Nossa Ordem, como detentora de
milenares tradições de natureza espiritual tem como uma de suas práticas mais
antigas e tradicionais a celebração dos Solstícios e Equinócios. Estas
celebrações remontam a outras também antigas tradições esotéricas e iniciáticas
que foram ensinadas aos humanos por seres de natureza superior.
Nos Solstícios e Equinócios toda
a natureza, na forma de animais, vegetais e também minerais, celebra as
mudanças de estação, o magnífico e necessário ciclo da vida. É uma verdadeira
festa e os humanos mais antigos, orientados e sensíveis a este ambiente festivo,
resolveram também participar dele.
A origem desta tradição se perde
nas brumas de um passado longínquo. A celebração dos solstícios e equinócios
pode ser encontrada junto a povos e culturas como os celtas e os egípcios e
ainda outros povos. Se nos permitirmos pesquisar o assunto na Internet
encontraremos que a celebração da passagem das estações é uma tradição
pagã.
É importante salientar que
conforme o cristianismo de Saulo de Tarso, tudo o que não seja o seu próprio
cristianismo é chamado de pagão. Só isso, nada mais. Ou seja, uma prática pagã
não é necessariamente algo demoníaco, perverso ou contrário à ordem e ao
desenvolvimento.
Mas, talvez o maçom se pergunte o
que temos nós maçons a ver com tradições ou celebrações pagãs comuns à bruxaria
e ao esoterismo medieval? Bem, existe um importantíssimo elo entre o mundo
maçônico e os cultos ancestrais: o Rei Salomão. Devemos lembrar que
Salomão viveu na Mesopotâmia, o berço tanto da civilização quanto da cultura
terrena e mais ainda dos principais conceitos relativos à espiritualidade
universal.
Historicamente Salomão se uniu à
riquíssima e poderosa Rainha de Sabá (conhecida pelos etíopes como Makeda e na
tradição islâmica como Balkis) e juntos chegaram a ter um filho Menelik I, que
foi o primeiro rei ou imperador da Etiópia. Os arqueólogos apontam evidências
de que a Rainha de Sabá rendia culto às tradições primitivas da Mesopotâmia,
principalmente à Sóthis (a estrela Sírius para os egípcios) e à deusa egípcia
Sopdet (deificação de Sóthis – uma referência ao brilho de Sirius).
Na arte, Sopdet é descrita como
uma mulher com uma estrela de cinco pontas sobre a cabeça. Sopdet é a consorte
de Sah , a constelação de Órion, e o planeta Vênus era por vezes considerado
seu filho. A figura humana notável de Orion foi eventualmente identificada como
uma forma de Hórus , o deus do céu para os egípcios.
Na antiguidade as civilizações
estavam totalmente alinhadas com os ciclos da vida representados pelas estações
do ano e os solstícios e equinócios. A vida daquelas civilizações dependia 100%
do movimento da Terra em torno do Sol, tanto no plano da
agropecuária quanto social e principalmente espiritualmente.
A Rainha de Sabá e seu povo
perpetuando as mais antigas tradições mesopotâmicas certamente também
celebravam os Solstícios e Equinócios.
Sob o antigo palácio de Menelik
I, em Axum, em maio de 2008, o arqueólogo alemão Helmut Ziegert encontrou os
restos da casa da Rainha de Sabá e junto a eles encontrou também evidências que
indicam forte probabilidade de que por um longo tempo lá tenha ficado a tão
procurada Arca da Aliança de Moisés, com os Dez Mandamentos.
Fica então evidente a possível
troca de práticas entre ela e Salomão em um verdadeiro ecumenismo espiritual e
religioso, sem preconceitos, tabus ou dogmas limitantes.
Fica também evidente que muito
provavelmente a relação entre Salomão e a Rainha de Sabá não foi coisa
passageira, trivial ou superficial como se pode supor. Para que um rei
hebreu tirasse a Arca da Aliança de dentro do Tabernáculo e levasse para
um templo ou palácio de outra cultura e religião, seria necessário haver uma
razão muito importante.
Se nossa Maçonaria tem sua origem
em Salomão, se Salomão se envolveu não somente com a Rainha de Sabá, mas também
com sua religião e espiritualidade, fica claro e evidente a justificativa da
presença até os dias atuais da celebração dos Solstícios e Equinócios em nossa
liturgia. Se atentarmos para a nossa atual Celebração Litúrgica dos
Solstícios perceberemos evidentemente elementos tidos como pagãos não tocados
pelo cristianismo de Saulo de Tarso.
O exemplo disso são as libações
aos Sete Planetas e a tudo aquilo que eles representam na Criação e na vida de
todos nós. A própria comida também sempre esteve presente nas passagens das
estações, pois a Deusa Natureza está em festa, assim como todos os demais seres
que Nela habitam. A humanidade tem papel determinante nesta celebração.
Nestas ocasiões festivas eram servidas comidas da época, abundantes pela
colheita recente, bem como as bebidas tradicionais e muita música e dança.
A Deusa primitiva sempre foi
sinônimo de alegria, paz, harmonia, saúde, descontração e prazer. Na chamada
Idade das Trevas, de uma forma preconceituosa e despótica Ela foi
amaldiçoada e retratada como bruxa demoníaca, conceito que a humanidade traz
até os presentes dias.
A antiga tradição original informa, Poderosos e
Amados Irmãos, que na ocasião dos Solstícios e Equinócios a “distância”
entre os mundos físico e espiritual é reduzida e assim está facilitada a
transição ou o acesso entre elas. Ou seja, no exato momento em que nosso
Logos Solar cruza a Eclíptica ou atinge seus pontos máximos e que marcam
os Solstícios e Equinócios temos a oportunidade de tanto receber quanto enviar
mensagens de natureza espiritual evolutiva.
É interessante observar que
nossos rituais são abertos e fechados citando-se exatamente a movimentação
solar. Além disso, as Colunas Zodiacais aludem aos Doze Signos Astrológicos por
onde o Sol passa ao longo de seu ciclo anual.
Nossa Ordem, meus Irmãos, é uma
Ordem Solar. Nossa Ordem, que tradicionalmente atua na sociedade visando
“tornar feliz a humanidade”, evidentemente não poderia deixar de se “alimentar”
das mais elevadas energias e consciências espirituais que nos vêm dos planos
superiores exatamente nos Solstícios e Equinócios.
Mais ainda, se nosso mister é
“tornar feliz”, é exatamente na Deusa Natureza que encontraremos nossa fonte
para recarregar as forças. É na natureza, Poderosos Irmãos, que podemos
encontrar Deus em sua forma Manifesta. É onde Ele está próximo e “tangível”.
Se abnegarmos a divindade da
Natureza estaremos nos condenando à orfandade de Pai e de Mãe e somente a
desesperança, a insegurança, a incerteza e a falta de rumo serão nossas
realidades. Lembremo-nos do exemplo do Antigo Egito, onde seu deus maior, Osíris,
era reconhecido e reverenciado, mas não estava presente.
A regência espiritual do Antigo
era da deusa Ísis a quem seus súditos recorriam. Da mesma forma, nosso G∴A∴D∴U∴ é inacessível para nós. Porém
podemos encontrá-Lo na Natureza, Sua manifestação e Obra Maior.
Lembremo-nos que muitos autores
maçônicos estabelecem uma relação direta entre nossa Ordem, a Maçonaria, com a
deusa egípcia Ísis, a viúva de Osíris. Abençoadas as Sagradas Oficinas que
celebram nossos Banquetes Solsticiais Maçônicos e reverenciam as manifestações
e origem das Sete Leis Universais.
Esse é o Solstício de Inverno, a
noite mais longa do Ano. A partir desse dia, a luz do Sol passa a iluminar e
aquecer cada vez mais a Terra, e a escuridão e o frio do inverno ameaçam ir
embora. É quando a Deusa dá à luz seu novo filho, o Deus renovado e forte,
ainda bebê, a “criança prometida”. Ou seja, é quando “nasce” anualmente o
Cristo Solar.
O deus
Mithra, da Pérsia, nasceu de uma virgem no Solstício de Inverno, teve 12
discípulos e praticou milagres, e após a sua morte foi enterrado, e 3 dias
depois ressuscitou, também era referido como “A Verdade”,
“A Luz”, entre muitos outros.
Curiosamente,
o dia sagrado de adoração a Mithra era a um Domingo. Outro mito solar se refere
a Hórus: consta que Hórus nasceu no Solstício de Inverno da virgem Ísis-Méris.
O seu nascimento foi acompanhado por uma estrela a Leste, que por sua vez, foi
seguida por 3 Reis em busca do salvador recém-nascido.
Baco
ou Dionísio da Grécia também nasce de uma virgem no Solstício de Inverno. Átis,
deus da Frígia/Roma também nasceu de uma virgem no Solstício de Inverno, foi
crucificado, morreu e foi enterrado, tendo ressuscitado no terceiro dia.
Hércules nascido da virgem Alcmena, e seu nascimento é comemorado no Solstício
de Inverno no Hemisfério Norte. Na mitologia hindu Krishna (um avatar,
personificação ou encarnação de um deus, do Deus nasceu no Solstício de Inverno
de uma virgem, Devaki (“Divina”) e uma
estrela avisou a sua chegada.
Em 274
o Imperador Aureliano proclamou o dia 25 de dezembro (Solstício de Inverno no
hemisfério norte), como “Dies Natalis Invicti Solis”
(O Dia do Nascimento do Sol Inconquistável). O Sol passou a ser venerado.
Buscava-se o seu calor que ficava no espaço muito acima do frio do inverno
na Terra.
O
início do inverno passou a ser festejado como o dia do Deus Sol. A
comemoração do Natal de Jesus surgiu de um decreto. O Papa Júlio I decretou em
350 que o nascimento de Jesus o Cristo deveria ser comemorado no dia 25 de
Dezembro (Solstício de Inverno no hemisfério norte), substituindo a veneração
ao Deus Sol pela adoração ao Salvador Jesus Cristo.
O
nascimento de Cristo passou a ser comemorado no Solstício do Inverno em
substituição às festividades do Dia do Nascimento do Sol Inconquistável.
Segundo
a tradição esta celebração solsticial chama-se Yule.
Foi a primeira festa sazonal comemorada pelas tribos neolíticas do norte da
Europa. É até hoje considerado o início da roda do ano por muitas tradições,
inclusive a chinesa.
Daí surge
a simbologia do Natal. Certamente os Irmãos estranharão se falar de Natal
em junho, mas a simbologia do Natal ou de Yule ocorre no
Solstício de Inverno, que no hemisfério norte ocorrem em dezembro e aqui no
hemisfério sul ocorrem agora em junho.
Conforme
a Tradição, em Yule é tempo de reencontrarmos
nossas esperanças, pedindo para que os Sete Deuses Mitológicos rejuvenesçam
nossos corações e nos deem forças para nos libertarmos das coisas antigas e
desgastadas. É uma excelente oportunidade “recarregarmos” nossas energias
pessoais com os sete arquétipos divinos e perfeitos, aferindo nossa conduta e
vivência.
Um feliz e alegre renascimento a
todos!
Autor: Juarez de Fausto Prestupa
Membro da Loja Maçônica de
Pesquisas Quatuor Coronati “Pedro Campos de Miranda