A MAÇONARIA E A CELEBRAÇÃO DOS SOLSTÍCIOS E EQUINÓCIOS


Nossa Ordem, como detentora de milenares tradições de natureza espiritual tem como uma de suas práticas mais antigas e tradicionais a celebração dos Solstícios e Equinócios. Estas celebrações remontam a outras também antigas tradições esotéricas e iniciáticas que foram ensinadas aos humanos por seres de natureza superior.
Nos Solstícios e Equinócios toda a natureza, na forma de animais, vegetais e também minerais, celebra as mudanças de estação, o magnífico e necessário ciclo da vida. É uma verdadeira festa e os humanos mais antigos, orientados e sensíveis a este ambiente festivo, resolveram também participar dele.
A origem desta tradição se perde nas brumas de um passado longínquo. A celebração dos solstícios e equinócios pode ser encontrada junto a povos e culturas como os celtas e os egípcios e ainda outros povos. Se nos permitirmos pesquisar o assunto na Internet encontraremos que a celebração da passagem das estações é uma tradição pagã. 
É importante salientar que conforme o cristianismo de Saulo de Tarso, tudo o que não seja o seu próprio cristianismo é chamado de pagão. Só isso, nada mais. Ou seja, uma prática pagã não é necessariamente algo demoníaco, perverso ou contrário à ordem e ao desenvolvimento.
Mas, talvez o maçom se pergunte o que temos nós maçons a ver com tradições ou celebrações pagãs comuns à bruxaria e ao esoterismo medieval? Bem, existe um importantíssimo elo entre o mundo maçônico e os cultos ancestrais: o Rei Salomão. Devemos lembrar que Salomão viveu na Mesopotâmia, o berço tanto da civilização quanto da cultura terrena e mais ainda dos principais conceitos relativos à espiritualidade universal.
Historicamente Salomão se uniu à riquíssima e poderosa Rainha de Sabá (conhecida pelos etíopes como Makeda e na tradição islâmica como Balkis) e juntos chegaram a ter um filho Menelik I, que foi o primeiro rei ou imperador da Etiópia. Os arqueólogos apontam evidências de que a Rainha de Sabá rendia culto às tradições primitivas da Mesopotâmia, principalmente à Sóthis (a estrela Sírius para os egípcios) e à deusa egípcia Sopdet (deificação de Sóthis – uma referência ao brilho de Sirius).
Na arte, Sopdet é descrita como uma mulher com uma estrela de cinco pontas sobre a cabeça. Sopdet é a consorte de Sah , a constelação de Órion, e o planeta Vênus era por vezes considerado seu filho. A figura humana notável de Orion foi eventualmente identificada como uma forma de Hórus , o deus do céu para os egípcios.
Na antiguidade as civilizações estavam totalmente alinhadas com os ciclos da vida representados pelas estações do ano e os solstícios e equinócios. A vida daquelas civilizações dependia 100% do movimento da Terra em torno do Sol, tanto no plano da agropecuária quanto social e principalmente espiritualmente. 
A Rainha de Sabá e seu povo perpetuando as mais antigas tradições mesopotâmicas certamente também celebravam os Solstícios e Equinócios.
Sob o antigo palácio de Menelik I, em Axum, em maio de 2008, o arqueólogo alemão Helmut Ziegert encontrou os restos da casa da Rainha de Sabá e junto a eles encontrou também evidências que indicam forte probabilidade de que por um longo tempo lá tenha ficado a tão procurada Arca da Aliança de Moisés, com os Dez Mandamentos. 
Fica então evidente a possível troca de práticas entre ela e Salomão em um verdadeiro ecumenismo espiritual e religioso, sem preconceitos, tabus ou dogmas limitantes.
Fica também evidente que muito provavelmente a relação entre Salomão e a Rainha de Sabá não foi coisa passageira, trivial ou superficial como se pode supor. Para que um rei hebreu tirasse a Arca da Aliança de dentro do Tabernáculo e levasse para um templo ou palácio de outra cultura e religião, seria necessário haver uma razão muito importante.
Se nossa Maçonaria tem sua origem em Salomão, se Salomão se envolveu não somente com a Rainha de Sabá, mas também com sua religião e espiritualidade, fica claro e evidente a justificativa da presença até os dias atuais da celebração dos Solstícios e Equinócios em nossa liturgia. Se atentarmos para a nossa atual Celebração Litúrgica dos Solstícios perceberemos evidentemente elementos tidos como pagãos não tocados pelo cristianismo de Saulo de Tarso.
O exemplo disso são as libações aos Sete Planetas e a tudo aquilo que eles representam na Criação e na vida de todos nós. A própria comida também sempre esteve presente nas passagens das estações, pois a Deusa Natureza está em festa, assim como todos os demais seres que Nela habitam. A humanidade tem papel determinante nesta celebração. Nestas ocasiões festivas eram servidas comidas da época, abundantes pela colheita recente, bem como as bebidas tradicionais e muita música e dança.
A Deusa primitiva sempre foi sinônimo de alegria, paz, harmonia, saúde, descontração e prazer. Na chamada Idade das Trevas, de uma forma preconceituosa e despótica Ela foi amaldiçoada e retratada como bruxa demoníaca, conceito que a humanidade traz até os presentes dias. 
A antiga tradição original informa, Poderosos e Amados Irmãos, que na ocasião dos Solstícios e Equinócios a “distância” entre os mundos físico e espiritual é reduzida e assim está facilitada a transição ou o acesso entre elas. Ou seja, no exato momento em que nosso Logos Solar cruza a Eclíptica ou atinge seus pontos máximos e que marcam os Solstícios e Equinócios temos a oportunidade de tanto receber quanto enviar mensagens de natureza espiritual evolutiva.
É interessante observar que nossos rituais são abertos e fechados citando-se exatamente a movimentação solar. Além disso, as Colunas Zodiacais aludem aos Doze Signos Astrológicos por onde o Sol passa ao longo de seu ciclo anual.
Nossa Ordem, meus Irmãos, é uma Ordem Solar. Nossa Ordem, que tradicionalmente atua na sociedade visando “tornar feliz a humanidade”, evidentemente não poderia deixar de se “alimentar” das mais elevadas energias e consciências espirituais que nos vêm dos planos superiores exatamente nos Solstícios e Equinócios. 
Mais ainda, se nosso mister é “tornar feliz”, é exatamente na Deusa Natureza que encontraremos nossa fonte para recarregar as forças. É na natureza, Poderosos Irmãos, que podemos encontrar Deus em sua forma Manifesta. É onde Ele está próximo e “tangível”.
Se abnegarmos a divindade da Natureza estaremos nos condenando à orfandade de Pai e de Mãe e somente a desesperança, a insegurança, a incerteza e a falta de rumo serão nossas realidades. Lembremo-nos do exemplo do Antigo Egito, onde seu deus maior, Osíris, era reconhecido e reverenciado, mas não estava presente.
A regência espiritual do Antigo era da deusa Ísis a quem seus súditos recorriam. Da mesma forma, nosso GADU é inacessível para nós. Porém podemos encontrá-Lo na Natureza, Sua manifestação e Obra Maior.
Lembremo-nos que muitos autores maçônicos estabelecem uma relação direta entre nossa Ordem, a Maçonaria, com a deusa egípcia Ísis, a viúva de Osíris. Abençoadas as Sagradas Oficinas que celebram nossos Banquetes Solsticiais Maçônicos e reverenciam as manifestações e origem das Sete Leis Universais.
Esse é o Solstício de Inverno, a noite mais longa do Ano. A partir desse dia, a luz do Sol passa a iluminar e aquecer cada vez mais a Terra, e a escuridão e o frio do inverno ameaçam ir embora. É quando a Deusa dá à luz seu novo filho, o Deus renovado e forte, ainda bebê, a “criança prometida”. Ou seja, é quando “nasce” anualmente o Cristo Solar.
O deus Mithra, da Pérsia, nasceu de uma virgem no Solstício de Inverno, teve 12 discípulos e praticou milagres, e após a sua morte foi enterrado, e 3 dias depois ressuscitou, também era referido como “A Verdade”, “A Luz”, entre muitos outros. 

Curiosamente, o dia sagrado de adoração a Mithra era a um Domingo. Outro mito solar se refere a Hórus: consta que Hórus nasceu no Solstício de Inverno da virgem Ísis-Méris. O seu nascimento foi acompanhado por uma estrela a Leste, que por sua vez, foi seguida por 3 Reis em busca do salvador recém-nascido.

Baco ou Dionísio da Grécia também nasce de uma virgem no Solstício de Inverno. Átis, deus da Frígia/Roma também nasceu de uma virgem no Solstício de Inverno, foi crucificado, morreu e foi enterrado, tendo ressuscitado no terceiro dia. Hércules nascido da virgem Alcmena, e seu nascimento é comemorado no Solstício de Inverno no Hemisfério Norte. Na mitologia hindu Krishna (um avatar, personificação ou encarnação de um deus, do Deus nasceu no Solstício de Inverno de uma virgem, Devaki (“Divina”) e uma estrela avisou a sua chegada.

Em 274 o Imperador Aureliano proclamou o dia 25 de dezembro (Solstício de Inverno no hemisfério norte), como “Dies Natalis Invicti Solis” (O Dia do Nascimento do Sol Inconquistável). O Sol passou a ser venerado. Buscava-se o seu calor que ficava no espaço muito acima do frio do inverno na Terra.

O início do inverno passou a ser festejado como o dia do Deus Sol. A comemoração do Natal de Jesus surgiu de um decreto. O Papa Júlio I decretou em 350 que o nascimento de Jesus o Cristo deveria ser comemorado no dia 25 de Dezembro (Solstício de Inverno no hemisfério norte), substituindo a veneração ao Deus Sol pela adoração ao Salvador Jesus Cristo.

O nascimento de Cristo passou a ser comemorado no Solstício do Inverno em substituição às festividades do Dia do Nascimento do Sol Inconquistável.

Segundo a tradição esta celebração solsticial chama-se Yule. Foi a primeira festa sazonal comemorada pelas tribos neolíticas do norte da Europa. É até hoje considerado o início da roda do ano por muitas tradições, inclusive a chinesa.

Daí surge a simbologia do Natal. Certamente os Irmãos estranharão se falar de Natal em junho, mas a simbologia do Natal ou de Yule ocorre no Solstício de Inverno, que no hemisfério norte ocorrem em dezembro e aqui no hemisfério sul ocorrem agora em junho.

Conforme a Tradição, em Yule é tempo de reencontrarmos nossas esperanças, pedindo para que os Sete Deuses Mitológicos rejuvenesçam nossos corações e nos deem forças para nos libertarmos das coisas antigas e desgastadas. É uma excelente oportunidade “recarregarmos” nossas energias pessoais com os sete arquétipos divinos e perfeitos, aferindo nossa conduta e vivência.

Um feliz e alegre renascimento a todos!
Autor: Juarez de Fausto Prestupa
Membro da Loja Maçônica de Pesquisas Quatuor Coronati “Pedro Campos de Miranda


A CATEDRAL E O APRENDIZ



A construção de uma edificação é algo que envolve muito trabalho, muito empenho, e, sobretudo o domínio de técnicas precisas transmitidas por alguém, para quem o ofício já não tenha segredos, para outro alguém ignorante no ofício no qual se iniciou, e com um longo caminho na sua frente rumo à perfeição.

O ofício, qualquer um, preciso não só de quem tenha conhecimentos q.b. para nele atuar, mas também de certos utensílios essenciais à realização das tarefas. A tarefa do Aprendiz começa, desde logo, por ser, a identificação desses utensílios: o que são, como se chamam, para que sirvam, quando se utilizam e finalmente como se utilizam.

O Aprendiz, em regra, alguém que pensaria ter conseguido o mais difícil, isto é, o ingresso no seio de uma comunidade especial, porque diferente de outras, constata ter de se empenhar, pela aprendizagem com uma entrega total, sob pena de, não merecer a confiança nele depositada para aceder ao conhecimento.

Estes quatro parágrafos são diretamente aplicáveis a qualquer um, a qualquer sociedade organizada, seja ela de cariz profissional, social, filantrópico, etc.

Na antiguidade, já os Romanos legislaram no sentido das profissões serem hereditárias, impedindo-se, desse modo, a extinção de algumas delas.

Na Idade Média as profissões organizaram-se em Corporações ou ofícios, nos quais poucos tinham o ensejo de ingressar, tal a necessidade de cada corporação guardar ciosamente os seus segredos, os seus conhecimentos.

Tal aconteceu com os Pedreiros franceses, os Maçons, ou Arquitetos, responsáveis pelas construções de Catedrais. Os seus ensinamentos só eram transmitidos a Aprendizes, sendo estes, homens de características especiais, a quem tinham sido reconhecidas capacidades de integrar uma comunidade tão eclética.

Essa comunidade era a Maçonaria operativa. Os Maçons eram então autênticos edificadores, construtores ou arquitetos dos mais belos monumentos que ainda hoje se podem admirar. Construções sólidas, duradouras, quase intemporais, encerrando em si um saber acumulado, só desvendado ou acessível a muito poucos.

A Maçonaria já não é operativa, mas sim filosófica.
                                                  

O Aprendiz Maçom tem, porém que percorrer o caminho da sua iniciação, assim como percorreu o caminho que a antecedeu, enquanto profano livre e de bons costumes.

O templo, também conhecido por loja, é o espaço físico onde ele e os seus demais irmãos, uns Aprendizes, como ele, outros já Companheiros, outros ainda Mestres, se reúnem fraternalmente e em comunhão espiritual desenvolvem os seus trabalhos.

Essa é, porventura, a catedral da comunidade iniciática a que pertence. Aí é a fonte onde o Aprendiz saciará a sua sede de aprendizagem. Aí será onde uma mão amiga o amparará e guiará na senda do seu aperfeiçoamento.

Esse Templo é o lugar sacralizado orientado segundo a discrição bíblica do Templo de Salomão. Todos os templos maçônicos são iguais, contêm os mesmos signos visuais. Mas cada templo possui um espírito particular que caracteriza a respectiva assembléia de maçons.

É então aqui, no nosso Templo, que estamos a coberto da indiscrição dos profanos, onde não "chove", e onde nos sentimos seguros na senda da descoberta das verdades e dos mistérios da nossa congregação.

A Catedral que o Aprendiz procurará construir, então qual é?
                                    

Encomendas como na Idade Média já não existem. A catedral do coletivo, o templo ou loja, essa está já construída, e a ser aperfeiçoada com o contributo de todos os irmãos, através da sua participação.

Verdadeiramente a Catedral que o Aprendiz terá de construir é a sua própria Catedral interior. De pedra bruta, o Aprendiz terá de desbastar o seu potencial interior, ainda disforme, e imperfeito.

Que a sabedoria do Oriente me ilumine, ao desbastar a minha pedra disforme, que a força não me falte, neste trabalho interior, e, no final, que a beleza seja seu apanágio, e a minha catedral estará pronta.
 
Que a minha postura, perante a vida, e os outros, seja tão reta quanto o é o esquadro; Que, enquanto Maçom, eu me mantenha solidariamente eqüidistante dos homens, tal compasso cujo desenho geométrico perfeito, simboliza, o maçom, na extremidade cujo movimento de rotação se opera sobre si, para desenhar o círculo.

Que eu seja aprumado e me mantenha ao nível de os meus irmãos me considerarem digno de me considerar entre iguais, no seu seio. E tal como a colher do pedreiro alisa a superfície irregular, eliminando as suas imperfeições, assim espero, tal como ela, conseguir suprimir os meus muitos defeitos, aperfeiçoando, o meu caráter.

Estes signos maçônicos, o esquadro, o compasso, o nível, o prumo a colher de pedreiro, serão os meus utensílios que comigo transportarei para usar no meu trabalho interior, para construir a minha Catedral Interior, na certeza que a Catedral de todos os meus irmãos será o somatório da catedral da cada um de nós.

Sei irmãos o longo caminho a ser percorrido no trilho da Maçonaria simbólica, constituída pelos 3 graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre.

O fim deste trilho apenas significará o início de outro representado pela Maçonaria Filosófica. Como comunidade eclética que somos o reconhecimento entre nós é feito com sinais e palavras próprias, para que os profanos não se arroguem qualidades que não têm perante nós.


E também para que de entre nós não invoquemos graus aos quais não acedemos ainda. Isso só deverá ser possível depois dos nossos irmãos Mestres acharem que está chegada a altura.

Será chegada a minha vez de ultrapassar os meus 3 anos maçônicos de idade?

BIBLIOGRAFIA

Esta Peça de Arquitetura pertence à ARLS  MESTRE AFFONSO DOMINGUES

A ALQUIMIA DA PEDRA


Retirar pedras de lugar, e pedras grandes, não é fácil.

Maçons são como rochas. 

A Ordem Maçônica surgiu como uma associação de construtores de igrejas. Os maçons, simbolicamente, portanto, são as pedras que sustentam o templo, o material que constrói e dá solidez ao sagrado.

Por isso, ainda hoje lembram aquelas primeiras guildas que se reuniam para comer e beber após um estafante dia de trabalho, de trabalho físico não espiritual e muito menos intelectual.

Faço estas considerações para concluir que, fora honrosas exceções como José Catelani e Nicola Aslan, e até Rizzardo Del Camino, os maçons não foram feitos para a reflexão filosófica.

Gostam de pensar que sim.

Gostam de se imaginar filósofos e pensadores.

Só que este não é o fato.

Não que isto os diminua que isto deponha contra a Maçonaria. Não. Só que os nichos de ação de cada grupo devem ser compreendidos para não cometermos equívocos e exigirmos do arqueiro que domine a arte da espada, ou ao espadachim que seja hábil no manejo da catapulta.


Cada um tem seu papel neste exército e o papel do maçom não é refletir ou pensar. É agir.

Também não quer dizer que dentro de uma Loja Maçônica não encontremos vários Irmãos que não queiram se dedicar a reflexão filosófica ou ética. 

Só que esta não é a natureza da Ordem Maçônica.

Embora como Rosa cruz eu ame a reflexão e a busca do Cálice Sagrado dentro do meu coração, o “Hole Graal” da mitologia britânica, como maçom reconheço que é necessário que algum grupo cuide da construção do ambiente físico em que serão feitas as preces que prepararão o espírito para este encontro com o Sagrado.

Esta é a função da Maçonaria.

Mesmo assim, todos os Veneráveis mestres devem insistir em propor aos seus Irmãos questões de caráter moral e ético, pois a Maçonaria, como Ordem de construtores sociais, deve ser uma escola de líderes, e líderes devem saber como liderar, devem saber que para liderar primeiramente devem ser capazes de liderar sua própria língua, devem ser capazes de influenciar multidões com discursos que possuam valor moral, com imagens claras, e antes de tudo isso, precisam ter o desembaraço de manifestar com coragem e convicções suas ideias e destacar-se em uma multidão apática e sem rumo como pessoas seguras de seus pontos de vista, ao ponto de poderem catalisar transformações importantes para este grupo. 

Na educação desses líderes maçons é preciso que exista um currículo mínimo. O problema é que não existe consenso sobre que currículo mínimo é este.

As lojas funcionam de modo mais ou menos improvisado neste campo, com um protocolo formal rígido, mas sem a mesma rigidez para o conteúdo educacional.

Trabalha-se pelo método de tentativa e erro, experimentando-se aqui e ali maneiras de atingir o coração desses Irmãos com alguma provocação que os mobilize que os faça pedir a palavra e opinar com paixão e convicção.

Às vezes parece pura perda de tempo.

Paciência. Uma hora as pedras se encaixam.

É preciso polir e polir até que esse encaixe seja perfeito.

Trabalhemos com paciência e calma.

O que importa é que ao final tenhamos uma construção sólida.

Esta é a Alquimia da Pedra.


O MISTÉRIO DO SILÊNCIO



Você já teve a sensação de estar em uma rua e sem querer se perguntar que já conhece aquele lugar, mesmo sem nunca ter passado?

Ou olhar para uma pessoa e por mais que lhe apresentem, você ter a certeza que já a conhece e pior, ter pela pessoa a mesma impressão?

Eu diria que são nossas lembranças de vidas anteriores e que ainda estão escondidas lá nos fundos da memória, em alguma curva do desconhecido. 

Contudo, para os cientistas, esta sensação acende em nosso cérebro por ser uma informação de nosso antecessor, inserido em um traço de um dos nossos cromossomos e que se instala  em nosso DNA, gerando assim, diversas informações.

Na verdade, o ser humano é uma caixa de surpresa, caminha muitas das vezes em filas indianas, sem saber o porquê está caminhando e em maior parte, sem direção. É como se ele mesmo perguntasse sem respostas: “Para que lado  vou?” 

Instaurado o conflito entre a pessoa e seu próprio Eu, quem ganha espaço é o mistério do silêncio que se mantém intacto, parado como um espectador, observando cada passo, cada ato, cada gesto e sem ser incomodado.

Nos Templos Maçônicos, o exercício do despertar é constante e os nossos testes não são para que os olhos vejam e sim o que os corações sentem. Para nós que acreditamos na vida pós-morte e fortalecidos pelos ensinamentos que recebemos, o mistério do silêncio deixa de existir, passando a ser um companheiro constante em nossas meditações, uma prática para melhor responder ao nosso próximo, na confiança da nossa tranquilidade interior.

Para nós, iniciados nas fileiras do Grande Templo, que após acordarmos para uma vida melhor e em comunhão, principalmente com nós mesmos, este mistério do silêncio passa a ter nome, idade e tamanho e sem se preocupar com cientistas, materialistas, enfim, com todos aqueles que dormem na dúvida e acordam sem acreditar, que mesmo vendo uma natureza perfeita e que não saiu de nenhum cromossomo, com uma diversidade alucinante de bela e sem a composição de nenhum DNA e mesmo assim, eles os “grandes”  em tudo, batem na tecla da dúvida, enviando equipamentos para o espaço na tentativa de encontrar os fundos da casa de nosso Mestre.

Para nós Maçons, não existe o acaso da rua ou da pessoa que nunca vimos, até porque, temos a certeza que vimos e tudo isto e o que iremos alcançar com os nossos aprendizados, serão visões mais amplas para inserirmos em nossas bagagens. 


Yrapoan Machado
Obreiro da Cavaleiros do Templo nº 26

QUALIDADES MAÇÔNICAS



Sempre que em maçonês se fala em "qualidades maçônicas", não se está a abordar nenhum adjetivo em concreto, mas antes funções e cargos ocupados por membros dos quadros de obreiros das lojas maçônicas.

Para erigir e fazer funcionar uma Loja é necessária uma determinada quantidade Mestres, para fundar uma Loja são necessários 7 mestres e para o seu funcionamento pelo menos 5 mestres, sendo o ideal existir um mínimo de 7 mestres presentes numa sessão maçônica.

Estes mestres ocuparão cargos e funções necessárias ao normal e regular funcionamento de uma Loja. E dado que uma loja maçônica é uma estrutura similar a qualquer associação, necessita de ter quem a dirija e de quem se ocupe de outros cargos que são necessários existirem para que esta associação “Loja" funcione em pleno; ou seja, de forma justa e perfeita.

Normalmente a quantidade  de cargos a serem preenchidos pelos obreiros de uma Loja (designados por Oficiais) depende quase sempre do tipo de Rito executado nas sessões dessa mesma Loja. E digo "quase sempre" porque a ocupação dos cargos de uma Loja deve ser efetuada por Mestres, mas tal nem sempre é possível por vários fatores, sejam o tamanho do "Quadro da Loja" (número de obreiros) seja pela assiduidade dos mesmos.

Existem funções que podem em caso de recurso extremo ser ocupadas e executadas por Companheiros e/ou Aprendizes. Estando vedado a estes membros qualquer cargo de "direção" de Loja ou de certa ritualidade que os impeça de tal fazer.

No caso em concreto da Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues nº 5, o Rito executado sempre nas suas sessões é o "Rito Escocês Antigo e Aceite", vulgo "REAA", e que conta com sete oficiais "principais” - “obrigatórios"; a saber:

·      Venerável Mestre: o Mestre que dirige a Loja.
·      1º Vigilante: Auxilia na direção da Loja e é responsável pela formação de Companheiros e "Coluna do Sul".
·      2º Vigilante: Auxilia na direção da Loja e é responsável pela formação dos Aprendizes e "Coluna do Norte".
·      Secretário: Ocupa-se dos habituais "trabalhos de secretaria" (correspondência, registro de presenças, elaboração de Atas...)
·      Orador: Certifica-se que os trabalhos de Loja decorrem de forma correta e regulamentar.
·      Tesoureiro: Gere as "economias & finanças" da Loja.
·      Mestre de Cerimônias: Cargo Ritual.

Os Ofícios acima designados são os que tornam uma Loja justa e perfeita e que são necessários ao normal funcionamento da Loja, mas existem outros que também têm a sua relevância na estrutura da Loja, a saber:

·  Experto: Cargo Ritual.
·  “Hospitaleiro: Cargo Ritual e responsável pela gestão do Tronco da Viúva”.
·  Organista: Responsável pelas sonoridades ambientes e rituais da Loja. É o chamado "DJ de serviço".
·  Guarda Interno: Certifica-se da cobertura da Loja; isto é, pela sua "segurança".
·  Arquivista: Responsável pela gestão do Arquivo da Loja.
·  Mestre Instalado: Mestres que ocuparam a direção de Loja no passado.  Pode-se considerar que são "conselheiros" do Venerável Mestre, por assim dizer.

Alguns destes últimos ofícios não são de execução obrigatória por Mestres apesar de preferencialmente serem efetuados por esses membros da Loja.

No entanto, é natural que existam outras "qualidades" na Maçonaria e que são referentes ao Grão-Mestrado (ocupadas pelo governo da Obediência Maçônica), sendo esta uma estrutura do tipo federativo, congregando o Grão-Mestre, os Grandes Oficiais e os seus respectivos Assistentes.

Contudo, algo que não pode nem deve ser confundido entre si são os "Graus" e as "Qualidades", uma vez que executar um cargo/ofício não é o mesmo que deter determinado grau.

Um "grau" é a posição/nível de conhecimento que um maçom tem e que ocupa na "hierarquia" da Maçonaria; a "qualidade" como referi anteriormente, são os cargos que se ocupam. E para ocupar determinados Ofícios é necessário ter sido atingido determinado grau, quase sempre o de Mestre Maçom ou inclusive o de "Venerável Mestre".

Já para obter um Grau, o cargo desempenhado na Loja pouco ou quase nada será relevante, pois o conhecimento ritual obtido e a boa assiduidade geralmente é que são determinantes para tal.


Espero que com esta pequena explicação, escrita de forma simples e ligeira, possa ter retirado algumas das dúvidas que alguns profanos têm acerca do funcionamento de uma Loja Maçônica no que a "qualidades" (cargos) diz respeito.

Do Blog A Partir Pedra


A ESCALADA INICIÁTICA


A Maçonaria como instituição iniciática observou e incorporou conhecimentos das grandes escolas de pensamento da antiguidade e as sintetizou em uma escala crescente, através de graus como hoje conhecemos.

No Primeiro Grau, o Aprendiz Maçom simbolicamente é uma criança, que não sabe falar, limitando-se a ouvir e aprender tudo o que se passa em nossos trabalhos.

O Aprendiz se ocupa simbolicamente do trabalho material, no desbastar da pedra bruta, informe, para transformá-la numa pedra polida cúbica, tal qual era realizado nos canteiros de obras medievais, já que o cubo é sólido geométrico fundamental para as construções, pois é o único que, com os outros iguais, se encaixa, perfeitamente, sem deixar espaços, na elevação das paredes de um edifício.

Do ponto de vista místico, todavia, esse desbastamento simboliza o aperfeiçoamento material, intelectual e espiritual do Aprendiz.

O Companheiro é aquele que está colado no Segundo Grau da Maçonaria Simbólica. Histórica e doutrinariamente, o Grau de Companheiro é o mais importante da Maçonaria, já que ele representava o ponto mais alto da escalada profissional, nas antigas corporações de ofício que conhecemos como a Antiga Maçonaria Operativa.

No início da Maçonaria Especulativa, só existiam os Aprendizes e Companheiros. Mestre era o mestre de obras, sempre escolhido entre os Companheiros mais experientes. Historicamente ele é, portanto o mais legítimo Grau Maçônico, por mostrar o obreiro já formado profissionalmente.

Os Mistérios de Elêusis possuíam um segundo grau, o dos Epoptas, que recebiam mais profundas instruções sobre a origem do universo e do homem, sobre o domínio da mente e sobre a alta espiritualidade; o símbolo do grau era uma espiga de trigo, que, além de representar a fartura, aludia, também, a renovação sempre constante da natureza, através da morte e ressurreição, como no ciclo imutável dos vegetais.

Evidentemente o Grau de Companheiro Maçom nada tem a ver com os Epoptas, mas existem algumas influências esotéricas, como a espiga de trigo, que também é um importante símbolo desse grau maçônico.

Nas escolas pitagóricas, o segundo grau era o dos Matemáticos, que, saídos da condição de ouvintes, já colocavam em prática o cerne da doutrina pitagórica, descobrindo as correspondências entre as ciências.

A palavra Companheiro é de origem latina, derivada da expressão cum panis, onde cum é a preposição com e panis é o substantivo masculino pão, significando então participantes do mesmo pão.

Enquanto o Aprendiz se ocupa do trabalho material, o Companheiro, mais aperfeiçoado, dedica-se ao trabalho intelectual, para chegar à realização da pedra cúbica, assim sendo, passa dos trabalhos materiais aos trabalhos concernentes às forças astrais; aprende a manejar os instrumentos que permitem a transformação da matéria sob o efeito das forças físicas manejadas pela inteligência; aprende também que além das forças físicas existem forças de uma ordem mais elevada, representadas pelo resplandecer da Estrela Flamejante, que sem nomeá-las, permite-se que ele pressinta pela contemplação da mesma.

O sentimento de solidariedade ou companheirismo que nasce de tão íntima comunhão, é, e deveria ser a característica fundamental deste grau maçônico.

O Aprendiz, em virtude de seus conhecimentos ainda rudimentares, e de sua incapacidade simbólica para uma obra realmente eficiente, por não ter sido ainda provadas sua perseverança e firmeza de propósitos, não pode sentir ainda esta solidariedade que nasce do sentimento de igualdade com os que praticam a arte; sendo que deve esforçar-se constantemente para estar alinhado com os princípios, e poder chegar assim em nível com aqueles que se nos estabeleceram mesmos.

A igualdade deve ser a característica principal do Companheiro que aspira elevar-se interiormente até o seu mais elevado ideal e, em consequência, ao nível dos que se esforçam no mesmo caminho e para as mesmas finalidades.

Sem dúvida, o aprendizado que o aspirante terminou simbolicamente, ao ser admitido no Segundo Grau, ainda não está concluído: onde quer que estejamos e em qualquer condição, em qualquer grau maçônico não deixamos de ser aprendizes, porque sempre temos algo a aprender. E este desejo ou atitude para aprender é a condição permanente de toda possibilidade de progresso interior.

A Maçonaria é, pois, uma ciência e uma arte que deve constantemente ser aplicada na vida cotidiana, e esse é o modo que deve ser compreendido pelo maçom de qualquer grau. Assim levará nossa augusta instituição sua missão vital para todo ser humano, e se converterá em meio poderoso de progresso e elevação social.

Marcelo Antunes de Araujo – C.’.M.’.
ARFGBLM Amizade Fraternal Segunda nº 12
Oriente de Cabo Frio – RJ


O USO DA PALAVRA EM LOJA



Quem fala muito atrapalha a reunião! Mas por que isso acontece? Por dois motivos: vaidade e ingenuidade.
A vaidade é, facilmente, notada quando o locutor coloca os verbos na primeira pessoa; suas manifestações parecem testemunhos. Ele julga que, em todos os assuntos da Loja, os Irmãos devem escutar sua opinião e tem a capacidade de ocupar mais tempo do que o ritualizado para o Quarto de Hora de Estudos.
A ingenuidade é aparente naqueles que saúdam as autoridades, visitantes e, ainda, dão as conclusões sobre a Sessão (funções do Orador). Também, sempre, manifestam-se sobre as Instruções (função das Luzes ou daqueles que o Venerável indicar); após a leitura do Balaústre, pedem a palavra, saúdam, nominalmente, todos os presentes e questionam o Secretário sobre qualquer questiúncula, o que deveriam fazer após a Sessão.
Devemos entender que qualquer reunião, ultrapassando duas horas, é cansativa e improdutiva; há Irmãos que trabalharam o dia inteiro e desejam, à noite, encontrar o grupo para serenar os ânimos e harmonizar-se com o Criador. Vivemos num tempo onde o perigo é uma constante e a abertura da porta de um lar após as 23h é um risco para toda a família.
Observemos que, quando o Irmão falador pede a palavra, toda a Oficina “trava” e, assim, há uma quebra do Egrégora da Sessão. Por outro lado, quando aquele Irmão, que pouco se manifesta, pede a palavra, todos se voltam para ele com atenção e respeito.
Devemos nos conscientizar de que, se quisermos contribuir para a formação dos Irmãos, deveremos fazê-lo pelo Exemplo, e não pela palavra! A verborreia é uma deficiência, um vício, que avilta o homem!
Quando formos visitar uma Loja, estaremos lá para aprender, e não para ensinar. O silêncio torna-se uma prece nas Sessões Magnas, compreensivelmente mais longas e, sempre, com a presença de outros visitantes; deixemos que o Orador nos apresente e fiquemos com o Sinal de Ordem, para dizer a toda a Oficina que somos o nominado e estamos de P e à O.
Dar os parabéns pelos trabalhos só é necessário para os que têm necessidade de lustro na vaidade. Se o Irmão quiser ocupar mais de três minutos (tempo mais que salutar), pode agendar com o Secretário sua participação no Quarto de Hora de Estudos ou na Ordem do Dia.
No período, destinado à Palavra a Bem da Ordem em Geral e do Quadro em Particular, devemos priorizar, trazendo notícias dos Irmãos ausentes (não vale justificar a falta, pois deve ser feito por escrito pelo mesmo, acompanhado obrigatoriamente do óbolo) e louvando os feitos da Ordem.
O Livro da Lei nos ensina: “Pois o Reino de Deus não consiste em palavras, mas na virtude” (I Coríntios: 4,20). Lembremo-nos de que todos nós, independente do Grau ou de Cargos, somos responsáveis pela qualidade das Sessões Maçônicas.

Autor: Sérgio Quirino Guimarães
ARLS Presidente Roosevelt, Nº25 – GLMMG


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