Num Conclave Maçônico
realizado por uma determinada Potência, havia um prosélito desfilar de
vaidades, onde as alfaias e paramentos ofuscavam o disputar de quem era mais
“DIFERENCIADO” em termos de notoriedade naquele evento.
Um pequeno grupo de
irmãos estava alheios a tamanha manifestação de ostentação daqueles “pombos de
aventais” que arrulhavam pelos corredores, com frivolidades que chegavam à
beira da mediocridade.
Conversando entre si,
aqueles honoráveis irmãos, começaram um dialogo contemplativo e ao mesmo tempo
dissertativo, sobre o fato tão comum na nossa Ordem, que transcrevo abaixo em
essência, numa crônica adaptada à nossa filosofia.
Começo o tema com a
seguinte pergunta: “QUAL A VERDADEIRA HUMILDADE DE UM IRMÃO MAÇOM?” Pergunta
esta que nos remete à inúmeras analises em todos os campos da erudição da
psicologia moderna, com as suas nuances também no campo da Psiquiatria
contemporânea advinda da globalização.
Teremos que iniciar tal crônica,
com a definição real do que é HUMILDADE. A humildade não deve ser confundida
com baixa auto-estima, timidez, sentimentos de inferioridade ou auto
degradação.
Embora ser humilde exija
reconhecer as nossas próprias dificuldades, limitações e limites, isso não
significa fazer uma demonstração deles. Humildade para o verdadeiro Maçom
significa viver na verdade, aceitando que não somos perfeitos e isso deve ser
sempre a nossa realidade.
Muitos irmãos pensam que
são humildes, quando, na realidade, estão constantemente reclamando e falando
sobre quão desafortunados ou desvalorizados são, concentrando-se inteiramente
em si mesmos, o que é uma forma oculta de orgulho.
A verdadeira humildade
do homem Maçom, não significa olhar constantemente para a própria pequenez e
comparar-se aos outros. Fazer estas comparações significa constantemente
voltarmo-nos para nós mesmos e apenas ver os outros como superiores ou como
ameaça ao nosso crescimento na Instituição.
A humildade não é uma
virtude a ser conquistado para alcançar a auto perfeição, o que na verdade leva
ao orgulho, a frase comum que ouvimos nos nossos templos e ágapes “na minha
humilde opinião” não é nada além de orgulho disfarçado. Quando a humildade se
torna explícita, não é mais humildade.
A psicologia
contemporânea usa o termo “autenticidade” mais que a humildade. Significa viver
a verdade sobre si mesmo, ser honesto consigo próprio e com os outros. Essa é a
verdadeira humildade que deve ser exercitada na Maçonaria. É um sinal de
maturidade psicológica e espiritual e de liberdade interior.
Em vez de uma série de
comportamentos que devemos adotar, a humildade é um modo de ser e de se
relacionar com os outros. É caracterizada pela maneira como uma pessoa se
aceita e se valoriza.
A humildade é como a
argamassa que sustenta a base de um edifício; sem ela, é impossível manter-se
de pé na vida espiritual. Após esta explanação acima, fica mais plausível
algumas conclusões sobre o que vem acontecendo na modernidade da Maçonaria atual:
OS IRMÃOS PERDERAM A VERDADEIRA HUMILDADE MAÇÓNICA, na sua grande maioria,
disse um dos decanos, presentes ao dialogo.
Que frase impactante,
que provocou um profundo e pesado silêncio naquele debate. Concluiu o que
repasso ipsis litteris:
A verdadeira humildade
do homem Maçom é dar o melhor de si sem se sentir melhor que os outros.
É ter consciência das
suas qualidades, mas reconhecer que tem muitos defeitos também.
É mostrar os seus
talentos sem querer abafar os talentos dos outros.
É admirar os outros pelo
que eles são sem esquecer que você também é filho de Deus, o Grande Arquiteto
do Universo.
É admirar os outros pelo
que eles fazem sem esquecer que você também é capaz de fazer coisas
maravilhosas.
É aceitar cargos
importantes, mas fazer deles uma maneira de servir ainda mais.
Assim meus amados
irmãos, vemos que hoje existem muitos irmãos, que por terem maior bagagem de
conhecimento que outros, se julgam superiores, achando-se com o direito de
menosprezar aqueles que, menos favorecidos cultural ou financeiramente, não
dispõem do mesmo cabedal de conhecimentos, mas que nem por isso podem ser
considerados como irmãos inferiores.
Não podemos esquecer-nos
de que cada indivíduo dentro da Ordem Maçônica é um especialista no seu campo
de ação. Então… alguém é melhor do que alguém? Pode ter mais conhecimentos porque
teve mais chances para estudar, mas não é melhor do que ninguém.
Todos os irmão tem a sua
importância na construção do edifício da verdadeira Maçonaria, que é o seu
TEMPLO, o seu Coração de Pedra transformado em Vaso de Amor. Vemos muitas
lives, com o TEMA: o que viestes fazer aqui? Cada uma mais espetacular que a
outra, em dizeres, com apresentações riquíssimas de detalhes supérfluos ou mais
elaborados.
Mas a resposta PRINCIPAL
sempre será: Vencer as minhas paixões, submeter a minha vontade e fazer novos
progressos na Maçonaria, estreitando os laços de amizade que nos unem como
verdadeiros Irmãos”. Ai o irmão pode-se estar a perguntar, o que tem a ver o
CONCLAVE MAÇÓNICO do parágrafo inicial com a crônica apresentada nessa
dissertação?
A resposta é muito
simples, TUDO E NADA. TUDO, pois não é fácil identificar a vaidade em nós
mesmos e os julgamentos da espécie devem considerar atitudes hipócritas que
levam à analogia de quem consegue ver um cisco nos olhos dos outros quando tem
algo bem maior no próprio olho, conforme advertido no “Sermão da Montanha”.
Mas, condenações e
julgamentos à parte, a vaidade é transparente quando os observados demonstram
um comportamento de se situar acima dos demais, por quaisquer atributos, sejam
estéticos, intelectuais, materiais ou outros que ensejam uma atitude de atrair
admiração. Pode ainda se manifestar de uma forma disfarçada, de acordo com objetivos
a atingir.
Aprofundar nessas
perspectivas não é o nosso objetivo, mas dizem os especialistas que muitas
vezes o vaidoso o é naturalmente, sem perceber, e vive desempenhando um
personagem que escolheu e com os conflitos de encontrar-se a si mesmo.
A forma mais visível da
vaidade é identificada em irmãos em postos de comando que, ao se julgarem
superiores aos demais, demonstram empáfia, orgulho arrogante e presunção da
verdade. Tal vício de conduta gera, muitas vezes, problemas de ordem interna
nas instituições, principalmente na Maçonaria e disputas desnecessárias, que
levam a implosão das Potencias, como tempos observado nos últimos anos,
principalmente no GOB.
E NADA, Se no mundo
profano os vaidosos disputam posições de destaque, na Maçonaria o obreiro não
deve pleitear cargos nem honrarias, realizando apenas e tão-somente os
trabalhos que realcem o valor da Ordem, e quando investidos nesses cargos, que
ajam com Humildade, Serenidade, com foco na construção e fortalecimento de
relações sinceras, leais e éticas, tendo a convicção de que a vaidade
compromete a sustentação das colunas da Loja.
A conduta dos Veneráveis
e dos Mestres da Loja é a referência para os Aprendizes e Companheiros, que
anseiam por bons ensinamentos a ser transmitidos com paciência, prudência e
serenidade.
Concluindo, repasso a
pergunta aos amados irmãos: “A sua Humildade dentro da Ordem é verdadeira?
Respondei com franqueza,
a sua resposta não nos ofenderá.
Dario Angelo Baggieri