçom, eis que este se propõe a ser um homem livre e de bons costumes, deve o Maçom ser um exemplo de cidadão e buscar o aperfeiçoamento constante no que diz respeito ao seu caráter.

Evidentemente que manter uma conduta ética irretocável a exemplo do que pregava Platão com os seus guardiões implica e grande sacrifício e constante questionamento, o fato de que a ética não está em regra geral vinculada às questões legais nos coloca em situações diárias em que temos que decidir entre adotar uma conduta ética ou simplesmente observar o que é legal.

O manto da legalidade pode em muitos casos servir como justificativa para uma conduta antiética, como ser criticado se aquilo que se fez é permitido pela legislação do grupo social em que vivemos, essa crítica tem que ser interna e depende por óbvio do nível de desenvolvimento do individuo e da sua capacidade de entender que o bem comum está acima dos seus interesses pessoais.

Eugênio Bucci, em seu livro Sobre Ética e Imprensa, descreve a ética como um saber escolher entre "o bem" e “o mal", levando em conta o interesse da maioria da sociedade. Ao contrário da moral, que delimita o que é bom e o que é ruim no comportamento dos indivíduos para uma convivência civilizada, a ética é o indicativo do que é mais justo ou menos injusto diante de possíveis escolhas que afetam terceiros.

Entendo que a conduta ética deve estar muito mais ligada a nós como indivíduo do que propriamente a nossa condição de ser ou não Maçom, talvez por isso se diga que em geral o Maçom já era Maçom antes de ser iniciado, não se inicia alguém que não possua uma conduta ética correta.

Evidentemente que a nossa conduta em relação à sociedade tem muito da educação que recebemos da nossa família, assim como da nossa formação religiosa e das academias por nós frequentadas, tudo aquilo que ao longo da nossa formação conseguimos absorver do ponto de vista do conhecimento e da capacidade em desenvolver o nosso pensamento e a nossa visão de mundo se reflete na pessoa que somos e por consequência em nossa conduta social.

A Maçonaria por certo contribui para este desenvolvimento na medida em que nos proporciona um ambiente onde podemos discutir estas matérias de alta indagação, a busca do aperfeiçoamento humano talvez seja o principal legado da Maçonaria sendo os Maçons elementos de divulgação destas qualidades tendo em vista que transferem para a sua vida profana os ensinamentos absorvidos na fraternidade.

A prática de fazer o bem aos Irmãos e a Maçonaria em geral é dever de todo o Maçom dele não se espera outra conduta que a não do respeito às diferenças e a busca constante em identificar nos Irmãos e em nossa fraternidade aquilo que de melhor tem a nos oferecer, procurando sempre destacar as qualidades e entender e perdoar os eventuais defeitos, as críticas devem sempre ser construtivas e dentro do possível ser dirigidas as condutas praticadas e não aos indivíduos.

A arrogância, a soberba, o desrespeito as idéias dos Irmãos por certo não podem ser consideradas como uma conduta Maçônica em Loja devemos sempre ouvir mais do que falar e pensar muito antes de falar, pois uma palavra dita jogada ao vento não pode ser corrigida.

Concluindo meus Irmãos podemos dizer então que uma conduta ética, seja na maçonaria, seja na vida profana está intimamente ligada com a nossa capacidade de saber identificar o bem e o mal e de optar pela prática do bem ainda que isso implique em determinado sacrifício, sendo sempre o bem comum o objetivo principal daquele que se julga ético e mais ainda daquele que se julga um bom Maçom.

Ir. Josias do Santos, Aprendiz Maçom.

MENSAGEM AOS APRENDIZES...



No início das Instruções dadas ao Aprendiz Maçom são lhe colocadas algumas questões genéricas que para além de servirem para telhar um Maçom, servem fundamentalmente para lhe suscitar algumas reflexões.
Questiona-se:

“De onde vimos?”

“O que fazemos por lá?”

“O que vimos então aqui fazer?”

“O que trazemos nós, então?!”

A essas perguntas, eu ainda acrescento estas que me parecem ser ainda mais importantes:

“Quem somos? 

Ou o que somos? 

E por que!?”

Estas questões para alguém reconhecido como maçom, e que se considere como sendo um Aprendiz para o resto da sua vida, são a chamada "linha de partida" para o Caminho que pretenderá fazer.

São estas dúvidas que servirão de sustentáculo àquilo que procura. Pois serão essas dúvidas que o motivarão a atingir a meta daquilo a que se propõe a cumprir.

Ritualmente todas elas terão resposta; respostas essas que qualquer Aprendiz Maçom conhece desde a sua Iniciação. Mas, na realidade, estas questões que cito nada mais são do que as premissas para a nossa Caminhada na Vida e no mundo em que vivemos.

Apenas nos questionando e questionando o mundo à nossa volta é que poderemos ir mais longe!

Qual a nossa Origem?

Quais os nossos Deveres?

O que poderemos fazer para evoluir, melhorar?

O que poderemos fazer para sermos úteis aos outros?

Na prática, qual a nossa própria Identidade?

Talvez, as "primeiras" questões que abordei sejam apenas, vistas sob outro "prisma", as mesmas que agora efetuei.

E mesmo dessas "primeiras" questões e/ou até mesmo das "segundas", poderemos encontrar outras que por sua vez nos permitam fazer as reflexões que importam ser feitas.

A este questionamento que aqui faço, por meio destas, aparentemente, simples perguntas, não me atrevo eu a responder. Pois as suas respostas tal como o meio para obtê-las são parte integrante do Caminho.

Aliás o método maçônico é ele mesmo um processo de questionamentos vários, onde inclusive nos auto-questionamos e salientamos o nosso conhecimento ou a sua ausência, isto é, aquilo que desconhecemos.

- A dúvida foi sempre a base de partida para o Homem poder evoluir! -

Eu já encontrei as minhas respostas. Os outros que tentem obter as deles...

Sei quem sou e porque o sou!

Sei de onde vim e o que por lá faço!

Conheço os meus deveres e obrigações!

E ofereço aquilo que posso oferecer sem nada esperar em troca!

Para mim, estas, já não são dúvidas... Apenas certezas!

E, Meus Queridos Irmãos Aprendizes, vocês que ainda há bem pouco tempo chegaram aqui, não podem ainda assumir saber tudo, pois também nunca o ninguém saberá…; mas estas perguntas que citei, estas dúvidas que alguém vos poderá colocar,testando-vos ou apenas formalizando e cumprindo determinadas ritualísticas, estas sim, Meus Queridos Irmãos, estas já tanto vocês as conhecem como desde há algum tempo para cá que as suas respostas as devem praticar, mas principalmente as deverão sentir…

Assim, Meus Queridos Irmãos Aprendizes, espero que quando chegar o momento em que completem o vosso tempo na Coluna do Norte, onde realizam o vosso labor na Oficina de Aprendizes, com o auxílio do malho da vontade e do cinzel da vossa ação, burilando assim as asperezas da vossa pedra bruta, espero eu que as vinte e quatro horas disponíveis na régua do tempo, Vos tenham sido pródigas e auspiciosas, pois o que se esperará no futuro de Vós não será uma demanda fácil, mas também não será uma tarefa hercúlea, pois Vós sois capazes de demonstrar as vossas potencialidades e por isso mesmo conhecemos de antemão o que de Vós esperar.

Neste momento apenas quero felicitar-vos pela vossa jornada até aqui e incentivá-los e motivá-los há irem um pouco mais além.

Serão testados, terão de seguir outros e novos caminhos, ascendendo a patamares que não conhecem por ora, mas que Vos serão muito úteis no vosso futuro e nas vossas demandas…

Para já, não me alongarei mais sobre as vossas tarefas, sobre a vossa busca, sobre o vosso estudo… Deixo isso para mais tarde, para quando nos encontrarmos juntos  outra vez, novamente na “linha de partida”, mas seguindo noutra direção, rumo ao Sul…

E para tal, Meus Queridos Irmãos Aprendizes, apenas Vos solicito novamente o vosso empenho e o vosso silêncio, pois sem um e o outro nada poderão alcançar. Um dar-vos-á a coragem e embalo em prosseguir; o outro, a serenidade para que possam observar e escutar, mas principalmente sentir o que vos rodeia.

Por isso, Meus Queridos Irmãos, digo-Vos: “Até Já!”

E que rumemos a Midi...

Nuno Raimundo
Loures, Portugal
Iniciado na R.'.L.'. "Mestre Affonso Domingues Nº5"; Peticionário e Fundador da R.'.L.'. "O Ganso e a Grelha - Goose and Gridiron" Nº129. Atualmente Mestre de Honra e Obreiro do Quadro da R.'.L.'. "D.Fernando II Nº118". Cavaleiro da Ordem Honorífica Gomes Freire de Andrade.


O SIGNIFICADO DA PEDRA BRUTA



A filosofia da designação litúrgica “Pedra Bruta” simboliza o início do aperfeiçoamento moral, que deve buscar todo ser humano–maçom. Sintetiza, para o Maçom, um objetivo a ser buscado, qual seja, de que através do seu burilar moral, transformará também, simbolicamente aquela pedra bruta numa “Pedra Polida”.

Esta conquista representa a passagem do Grau de Aprendiz para o Grau de Companheiro. Representa, ainda, uma contribuição que a Maçonaria confere para um efetivo burilar universal a partir do próprio iniciado.

O trabalho atribuído ao Aprendiz para vencer esse primeiro degrau na sua evolução de existência templária é executado na Col.'.J.'.., sob a orientação do Irmão 2° Vig....

Sua tarefa básica consiste, portanto, “em desbastar e esquadrejar a pedra bruta”, a qual transcorre sob “mui fraca luz”. Essa é uma característica do Setentrião, espaço de abrigo dos Aprendizes, exatamente porque apenas iniciam seus aprendizados maçônicos.

Seus instrumentos de trabalho são o maço e o cinzel, que, também, têm caráter simbólico.

O maço é uma espécie de martelo de madeira, que simboliza o combate às imperfeições do espírito. Representa, pois, a força da consciência dominando a totalidade dos pensamentos vãos pela determinação da vontade virtuosa agindo com vigor para incitar o combate às asperezas da ignorância.

O cinzel de aço, cortante numa das extremidades, agindo sob a ação do maço, sintetiza o esforço para se gravar no ego os exemplos revestidos de virtude que enobrecem e purificam o espírito. Consubstancia, assim, a chama divina buscada e conquistada pelos que dão ouvidos aos ecos da verdade.

Num sentido mais amplo, a filosofia da pedra bruta é embasada no paralelismo verificado do homem da era paleolítica com o neófito recém-chegado à Maçonaria. 

Ou seja, o homem que habitava as cavernas tinha uma capacidade intelectual quase nula, na medida em que eram criaturas sem instrução, por conseguinte rudes e impolidas, assemelhando-se ao sentimento de despreparo do neófito ao tomar conhecimento do complexo da instrução ministrada pela Maçonaria, daí porque o proclama com mero aprendiz.

Assim, conforme explicado, o neófito-aprendiz deverá ser induzido a trabalhar simbolicamente no desbastar da pedra bruta, pedra essa de formas toscas e imperfeitas, objetivando a sua lapidação.

Portanto, o transformar de uma pedra bruta informe e irregular numa pedra lapidada significa simbolicamente uma etapa da evolução do home-maçom na sua carreira templária, caracterizando a lapidação de seu ego, conforme já indicado.

O atingir daquele objetivo representa que o aprendiz terá vencido a si mesmo, desfraldando a bandeira da sua evolução interior.

Terá descoberto seus defeitos, suas fraquezas, seus deslizes e suas vaidades, que o fará pensar tão somente em construir o poder do seu próprio caráter virtuoso, que outra coisa não é senão a base fundamental do templo moral de sua vida, consubstanciado pelo seu ajustamento à índole dos símbolos maçônicos e, sobretudo, aos mandamentos divinos.

Ressalte-se que o trabalhar na pedra bruta é um caminhar ininterrupto na busca do ideal de uma moralização plena do individuo. Deve-se entender como um processo de aprendizado contínuo porque, embora a simbologia maçônica estabeleça o trabalho na pedra bruta apenas no grau inicial de aprendiz para efeito de evolução do maçom na vida templária, o ser humano, em sua essência, não é desprovido de sentimentos como a inveja, o egoísmo, a luxúria, a cobiça, a intolerância, etc., que corroboram para dificultar a consecução de um estágio moral supremo. 

Aqueles poucos que atingem em vida esse estágio, prestam elevados serviços à Humanidade.

A “Pedra Bruta” simboliza, portanto, que o Aprendiz-Maçom deve ser induzido a trabalhar no seu desbaste, porque possui formas imperfeitas, objetivando a sua lapidação. 

O transformar, então, de uma pedra informe numa pedra esculpida representa que o Homem Maçom adquiriu força de caráter voltado para um ideal elevado, ferramenta fundamental para desempenhar uma liberdade bem dirigida aos interesses da Humanidade e de sua Pátria, pois eliminou os traços de egoísmo e ambição, que se verdadeiramente postos em prática contribuirá para uma contínua transformação do Mundo para melhor.

Que a paz, a harmonia e a concórdia, tríade maior da maçonaria, estejam fincadas em nossos corações!

Fonte:
SALA DA SABEDORIA .'.
Universidade Maçônica .'.


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